LIVRO
UNIDADE 1
Recuperação e
manejo sustentável
de áreas degradadas
Fundamentos do estudo
de degradação ambiental
Carla Samara dos Santos Ferreira
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Sumário
Unidade 1 | Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Seção 1.1 - Introdução aos estudos de áreas degradadas
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Seção 1.2 - Atividades degradadoras e seus impactos ambientais
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Seção 1.3 - Aspectos legais da recuperação de áreas degradadas
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Palavras do autor
Caro aluno, estamos iniciando o estudo da disciplina Recuperação
e manejo sustentável de áreas degradadas. Devido à ação antrópica
causar diversos problemas ambientais, entre os quais estão a
degradação do solo, poluição do ar e contaminação dos recursos
hídricos, é necessária a formação de profissionais que estejam aptos
para trabalhar com a recuperação dessas áreas, sendo assim, essa
disciplina tem como principal objetivo fornecer conhecimentos sobre
os principais processos de degradação dos ecossistemas e as práticas
conservacionistas aplicadas às áreas degradadas.
Assim sendo, para que uma área seja recuperada, é necessário que
você possua algumas competências profissionais fundamentais. Dessa
maneira, você deverá conhecer os seguintes aspectos: os processos
de degradação dos ecossistemas e como a legislação brasileira aborda
esse assunto; sucessão, recuperação e restauração ecológica; as
práticas de recuperação e monitoramento de áreas em recuperação e
os métodos conservacionistas de recuperação visando à conservação
dos recursos naturais e sustentabilidade ambiental. Portanto, esperase que por meio da aquisição desses conhecimentos, você seja um
profissional capaz de analisar e propor o método mais adequado para
recuperação.
Este livro procura abordar diferentes formas de recuperação de
áreas degradadas, sendo estruturado em quatro unidades: na Unidade
1 (Fundamentos do estudo de degradação ambiental), será abordada a
caracterização de atividade degradadora, os impactos socioambientais
causados por essas atividades e a legislação que serve de suporte para
recuperação de área degradada; na Unidade 2 (Princípios ecológicos e
conservacionistas), você compreenderá sobre sucessão ecológica e a
diferença entre recuperação, reabilitação e restauração; já na Unidade
3 (Técnicas para recuperação e monitoramento de áreas degradadas),
serão expostas as principais técnicas de recuperação para diversos
tipos de atividades, além da avaliação e do monitoramento de áreas
em recuperação; e, por fim, a Unidade 4 (Identificação e Estratégias
de Controle de Impactos Ambientais) tratará sobre medidas de
recuperação e plano de recuperação de áreas degradadas (PRAD).
Os conceitos sobre processos de degradação e recuperação de
áreas degradadas são complexos, já que envolvem vários fenômenos
biológicos, físicos e químicos, por isso buscou-se abordar os principais
termos e definições aplicados ao tema. Logo, você aprenderá vários
métodos e técnicas ao longo deste livro, portanto dedique-se aos
conteúdos de todas as unidades. Além disso, você pode complementar
seus conhecimentos realizando as seguintes atividades extras, como:
procurar instituições públicas ou privadas que façam trabalhos nessa
área para realizar uma visita em um local que sofreu intervenção e/
ou que está sendo restaurado; participar de eventos (congressos,
simpósios, seminários e palestras); e acompanhar a literatura dessa
área, por meio da leitura de livros, artigos científicos e notícias. Ao final
desse estudo, você será capaz de recomendar as melhores técnicas de
recuperação, visando o equilíbrio ambiental, econômico e social para
diferentes atividades.
Bom estudo!
Unidade 1
Fundamentos do estudo de
degradação ambiental
Convite ao estudo
Caro aluno, nesta unidade estudaremos sobre os fundamentos
do estudo de degradação ambiental, a qual prejudica a qualidade
do ar e da água, além da fertilidade dos solos, sendo que este
último pode perder sua funcionalidade e suas características
ecológicas. Para você ter uma noção, 33% dos solos do mundo
estão degradados pela erosão, salinização, compactação,
acidificação e poluição química dos solos (FAO & ITPS, 2015). E
estima-se que são necessários cerca de 500 anos para que se
forme uma camada de solo de 2,5 cm de espessura (TAVARES
et al., 2008).
Ao estudar esta unidade, você será capaz de entender os
principais aspectos da degradação ambiental, saberá caracterizar
as atividades degradadoras e seus impactos ambientais, assim
como entenderá a legislação aplicada à recuperação de áreas
degradadas.
O Brasil possui 13% da água doce disponível do planeta
(AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2013), no entanto, a
degradação ambiental pode contribuir com a escassez desse
recurso, impondo dificuldades no abastecimento de água para
cidades, indústrias e agricultura.
Suponha então que determinada cidade, que está em
expansão, tenha sua economia baseada principalmente em
atividades de indústria têxtil e de laticínios. Além disso, considere
que a cidade seja abastecida pela microbacia “Águas Claras”.
No entanto, as águas dessa microbacia vêm sofrendo impactos
negativos por conta de ações antrópicas ao longo de suas
margens. Dessa forma, a água perdeu sua qualidade, afetando
a qualidade de vida da população local. Além disso, a redução
na quantidade de água na microbacia, e consequentemente nos
reservatórios, ocasionou racionamento nos períodos mais secos
do ano.
É notório que algumas das causas de poluição dos rios
possam acontecer em razão do lançamento de efluentes líquidos
não tratados, provenientes de indústria têxtil, por exemplo,
ocorrendo por meio do despejo de alguns elementos químicos
que ocasionam a contaminação da água. Outros tipos de
indústrias que poderiam ocasionar a degradação da água seriam
as indústrias de laticínios. Essas, por sua vez, produzem efluentes
líquidos que possuem alta carga orgânica, e o lançamento desses
efluentes nos rios, sem tratamento prévio, pode causar perda da
qualidade da água.
Dessa forma, partindo da ideia de que ambas as atividades
industriais (têxtil e laticínios) exercem grande influência na
cidade, considera-se a premissa de que elas poderiam estar
ocasionando algum impacto ambiental na microbacia “Águas
Claras”. Posto isso, para se certificar dos problemas que podem
estar afetando a qualidade da microbacia, a prefeitura da cidade
abriu um processo seletivo para a contratação de um profissional
responsável pela elaboração de uma Avaliação Ambiental
Estratégica, visando à busca pela sustentabilidade, com equilíbrio
entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.
Nesse contexto, imagine que você foi contratado para a
prestação desse serviço como consultor ambiental, sendo sua
função elaborar um estudo inicial composto por três etapas:
1) Identificação da área degradada e tipos de degradação; 2)
apontamento dos principais impactos ambientais causados pela
urbanização, mineração e industrialização; e 3) levantamento das
normas ambientais aplicadas à recuperação de áreas degradadas.
Mas o que são e por que existem áreas degradadas? Quais são
os impactos ambientais gerados por atividades degradadoras?
Quais as ferramentas da legislação que devem ser colocadas em
prática para a recuperação de tais áreas degradadas?
Para realizar esse desafio, fique atento aos conceitos
abordados em cada seção e, ao final desta unidade, você
saberá como caracterizar uma área degradada, conhecerá
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U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
os impactos ambientais e socioeconômicos causados por
atividades degradadoras, e, além disso, compreenderá a respeito
da legislação de áreas degradadas.
Boa leitura!
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
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Seção 1.1
Introdução aos estudos de áreas degradadas
Diálogo aberto
Caro aluno, iniciaremos esta seção estudando os conceitos que
abrangem os temas de degradação ambiental e áreas degradadas.
No Brasil, não se tem o conhecimento específico sobre o tamanho
de áreas degradadas, visto que muitas atividades podem influenciar
no valor desse dado, no entanto, o desmatamento e as atividades
agropecuárias são apontados como principais fatores de degradação
ambiental, especificamente do solo (TAVARES et al., 2008, p. 2).
Para que você possa colocar em prática o assunto de degradação
ambiental, chegou o momento de retornarmos à situação hipotética
que foi apresentada para você no “Convite ao estudo”. Vamos lá?
No seu primeiro dia de trabalho, você foi informado de que a
prefeitura estava recebendo muitas reclamações dos moradores por
conta dos indícios de desaparecimento do rio da cidade, causado
principalmente pela ausência de vegetação e pela ocupação
desordenada do município.
Lembre-se: o município é abastecido pela microbacia “Águas Claras”,
que está em expansão urbana, e nessa situação a prefeitura resolveu
contratar mão de obra qualificada para solucionar esse problema. Por
isso, na primeira etapa do seu estudo (Identificação da área degradada
e tipos de degradação), proposto no item “Convite ao estudo”, você
deverá realizar um levantamento prévio para o conhecimento da área
supostamente degradada. Isso é essencial para a correta indicação de
métodos de recuperação da área, partindo da descrição das condições
ambientais da área afetada.
Dessa maneira, responda às seguintes perguntas que servirão de
base para compor a primeira etapa do seu estudo: Quais os efeitos
da ocupação urbana desordenada que devem ser observados na área
da microbacia “Águas Claras” para que ela seja caracterizada como
ambientalmente degradada? E quais as características físicas, químicas
e biológicas devem ser observadas na área que abrange a microbacia
para que ela seja considerada degradada?
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U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Diante desse contexto, para que possa compreender os assuntos
que envolvem as atividades degradadoras, dedique-se à leitura desta
seção. Dessa forma, você aprenderá sobre os seguintes conteúdos:
conceitos de degradação ambiental, caracterização de áreas
degradadas, principais agentes de degradação, além dos tipos de
degradação ambiental, como: erosão, deterioração química, física e
desertificação.
Boa leitura!
Não pode faltar
Para a aplicação das melhores técnicas de recuperação de áreas
degradadas, você deve primeiramente entender sobre os conceitos
gerais e características de áreas degradadas.
De modo geral, entende-se por ecossistema degradado aquele que
perde sua capacidade de recuperação natural após distúrbios (MARTINS,
2009). Ele pode ser entendido também como alteração adversa
das características do meio ambiente (BRASIL, 1981). O conceito de
degradação pode ser relativo, sendo muitas vezes associado à noção
de alteração ambiental adversa, gerada em grande parte por atividades
antrópicas (TAVARES et al., 2008). Já o termo área degradada refere-se
àquela que, após sofrer forte impacto, perde a capacidade de voltar
naturalmente ao estado original, perdendo sua resiliência (MARTINS,
2008).
Vocabulário
Resiliência: É a capacidade de um sistema restabelecer seu equilíbrio, após
sofrer distúrbios climáticos ou de influência humana, também conhecida
como capacidade de recuperação.
Alguns termos podem ser utilizados como sinônimo de degradação,
como: deterioração, desgaste, devastação e destruição, e normalmente
encontram-se relacionados com o conceito de degradação ambiental,
que pode ser compreendido como ações que causam desequilíbrio ao
meio ambiente.
A degradação ambiental pode ocorrer tanto por processos
naturais (erosão, processos de formação do solo, invasão natural de
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
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plantas, furacões, terremotos, tsunamis e vulcões) quanto por ações
do ser humano, como atividade agrossilvicultural, industrial, urbana,
energética e de mineração (ARAÚJO et al., 2010).
