ISSN: 1983-8379
Literatura, jornalismo, e a gênese da mídia contemporânea nas Recordações do Escrivão
Isaías Caminha, de Lima Barreto
Antonia Cristina de Alencar Pires1
Gustavo Tanus2
RESUMO: A atividade jornalística, como um dos ofícios da escrita, foi uma das profissões das letras que
acolheu o escritor iniciante, e que permitiu a esses o contato com a escrita, colaborando com sua vida de escrita
ficcional. Propõe-se, neste artigo − ademais de delinear certa linhagem de escritores que tiveram contato com o
jornalismo, que se desenvolveu após a fuga da corte portuguesa ao Brasil, em 1808 – abordar o trânsito do
escritor Lima Barreto entre a ficção e o jornalismo. A partir disso, parte-se para uma leitura das Recordações do
Escrivão Isaías Caminha (1909), de Lima Barreto, que desvela, ficcionalmente, a gênese da mídia
contemporânea, constituindo-se como um romance de vanguarda, atemporal, por demonstrar os métodos
jornalísticos com vistas à manipulação da opinião pública entre outros fins. Ademais, o livro introduz uma
questão que posteriormente seria objeto de discussão em várias áreas do conhecimento: o papel da imprensa
como um Aparelho Ideológico de Estado, um poder fora da Constituição.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura; Jornalismo; Recordações do Escrivão Isaías Caminha; Lima Barreto; Mídia.
ABSTRACT: Journalistic activity, as one os the crafts of writing, was the profession of letters that employed
most of the novice writers, and assured him contact with the writing, collaborating with his life of fictional
writing. The objective of this paper - in addition to outlining certain family of writers who had contact with
journalism, which developed after the scape of the Portuguese court to Brazil, in 1808 - will be to point the
passage of Lima Barreto between fiction and journalism. From there, will read of Recordações do Escrivão
Isaías Caminha (1909), by Lima Barreto, pointing, fictionally, the genesis of contemporary media, establishing
itself as a vanguard novel, timeless, to demonstrate journalistic methods seen the manipulation of public opinion
among other purposes. In addition, this book introduces an issue that would later be the subject of discussion in
various areas of knowledge: the role of the press as an Ideological State Apparatuses, a power outside of the
Constitution.
KEYWORDS: Literature; Journalism; Recordações do Escrivão Isaías Caminha; Lima Barreto; Media.
1
Doutora em Literatura Comparada pela Faculdade de Letras da UFMG; Mestre em Literatura Brasileira pela
FALE/UFMG; Bacharel em Biblioteconomia pela Escola de Ciência da Informação da UFMG, Técnica em
Gestão, Proteção e Restauro do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais,
IEPHA/MG.
2
Bacharel e Licenciado em Letras/português, bacharel em Edição, é atualmente mestrando em Teoria da
Literatura e Literatura Comparada na UFMG, bolsista CAPES, pesquisador do NEIA/UFMG; e atua como
bolsista do Programa de Incentivo à Formação Docente, no curso de Formação Intercultural para Educadores
Indígenas, FIEI/Faculdade de Educação/UFMG.
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O boom da atividade jornalística
De modo diferente do que foi em outras colônias nas Américas, cuja atividade
jornalística se iniciou junto da colonização, no Brasil, essa atividade teve seu boom a partir da
transferência da corte portuguesa, em 1808, fugida dos exércitos napoleônicos. Antes da
escapada real ao Brasil, havia aqui, desde o alvará de 1720, uma proibição às “letras
impressas”; e restrições oficiais, ditadas pelo alvará de D. Maria I, para a instalação de
fábricas e manufaturas, portanto, para as tipografias. (HALLEWELL, 1985). A mudança da
sede do reino português trouxe a necessidade de criação de algumas instituições (burocráticas)
no Brasil, com vistas ao atendimento das exigências de governo. Com isso, houve necessidade
de criação das nossas primeiras instituições nacionais de informação e cultura, como:
Biblioteca, Arquivo, Museu, e também, a Imprensa Régia.
Nesse ínterim, até a ficção Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909), de Lima
Barreto, objeto desse nosso trabalho, é importante que tracemos brevemente, na próxima
seção, uma linhagem de escritores afro-brasileiros que experimentaram, de alguma maneira, a
escrita jornalística, ou mesmo o ambiente de uma redação de jornal, destarte, elencamos:
Paula Brito (1809 - 1861); Maria Firmina dos Reis (1825 - 1917); Luiz Gama (1830 - 1882);
Machado de Assis (1839 - 1908); José do Patrocínio (1854 - 1905); e Cruz e Sousa (1861 1898).
