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Hebreus 3, 13 Exortai-vos cada dia uns aos outros, até ao dia que se chama Hoje. Quem me conheceu bem, e poucas pessoas me conheceram bem - senão não teria passado pelo que passei, sabe que não preciso me fazer mais do que o que sempre fui... Principalmente, hoje que tenho um compromisso altruístico, ao qual obviamente faço com muito gosto, e por agora, não gostaria de fazer comentários. Apenas desejo tratar sobre as três perguntas que inquietam a humanidade desde o surgimento. Embora ocorram inúmeras pesquisas e teorias, umas reveladoras, outras inquietantes, nenhuma resposta é completa. Mas nenhuma dessas "respostas" estão vazias, mas conhecer as possibilidades de cada uma nos dá a possibilidade de amadurecer na fé, comportamento e ciência em geral. Antes de mais nada, se puder, procure conscientemente dentro de si ou não a sua melhor narrativa acerca da sua fé e do que você é. Embora, muitas dessas narrativas nem nos interessem, curiosamente atente se seu desejo de comunicação expressa o querer saber: para quê; com o quê e pra quem ela é feita. Quando se fala em cruz todos sabemos o que é. E mesmo nos dias de hoje, em que Jesus Cristo é por muitos visto como apenas um homem bom, ao lado de muitos outros, sem que Lhe seja reconhecida uma diferença qualitativa em relação a outros fundadores de religião, hoje, dizia, todo o homem tem ideia do que falamos: Cruz. Mas se todos sabem, nem todos a consideram na sua inteireza. Como saber o que é a Cruz? Como mergulhar neste Mistério?  Tecnicamente, a intertextualidade bíblica está associada a dois ou mais campos textuais para criar um novo contexto, entendimento no qual apresenta o texto para ser lido. Ela junta dois textos que não têm conexão literal ou lógica e promove mediante essa interação dinâmica, um novo significado, cria uma espécie de semelhança. a estrutura da Bíblia nos leva a reconhecer a presença recorrente do fenômeno linguístico da Intertextualidade. Trata-se das várias maneiras pelas quais a produção e recepção de um dado texto depende do conhecimento de outros textos, por parte de seu autor ou autores e é, na atualidade, um tema de interesse de diferentes disciplinas, inclusive da Linguística Textual e da Hermenêutica onde essa se encaixa. Enfim, Portanto, a intertextualidade é inerente à literatura, faz parte dela como recurso e como princípio de literariedade do comece falando do seu turbilhão de emoções (no bom sentido da palavra), como, às vezes, e por diversos motivos, quase os vemos chorando quem sou? Donde venho? Para onde vou? Olho para a História e reconheço-me como filha de Abraão. Sem simplismos, identifico-me como sendo filha de um Deus que é Pai. Um Deus que põe no seu Filho as palavras com as quais me devo dirigir a Ele: "Pai nosso que estais no Céu...". O que quero? Chegar tão longe quanto puder. Para ajudar a responder à pergunta pego na primeira encíclica de S. João Paulo II, "O rededentor do homem", e como católica, pego no que tenho aprendido ao longo da minha vida. Vem-me à cabeça muitos pensamentos, muitas pessoas, muitas épocas históricas. E principalmente muitos que vi sofrer, muitos que vejo sofrer, onde me incluo embora considere que sou uma privilegiada, se comparada com outras pessoas, que passam fome, doença, sem qualquer apoio, sem dinheiro para comer ou para comprar remédios. Não vou daqui mudar o mundo, mas não posso deixar de pensar e rezar para que as coisas mudem, e para que eu mude. Ser católico não é, como já ouvi dizer, ser uma pessoa "resolvida" que ao encontrar Deus parou. Não. Ser católico é recomeçar tudo outra vez. Volto ao que fazer em confinamento. Para dizer que escrever é uma das coisas boas que posso fazer neste tempo. Tempo tão sui generis, isto é, tão único, peculiar, incomum, descomunal, particular, sem correspondência igual ou mesmo semelhante! Mas escrever  para quê? E escrever o quê e para quem? Há quem diga que escreve "para si", ou como expressão de si, e não para comunicar. Olho para a História, para 4.000 anos atrás, observo, penso e concluo que a escrita - do fragmento de Urak ao post do José Manuel Fernandes no Observador - , sendo expressão, Esta oração -  muitos foram os que o notaram - não poderia ter por autor um homem, mas sim o próprio Deus. Não passa pela cabeça de ninguém esse amor aos  inimigos . Não cabe na cabeça de ninguém, mas passa pela cabeça de Deus. Quem pega na caneta nem sabe o que faz! A reflexão que se impõe é tarefa de uma vida, é tarefa que implica os outros. A racionalidade que opera nesta discursividade é tanto mais atrativa quanto mais me descreve, quanto mais me explica quem sou. Quem escreve está a pedir as razões da vida... A Encíclica é de grande ajuda a este respeito porque reconhece que cada homem, o homem concreto,  o homem "real", cada homem é o caminho de Deus. Olhando cada homem chega-se a Deus. Este fez-se homem para que o homem pudesse chegar à paz que o seu coração tanto deseja. Cita S. Agostinho: Criaste-nos para Vós, e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousar em Vós. Diz o Papa, o homem preso à vaidade, ao materialismo, e às guerras, o homem não só afasta o mundo de uma prosperidade feliz, do "ser" sobre o "ter", como se afasta de si vivendo uma vida vazia.  "O Redentor do homem, Jesus Cristo, é o centro do mundo e da história", é a verdade chave da exitência. Feito homem Ele conhece o nosso coração como ninguém. Contemplar a Cruz é contemplar o dom que Deus nos fez, e aprender que a vida é assim, para ser dada, de braços abertos, estendidos a todos os homens, e de pé,  como um farol, a indicar o norte. Com a potência máxima, ao pé da qual o farol de Alexandria é um grão de areia. Olhar para a cruz é aprender a viver. Começar a viver. Pensamos que já sabemos tudo sobre a cruz, benzemo-nos, temos a Páscoa, e pronto. Não. Porque escondo o corpo de Jesus? Cruzes estilizadas, voláteis, a gosto, é o que vejo por aqui. O Diogo costumava dizer que não gostava das cruzes em que Jesus é representado já sem dor. Agora compreendo. Eu quero uma cruz, assim, em que me vejo no drama. Há quem salte logo para a ressureição, sem passar pelo segredo do mistério do sofrimento. Não há cristão sem cruz. Quem quer? A Encíclica refere neste ponto a liberdade. O que quero? Parágrafos a ler com tempo, que não dispensam olhar aquela liberdade que se entregou por nós. Tenho lido a filosofia da Santa Teresa Bendita da Cruz, Edith Stein, em particular o seu livro "A Ciência da Cruz", ao qual aqui voltarei, até porque está para breve um colóquio sobre esta discípula de Husserl, que aceitou morrer em Auschwitz. Deixo o link para um documentário da CNN sobre os últimos dias de S.João PauloII, no qual podemos ver a cruz. A sua vida não escondeu, nos seus últimos dias na terra, o drama da dor. Drama esse que não impediu, mas antes foi testemunho de ressureição. Daí a expressão "exaltação da santa cruz", memória litúrgica de hoje. É desta memório que brota a alegria que enche o meu coração.