Assimile
Algumas formas de degradação podem ocorrer sem atuação dos seres
vivos, como: deslizamentos de terras, derramamento de lavas vulcânicas,
deslocamento de dunas de areia, entre outras.
Em áreas urbanas, diversas atividades podem contribuir para que
ocorra a degradação ambiental, tais como: a ocupação desordenada,
com ocupação de encostas e margens dos cursos de água; a falta
de impermeabilização do solo, que gera inundações nas cidades;
o descarte incorreto de resíduos; e a falta de saneamento. Todos
esses fatores ocorrem geralmente em cidades que apresentam o
crescimento urbano sem planejamento.
No meio rural, as áreas podem ser degradadas por vários motivos,
como: erosão, utilização de máquinas agrícolas e pisoteio do gado que
acarretam a compactação do solo; uso de cultivos sucessivos sem a
reposição de nutrientes, resultando na redução da fertilidade do solo
pela exportação de nutrientes pela cultura; queima de restos vegetais e
de pastagens; falta de períodos de pousio e de culturas de cobertura;
e uso intensivo de insumos químicos (fertilizantes e agrotóxicos) que
ocasionam a morte de organismos benéficos ao solo e interferem
também na cadeia trófica como um todo, matando polinizadores,
insetos aquáticos e peixes dos riachos e cursos de água próximos
aos plantios. Além disso, a drenagem inadequada pode acarretar o
encharcamento do solo ou a salinização (quantidade elevada de sais),
sendo assim, tais fatores ameaçam a capacidade produtiva de áreas de
vocação agrícola.
Dessa forma, neste livro buscou-se abordar o termo degradação
associado a diferentes aspectos, como: degradação do ar, degradação
da água e degradação do solo. Além disso, foram considerados
aspectos legais que regem o conceito de áreas degradadas.
A degradação da qualidade do ar ocorre principalmente em
consequência do desenvolvimento social e industrial, pessoas com
maior poder aquisitivo passam a consumir mais produtos produzidos
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U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
pelas indústrias. Dessa forma, o aumento da demanda de produtos
industriais aliado ao aumento do consumo proporcionam, por parte das
indústrias, emissão de gases poluentes e/ou de substâncias radioativas
e ácidas para atmosfera. Segundo o Ministério do Meio Ambiente,
define-se como poluição atmosférica “qualquer forma de matéria ou
energia com intensidade, concentração, tempo ou características que
possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, danoso aos
materiais, à fauna e à flora” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2017,
[s.p.]).
Segundo a Resolução nº 3 de 1990, a baixa qualidade do ar se deve
à presença de alguns poluentes, que são substâncias contidas no ar e
que podem ser nocivas à saúde humana, causando também malefícios
à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral (BRASIL,
1990).
Exemplificando
São conhecidas como substâncias poluentes: monóxido de carbono,
dióxido de carbono, gás metano, óxido nitroso e óxidos de nitrogênio.
Grande parte da poluição do ar deve-se principalmente à queima
de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral), estes
lançam monóxido e dióxido de carbono na atmosfera, os quais são
considerados os grandes vilões do efeito estufa. Esses gases, além de
outros poluentes, formam uma camada que bloqueia a dissipação
do calor, contribuindo assim para o aquecimento da atmosfera e
consequentemente para o derretimento das geleiras e aumento do
nível do mar.
Quando o ar se encontra poluído, gera maiores gastos para o
Estado, devido ao aumento do número de atendimentos hospitalares,
além de afetar a qualidade dos materiais (corrosão) e provocar chuva
ácida.
Atenção
Devido às características da circulação atmosférica e permanência
de poluentes por longos períodos, a poluição do ar é responsável por
alterações não somente locais, mas em escalas mundiais, necessitando
de medidas internacionais para o combate da poluição.
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
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Entre os principais agentes geradores de poluentes da atmosfera
citam-se: os automóveis, indústrias siderúrgicas, fábricas de cimento
e papel, refinarias, além de atividades como incineração de lixos e
queimadas de florestas.
Em relação à degradação dos ecossistemas aquáticos, esta é
frequentemente caracterizada por águas poluídas que podem ser
toleradas por poucas espécies. As atividades do homem tanto no meio
rural quanto em áreas urbanas influenciam no ciclo da água. O ciclo
da água ocorre por meio da evaporação das águas das superfícies (rios,
oceanos e outros) e pela transpiração dos seres vivos. A evaporação
forma as nuvens quando elas ficam sobrecarregadas e atingem
altitudes elevadas (condições de baixa temperatura contribuem com a
mudança do estado gasoso para o líquido), atingindo posteriormente
rios e oceanos que evaporam para formar o ciclo da água novamente.
Pesquise mais
O Projeto “Rios Voadores” ajuda a entender sobre a contribuição da
Floresta Amazônica no abastecimento dos recursos hídricos nos estados
sul e sudeste do Brasil. Por meio da educação ambiental, o tema é levado
até a sala de aula por meio de oficinas de capacitação de professores
e fornecimento de material didático. Acesse o link a seguir e saiba mais
sobre esse projeto:
Projeto Rios Voadores. Disponível em: <http://riosvoadores.com.br/>.
Acesso em: 18 set. 2017.
São conhecidos alguns fatores que levam à deterioração da
água, podendo ser por fontes pontuais e difusas. Por fontes pontuais
entendem-se os resíduos domésticos e industriais, enquanto as fontes
difusas podem ser exercidas por atividades na agricultura e pecuária, ou,
ainda, pelo escoamento superficial proveniente de áreas urbanas, com
transporte de resíduos provenientes de indústrias, postos de gasolinas e
outros (TAVARES et al., 2008). Entre os produtos químicos que levam à
deterioração dos cursos d’água tem-se o uso de fertilizantes, herbicidas,
inseticidas e fungicidas.
Outro processo de poluição dos cursos d’água consiste na
eutrofização, compreendida pelo enriquecimento dos cursos d’água
por nutrientes, principalmente por fósforo e nitrogênio, tais nutrientes
influenciam no desenvolvimento de algas, acarretando a diminuição
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U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
do oxigênio e a proliferação de bactérias anaeróbias. A presença dessas
bactérias resulta na mortalidade de peixes, além de deixar a água com
cheiro e sabor desagradáveis (TAVARES et al., 2008).
A urbanização e a industrialização sem planejamento promovem o
lançamento de esgoto e lixo em rios/lagos, ocasionando deterioração
dos recursos hídricos. Os processos de erosão, inundações e
assoreamentos refletem direta ou indiretamente na qualidade da água
e nas zonas de drenagem e abastecimento de uma região.
Pesquise mais
O assoreamento ocasiona redução do volume de água do rio, além
disso, o aumento de sedimentos contribui com a elevação do fundo
do corpo hídrico, comprometendo o fluxo das correntes de água e sua
navegabilidade.
Do ponto de vista dos processos que contribuem com o
desenvolvimento de áreas degradadas, no Brasil, o desmatamento
e as atividades agropecuárias são apontados como principais
fatores de degradação do solo. Já as atividades mineradoras podem
resultar em áreas de influência muito maior, proporcionando, por
exemplo, degradação dos recursos hídricos, refletindo em toda bacia,
caracterizando assim como uma atividade altamente impactante
por conta da sua intensidade. Porém, no que se refere à extensão de
degradação, verifica-se que ela pode ser menor quando comparada ao
desmatamento e ao superpastejo a nível nacional (TAVARES et al., 2008).
Exemplificando
Em áreas de mineração de carvão a céu aberto ocorre a drenagem ácida
e a solubilização de metais pesados, com consequências prejudiciais para
uma área de influência, além da área de lavra.
Vocabulário
Lavra: Consiste no conjunto de operações que ocorrem na jazida, desde
a extração das substâncias minerais até o seu beneficiamento. Em outras
palavras: é o lugar onde se realiza a exploração de mina.
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
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O processo de degradação ambiental também está intimamente
relacionado ao conceito de degradação de terra, referindo-se à perda parcial
ou total da capacidade de uso dos solos no presente e futuro, e uma das
formas de degradação do solo são: a erosão e deterioração química, física e
desertificação.
A erosão é caracterizada pelo desgaste da superfície das terras, rochas e
solos e pode ser classificada entre geológica e antrópica. Denomina-se erosão
geológica aquela decorrente de atividade geológica e de processo natural,
ou seja, sem a influência do homem. Seus principais agentes causadores são
água, vento e gelo. Já a erosão antrópica é aquela influenciada pela ação do
homem no ambiente, tornando, assim, mais intensas as ações da água da
chuva e/ou ventos sobre os solos (TAVARES et al., 2008, p. 106). A capacidade
de erosão dos agentes causadores ocorrerá em diferentes intensidades, e um
dos fatores que possuem influência direta são a topografia dos terrenos, os
tipos de solos, o tipo de vegetação presente e a extensão das áreas vegetadas.
Pois, a partir da retirada da cobertura vegetal dos solos, eles ficam mais
vulneráveis a processos erosivos (FILIZOLA et al., 2011).
Decorrentes dos agentes água e vento, tem-se dois tipos de erosão:
hídrica e eólica. O processo de erosão envolve basicamente três fases, sendo
desagregação do solo ou das partículas do solo, o transporte de partículas e
deposição de partículas.
Uma vez que a erosão eólica apresenta características relativamente
similares às da erosão hídrica, partiremos do detalhamento desta última –
erosão hídrica – para esclarecer essas três fases.
A desagregação ocorre devido ao impacto das gotas das chuvas sobre
solos com ou sem cobertura, deixando o solo cada vez mais úmido,
provocando o “selamento superficial dos primeiros centímetros do solo,
ocasionando a redução da infiltração da água e o escorrimento superficial”
(TAVARES et al., 2008, p.107). O transporte das partículas de solo ocorre
quando há escoamento superficial da água que não foi infiltrada pelo solo,
ou seja, quando ocorre precipitação em intensidade maior que a capacidade
do solo de infiltrar água, sendo assim, o solo é lavado devido às enxurradas e
o escoamento ocorre conforme agrega um volume maior de partículas ao
escoar e também pela influência da declividade do terreno (ARAÚJO et al.,
2010); a deposição de partículas consiste no armazenamento das partículas
de solo erodidas em rios, lagos, açudes, represas etc. (TAVARES et al., 2008).
De acordo com a intensidade do escoamento de solo, pode-se destacar
diferentes erosões, sendo elas: erosão laminar – quando há apenas arraste
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U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
da camada realmente superficial; erosão em sulcos ou ravinas – quando são
abertos pelas enxurradas canais medianamente profundos ou canais onde a
remoção do solo são canaletas facilmente identificáveis; ou, ainda, erosão em
voçorocas, que é o estágio mais avançado e complexo de erosão, quando são
abertos grandes sulcos nos solos devido à grande quantidade de solo erodido.
Essas três fases serão mais ou menos intensas, dependendo de fatores
como os tipos de solo; por exemplo, solos siltosos são mais erodíveis que
outros. O conteúdo orgânico do solo e o tamanho das frações de argila no
solo são fatores capazes de diminuir a sua erodibilidade (ARAÚJO et al., 2010).