1. Escritora e escritores no jornal: certa linhagem
Francisco de Paula Brito foi poeta, livreiro, tipógrafo e jornalista. Começou sua
carreira, atuando nas oficinas do fundador do Jornal do Comércio; e, após um período de
experiência como aprendiz na Tipografia Nacional, instalou sua própria oficina gráfica. Paula
Brito foi responsável pelo periódico O Homem de Cor, que passou a ser chamado O Mulato
ou o Homem de Cor, e circulou no ano de 1833, data que é atribuída ao início da Imprensa
Negra no Brasil. Tendo editado vários jornais, foi decisivo para o jovem Machado de Assis, a
quem dera apoio para publicação de um poema no periódico Marmota Fluminense, editado
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por ele. Ademais, Paula Brito foi o primeiro editor de Machado, tendo publicado dois de seus
livros, em sua Tipografia. (PAULA BRITO, s.d.).
Maria Firmina dos Reis, escritora maranhense, professora de formação, escreveu, em
1859, o romance Úrsula, uma narrativa em que, pela primeira vez na literatura brasileira, se
abordou a escravidão a partir do lugar do outro, um outro que é a perspectiva do escravizado.
É atribuída a ela, a criação da primeira escola mista e gratuita do país. Atuou como folclorista,
ao recolher e preservar textos da literatura oral, e foi também compositora, tendo sido
responsável, pela composição de um hino para a abolição da escravatura. Maria Firmina fezse presente na imprensa maranhense, publicando poesia, ficção, crônicas, e também enigmas e
charadas. Colaborou com diversos jornais, como Verdadeira Marmota, Semanário
Maranhense, O Domingo, O País, Pacotilha, Federalista etc. (MARIA FIRMINA DOS
REIS, s.d.).
Luiz Gama foi poeta e atuou como advogado em ações em favor de escravizados,
tendo conseguido libertar quinhentos, também foi jornalista com grande atuação política,
redator do "Radical Paulistano, no qual colaboraram, entre outros, Castro Alves, Joaquim
Nabuco e Rui Barbosa". (FERREIRA, 2007). Luiz Gama foi responsável pela redação de O
Polichinelo, primeiro periódico político satírico da cidade de São Paulo; e ajudou a criar os
primeiros periódicos ilustrados desse estado − Diabo Coxo, de 1864-1865; e Cabrião, de
1866-1867 − ao lado do cartunista Ângelo Agostini. (FERREIRA, 2007).
Machado de Assis, considerado o grande escritor da literatura brasileira, fundador da
Academia Brasileira de Letras, colaborou com diversos periódicos, mesmo que "sob a casca
de um pseudônimo" (DUARTE, 2007, p. 3). Neles, escreveu crônicas que foram organizadas
no livro Machado de Assis afrodescendente, do pesquisador Eduardo de Assis Duarte, que
desmontam a tese de "absenteísmo em relação à questão do negro" (CUSTÓDIO, 2016). Teve
sua primeira experiência nas redações de jornal, por meio de Paula Brito, que editou seus
primeiros livros: a peça teatral Desencantos (1861) e a tradução de Queda que as mulheres
têm pelos tolos (1861).
José do Patrocínio é bastante conhecido pela campanha abolicionista, entretanto, sua
atividade como jornalista é que deu impulso para essa atuação. Ingressou na Gazeta de
Notícias, tendo sob responsabilidade a redação da seção intitulada "Semana Parlamentar".
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Escreveu os romances Mota Coqueiro ou A Pena de Morte, publicado em folhetins, na Gazeta
de Notícias, em 1877; Os Retirantes, publicado em 1879; e Pedro Espanhol, publicado pela
tipografia do jornal Gazeta da Tarde, em 1884, além da redação do Manifesto da
Confederação Abolicionista, de 1883. Foi, também, diretor da Gazeta da Tarde, e logo,
fundador do jornal A Cidade do Rio, dirigido por ele. Nos últimos anos de vida, viveu quase
ignorado, colaborando esporadicamente nos jornais O País e A Notícia. (JOSÉ DO
PATROCÍNIO, s.d.).
