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2022, XVIII Encontro ABRALIC (online)
Já há bastante tempo está consagrada a relação da literatura com a tradução. Trata-se, inclusive, de uma relação de forte interdependência: se, por um lado, para a tradução, uma de suas principais fontes textuais é justamente a literatura, para a produção literária, o contato com traduções representa a possibilidade do encontro com a alteridade – com diferentes experiências de mundo, culturas, línguas e subjetividades. Assim, os sistemas literários são enriquecidos pela recepção de traduções, ao passo que a produção literária alimenta a prática tradutória. Neste simpósio, no entanto, buscamos adicionar outra camada a essa relação: a dos feminismos. Desde a chamada virada cultural, os Estudos da Tradução vêm acolhendo reflexões e debates sobre a relação da tradução com perspectivas, sujeitos e objetos por muito tempo invisibilizados e invisibilizadas. Como consequência, a tradução deixou de ser vista exclusivamente como uma operação linguística de decodificação/codificação para ser entendida, estudada e praticada como uma complexa atividade comunicativa, dinâmica, guiada por fins predeterminados e, portanto, nunca neutra, mas sempre atravessada por ideologias e relações de poder. Com o impulso das teorias pósestruturalistas, desconstrutivistas, decoloniais – entre outras – e com a influência da força dos movimentos sociais, a tradução também passou a ser estudada a partir de seu potencial como ferramenta em lutas políticas, como intermediadora cultural, como atividade éticoideológica. Dessa forma a reflexão do campo ampliou o debate normativo e prescritivo sobre “como” traduzir, adicionando questões como: quem é traduzido? Quem traduz? Por que se traduz? De onde e para onde se traduz? Foi nesse contexto de expansão do paradigma teórico-metodológico da tradução que se desenvolveram – e seguem em desenvolvimento – reflexões feministas no campo da tradução, centradas nas desiguais relações de poder mantidas por práticas tradutórias em função das múltiplas opressões de gênero. De teóricas da chamada escola canadense à mais recente Tradutologia Feminista Transnacional, os Estudos da Tradução vêm se dedicando à observação de questões – incluindo opressões, lutas e celebrações – de gênero em contextos de tradução (Fonseca et al. 2020). Inicialmente centrado na denúncia sobre a linguagem sexista empregada na produção escrita e tradutória, com foco na sua subversão, o debate foi, aos poucos, ampliando-se para dar conta de novas demandas da luta contra a opressão de gênero – como apontam Castro e Spoturno (2020, p. 13), os enfoques feministas da tradução se adaptaram para “responder a novas e diferentes materializações do patriarcado e outros sistemas de opressão”. Assim, em diálogo com o paradigma da interseccionalidade, outras variáveis identitárias (como raça, classe, contextos geopolíticos) passaram a ser observadas em sua relação com a de gênero e, assim, expandiram o debate da tradução feminista. Nesse campo, tem espaço evidente e essencial a literatura: a tradução literária é um dos campos mais frutíferos para o debate feminista na medida em que o texto literário é também um meio de expressão subjetiva, política, cultural, decolonial e, portanto, é um potencial instrumento de reivindicação de justiça social. Como resultado, assistimos, nos últimos anos, a um aumento importante de pesquisas que, por exemplo, destacam a polifonia no texto traduzido, incluindo a valorização da voz e da subjetividade da tradutora; que denunciam e criticam traduções e/ou estratégias tradutórias que reproduzem os efeitos das opressões de gênero em suas intersecções com outras variáveis; que celebram a produção literária de mulheres em contextos de tradução, com sua introdução em novos públicos leitores; que questionam o cânone literário reprodutor das relações de poder a partir da possibilidade de revertê-lo pela tradução; entre outros. Trata-se, em suma, de, por meio da tradução e de um posicionamento ético-político alinhado com as lutas feministas, buscar compensar desigualdades, denunciar ausências e preencher lacunas históricas que ainda sustentam, na literatura e na sua difusão por meio da tradução, desigualdades sociais importantes. Levando isso em consideração, este simpósio convida a proposição de trabalhos que discutam as múltiplas possibilidades de relação da tradução literária com os feminismos, bem como os estudos da tradução feminista. Trata-se, assim, de reunir discussões que proponham repensar a cartografia da tradução literária (Sánchez, 2019) levando em conta a possibilidade de reverter fluxos epistemológicos, tradutórios e literários que ainda sustentam opressões de gênero. Ao mesmo tempo,é uma oportunidade de celebrar esforços que venham sendo realizados no sentido da reversão da violência epistêmica (Spivak, 1993), também perpetuada por meio da literatura e de sua tradução, que mantém, como consequência da opressão de gênero, diversas vozes literárias em silêncio. --------------------------- A Associação Brasileira de Literatura Comparada tem a satisfação de anunciar a abertura para recebimentos de propostas de comunicação oral em um dos simpósios temáticos do XVIII Encontro ABRALIC a se realizar de forma on-line no período de 11 a 15 de julho de 2022. Os simpósios temáticos integram a programação do evento e se distribuem em eixos cujo objetivo é promover diálogos e discutir temas essenciais no âmbito a Literatura Comparada. As/os interessadas/os em apresentar trabalhos – comunicações orais – devem escolher o simpósio que melhor se adequa à sua pesquisa e acessar o formulário de inscrição, preenchendo-o com os dados solicitados, em conformidade com as normas dispostas nesta chamada, até o dia 5 de maio de 2022. Os simpósios disponíveis para inscrição encontram-se no site oficial da ABRALIC por meio do link https://abralic.org.br/lista-simposios/ 1. Para apresentar a comunicação, a/o proponente deverá ser associada/o à ABRALIC e ter efetuado o pagamento da inscrição no XVIII Encontro Internacional ABRALIC, ou seja, na ocasião do evento, é preciso estar em dia com a anuidade do presente ano de 2022 e com a taxa de inscrição para dele participar. O período para realização dos pagamentos será entre os dias 24 de maio e 7 de junho de 2022. O não pagamento de alguma das taxas (anuidade e inscrição) inviabilizará a possibilidade de participação no congresso e de recebimento de certificados. IMPORTANTE: No momento da inscrição, não é necessário ser associado à ABRALIC. O período para novas associações se abre após o recebimento das cartas de aceite por parte das/os proponentes de comunicação. 2. Os simpósios do XVIII Encontro Internacional ABRALIC serão distribuídos entre os dias 11 e 15 de julho de 2022. Os dias e horários dos simpósios serão estabelecidos pela comissão organizadora. 3. Podem submeter propostas de comunicações: mestrandas/os, mestras/es, doutorandas/os, doutoras/es e professoras/es de IES, do Brasil e do exterior. O período de inscrição vai até o dia 5 de maio de 2022.