Vocabulário
Erodibilidade: É a suscetibilidade de um solo à erosão.
Solos siltosos: Grande parte das partículas desses solos são classificadas
como silte e geralmente são muito erosíveis, pois o silte não se agrega
como as argilas e ao mesmo tempo suas partículas são muito pequenas e
leves, sendo fáceis de se desprender.
A erosão eólica é aquela ocasionada pela ação do vento sobre as partículas
de solo, causando a desagregação de rochas e agregados de solo. Esse tipo
de erosão recebe influência de fatores climáticos, como a umidade dos solos,
quantidade de distribuição das chuvas e também da temperatura. Assim, os
solos mais secos são os mais suscetíveis à erosão eólica, portanto ocorre,
sobretudo, em áreas de clima árido e semiárido.
Além da erosão, outro tipo de degradação comum é a deterioração
química e física. A deterioração química pode ocorrer por meio da perda de
nutrientes do solo e de matéria orgânica, salinização ou concentração de
sais nas camadas do solo (sobretudo as superiores), acidificação e poluições
diversas.
A perda de nutrientes e da matéria orgânica do solo ocorre em parte
pelos processos de erosão, mas também pode ocorrer por esgotamentos
decorrentes da superutilização pela agricultura. Nesse caso, solos mais pobres
ou moderadamente férteis são utilizados sem devida reposição de nutriente
e reposição da matéria orgânica (ARAÚJO et al., 2010). É importante ressaltar
que a matéria orgânica melhora a estrutura e atividade da fauna do solo, além
disso, auxilia e facilita a infiltração de água e, como consequência, reduz a
chance de erosão e o escorrimento superficial.
O acúmulo de sais nas camadas superiores do solo, conhecido como
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
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salinização, é a deterioração química ocasionada por práticas como irrigação.
Quando essas práticas não são executadas de maneira adequada, possibilitam
altos níveis de concentração de sais nas águas utilizadas. O processo de
salinização é comum em regiões áridas, visto que altas taxas de evaporação
favorecem o processo. Outra forma de salinização é quando ocorre invasão
por águas salinas ou águas do mar em reservas de águas doce. Este último
processo pode ocorrer por conta de desequilíbrio nos rios e diminuição de
sua vazão, que pode ocorrer por meio da construção de barragens e das altas
taxas de captação por cidades ou grandes áreas de agricultura.
A utilização de fertilizantes ácidos em excesso pode provocar a acidificação,
na qual o pH do solo é alterado, sobretudo em determinados tipos de solos. As
alterações químicas, além dos fatores citados, ocorrem por uma gama de tipos
de poluição, como derramamento de óleo, acúmulo de lixo, derramamento
de produtos químicos variados e descarte de animais mortos.
Existe uma relação entre deterioração química e física, pois alguns tipos de
deterioração física ocasionam direta ou indiretamente a deterioração química.
Por exemplo, quando ocorre a elevação do lençol freático, fazendo-se que
ele chegue até o sistema radicular das plantas, em especial quando ocorre
entrada da água além da capacidade de drenagem dos solos, pode ocorrer
também salinização, ou seja, uma deterioração física ocasionando uma
química. O mesmo ocorre no caso de subsidência, ou seja, quando ocorre
o rebaixamento da superfície da terra por perda de matéria orgânica do solo
(ARAÚJO et al., 2010).
A compactação é outra deterioração física comum, sobretudo por meio
da ampliação do uso de máquinas pesadas pela agricultura moderna ou pelo
adensamento de rebanhos bovinos, extrapolando a capacidade de suporte
dos solos. A compactação pode ser descrita como o ponto em que o solo
tem sua porosidade estrutural reduzida, o que o leva a processos de selamento
e encrostamento das camadas do solo, deixando-o mais adensado, ou seja,
compacto (TAVARES, 2008).
Outra forma de degradação ambiental significativa é a desertificação.
Cabe aqui diferir áreas secas e desertas, para melhor compreender o que é
desertificação. As áreas secas são aquelas que indicam períodos prolongados
sem chuvas, como dois ou três anos. Já desertos indicam regiões de clima
árido, onde a precipitação é escassa e variável, e a evaporação excede
essa precipitação, também apresentam características de solos rasos e
hidricamente deficientes. A desertificação, em si, pode ser entendida como
“um conjunto de fenômenos que conduz determinadas áreas a se tornarem
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U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
em desertos ou a eles se assemelharem” (CONTI, 2008, p. 44). Esse conceito,
desde que foi cunhado, sempre esteve atrelado a atividades humanas, embora
se saiba que a desertificação pode resultar tanto de ações antrópicas, como
mudanças climáticas por causas naturais. Quando decorrente das ações
humanas, as principais causas da desertificação são o desmatamento de área
com vegetação nativa, uso intenso do solo (agricultura e pecuária), práticas
inadequadas de irrigação, e mineração.
Diante do quadro apresentado sobre vários tipos de degradação, as
práticas de recuperação de áreas degradadas se fazem necessárias pela
demanda da sociedade e pelo cumprimento da legislação. Um dos princípios
da Política Nacional do Meio Ambiente é a recuperação de áreas degradadas,
regulamentada segundo o Decreto 97.632, Art. 2o, sendo compreendido
como degradação “os processos resultantes dos danos ao meio ambiente,
pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades,
tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais”
(BRASIL, 1989, [s.p.]). Logo, os instrumentos legais regulam as atividades que
causam danos ao meio ambiente e as sanções penais aplicáveis, sendo estes
amparados pela Constituição Federal (BRASIL, 1988) e pela Lei de Crimes
Ambientais (BRASIL, 1998).
Reflita
Mas afinal, por que existem áreas degradadas?
É inquestionável a contribuição de atividades antrópicas na degradação
ambiental e suas consequências, como o efeito estufa e aquecimento global.
Nota-se que em ambientes florestais ocorrem diversos eventos naturais, como
queda de árvores, deslizamento de terras e raios que resultam em clareiras,
mas que podem ser colonizadas por espécies pioneiras e secundárias, e
que, portanto, não chegam a degradar florestas nativas (MARTINS, 2009). No
entanto, o desmatamento é a principal causa de degradação das florestas
nativas, impulsionado principalmente pela obtenção de madeira, expansão de
área de cultivo ou pastagem, ampliação de áreas urbanas, extração de areia
dos rios, incêndios, atividades de mineração e empreendimentos turísticos
mal planejados (MARTINS, 2009).
Embora muitas vezes a degradação seja demonstrada somente com a
retirada da vegetação, existem outros fatores envolvidos que acarretam uma
série de consequências. Por exemplo, o ecossistema degradado causa danos
ao solo, aumentando o assoreamento e a erosão, e desse modo ocorre
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
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diminuição de acúmulo de carbono e nutrientes. Sendo assim, essas ações
prejudicam os recursos hídricos e evapotranspiração na atmosfera, gerando
dificuldade na sustentação de florestas.
Agora que você tem uma visão geral sobre os conceitos de degradação
ambiental, conheceremos melhor as características de uma área degradada.
Normalmente, uma área considerada degradada apresenta as seguintes
características biológicas, físicas e químicas: a fauna e a flora originais são
destruídas ou removidas; a qualidade do ar é prejudicada; a camada superficial
fértil do solo é perdida ou soterrada; são notórias as alterações do relevo e
fertilidade do solo; a vazão e a qualidade ambiental dos cursos d’água são
alteradas e/ou poluídas.
Diante do que foi exposto nesta seção, pode-se inferir que a existência
de áreas degradadas está intimamente ligada ao modelo de exploração dos
recursos naturais, à retirada de floresta nativa e à expansão da fronteira agrícola.
Cabe destacar que a cobertura florestal pode ser recuperada por meios de
custos relativamente baixos, já as atividades de mineração demandam maior
tempo de recuperação e apresentam alto custo. Segundo Ferreira & Ferreira
(2008), para recuperação de área de mineração do carvão, seria necessário R$
72 milhões para a melhoria ambiental das operações de lavra e recuperação
de áreas em atividade, e outros R$ 98,5 milhões para a recuperação de 3.292
hectares impactados pelas minerações passadas. Além disso, medidas de
recuperação para a fase final de lavra implicam aumento significativo de custos
justamente numa fase de redução de receita, estimulando o abandono ou o
cumprimento parcial das obrigações (MECHI; SANCHES, 2010).
Sem medo de errar
Você está lembrando que deve resolver a primeira etapa (identificação
da área degradada e tipos de degradação) do seu estudo, proposto no item
“Convite ao estudo”?
Na cidade onde você trabalhará há indícios de desaparecimento da
microbacia “Águas Claras”, causado principalmente pela ausência de
vegetação e pela ocupação desordenada do município, além disso, o
município encontra-se em expansão urbana.
Dessa maneira, após estudar os conteúdos a respeito de áreas degradadas
nesta seção, chegou o momento de você responder aos questionamentos
propostos no “Diálogo aberto”. Vamos relembrar?
20
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
1) Quais efeitos da ocupação urbana desordenada devem ser observados
na área da microbacia “Águas Claras” para que ela seja caracterizada como
ambientalmente degradada?
2) Que características físicas, químicas e biológicas devem ser observadas
na área que abrange a microbacia para que ela seja considerada degradada?
Pode se entender como área degradada aquela que sofreu algum tipo
de degradação ambiental. Posto isso, a degradação ambiental pode ocorrer
de acordo com o modo de uso da terra para finalidade agrossilvicultural,
industrial, urbana, energética e mineração. A ocupação desordenada na
cidade e no entorno da microbacia “Águas Claras” contribui para que ocorra
a degradação ambiental dessa área, em razão do descarte incorreto de
resíduos e da falta de saneamento. Além disso, a retirada de mata ciliar,
impulsionada pela ampliação da área urbana, contribui para a ocorrência da
erosão de terras e assoreamento da microbacia.
Os resíduos domésticos e industriais e atividades na agricultura e
pecuária, que podem estar no entorno da cidade, também podem contribuir
com a degradação da microbacia. Sendo assim, o escoamento superficial
proveniente de áreas urbanas contribui para que aconteça a degradação
da microbacia a partir do transporte de resíduos provenientes de indústrias,
postos de gasolinas, entre outros. Além disso, os produtos químicos
utilizados na agropecuária através da contaminação dos lençóis freáticos
podem contribuir com a deterioração da microbacia por meio do uso de
fertilizantes, herbicidas, inseticidas e fungicidas.
Contudo, a existência da degradação de rios, lagos e microbacias –
como é o caso da nossa situação hipotética – deve-se principalmente às
ações antrópicas, como a urbanização desordenada. Dessa forma, efeitos
ambientais negativos podem ser encontrados em situações assim, como: o
desmatamento e as queimadas, pois a falta de proteção vegetal no entorno
das margens dos rios contribui com processos de erosão e o assoreamento;
o lançamento de lixo, que provoca a contaminação da água; efluentes de
esgotos, que sem tratamento prévio ocasionam perda da qualidade da água;
e efluentes provenientes de indústrias, os quais apresentam substâncias
químicas que podem alterar a fauna aquática, além de contaminar a água
para consumo doméstico.