Cruz e Sousa, grande escritor representante do movimento simbolista brasileiro, cuja
poética é lembrada apenas por essa filiação artística, foi colaborador de jornais, onde atuou
criticamente. Dirigiu o jornal ilustrado O Moleque, discriminado por ter um viés mais crítico.
Colaborou no jornal republicano e abolicionista Tribuna Popular, considerada a mais
importante folha catarinense do período. Mudou-se para o Rio de Janeiro, lugar onde
colaborou com diversos magazines, como a Revista Ilustrada e Novidades, e com jornais,
como A Cidade do Rio, de José do Patrocínio, ademais de publicar textos-manifestos do
simbolismo na Folha Popular, principal meio de divulgação desse movimento. (CRUZ E
SOUSA, s.d.). Vale lembrar que em 2013 foi publicada a reunião dos primeiros escritos de
Cruz e Sousa, ainda jovem, que estavam dispersos em periódicos catarinenses, no livro
Últimos inéditos: prosa & poesia, de Cruz e Sousa (2013), sob a coordenação do pesquisador
Uelinton Farias Alves.
Destarte, a atividade jornalística, como um dos ofícios da escrita, desde sua maturação
no Brasil, foi uma das profissões das letras que acolheu o escritor iniciante, e que sustentava
(em sentido literal e conotativo) o escritor em sua vida de escrita ficcional; a outra é o serviço
público.
2. Lima Barreto: jornalista, escritor
Em 1904, Afonso Henriques de Lima Barreto (então com 23 anos) abandona
definitivamente, por motivos financeiros, o curso de Engenharia na Escola Politécnica e
ingressa, no serviço público, na Secretaria da Guerra, por meio de concurso. Como o salário
que ali recebia não era suficiente para custear as despesas da família, Lima Barreto passa a
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atuar como freelancer em alguns jornais e revistas do Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e
passou toda a vida, morrendo em 1922.
Vale informar que antes mesmo de abandonar a Politécnica, ele já colaborava com a
imprensa comercial e com alguns jornais anarquistas (nestes, como militante, sem
remuneração). Em 1905, foi contratado para integrar o quadro de jornalistas do Correio da
Manhã, considerado o jornal mais influente do período.
Começa, então, a dupla jornada de escrita de Lima Barreto, que ao lado dos textos
jornalísticos desenvolve dois de seus romances: Recordações do escrivão Isaías Caminha
(publicado em 1909) e Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (que só viria a público em 1919).
Estas notas de cunho biográfico se fazem necessárias para que se compreenda o duplo
caminhar do escritor, entre o ofício jornalístico e seu percurso pela ficção.
Se fizermos uma análise cuidadosa do conjunto da produção textual de Lima Barreto,
constataremos que, de fato, os dois terrenos em momentos diversos não apresentaram rígidas
fronteiras na escrita barretiana. Em alguns contos constata-se essa liquidez fronteiriça e na
sátira Os Bruzundangas (1922), alguns fragmentos possuem um leve tom jornalístico, mas é
em suas crônicas que isso se verifica claramente, pois nelas o autor mescla ao texto
informativo (que é próprio do jornal), traços de ficcionalidade, repletos de ironia e humor.
Assim, entre o informativo e o cômico, Lima Barreto assinalava sua posição em
relação ao que julgava incorreto ou injusto na vida social e política da Capital Federal
(naquele momento ainda era o Rio de Janeiro) e legava à posteridade registros
imprescindíveis para o conhecimento do período histórico conhecido como República Velha
ou Primeira República. Em Literatura como missão: tensões sociais e invenção cultural na I
República (1983), por exemplo, o historiador Nicolau Sevcenko utilizou os escritos de Lima
Barreto como fontes para interpretação daquele momento histórico.
A mescla entre jornalismo e ficção presente na escrita barretiana verifica-se já nas
primeiras semanas de sua atuação no Correio da Manhã. O jornal incumbiu Lima Barreto de
escrever uma série de reportagens sobre as escavações do Morro do Castelo. Este estava
sendo derrubado para dar passagem à Avenida Central (atual Avenida Rio Branco), dentro do
projeto de reforma urbana do Rio de Janeiro, proposto pelo Presidente Rodrigues Alves e
levado a cabo pelo Prefeito Pereira Passos e pelo Engenheiro Paulo de Frontin. Tais reformas
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podem ser vistas também como uma política higienista, de retirada dos negros (exescravizados e seus descendentes) das áreas centrais, em um procedimento que hoje se dá o
nome de "racismo ambiental".
