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! SIMPÓSIOS - 2022 Selecione o simpósio para visualizar as informações: 71 - Tradução literária e feminismos: pontos de encontro 71 - TRADUÇÃO LITERÁRIA E FEMINISMOS: PONTOS DE ENCONTRO EIXO: TRADUÇÃO COMO ARTE DO (DES)ENCONTRO COORDENADORES: Luciana Carvalho Fonseca (USP) Marina Leivas Waquil (USP) Leticia Maria Vieira de Souza Goellner (Pontificia Universidad Católica de Chile) RESUMO: Tradução literária e feminismos: pontos de encontro Já há bastante tempo está consagrada a relação da literatura com a tradução. Trata-se, inclusive, de uma relação de forte interdependência: se, por um lado, para a tradução, uma de suas principais fontes textuais é justamente a literatura, para a produção literária, o contato com traduções representa a possibilidade do encontro com a alteridade – com diferentes experiências de mundo, culturas, línguas e subjetividades. Assim, os sistemas literários são enriquecidos pela recepção de traduções, ao passo que a produção literária alimenta a prática tradutória. Neste simpósio, no entanto, buscamos adicionar outra camada a essa relação: a dos feminismos. Desde a chamada virada cultural, os Estudos da Tradução vêm acolhendo reflexões e debates sobre a relação da tradução com perspectivas, sujeitos e objetos por muito tempo invisibilizados e invisibilizadas. Como consequência, a tradução deixou de ser vista exclusivamente como uma operação linguística de decodificação/codificação para ser entendida, estudada e praticada como uma complexa atividade comunicativa, dinâmica, guiada por fins predeterminados e, portanto, nunca neutra, mas sempre atravessada por ideologias e relações de poder. Com o impulso das teorias pós- estruturalistas, desconstrutivistas, decoloniais – entre outras – e com a influência da força dos movimentos sociais, a tradução também passou a ser estudada a partir de seu potencial como ferramenta em lutas políticas, como intermediadora cultural, como atividade éticoideológica. Dessa forma a reflexão do campo ampliou o debate normativo e prescritivo sobre “como” traduzir, adicionando questões como: quem é traduzido? Quem traduz? Por que se traduz? De onde e para onde se traduz? Foi nesse contexto de expansão do paradigma teórico-metodológico da tradução que se desenvolveram – e seguem em desenvolvimento – reflexões feministas no campo da tradução, centradas nas desiguais relações de poder mantidas por práticas tradutórias em função das múltiplas opressões de gênero. De teóricas da chamada escola canadense à mais recente Tradutologia Feminista Transnacional, os Estudos da Tradução vêm se dedicando à observação de questões – incluindo opressões, lutas e celebrações – de gênero em contextos de tradução (Fonseca et al. 2020). Inicialmente centrado na denúncia sobre a linguagem sexista empregada na produção escrita e tradutória, com foco na sua subversão, o debate foi, aos poucos, ampliando-se para dar conta de novas demandas da luta contra a opressão de gênero – como apontam Castro e Spoturno (2020, p. 13), os enfoques feministas da tradução se adaptaram para “responder a novas e diferentes materializações do patriarcado e outros sistemas de opressão”. Assim, em diálogo com o paradigma da interseccionalidade, outras variáveis identitárias (como raça, classe, contextos geopolíticos) passaram a ser observadas em sua relação com a de gênero e, assim, expandiram o debate da tradução feminista. Nesse campo, tem espaço evidente e essencial a literatura: a tradução literária é um dos campos mais frutíferos para o debate feminista na medida em que o texto literário é também um meio de expressão subjetiva, política, cultural, decolonial e, portanto, é um potencial instrumento de reivindicação de justiça social. Como resultado, assistimos, nos últimos anos, a um aumento importante de pesquisas que, por exemplo, destacam a polifonia no texto traduzido, incluindo a valorização da voz e da subjetividade da tradutora; que denunciam e criticam traduções e/ou estratégias tradutórias que reproduzem os efeitos das opressões de gênero em suas intersecções com outras variáveis; que celebram a produção literária de mulheres em contextos de tradução, com sua introdução em novos públicos leitores; que questionam o cânone literário reprodutor das relações de poder a partir da possibilidade de revertê-lo pela tradução; entre outros. Trata-se, em suma, de, por meio da tradução e de um posicionamento ético-político alinhado com as lutas feministas, buscar compensar desigualdades, denunciar ausências e preencher lacunas históricas que ainda sustentam, na literatura e na sua difusão por meio da tradução, desigualdades sociais importantes. Levando isso em consideração, este simpósio convida a proposição de trabalhos que discutam as múltiplas possibilidades de relação da tradução literária com os feminismos, bem como os estudos da tradução feminista. Trata-se, assim, de reunir discussões que proponham repensar a cartografia da tradução literária (Sánchez, 2019) levando em conta a possibilidade de reverter fluxos epistemológicos, tradutórios e literários que ainda sustentam opressões de gênero. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade de celebrar esforços que venham sendo realizados no sentido da reversão da violência epistêmica (Spivak, 1993), também perpetuada por meio da literatura e de sua tradução, que mantém, como consequência da opressão de gênero, diversas vozes literárias em silêncio. PALAVRAS-CHAVE: Tradução; Literatura; Feminismos INSCREVA-SE © 2022 ABRALIC - Associação Brasileira de Literatura Comparada. Todos os Direitos Reservados produzido por Estúdio Eventos | contato@estudioeventos.com.br