Para que a área da microbacia “Águas Claras” e seu entorno sejam
considerados degradados, devem apresentar alterações de suas
características biológicas, físicas e químicas, como: a fauna e a flora originais
devem estar destruídas ou removidas (abastecimento urbano e irrigação);
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
21
a camada superficial fértil do solo deve encontrar-se perdida ou soterrada;
deve existir alterações do relevo e fertilidade do solo da área do entorno da
microbacia; a vazão e a qualidade ambiental dos cursos d’água precisam
ser alteradas e/ou poluídos. Diante dessas características, alterações no uso
do solo na microbacia, como desmatamento, pastagens e intensificação da
agricultura, podem levar à poluição. Além disso, o abastecimento urbano e a
irrigação podem causar destruição de habitats. Dessa forma, o rebaixamento
do lençol freático, sedimentação e a eutrofização indicam que área encontrase degradada.
É muito bom saber que você concluiu os conteúdos desta seção,
desse modo, agora você está apto a identificar e caracterizar as atividades
degradadoras.
Avançando na prática
Diagnóstico de erosão
Descrição da situação-problema
Suponha que você foi contratado para realizar visita técnica em
duas propriedades vizinhas. Os dois proprietários apresentam a mesma
queixa: diminuição da vazão do córrego que divide as propriedades. Essa
diminuição da disponibilidade de água tem impactado diretamente na
produção animal, uma vez que ambas as propriedades têm autorização
para captação de água para alimentação dos animais.
Ao fazer o diagnóstico, você observou que as propriedades
possuem uma vegetação sobre o solo que é insuficiente para fazer sua
devida proteção, o que tem ocasionado erosão laminar e, em alguns
pontos, erosão por ravinas. Sendo assim, os proprietários estão muitos
preocupados e gostariam de entender mais sobre os efeitos da erosão.
Resolução da situação-problema
Você pode explicar aos proprietários que as erosões identificadas
nas propriedades contribuem para que ocorra a diminuição da vazão
do córrego que divide as duas propriedades. A falta de vegetação em
suas margens deixa o solo mais propenso ao processo de erosão,
carreando cada vez mais solo para dentro do córrego, causando assim
22
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
o seu assoreamento. Como consequência desse processo, há redução
do volume de água do rio; além disso, o aumento de sedimentos
contribui com a elevação do fundo do corpo hídrico, comprometendo
o fluxo das correntes de água.
Faça valer a pena
1. O modelo de desenvolvimento que se implantou no país tem como
base a substituição de florestas pelo plantio de diversos cultivos, como o
café, cana-de-açúcar e pastagens. Tal modelo resultou na fragmentação
de alguns biomas, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica. Dessa
maneira, o aumento da fronteira agrícola é umas das principais causas de
degradação das florestas.
Com base no texto, assinale a opção que apresenta a alternativa correta
sobre área degradada:
a) Os conceitos de áreas degradadas e degradação ambiental divergem,
uma vez que o primeiro está relacionado às ações antrópicas, enquanto o
segundo não.
b) A degradação de uma área ocorre quando o ecossistema perde sua
capacidade de recuperação natural após distúrbios, podendo voltar às
condições originais com manejo adequado.
c) Pode ser entendida exclusivamente como uma área com falta de
capacidade produtiva do solo por conta da baixa fertilidade.
d) Pode ser entendida como uma área que sofreu algum distúrbio por ação
antrópica ou natural, resultando em danos ao meio ambiente.
e) A degradação de áreas ocorre exclusivamente no meio rural, por meio
dos processos de desmatamento e erosão do solo.
2. Entende-se por áreas degradadas aquelas que foram afetadas, poluídas e/
ou contaminadas e que perderam ou diminuíram a sua capacidade produtiva.
Além disso, as áreas degradadas estão associadas à noção de alteração
ambiental adversa, gerada em grande parte por atividades antrópicas.
Com base no que foi exposto, assinale a alternativa correta sobre degradação
do ar, da água e do solo:
a) A compactação do solo pelo maquinário agrícola está relacionada com a
degradação do solo, enquanto o processo de drenagem não tem influência
sobre ele.
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
23
b) O escoamento da camada superficial do solo e as atividades industriais
são apontados como principais fatores de degradação do solo.
c) A eutrofização consiste no enriquecimento dos cursos d’água por
nutrientes e ocorre principalmente por Magnésio e Cálcio.
d) Em atividades mineradoras verifica-se grande extensão de área degradada
e com baixa intensidade de impacto.
e) O processo de degradação da qualidade do ar pode ser considerado
consequência do desenvolvimento social e industrial.
3. A degradação ambiental pode se apresentar de diversas formas, no
entanto, a mais conhecida é a degradação dos solos. Sabe-se que a erosão
é o principal tipo de degradação do solo, podendo ocorrer por ação de
diversas atividades, como agricultura, pecuária, mineração, entre outras.
Marque a alternativa correta a respeito de erosão:
a) Os solos menos secos são os mais suscetíveis à erosão eólica.
b) O processo de erosão envolve três fases, sendo desagregação do solo ou
das partículas do solo, o transporte de partículas e deposição de partículas.
c) Solos com alto teor de argila são mais suscetíveis à erosão, sendo assim,
o conteúdo orgânico no solo e o tamanho das frações de argila são fatores
capazes de aumentar a erodibilidade dos solos.
d) A retirada da cobertura vegetal dos solos não influencia diretamente nos
processos erosivos.
e) Segundo a intensidade do impacto das chuvas, pode-se destacar
diferentes tipos de erosões, como: a erosão laminar, erosão em sulcos ou
ravinas e erosão localizada.
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U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Seção 1.2
Atividades degradadoras e seus
impactos ambientais
Diálogo aberto
Na primeira seção desta unidade você aprendeu como identificar e
caracterizar uma área degradada, agora, estudaremos especificamente
sobre os impactos ambientais gerados pelos processos de agricultura,
mineração, urbanização e industrialização.
As diversas atividades econômicas e seus impactos ambientais
negativos muitas vezes estão relacionados com a contaminação das
águas naturais, caracterizando-se como um dos grandes problemas da
sociedade moderna.
Nesse sentido, você se lembra da situação hipotética que foi
apresentada no início da unidade, no item “Convite ao estudo”? Bem,
você foi contratado para trabalhar para a prefeitura de uma cidade
em expansão urbana e econômica e que está lidando com alguns
impactos ambientais na microbacia “Águas Claras”, a qual é fonte de
abastecimento de água para população local. Essa microbacia vem
se tornando uma área degradada devido a diversos fatores, como o
avanço da área urbana (visto na Seção 1.1) e a intensificação das suas
atividades industriais, o que veremos com mais detalhes adiante.
Como vimos, uma das principais atividades econômicas do
município tem como base a indústria têxtil e, nessa situação, suponha
que houve um acidente resultando no vazamento dos efluentes não
tratados produzidos por esse tipo de indústria. Somado a isso, imagine
agora que a prefeitura recebeu informações de que, em breve, uma
empresa de extração mineral de metais se instalará na cidade, o que
pode acarretar mais impactos ambientais negativos à microbacia. Essa
empresa foi atraída pelo "boom" econômico do município e por ter
detectado a viabilidade econômica de um recurso mineral.
Posto isso, agora é o momento de realizar a segunda etapa do seu
serviço para a prefeitura, que é o apontamento dos principais impactos
ambientais causados pela urbanização, mineração e industrialização,
visando buscar as melhores soluções para esses problemas que
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
25
prejudicam a cidade. Portanto, é necessário que você continue seu
trabalho de consultor ambiental esclarecendo alguns questionamentos
para prefeitura:
• Quais são os impactos ambientais ocasionados pela expansão
urbana à microbacia “Águas Claras”?
• Será que a “futura” mineradora que se instalará na cidade
poderá gerar impactos ambientais nas águas da microbacia?
Quais?
• Quais são os principais impactos ambientais e sociais gerados
pela indústria têxtil que podem afetar a cidade e a microbacia?
• Quais seriam as alternativas para solução dos impactos
socioambientais gerados pela indústria têxtil?
Para finalizar a segunda etapa de estudo, responda a esses
questionamentos e inclua os impactos ambientais causados por essas
atividades em seu trabalho!
Não pode faltar
A degradação ambiental também pode ser entendida como impacto
ambiental negativo, mas, afinal, o que seria impacto ambiental? Para
entendermos melhor essa questão, aprenderemos, primeiramente,
sobre os termos poluição e poluentes.
Por volta dos anos de 1950, o termo “poluição” começou a ser
bastante difundido, associando-se a leis que estabeleciam determinadas
condições e limites da presença de determinados poluentes. Dessa
forma, segundo a Lei Federal nº 6.938, art. 3o, inciso “III”, a poluição
é entendida como a degradação da qualidade ambiental, ou seja,
é o resultado de atividades que podem prejudicar o bem-estar da
população e da biota; é entendida também relacionada a atividades
que afetam as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente,
a atividades que criam condições adversas para atividades sociais e
econômicas, e, finalmente, ao lançamento de matérias ou energia fora
dos padrões ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981).
26
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Vocabulário
Poluentes: São elementos ou compostos químicos presentes nas águas
(superficiais ou subterrâneas), partículas ou gases com potencial nocivo
presentes na atmosfera, além de ruído, vibrações e radiações ionizantes.
Assimile
Entende-se por poluição qualquer forma de matéria ou energia que cause
efeitos negativos aos organismos vivos.
No contexto histórico apresentado, devido à complexidade dos
problemas ambientais, o termo poluição já não era mais suficiente
para tratar de diversas situações, assim, foi nesse cenário que a ideia de
impacto ambiental se consolidou ao longo dos anos 1970 (SÁNCHEZ,
2013).
Segundo a norma ISO 14001:2004, impacto ambiental pode ser
compreendido como qualquer alteração do meio ambiente, podendo
ser adversa ou benéfica, e que resulte no todo ou em parte, de
atividades, produtos ou serviços de determinada organização (ABNT,
2004). Porém, um ponto a se destacar é que geralmente, quando se
pensa em impacto ambiental, tal conceito normalmente é associado
a alguma atividade negativa, todavia o impacto ambiental também
pode ser benéfico, principalmente quando se trata de programas de
preservação do meio ambiente, como: recuperação de mata ciliar,
replantio de árvores e limpeza de rios.
Atenção
Embora existam impactos positivos e negativos, neste livro, quando nos
referirmos a “impacto”, estaremos falando dos “negativos” e que são
causados por ações antrópicas!
Reflita
Agora que você tem uma visão geral sobre o conceito de impacto
ambiental, quais seriam as atividades que mais causam impactos nos
aspectos sociais, ambientais e econômicos?
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
27
Para facilitar nosso entendimento, abordaremos o conteúdo desta
seção em tópicos descritos a seguir: a) Agricultura e silvicultura; b)
Mineração e construção de barragens; e c) Processos de urbanização
e industrialização.
a) Agricultura e silvicultura
Nos anos 1960 surgiu a chamada revolução verde, a qual
proporcionou o uso de diversas tecnologias, como o melhoramento
genético de sementes, uso de máquinas agrícolas, fertilizantes,
defensivos (inseticidas, fungicidas e herbicidas) e sistemas de irrigação.