Nessa série de textos − que oscila entre reportagem, crônica e conto, a qual só viria a
integrar o conjunto da obra barretiana em livro publicado em 1997, sob o título O subterrâneo
do Morro do Castelo − Lima Barreto esboça sua preocupação com questões com as quais se
ocuparia durante toda a vida: a memória histórico-cultural da Nação e o trato com a coisa
pública, que desde sempre no Brasil se confundiria com o privado. Entretanto, O subterrâneo
do Morro do Castelo não é apenas a gênese da escrita barretiana dali em diante, ele revela
também o dilema do jornalista/escritor entre o compromisso com o vínculo empregatício com
o jornal e o desejo de ser um escritor em tempo integral, de manter-se fiel às suas convicções,
ao seu pensamento crítico. O formato folhetinesco adotado por Lima Barreto para narrar o
desmanche do morro símbolo do passado colonial parece ter sido a saída encontrada por ele.
Ao adotar tal formato narrativo, Lima Barreto conseguiu prender a atenção dos leitores e obter
um lugar de destaque na diagramação do jornal, deslocando sua narrativa do rodapé (local
reservado aos folhetins) para a primeira página e depois para perto de colunas que serviam de
gancho para o texto, como a coluna política ou a coluna policial, segundo nos informa
Giovanna Ferreira Dealtry em Lima Barreto - os subterrâneos de uma nação (1994),
firmando seu nome no meio jornalístico.
Lima Barreto ata em seu texto jornalístico-ficcional as duas pontas do tempo,
registrando, simultaneamente, o passado colonial que estava sendo apagado pelas reformas
urbanas e as transformações sociais que essas reformas trariam à cidade. As pontas atadas
revelariam, sobretudo, que o Rio de Janeiro se modernizava, adquiria contornos de uma
cidade Belle Époque, mas as antigas relações de poder permaneciam as mesmas, sob a
máscara do “novo”.
Quando passa a vivenciar a rotina da redação, o escritor de Clara dos Anjos percebe
que a imprensa é um braço da elite e esse braço é capaz de cometer os mesmos crimes que ele
condena em seus artigos: a manipulação da opinião pública, a manutenção das desigualdades
raciais e sociais para preservar o status quo da elite dominante, a perseguição aos
despossuídos, o enlameamento da reputação e da dignidade dos que não lhe são adeptos, a
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pilhagem dos cofres públicos. O contato íntimo com os bastidores da imprensa causa em
Lima Barreto grande decepção e revolta.
Assim, não compactuando com nada que via na redação de O Correio da Manhã, ele
transformou suas observações em um romance que causou polêmica e atraiu o ódio e o
desprezo de seus pares, que se reconheceram e foram reconhecidos nas personagens
ficcionais. Ao publicar Recordações do escrivão Isaías Caminha, o jornalista arrisca seu lugar
como tal e deixa entrar em cena o escritor. Esta opção seria definitiva, pois até no momento
de suas internações no Hospital Nacional dos Alienados (em consequência de crises
depressivas pós-alcoólicas), no preenchimento da ficha de internação, ele informa como
profissão, escritor e não jornalista ou amanuense, seu cargo na Secretaria da Guerra. Em
virtude do escândalo causado pelo romance, Lima Barreto foi banido da chamada “grande
imprensa”, voltando a colaborar, depois de algum tempo, com pequenos jornais e revistas.
Ainda que lhe tenha custado dores e sacrifícios e tenha inscrito seu nome na história
literária até os anos 90 como um escritor “ressentido, desleixado e panfletário” − adjetivos
que lhe foram dados por seus contemporâneos críticos literários e inadvertidamente
reverberados pelos historiadores da Literatura ao utilizarem como fontes primárias os jornais
da época do lançamento das Recordações... – o romance assinalou Lima Barreto como um dos
mais importantes escritores do século XX no Ocidente. O vanguardismo do romance em
questão corrobora esta afirmação. Nas reflexões ali presentes, o escritor delineia a gênese da
imprensa tal como a conhecemos hoje, introduzindo uma questão que posteriormente seria
objeto de discussão em várias áreas do conhecimento: o papel da imprensa (que
contemporaneamente chamamos de mídia) como um Aparelho Ideológico de Estado (AIE),
como classificaria Louis Althusser (1918-1990) na década de 60 do século XX.
3. Os primórdios da mídia contemporânea nas Recordações...
O livro Recordações do escrivão Isaías Caminha se divide em 14 capítulos. O foco
narrativo se dá em primeira pessoa, sublinhando o rapaz chegado do interior como
protagonista. Nos sete primeiros, o autor focaliza a viagem do adolescente Isaías ao Rio de
Janeiro, lugar onde ele vai conseguir um emprego, por meio de uma carta de recomendação
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dada por um coronel. A ida à metrópole, capital do Brasil, fornece à literatura brasileira
momentos únicos e, de certa forma, inaugural, como, por exemplo, a descoberta do que é "ser
negro" na cena do recebimento do troco, pelo jovem mulato e pobre, frente a frente com um
"rapazola alourado". (LIMA BARRETO, 1971, p. 38). Interessante notar a diferença entre o
meio urbano e o rural, este cujas fronteiras são fechadas por "arame farpado, à maneira dos
latifúndios, em que todos ocupam de forma mais ou menos obediente seus devidos lugares"
(CRUZ, 2002), e "naquele universo urbano, cujas fronteiras têm mais mobilidade, porque
impressas na pele do indivíduo" (CRUZ, 2002).
O primeiro excerto que destacamos é uma de tantas passagens do livro que revelam a
força que os jornais têm frente aos cidadãos "comuns", representados aqui pelo padeiro Laje
da Silva, um dos interlocutores de Isaías. Segundo este, era raro que um "varejista de um
vilarejo longínquo", o padeiro de Itaporanga, "mantivesse amizades tão fora do seu círculo"
(LIMA BARRETO, 1971, p. 45), admiravando a todos os que trabalham em na redação do
jornal.
E essa sua admiração, se era de fato esse o sentimento do padeiro, pelos homens dos
jornais, levava-o a respeitá-los a todos desde o mais graduado, o redator-chefe, o
polemista de talento, até ao repórter de polícia, ao modesto revisor e ao caixeiro de
balcão. Todos para ele eram sagrados, seres superiores ou necessários aos seus
negócios, pois viviam naquela oficina de ciclopes onde se forjavam os temerosos
raios capazes de ferir deuses e mortais, e os escudos capazes também de proteger as
traficâncias dos mortais e dos deuses. (LIMA BARRETO, 1971, p. 44).
Esse mesmo conhecedor e admirador dos jornais e das atividades jornalísticas, aponta
a importância dos meios de comunicação impressa, ao relatar a Isaías sobre Raul Gusmão, um
jovem jornalista: "Laje da Silva, porém, só sabia que ele tinha a Aurora à sua disposição,
jornal muito lido e antigo, respeitado e que, no tempo do Império, derrubou mais de um
ministério". (LIMA BARRETO, 1971, p. 45).
Nos 7 últimos capítulos, a narrativa se desenrola na metrópole, quase que
integralmente dentro do jornal O Globo (nome com o qual ironicamente mascararia o Correio
da Manhã), onde o protagonista vai trabalhar como office-boy e, no final, como jornalista. É
nessa segunda parte que surgem os questionamentos de Lima Barreto em relação à "ética
jornalística" (ou à falta dela) e os danos irreparáveis que a conduta sem regras do jornal causa
à população carioca, especialmente aos despossuídos que engrossavam a massa de excluídos
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pelo Estado. Vê-se nas anotações do agora narrador-personagem a atuação de O Globo em
favor da então nascente burguesia capitalista, da qual seu proprietário, Ricardo Loberant, faz
parte. O segredo do sucesso profissional deste editor estava em buscar:
[...] escândalo, uma denúncia, um barulho, em falta um artigo violento fosse contra
quem fosse. Havia na redação farejadores de escândalos; um, para os públicos;
outro, para os particulares. Este era o mais interessante. Tinha uma imaginação
doentia; forjava coisas terríveis, inventava, criava crimes. Eram cárceres privados,
enterramentos clandestinos, incestos, tutores dolosos, etc. (LIMA BARRETO, 1971,
p. 127).