Porém, com esse modelo de produção, passou a ser empregada uma
pequena variedade de animais e plantas nos sistemas de criação e
cultivo.
Desse modo, o modelo de agricultura que passou a ser adotado
com o advento dessas tecnologias fundamentou-se principalmente no
cultivo de monoculturas que causam sérios problemas ambientais, tais
como a contaminação do recurso hídrico e dos ecossistemas por meio
de produtos químicos e redução de habitats. Além disso, o avanço de
áreas para implantação da agricultura, pastagem e floresta plantada
impulsionou o desmatamento e as queimadas, que são consideradas
de alta gravidade, pois destroem nutrientes importantes para a vida
microbiana e, consequentemente, ocasionam perda da biodiversidade
com a extinção de espécies, gerando desequilíbrio ecológico no
ecossistema (FERREIRA et al., 2016).
A tecnologia utilizada na revolução verde não ocorreu de forma
homogênea para os diferentes tipos de agricultores, sendo que alguns
deles não conseguiram manter-se no meio rural por não terem
condições de adquirir tais tecnologias. Nesse contexto passaram a
vender as suas terras que foram incorporadas por grandes latifundiários.
Portanto, embora a revolução agrícola tenha difundido novas
tecnologias para o aumento da produção de alimentos no planeta,
agravou a situação de concentração fundiária (FERREIRA et al., 2016).
Um dos discursos adotados pela revolução verde seria a solução do
problema da fome por meio do aumento da produção de alimentos,
no entanto ficou evidente que esse problema está fundamentado na
desigualdade do acesso aos alimentos, e dificilmente seria resolvido
apenas por meio do aumento da produção. Desse modo, o modelo
de agricultura vigente gera desigualdades sociais, e tal situação chama
28
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
a atenção de organizações nacionais voltadas para a problemática da
insegurança alimentar das populações.
A respeito da silvicultura no Brasil, verifica-se a utilização de espécies
de crescimento rápido como o eucalipto e o pinus, porém o uso dessas
espécies exóticas, associado à prática de monoculturas, gera algumas
consequências. Entre elas, estão os impactos na qualidade da água e
na dinâmica hídrica fluvial, provocados essencialmente pela exportação
de nutrientes, depósito de sedimentos pela água de escoamento e pelo
consumo de água pelas espécies arbóreas (GUIMARÃES et al., 2010).
Em 2016, a área total de florestas plantadas no Brasil foi de 7,84
milhões de hectares, com 5,7 milhões de hectares plantados com
eucalipto e 1,6 milhões de hectares com pinus (IBÁ, 2017). Diante desse
quadro, pode-se observar que o avanço da monocultura de eucalipto
levantou discussões em relação aos efeitos dessa árvore sobre o meio
ambiente. Entre esses efeitos, podemos citar o empobrecimento e
erosão do solo; impacto sobre sua umidade e de lençóis freáticos; e
a baixa biodiversidade da flora e fauna apresentada em monoculturas
(VITAL, 2007).
b) Mineração e construção de barragens
As atividades de mineração e construção de barragens podem ir
além das consequências ecológicas, causando impactos nos âmbitos
econômicos, sociais e culturais.
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de minério
do mundo, com produção mineral bruta e beneficiada de 53 tipos de
minerais, incluindo metálicos, não-metálicos, gemas e diamantes, e
energéticos (BRASIL, 2010). No ano de 2015, somente as substâncias
metálicas corresponderam a 80% do valor total da produção mineral
comercializada no Brasil, entre elas, o alumínio, cobre, estanho, ferro,
manganês, nióbio, níquel e ouro somaram 98,5% do valor da produção
de substâncias metálicas, contabilizando 67,5 bilhões de reais com a
produção (BRASIL, 2016). No entanto, por mais que essa atividade gere
riqueza e crescimento econômico por ser um dos importantes setores
da economia brasileira, a indústria extrativa mineral é considerada uma
das atividades que mais causa impactos socioeconômicos e ambientais
(ARAUJO et al., 2014).
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
29
Exemplificando
Metálicos: Alumínio, chumbo, cobalto, cobre, estanho, ferro, manganês,
nióbio, níquel, ouro, prata etc.; não-metálicos: areia, calcário, enxofre,
fosfato, potássio, quartzo (cristal), sal, entre outras; gemas e diamantes;
energéticos: carvão mineral, turfa, urânio e outros radioativos.
Existem mais de 3 mil minas e 9 mil mineradoras em atividades no
Brasil, sem contar os passivos ambientais, cujo número é desconhecido
no país, podendo ultrapassar dezenas de milhares de minas e garimpos,
que se encontram inativos ou abandonados. Os efeitos ambientais
negativos da extração mineral (mineração e lavra garimpeira) estão
relacionados às diversas fases de exploração dos minerais, desde a
lavra até a forma de transportar e beneficiar o minério, e podem se
estender após o fechamento da mina (ARAUJO et al., 2014).
Pesquise mais
Na fase de implantação do empreendimento minerário são previstos
os impactos ambientais ao meio ambiente, já na fase de desativação
se passa a ter passivos ambientais, ou seja, aqueles que são gerados no
encerramento das atividades minerárias, no qual não são executadas
nenhuma ação ou projeto no sentido de recuperação do meio ambiente.
Segundo Sánchez (2002), os principais impactos da mineração em
ecossistemas podem ser agrupados em quatro categorias: destruição
do habitat, sua fragmentação, alteração de suas características e
impacto sobre a fauna. Tais impactos têm como ações gerais a
retirada da vegetação, liberação de poluentes na água ou no ar, além
de processos erosivos acelerados por essas atividades. Além disso, a
mineração proporciona dispersão de metais pesados, que por sua vez
compromete a fauna e a flora, além de influenciar na qualidade de vida
das populações situadas na área minerada e seu entorno (ARAUJO et
al., 2014).
De modo geral, a atividade de mineração provoca retirada da
vegetação ou impedimento de sua regeneração, os solos ficam
expostos à erosão e consequentemente ocorre o assoreamento de rios
e lagos. A presença de materiais sólidos (retirada de areia ou exploração
de argila, por exemplo) oriundos das atividades de lavra pode acarretar
o aumento da turbidez e consequente variação na qualidade da água e
30
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
na penetração da luz solar no interior do corpo hídrico. Além disso, as
águas podem ser poluídas por substâncias contidas nos efluentes das
áreas de mineração (óleo, graxa e metais pesados), e os metais pesados,
por sua vez, podem atingir até mesmo as águas subterrâneas e, como
eles são altamente tóxicos, podem causar sérios danos aos seres vivos.
Por fim, a poluição da água pode também provocar mudança do pH,
tornando-a geralmente mais ácida (MECHI; SANCHES, 2010).
Outro impacto negativo que devemos considerar são as construções
de barragens feitas para instalação de usinas hidrelétricas. Por mais que a
energia hidráulica seja considerada uma fonte de energia renovável, ela
não é considerada como “energia limpa”, pois, para a instalação desses
empreendimentos, ocorrem alagamentos, mudanças na paisagem
original, deslocamento populacional e destruição de ecossistemas.
Desse modo, o processo de construção de barragem influencia a
dinâmica biológica dos peixes e, consequentemente, afeta a população
local por meio da redução do estoque de peixes que serviriam para fins
de consumo próprio ou para fins comerciais. Além disso, construções
de represas podem gerar perda de terras para os agricultores, tirando
não somente seu meio de subsistência, mas também o local onde
viviam em comunidade e tinham todo um aparato histórico-cultural.
Dessa forma, a migração de pessoas deslocadas para construção de
barragens pode afetar suas relações comunitárias, alterando o modo
de vida de populações tradicionais que nem sempre são adeptas a
essas mudanças (SÁNCHEZ, 2013).
Pesquise mais
A tragédia que ocorreu na cidade de Mariana (MG) é considerada por muitos
especialistas como o maior desastre ambiental que ocorreu no Brasil. Na
ocasião, a lama gerada pelo desastre dizimou o distrito Bento Rodrigues,
ocasionando mortes de pessoas, contaminação de rios e destruição de
florestas inteiras. Quer saber mais sobre esse desastre ambiental? Leia o
artigo intitulado “O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos
socioambientais”.
LOPES, L. M. N. O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos
socioambientais. Sinapse Múltipla, v. 5, n. 1, p. 1-14, 2016. Disponível
em:
<http://periodicos.pucminas.br/index.php/sinapsemultipla/article/
view/11377/9677>. Acesso em: 18 set. 2017.
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
31
c) Processos de urbanização e industrialização
No Brasil, o processo de urbanização reflete as ações que ocorreram
no campo por meio da modernização conservadora, ou seja, a partir
da introdução de máquinas agrícolas em áreas rurais. Essa situação
contribuiu com o endividamento de pequenos agricultores, muitos
ficaram desempregados e passaram a migrar para metrópoles, causando
inchaço urbano (RIBEIRO, 2008).
O crescimento desenfreado e sem planejamento dos centros
urbanos proporcionaram grandes problemas ambientais e sociais,
dos quais podemos citar: a poluição (do ar, sonora, visual e da água);
a deterioração dos recursos naturais; o desemprego; e a perda da
identidade cultural e da capacidade produtiva econômica. Além disso,
a falta de tratamento dos esgotos e de destinação adequada do lixo
acarretam diversos problemas para os habitantes das cidades, gerando
elevados índices de poluição (LEAL et al., 2008).
Um ponto a se destacar é que os problemas ambientais urbanos
podem ser explicados pela relação entre urbanização e industrialização.
Para a instalação de indústrias são necessários diversos fatores que
viabilizem o seu funcionamento, bem como mão de obra, projeção
de vias, construção de conjuntos habitacionais, além de sistema de
distribuição de energia (RIBEIRO, 2008).
Dessa maneira, a partir da revolução industrial o meio ambiente foi
sendo transformado pela sociedade moderna. Nesse contexto, os rios
do meio urbano passaram a ser canalizados e os solos, cobertos por
asfalto. Além disso, os impactos ambientais não ocorreram somente nas
cidades, mas também em áreas mais afastadas dos centros em razão da
instalação de usinas hidrelétricas, exploração de mineração e construção
de ferrovias, rodovias e estradas (LEAL et al., 2008).
A poluição das águas pelo setor industrial pode ocorrer por meio
de compostos orgânicos e inorgânicos. Os orgânicos englobam
principalmente os combustíveis fósseis, como petróleo, carvão mineral
e gás natural. Com o avanço da industrialização, o volume de detritos
despejados nas águas tornou-se mais intenso, assim a capacidade de
purificação dos rios e oceanos foi se tornando limitada. Elementos
que não são biodegradáveis passaram a ser despejados nas águas, por
exemplo: plástico, detergentes e pesticidas. Por sua vez, esses elementos
diminuem a capacidade de retenção do oxigênio das águas, prejudicando
a sobrevivência dos organismos aquáticos (LEAL et al., 2008).