É interessante salientar que nos últimos sete capítulos, a narrativa adquire um tom
jornalístico (imprimido pelo foco narrativo em terceira pessoa), apresentando traços
acentuadamente informativos e opinativos, como se fosse uma grande reportagem. Poder-seia dizer, sob esse aspecto, que há no movimento da escrita da narrativa uma espécie de
metalinguagem, o ficcionista se apropria da escrita jornalística para construir seu texto, que
trata exatamente do ofício e da escrita jornalística. Destacamos aqui alguns trechos
emblemáticos do romance em questão, com o propósito de ilustrar estas considerações.
Um trecho importante de ser apresentado diz respeito ao corporativismo da imprensa
(uma espécie de associação para o crime, apontada no vocábulo “quadrilha”) e os conchavos
em torno desse ou daquele segmento (manipulação da opinião pública, aproveitando-se do
desconhecimento das massas). Note-se que nesse movimento há um círculo vicioso, onde a
manipulação é possível porque há desconhecimento e o desconhecimento é mantido
deliberadamente pelas elites, com o propósito de preservar seus privilégios:
A imprensa, que quadrilha! Fiquem vocês sabendo que, se o Barbarroxa
ressuscitasse, agora com os nossos velozes cruzadores e formidáveis couraçados, só
poderia dar plena expansão à sua atividade se se fizesse jornalista. Nada há tão
parecido como o pirata antigo e o jornalista moderno; a mesma fraqueza de meios,
servida por uma coragem de salteador; conhecimentos elementares do instrumento
de que lançam mão e um olhar seguro, uma adivinhação, um faro para achar a presa
e uma insensibilidade, uma ausência de senso moral a toda a prova... E assim
dominam tudo, aterram, fazem que todas as manifestações de nossa vida coletiva
dependam do assentimento e da sua aprovação... Todos nós temos que nos submeter
a eles, adulá-los, chama-los gênios, embora intimamente os sintamos ignorantes,
parvos, imorais e bestas... Só se é geômetra com o seu placet, só se é calista com a
sua confirmação e se o sol nasce é porque eles afirmam tal cousa... E como eles
aproveitam esse poder que lhes dá a fatal estupidez das multidões! Fazem de
imbecis gênios, de gênios imbecis; trabalham para a seleção das mediocridades...
(LIMA BARRETO, 1971, p. 159).
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Outro excerto destacado aponta a imprensa como um Aparelho Ideológico do Estado
(AIE) e confere ao texto barretiano vanguardismo e atemporalidade, aproximando-o do
pensamento filosófico e sociológico do século XX, especialmente ao de Althusser, conforme
afirmamos anteriormente: “Era a Imprensa, a Onipotente Imprensa, o quarto poder fora da
Constituição!” (LIMA BARRETO, 1971. p.162).3
Ressaltamos, desse excerto, que Lima Barreto fez essa interpretação relativa ao poder
midiático, ainda no iniciar do século XX. O "quarto poder" é um termo que comumente se
refere à mídia, especialmente o jornalismo impresso. A criação desse termo é atribuída a
Edmund Burke (1729 - 1797), que o teria utilizado, em 1787, durante uma sessão da Câmara
dos Comuns da Grã-Bretanha, para indicar o poder político da mídia (SOARES, 2009). Hoje,
é conhecido e utilizado para a caracterização das grandes mídias, que são criticadas por
setores, as intituladas mídias independentes, que defendem uma ética profissional, que vise
uma imparcialidade. Com relação a isso, lembramos aqui a recente publicação do jornalista
Paulo Henrique Amorim, intitulada O quarto poder: uma outra história (2015).4
Os Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE), de acordo com Louis Althusser, grosso
modo, são instituições que dão sustentação ao Estado, juntamente com os aparelhos
repressivos, mas que diferentemente deste agem por meio da ideologia, e, secundariamente,
por meio do emprego da violência, seja ela atenuada, dissimulada ou simbólica. Os AIE
atuam por meio de sanções, exclusões e seleções. Embora pareçam dispersos, os AIE agem
unificadamente em prol da ideologia da classe dominante. (ALTHUSSER, 1997). O filósofo
classificou como Aparelhos Ideológicos de Estado as igrejas, as escolas, a família, as
instituições culturais, os tribunais, os partidos políticos e a imprensa. No excerto destacado,
Lima Barreto expressa sua aguda percepção de que ao ser um poder “fora da Constituição”, a
imprensa, que está fora e acima da lei, desse modo, pode agir livremente no que tange à
disseminação dos interesses de quem a patrocina sem estar submetida aos ditames
3
Citamos o trabalho Imprensa como instância de poder: uma leitura das Recordações do Escrivão Isaías
Caminha, de Lima Barreto, de Maria Salete Magnoni (2010), que é uma tese que se propôs constituir-se leitura
do poder da imprensa nas Recordações..., em uma tessitura construída, sobremaneira, nos dois primeiros
capítulos por meio da história literária e certa crítica barretiana, e dispõe, no Capítulo 3º (p. 56-78) uma
interessante interpretação inicial sobre a imprensa na narrativa, deslindando, apenas como mais uma crítica,
aspectos da obra trabalhados aqui.