32
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Diversas atividades contribuem largamente com a poluição
atmosférica por meio da emissão de gases poluentes, podendo
intensificar tanto o efeito estufa quanto a chuva ácida. Dentre os fatores
antrópicos que contribuem com a emissão de gases do efeito estufa
(gás carbônico - CO2; gás metano - CH4, e óxido nitroso - N20) tem-se
a queima de combustíveis fósseis, atividades industriais e queimadas
(SILVA; PAULA, 2009). Em se tratando da chuva ácida, o ar atmosférico
quando desprovido de poluentes tem seu pH influenciado apenas pelo
ácido carbônico (H2CO3), no qual, dissolvido em água pura, mantém
o pH da água da chuva levemente ácido (pouco abaixo de 5,65). Já
o dióxido de enxofre (SO2) é considerado o principal elemento que
contribui com a acidez da chuva, sendo liberado para atmosfera pela
atividade antrópica e pela decomposição de algas. Os óxidos de enxofre
ao reagirem com as moléculas de água presentes no ar atmosférico
formam o ácido sulfúrico (H2SO4), considerado um dos componentes
chaves na formação da chuva ácida. Outro elemento que também
contribui com a formação de chuvas ácidas é o nitrogênio, tendo sua
origem na combustão do carvão vegetal e derivados do petróleo. De
forma geral, o SO2, junto com os óxidos de nitrogênio (NO2 e NO3,
por exemplo) são fundamentais para formação da chuva ácida, e ao
reagirem com água formam o ácido nítrico (HNO3), ácido nitroso
(HNO2) e o ácido sulfúrico (H2SO4) (JESUS, 1996).
Atenção
Até aqui você estudou sobre uma série de impactos ambientais que podem
ser causados por diferentes setores da indústria. Para aprofundarmo-nos
mais sobre esse tema, consideraremos como estudo de caso os impactos
socioambientais ocasionados pela indústria têxtil.
A produção da indústria têxtil é composta por várias etapas que
podem causar degradação ambiental, caso não sejam tomados os
devidos cuidados. A água é considerada elemento fundamental para
funcionamento dessa indústria, sendo essencial para o tingimento
da malha, processo que pode provocar modificações na qualidade
da água de rios por meio de substâncias químicas. Portanto, faz-se
necessária a utilização de estação de tratamento de água, evitando,
assim, que a água volte poluída para a fonte de onde foi captada. Os
resíduos sólidos, assim como a infiltração de águas contaminadas, são
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
33
constantes ameaças para a qualidade do solo, portanto o tratamento
de água deve ser realizado e os filtros particulados devem ser utilizados
(SANTOS, 1997).
Os efeitos de poluição do ar provocados pela indústria têxtil estão
relacionados aos aerodispersóides (partículas de algodão) e também a
outras partículas que podem afetar a saúde do trabalhador. Além disso,
o vapor que é utilizado em algumas etapas do processo de produção
é advindo da queima do óleo combustível e lenha. Desse modo, os
gases provenientes da combustão são emitidos com fuligem, além de
dióxidos de enxofre e gás carbônico, causadores da chuva ácida e do
efeito estufa, respectivamente (SANTOS, 1997).
É importante ressaltar que o impacto da indústria têxtil pode
ocorrer desde a produção da matéria-prima (algodão) no campo,
onde a cultura passa pelas fases de produção até a fase de manufatura.
Ressalta-se que a maior parte dos produtores utiliza o modelo
convencional de produção, ou seja, com base em monoculturas que
usam agrotóxicos e adubação química. Além disso, durante a fase de
colheita mecanizada, faz-se uso de desfolhantes químicos, os quais
agridem o meio ambiente e, consequentemente, as pessoas.
Diante desse cenário, algumas indústrias e empresas de alguns
países passaram a fazer uso de certificação orgânica e ecológica do
algodão, de modo que deixaram de ser utilizados insumos químicos
durante a produção, sendo assim, essas preocupações tornam-se
essenciais à saúde humana e qualidade do meio ambiente (SANTOS,
1997).
Algumas ações adotadas não somente por empresas do ramo
têxtil, mas também de outros setores, podem minimizar ou até mesmo
eliminar a degradação e poluição ambiental. Por exemplo, durante a
escolha de máquinas e equipamentos deve ser considerado o tipo
e nível de energia necessários para o seu funcionamento e deve ser
conhecido o tipo de poluição que podem ocasionar. Além disso,
tornam-se necessários o investimento em alguns equipamentos, como
filtros para remoção de materiais particulados e gasosos, a realização
do tratamento da água e o uso de produtos biodegradáveis e não
tóxicos (SANTOS, 1997).
Outro ponto importante seria a utilização de reciclagem e uso
racional dos recursos energéticos, como a utilização de gás natural
em vez de óleo combustível. Desse modo, empresas que investem
34
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
em questões ambientais, além de passarem credibilidade aos
consumidores, podem garantir maior economia, uma vez que parte
dos seus produtos pode ser produzida por meio de reciclagem ou
reaproveitamento dos resíduos sólidos, resultando em desperdícios
mínimos.
Diante de tudo que foi visto, entende-se que o modo de consumo
atual da sociedade pode ser considerado uma das maiores causas da
poluição, visto que o sistema funciona em um formato de cadeias
produtivas, no qual o grande desenvolvimento das indústrias ocasionou
maior utilização de recursos naturais, gerando poluição e degradação
ambiental (RIBEIRO, 2008).
Dessa forma, é necessária a incorporação de cadeias produtivas
sustentáveis pelos mais diversos ramos do setor econômico. E, para
que as organizações sejam consideradas sustentáveis, estas devem
buscar um equilíbrio entre as dimensões que regem o conceito de
sustentabilidade, com base nos seguintes aspectos: social, econômico,
ecológico, espacial e cultural.
Pesquise mais
Você pode conhecer melhor sobre a cadeia produtiva da indústria têxtil
acessando o site a seguir:
BARBOSA, V. Uma revolução começou nas nossas roupas — e cada peça
conta. 2016. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/umarevolucao-comecou-no-seu-armario-e-cada-peca-conta/>. Acesso em:
17 out. 2017.
Além do setor de indústria têxtil já explicado, podemos citar
também outra forma de modelo sustentável. No setor florestal, o uso
de certificação é considerado uma das ferramentas adotadas pelas
empresas para garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva de árvores
plantadas, o que reforça seu comprometimento com as questões
socioambientais. Por meio dessa ferramenta, alega-se que o manejo
florestal é realizado de forma responsável, seguindo os princípios e
critérios de responsabilidade social e ambiental estabelecidos pelas
normas de certificação. Atualmente, no Brasil, 5,4 milhões de hectares
de florestas plantadas são certificadas (IBÁ, 2017).
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
35
Sem medo de errar
Caro aluno, chegou o momento de você responder o que foi
proposto no “Diálogo aberto”, preparado?
Relembrando: você foi contratado como consultor ambiental
pela prefeitura de uma cidade que visa analisar os supostos impactos
ambientais causados pela urbanização, atividade mineradora e indústria
têxtil na microbacia “Águas Claras”.
Desse modo, aborde o que você aprendeu nesta seção e oriente a
prefeitura respondendo aos seguintes questionamentos: Quais são os
impactos ambientais ocasionados pela expansão urbana à microbacia
“Águas Claras”? Será que a “futura” mineradora que se instalará na
cidade poderá gerar impactos ambientais nas águas da microbacia?
Quais são os principais impactos ambientais e sociais gerados pela
indústria têxtil que podem afetar a cidade e a microbacia? Quais seriam
as alternativas para a solução dos impactos socioambientais gerados
pela indústria têxtil?
Os impactos ambientais ocasionados pela rápida expansão urbana
à microbacia podem proporcionar grandes problemas ambientais,
entre eles, podemos citar a poluição das águas da microbacia, uma
vez que a falta de tratamento dos esgotos e de destinação adequada
do lixo (fatos comuns em cidades que não planejam a sua expansão)
acarretam diversos problemas para os recursos hídricos, com elevados
índices de poluição.
Nota-se, ainda, que os fenômenos de urbanização e industrialização
estão altamente atrelados, visto que não só o crescimento urbano, mas
também a instalação de indústrias na cidade pode comprometer a
qualidade da água da microbacia. Desse modo, pode ocorrer a poluição
das águas pelo setor industrial, tanto por meio de compostos orgânicos
quanto inorgânicos. Além disso, com o avanço da industrialização,
o volume de detritos despejados nas águas torna-se mais intenso e
elementos que não são biodegradáveis passam a ser despejados nas
águas, por exemplo plástico, detergentes e pesticidas. Por sua vez, tais
elementos diminuem a capacidade de retenção do oxigênio das águas,
prejudicando a sobrevivência dos organismos aquáticos.
Quanto à indústria de mineração de extração de metais, caso
se efetive a sua instalação na cidade, esta pode ocasionar danos
ambientais à microbacia, visto que, geralmente, a atividade de
36
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
mineração provoca retirada da vegetação ou impedimento de sua
regeneração, dessa forma, como vimos, os solos ficam expostos à
erosão e consequentemente ocorre o assoreamento de rios e lagos.
Além disso, as águas podem ser poluídas por substâncias contidas nos
efluentes das áreas de mineração (metais pesados); essas substâncias
podem atingir até mesmo as águas subterrâneas e, por apresentarem
o efeito tóxico desses metais, podem causar sérios danos à fauna
aquática e à qualidade da água para fins de consumo.
Os principais impactos causados pela indústria têxtil na cidade e na
microbacia são aqueles que afetam a qualidade da água, do ar, do solo,
além da qualidade de vida da população que depende desses recursos
naturais.
A água é considerada elemento fundamental para funcionamento
dessa indústria, essencialmente para o tingimento da malha, que
por sua vez pode provocar modificações na qualidade da água por
meio de substâncias químicas. A fase de beneficiamento pode ser
considerada a fase mais crítica em termos de poluição ambiental no
setor têxtil, pois nessa fase ocorrem os processos de alvejamento,
tingimento, acabamento e estamparia do algodão. E durante esse
processo emprega-se o maior número de substâncias químicas e
poluidores que contribuem com a poluição da água e do ar. Dessa
forma, o vazamento de efluentes não tratados afetou a qualidade da
água da microbacia “Águas Claras” e do ar da cidade, assim como da
população que depende desse recurso hídrico.
Para solução desse problema, é essencial a utilização de estação de
tratamento de água, para evitar que a água volte poluída para a fonte
de onde foi captada. Além disso, para os resíduos sólidos, devem ser
utilizados filtros particulados.
Os efeitos de poluição do ar provocados pela indústria têxtil estão
relacionados aos aerodispersóides (partículas de algodão) e também
a outras partículas que podem afetar a qualidade do ar da cidade,
além da saúde de trabalhadores do setor. Além disso, o vapor que
é utilizado em algumas etapas do processo de produção tem sua
origem na queima do óleo combustível e lenha. Desse modo, os gases
provenientes da combustão são emitidos com fuligem, dióxidos de
enxofre e gás carbônico, causadores da chuva ácida e do efeito estufa,
respectivamente.