4
AMORIM, Paulo Henrique. O quarto poder: uma outra história. São Paulo: Hedra, 2015.
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constitucionais. Encoberta sob a máscara da neutralidade, mostra-nos o narrador barretiano, a
imprensa é poderoso instrumento da elite dominante na luta de classes.
Outro momento bastante significativo em Recordações do escrivão Isaías Caminha e
que corrobora o que ora acabamos de afirmar, diz respeito à utilização do povo como braço
armado em favor de causas que são, de fato, causas da elite dominante. Assim, para fazer
valer uma lei municipal que obrigava os populares a andarem calçados, O Globo se vale da
seguinte estratégia: primeiro finge estar contra a lei e os que a criaram, colocando-se ao lado
do povo.
Ao conseguir disseminar o sentimento de raiva e revolta entre a população, o jornal vê
o povo se amotinar e entrar em confronto com as forças de segurança. Em suas reportagens, o
jornal omite que os amotinados estejam sendo massacrados, divulgando uma falsa vitória
popular. Os confrontos terminam com várias mortes. A obrigatoriedade dos sapatos se efetiva.
Os fabricantes de calçados consolidam seu pacto com os governantes e o jornal O Globo sai
ganhando com a situação, pois além de vender muito nos dias da Revolta dos sapatos,
consolida seu poder de chantagem sobre o Governo. (LIMA BARRETO, 1971, p. 225-230).
O narrador revela que esse espírito que motivou a manipulação dos fatos no projeto dos
sapatos, é semelhante ao que procurou justificar a política de reconstrução da cidade, nas tais
reformas à luz de ideais republicanos como se pode ver:
Aires d'Ávila chegou mesmo a escrever um artigo, mostrando a necessidade de ruas
largas para diminuir a prostituição e o crime e desenvolver a inteligência nacional.
E os da frente, os cinco mil de cima, esforçavam-se por obter as medidas legislativas
favoráveis à transformação da cidade e ao enriquecimento dos patrimônios
respectivos com indenizações fabulosas e especulações sobre terrenos. Os
Haussmanns pululavam. Projetavam-se avenidas; abriam-se nas plantas squares,
delineavam-se palácios, e, como complemento, queriam também uma população
catita, limpinha, elegante e branca: cocheiros irrepreensíveis, engraxates de libré,
criadas louras, de olhos azuis, com o uniforme como se viam nos jornais de moda da
Inglaterra. Foi esse estado de espírito que ditou o famoso projeto dos sapatos.
(LIMA BARRETO, 1971, p. 137).
O olhar de Isaías desliza dentro do pequeno prédio que serve de sede ao jornal O
Globo como se fosse uma "câmara em travelling", registrando em detalhes o funcionamento
daquele jornal, o qual, por extensão, serviria de modelo a outros que lhe foram
contemporâneos. O ambiente corruptor e corrompido do O Globo decepa sua aspiração
jornalística. Naquele local não há nenhum compromisso com a verdade dos fatos. A redação
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desse jornal é, na grande parte do tempo, uma fábrica de notícias fictícias, e a passagem de
Isaías pelo jornal da Rua do Ouvidor é agônica e angustiante. Diferente de seu criador Lima
Barreto, Isaías aceita as pressões daquele mundo corrupto, utilizando-se do ofício de jornalista
para uma certa ascensão social, terminando como o escrivão que dá título ao romance.