É importante ressaltar que o impacto da indústria têxtil na cidade
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
37
pode ocorrer desde a produção da matéria-prima (algodão) no campo
até a fase de produção, visto que a maior parte dos produtores utiliza
o modelo convencional de agricultura, ou seja, com base em sistemas
agrícolas que utilizam apenas uma cultura, e que usam agrotóxicos e
adubação química, que, por sua vez, podem contaminar o solo e os
cursos d’água.
Como vimos no item “Não pode faltar” uma das alternativas adotadas
por indústrias e empresas de alguns países é o uso de certificação
orgânica e ecológica do algodão, já que mudanças como essa são
essenciais à saúde humana e qualidade do meio ambiente, pois não
utilizam insumos químicos durante sua produção.
Dessa maneira, os impactos socioambientais gerados pela indústria
têxtil podem ser minimizados, ou até mesmo eliminados. Por exemplo,
na escolha de máquinas e equipamentos devem ser considerados
o tipo e nível de energia necessários para o seu funcionamento, e a
poluição que esses podem ocasionar. Além disso, torna-se necessário
investir em equipamentos, como filtros para remoção de materiais
particulados e gasosos, e fazer uso de produtos biodegradáveis e não
tóxicos.
Diante de tudo que vimos até aqui, você já concluiu as partes 1 e
2 do seu estudo, que irão compor a sua análise ambiental estratégica,
e que deverá ser entregue em formato de documento à prefeitura ao
final desta unidade! Já começou a elaborá-lo?
Avançando na prática
Seminário sobre impactos ambientais causados
por empresas de mineração
Descrição da situação-problema
Suponha que você é representante ambiental de uma mineradora e
foi convidado para participar de uma mesa redonda sobre os principais
impactos causados por esse tipo de atividade.
Após a abertura para perguntas, um convidado o questiona: Por
que a atividade de extração mineral é considerada uma das atividades
que mais causa impactos ambientais?
38
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Resolução da situação-problema
Você pode começar respondendo que a mineração está
relacionada às diversas fases de exploração dos minerais, desde a fase
de lavra até o transporte e beneficiamento do minério, podendo se
estender até mesmo após o fechamento da mina. Nesse aspecto, no
Brasil, existem mais de 3 mil minas e 9 mil mineradoras em atividades,
sem contar os passivos ambientais, cujo número é desconhecido,
podendo ultrapassar dezenas de milhares de minas e garimpos que se
encontram inativos ou abandonados.
Além disso, os impactos ambientais dessa atividade consistem
na destruição do habitat, sua fragmentação, alteração de suas
características e impacto sobre a fauna. Tais impactos têm como ações
gerais a retirada da vegetação, liberação de poluentes na água ou no ar,
além de ocasionar processos erosivos acelerados por essa atividade.
No entanto, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores
de minério do mundo, produzindo 53 tipos de minerais, incluindo
metálicos, não-metálicos, gemas e diamantes, e energéticos. Dessa
forma, essa atividade gera riqueza e crescimento econômico por ser
um dos importantes setores da economia brasileira.
Faça valer a pena
1. O uso de combustíveis fósseis e a utilização de veículos podem contribuir
com o lançamento de poluentes que podem aumentar a formação da chuva
ácida. Esta, por sua vez, prejudica plantações e florestas, e também afeta a
qualidade de vida do homem.
Considerando o texto apresentado, marque a alternativa correta que
corresponde aos óxidos que auxiliam na formação da chuva ácida.
a) CO2 e H2SO4.
b) CO e NO2.
c) SO2 e MgO.
d) Na2O e SO3.
e) NO2 e SO3.
2. Leia a notícia a seguir:
“A modernização da agricultura trouxe inúmeras vantagens, como o
aumento da produtividade dos cereais devido ao melhoramento genético e
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
39
ao uso de fertilizantes e irrigação; a intensificação e o aumento da produção
devido à mecanização; entre outros” (REDE GLOBO, 2013).
Sobre a revolução verde ou revolução agrícola, assinale a resposta correta.
a) A partir da revolução agrícola houve intensificação de medidas sustentáveis
na agricultura.
b) A revolução verde contribuiu não somente com aumento da produtividade
no campo, mas também serviu para solucionar o problema da fome.
c) Os impactos negativos da revolução verde foram restritos aos recursos
naturais, pois afetou a qualidade da água, do solo e do ar.
d) A revolução agrícola ocasionou vários impactos ao meio ambiente e às
relações sociais em razão do uso de tecnologias e produtos químicos.
e) A revolução verde foi benéfica para todos os agricultores, uma vez que
proporcionou tecnologias para o aumento da produtividade.
3. Com relação aos impactos socioambientais, analise as afirmativas a
seguir:
I – Os efeitos ambientais negativos da extração mineral estão relacionados
às diversas fases de exploração dos minerais, desde a lavra até a forma de
transportar e beneficiar o minério, podendo se estender após o fechamento
da mina.
II – Os principais impactos da mineração em ecossistemas podem ser
agrupados em quatro categorias: destruição do habitat, sua fragmentação,
alteração de suas características e impacto sobre a fauna.
III – A geração de energia elétrica por meio de usinas hidrelétricas pode
ser considerada como fonte de energia renovável e limpa, pois para seu
funcionamento não há emissão de poluentes para a atmosfera que
contribuem com o efeito estufa.
IV – Os recursos minerais influenciam a construção e o funcionamento de
habitação, transporte, indústria e tecnologia, porém a extração mineral é
considerada uma das atividades que mais causa impactos.
Após analisar as afirmativas, marque a alternativa que contenha somente as
respostas corretas:
a) I, II, III e IV estão corretas.
b) Apenas I, II e III estão corretas.
c) Apenas III e IV estão corretas.
d) Apenas I, II e IV estão corretas.
e) Apenas I e IV estão corretas.
40
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Seção 1.3
Aspectos legais da recuperação
de áreas degradadas
Diálogo aberto
Olá, aluno! Chegamos à última seção desta unidade, portanto
vamos relembrar o que estudamos até aqui? Na Seção 1.1, estudamos
sobre degradação ambiental, na Seção 1.2, aprendemos sobre
alguns impactos ambientais negativos causados por diversos tipos de
atividades, como agricultura, indústria, mineração, entre outras. Logo,
ao término desta unidade, esperamos que você entenda sobre os tipos
de degradação ambiental, as atividades degradadoras e seus impactos
ambientais, assim como conheça a legislação aplicada à recuperação
de áreas degradadas, que é o foco desta seção.
Até aqui abordamos sobre os principais conceitos que são
essenciais para o entendimento do estudo de áreas degradadas, como
meio ambiente, recursos naturais, degradação, poluição, poluentes,
entre outros. Desse modo, cabe ressaltar que a Constituição de 1988,
além da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) e a Lei
de Proteção da Vegetação Nativa (Lei 12.651/2012), são consideradas
parâmetros essenciais para o entendimento dos conceitos sobre o
meio ambiente e também auxiliam no entendimento das normas para
o uso de recursos naturais como um todo. Desse modo, nesta seção
nos aprofundaremos no estudo sobre legislação ambiental aplicada à
recuperação de áreas degradadas.
Para colocar em prática nossos estudos, resgataremos novamente
nossa situação hipotética do “Convite ao estudo”: a microbacia
chamada “Águas Claras” vem sofrendo impactos ambientais por ações
antrópicas, em razão do avanço da urbanização e das atividades
industriais, e, nesse contexto, você foi contratado pela prefeitura de
uma cidade para elaborar uma Avaliação Ambiental Estratégica, com
base em um estudo inicial composto de três etapas.
Bem, até agora você já analisou e caracterizou a área degradada,
identificou os principais impactos ambientais que afetam diretamente
ou indiretamente a microbacia, e, ao analisar o histórico da cidade,
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
41
verificou também que tanto o crescimento urbano desordenado
quanto as instalações de empreendimentos industriais (têxtil e de
laticínios) proporcionaram a retirada da mata ciliar ao longo da
microbacia. A fim de auxiliar melhor a prefeitura para adoção dos
procedimentos indicados nas leis, quais quesitos legais devem ser
considerados para recuperação de áreas degradadas? Qual a principal
lei que serve de parâmetro para analisar a retirada da mata ciliar da
microbacia? A área referente à microbacia pode ser considerada
área de preservação permanente? Quais os métodos que podem ser
utilizados para recuperar a área? O que são medidas compensatórias?
Em quais condições podem ser feitas recuperação de APP por medidas
compensatórias?
Além da análise da degradação da mata ciliar, analise também a
seguinte situação:
Algumas propriedades rurais que fornecem leite à indústria de
laticínio já instalada na cidade encontram-se sem o Cadastro Ambiental
Rural. Desse modo, os proprietários rurais devem se adequar em
relação à norma ambiental. Portanto, para resolver os problemas dos
produtores de leite você deverá incluir também os seguintes pontos
na última etapa do seu estudo: Como você falaria da importância do
Cadastro Ambiental Rural? Como realizar o cadastro? Quais são os prérequisitos necessários?
Dedique-se à leitura desta seção e finalize seu trabalho como
consultor ambiental. Bom estudo!
Não pode faltar
A primeira Constituição a tratar do termo “meio ambiente” foi a de
1988, como visto no artigo 225: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo”. De acordo com a Constituição,
cabe à União legislar sobre a proteção do meio ambiente e combate
à poluição em qualquer de suas formas, sendo de responsabilidade
da União, dos Estados e do Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre a proteção do meio ambiente, além de efetuar o controle da
poluição (BRASIL, 1988).
42
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Reflita
Nesse contexto, quais seriam os órgãos e entidades responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental?
Os órgãos e entidades responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental constituem o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), estruturado da seguinte maneira: Órgão Superior, com
a função de assessorar o presidente da República; órgão consultivo
e deliberativo, refere-se ao Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), que assessora e recomenda ao conselho do governo
diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente; órgão
central, incumbido pela Secretaria do Meio Ambiente, a qual possui
as funções de planejar e supervisionar as políticas fixadas para o meio
ambiente; órgãos executores, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (Instituto Chico Mendes), os quais
têm função de executar a política voltada para o meio ambiente; órgãos
seccionais, órgãos ou entidades estaduais que executam programas
e projetos, além de fazerem o controle e a fiscalização de atividades
capazes de provocar a degradação ambiental; e, por fim, os órgãos
locais, que compõem órgãos ou entidades municipais, responsáveis
pelo controle e pela fiscalização de atividades que causam degradação
ambiental, inseridas dentro de suas jurisdições (BRASIL, 1981).
Entre os vários instrumentos que compõem a Política Nacional do
Meio Ambiente (PNMA), vamos nos aprofundar sobre o licenciamento
ambiental, visto que esse instrumento está estritamente relacionado à
degradação ambiental.
Segundo o Decreto 237/1997, o licenciamento ambiental é definido
como
procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas poluidoras ou que possam
causar degradação ambiental. (BRASIL, 1997, [s.p.])