Entretanto, vale dizer que uma das destinações possíveis para o negro era a alternativa −
talvez única − de "ceder" às políticas de embranquecimento, "fazer a passagem" para o mundo
branco, sair do estado de morte social (CRUZ, 2002). Vale ressaltar ainda que a escrita do
romance − as recordações do mulato Isaías Caminha (negro para os tempos atuais) −, pode ser
vista como uma espécie de remissão, uma consciência sobre a realidade, uma experiência de
humanidade.
Considerações finais
Os jornais, em sua constituição, são importantes para a formação dos ideais de nação,
como propaganda ideológica para a revolução (no caso russo), ademais de um valor
educacional (como no caso do Paraguai pré-guerra), e até para a consolidação de um sistema
literário, na publicação de poesias, contos e crônicas nos jornais, e também, romances
inteiros, publicados capítulo por capítulo, nos folhetins, o que permitia a circulação da
literatura para um público leitor em formação. Em contraposição, o que é sua grande
qualidade, torna-se perigoso, frente à gravidade das ditaduras midiáticas, que manipulam
esses leitores, silenciando vozes dos negros, das minorias, atuando como palanque para os
ideais que defendam o status quo.5
5
O poder dos meios de comunicação produz efeitos tão impactantes em uma sociedade, que a elite, não satisfeita
em participar da vida política, por meio da transferência por herança da elegibilidade, do rosto sorridente em sua
"boa aparência", com suas promessas, vezes falsas, outras populistas (quase nunca progressistas), buscou tornarse, no Brasil, dona desses meios, da mídia, por assim dizer, a despeito da magna carta constitucional de 1988.
Antes da promulgação dessa constituição, que veda aos políticos, a propriedade de meios de comunicação,
lembramos, também, o papel que essas mídias tradicionais tiveram no suicídio de Vargas, em 1954, no golpe
civil-militar de 1964, pela manipulação dos fatos, pelos apoios, materiais, inclusive com empréstimo de seus
veículos para torturadores, e ideológico. E, já neste século XXI, a adesão dessa mídia tradicional, da grande
mídia, ao golpe institucionalizado de 2016 (com parte do judiciário, do legislativo, e parcela da sociedade civil)
pela perseguição criminosa aos que são a favor do estado democrático de direito, e contra os avanços mais
progressistas dos últimos anos.
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Por fim, ao descrever e analisar o comportamento da imprensa, Recordações...
colocamos, em cena, outro questionamento importante: o embate entre o discurso inteligente
(representado por aqueles que realmente possuíam um conhecimento sólido) e o discurso
superficial do Establishment (representado pelos jornais e seus eleitos), apontando a
predominância do último como discurso oficial da Nação. Em O profeta e o escrivão: estudos
sobre Lima Barreto (1978), Carlos Erivany Fantinati tratou desse aspecto do romance aqui
focalizado. Recentemente o pesquisador inglês Robert J. Oakley voltaria ao tema em seu livro
Lima Barreto e o destino da literatura (2011). Nele, o Oakley discute a imensa preocupação
do escritor com a derrota do discurso inteligente face ao discurso que sustem a ordem social
baseada na exclusão das minorias.
Na percepção de Lima Barreto, a vitória do segundo discurso representava a
inexorabilidade da opção pela superficialidade, pelo falseamento do conhecimento. Em última
análise, a opção pela pobreza intelectual; a cultura do efêmero e do olhar apressado, criada e
disseminada na mentalidade brasileira pela grande imprensa, traria sérias implicações no que
tange a um amplo desenvolvimento intelectual do país, que se acostumou a fazer dos jornais
não apenas fontes de informação, mas fonte de conhecimento, substituindo o saber contido
nos livros e na educação parcial propiciada pelos artigos rápidos publicados nas páginas dos
jornais tradicionais.
Essa situação justifica um traço presente na cultura brasileira que é o da "preguiça de
ler" e, de modo mais perverso, justifica a manutenção do analfabetismo no país, uma vez que
tais artigos superficiais poderiam ser lidos por uma pessoa alfabetizada e transmitidos, de
qualquer maneira, de ouvir dizer, oralmente para várias outras não alfabetizadas. Desse modo,
as escolas não se faziam necessárias. Há que se inferir, portanto, que se aquele momento
histórico representa o momento de re-fundação da Nação pelos republicanos, essa Nação terá
as características de seu discurso oficial e estará fadada às manobras e manipulações do
primeiro O Globo, o da ficção barretiana, e dos outros seus congêneres desta nossa realidade
contemporânea.
Referências
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