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
43
Em outras palavras, por meio do licenciamento ambiental, o
empreendedor inicia seu contato com o órgão ambiental e passa a
conhecer suas obrigações quanto ao controle ambiental adequado
de sua atividade. A licença ambiental possibilita que o órgão ambiental
estabeleça regras, condições, restrições e medidas de controle
ambiental a serem seguidas por determinada empresa, sendo que
durante esse processo são avaliadas algumas características, como: o
potencial de geração de líquidos poluentes (efluentes), resíduos sólidos,
emissões atmosféricas, ruídos, entre outras (FEITOSA et al., 2004).
Desse modo, é importante que você, profissional da área ambiental,
entenda sobre as atividades que são capazes de causar degradação
ambiental e necessitam de prévio licenciamento. Portanto, conheça
algumas dessas atividades: extração e tratamento de minerais; indústrias
diversas (material elétrico, material de transporte etc.); obras civis;
serviços de utilidades (produção de energia termoelétrica, disposição
de agroquímicos, destinação de resíduos sólidos urbanos etc.); turismo;
atividades agropecuárias; e uso de recursos naturais (BRASIL, 1997).
Pesquise mais
Você pode conhecer detalhadamente sobre os tipos de atividades ou
empreendimentos que estão sujeitos ao licenciamento ambiental, lendo
o anexo I da Resolução 237 de 1997.
BRASIL. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe sobre
licenciamento ambiental; competência da União, Estados e Municípios;
listagem de atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos Ambientais,
Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental. Disponível
em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>.
Acesso em: 30 set. 2017.
São de competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios as ações administrativas referentes ao
licenciamento ambiental. No entanto, o órgão competente que
fica encarregado depende de uma série de critérios, por exemplo,
cabe à União o licenciamento de atividades ou empreendimentos
localizados ou desenvolvidos em dois ou mais estados. Em outro
caso, é de responsabilidade do município promover o licenciamento
de atividades ou empreendimentos que causem impacto no âmbito
local ou localizado em unidades de conservação instituídas pelo
44
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
município (exceto em Áreas de Proteção Ambiental). E, por fim, não
se tratando de competência da União ou do município, cabe aos
estados o licenciamento de atividades/empreendimentos efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental (BRASIL, 2011a).
O órgão competente pelo licenciamento pode requisitar
informações para estudos de impacto ambiental e respectivos
relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação
ambiental. Os estudos ambientais servirão de subsídio para análise
da licença requerida, podendo ser de diversos tipos, como: relatório
ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental
preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Desse
modo, segundo o art. 3 do Decreto 237/97, “A licença ambiental para
empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente
causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio
estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre
o meio ambiente (EIA/RIMA)”. No entanto, caberá ao órgão ambiental
competente definir qual tipo de estudo ambiental é pertinente ao
respectivo processo de licenciamento (BRASIL, 1997).
Vale ressaltar que o mercado está cada vez mais exigente,
requisitando que as empresas sejam licenciadas e que cumpram
a legislação ambiental. Outro ponto importante é que os órgãos de
financiamento e de incentivos governamentais submetam aprovação
dos projetos à apresentação da licença ambiental (FEITOSA et al.,
2004). Dessa forma, empresas que funcionam sem licença ambiental
estão sujeitas às sanções previstas em Lei, como: advertências, multas,
embargos, paralisação temporária ou definitiva das atividades (BRASIL,
1998).
Exemplificando
Para fazer face à reparação dos danos ambientais
causados pela destruição de florestas e outros
ecossistemas, o licenciamento de empreendimentos
de relevante impacto ambiental, terá sempre como um
dos pré-requisitos, a implantação de uma unidade de
conservação. (BRASIL, 1996, [s.p.])
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
45
Como exemplo, podemos citar a construção de um shopping center
na cidade de Ribeirão Preto, para que se pudesse derrubar uma
mata remanescente de cerrado na área onde empreendimento seria
construído, uma das exigências aos empreendedores foi a construção e
gerenciamento de um parque ecológico na referida cidade.
Em se tratando de empreendimento com significativo impacto
ambiental, considerado pelo órgão ambiental competente, com
fundamento em EIA e RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar
a implantação e manutenção de Unidade de Conservação do Grupo
de Proteção Integral, chamada de compensação ambiental. Ou seja,
a compensação ambiental pode ser utilizada para ressarcir os danos
causados, por ações irreversíveis ou não mitigáveis. A compensação
ambiental tem como foco principal a biodiversidade, que em cada estado
é realizada de uma forma. Desse modo, esse instrumento ambiental
é de grande importância para o auxílio na proteção, criação de áreas
protegidas e conservação dos recursos naturais.
Além disso, as medidas compensatórias podem também ser
importante instrumento para a implementação de projetos de
recuperação de áreas degradadas, visto que é disposto em diversas
normas, tais como: Resolução CONAMA 369/2006, esclarecendo que
medidas compensatórias devem ser adotadas em casos de intervenção
ou supressão de vegetação em APP. Sendo assim, as medidas de caráter
compensatório consistem na efetiva recuperação ou recomposição de
APP e deverão ocorrer na mesma sub-bacia hidrográfica, prioritariamente
na área de influência do empreendimento, ou nas cabeceiras dos rios
(BRASIL 2006a, art. 5º, § 2º). Outro exemplo que podemos verificar
encontra-se na Lei 11.428/2006 da Mata Atlântica, a qual estabelece
compensação para supressão de vegetação desse bioma, com base
nos termos do artigo 17, § 1º, no qual é verificada pelo órgão ambiental
a impossibilidade da compensação ambiental prevista no caput desse
artigo, o qual exigirá a reposição florestal, com espécies nativas, em
área equivalente à desmatada, na mesma bacia hidrográfica e, sempre
que possível, na mesma microbacia hidrográfica. Ainda de acordo com
essa lei, conforme Art. 32, em se tratando de atividade mineradora, é
necessária a
46
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
adoção de medida compensatória que inclua a recuperação de
área equivalente à área do empreendimento, com as mesmas
características ecológicas, na mesma bacia hidrográfica e sempre que
possível na mesma microbacia hidrográfica. (BRASIL, 2006b, [s.p.])
Sobre os aspectos legais de recuperação de áreas degradadas,
podem existir nos estados e/ou municípios diferentes normas e leis
que regulamentam as atividades de recuperação de área degradada.
Como exemplo, a Resolução SMA 32/2014, vigente no estado de São
Paulo, estabelece diretrizes e orientações para a elaboração, execução e
monitoramento de Projetos de Restauração Ecológica, além de critérios
e parâmetros para avaliar seus resultados e atestar sua conclusão
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2014a). Na Resolução
Federal 429/2011 é disposta a metodologia de recuperação das Áreas
de Preservação Permanente, na qual se estabelece que a recuperação
pode ser feita pelos seguintes métodos: condução da regeneração
natural de espécies nativas, plantio de espécies nativas e plantio de
espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural
de espécies nativas (BRASIL, 2011b). Na Instrução Normativa do ICMBio
11/2014, podemos observar procedimentos para elaboração, análise,
aprovação e acompanhamento da execução de Projeto de Recuperação
de Área Degradada ou Perturbada (PRAD), para fins de cumprimento da
legislação ambiental (BRASIL, 2014b).
As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação
ambiental são um dos instrumentos da PNMA. Sendo assim, o não
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção
dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade
ambiental sujeitará os transgressores à multa simples ou diária, à perda ou
restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público,
à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito e até mesmo à suspensão de sua
atividade (BRASIL, 1981). Desse modo, a partir da criação da Lei de Crimes
Ambientais (BRASIL, 1998), os órgãos ambientais e o Ministério Público
passaram a ter referência para punir os infratores do meio ambiente.
Diante do exposto, entendemos que são diversas sanções com base
na Lei de Crimes Ambientais e pela Política Nacional de Meio Ambiente,
que podem ser aplicadas nas esferas civil, administrativa e penal, podendo
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
47
ser impostas aos empresários e aos agentes corresponsáveis (pessoas
físicas) e à empresa (pessoa jurídica) em caso de dano ambiental (BRASIL,
1998; BRASIL, 1981; FEITOSA et al., 2004).
Caro aluno, foram muitas informações até aqui, não é mesmo?
Porém, queremos enfatizar que o profissional da área ambiental, além
de conhecer sobre o arcabouço legal do sistema de licenciamento e
medidas compensatórias que visam recuperar áreas degradadas, deve
também se atentar à legislação vigente sobre a proteção das florestas e
demais vegetações nativas.
Desse modo, vamos nos aprofundar nos termos inseridos na Lei de
Proteção da vegetação Nativa, popularmente conhecida como Novo
Código Florestal (Lei nº 12.651, de 2012), que passou a vigorar conforme
algumas alterações da Lei nº 12.727/2012. Essa lei aborda principalmente
sobre dois tipos de áreas de preservação, a Reserva Legal (RL) e a Área de
Preservação Permanente (APP), e também sobre o Cadastro Ambiental
Rural (CAR). O novo Código Florestal também dispõe de medidas
compensatórias impostas ao interessado em suprimir vegetação de
Áreas de Preservação Permanente, ao mesmo tempo em que trata da
compensação de Reserva Legal (BRASIL, 2012a; BRASIL, 2012b).
A Área de Preservação Permanente tem a função de preservar
locais frágeis e pode ser entendida como uma área protegida, coberta
ou não por vegetação nativa. Essa área tem como função ambiental
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e
a biodiversidade. Além disso, tem as funções de facilitar o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar da sociedade
(BRASIL, 2012a, art. 3, II). De acordo com o Código Florestal, existem
vários tipos de APPs, como: faixas marginais de qualquer curso d’água
natural, áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,
restingas, manguezais, topo de morros, encostas, áreas em altitude
superior a 1800 metros, entre outras. Desse modo, para cada tipo de
APP, é definido um tamanho da faixa de proteção na qual a vegetação
deve ser preservada (BRASIL, 2012a, art. 4).
Exemplificando
Nas margens de rios, a área mínima de florestas a ser mantida depende da
largura de cada um, rios de até 10 metros de largura devem ter 30 metros de
mata preservada, por exemplo; nas nascentes e olhos d’água, a mata mínima
preservada deve ter raio de 50 metros de largura (BRASIL, 2012a, art. 4).
48
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
De modo geral, não pode haver exploração econômica dos
recursos florestais em APP, sendo que a vegetação situada em APP
deverá ser mantida pelo proprietário da área. No entanto, poderão
ser autorizados alguns casos de intervenção ou supressão da
vegetação nativa, como para fins de utilidade pública, de interesse
social ou de baixo impacto ambiental (BRASIL, 2012a).
A Reserva Legal (RL) é a área localizada em uma propriedade
rural e tem a função de assegurar o uso econômico de modo
sustentável dos recursos naturais, ou seja, é possível utilizar o
espaço e os recursos naturais que a área dispõe, desde que seja
feito de forma sustentável, sem agredir ou extrai-los de maneira total
ou imprudente. Além disso, essa área visa auxiliar a conservação e a
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre
e da flora nativa (BRASIL, 2012a, art. 3, III). Em outras palavras, a RL
é a porcentagem de cada propriedade ou posse rural que deve ser
preservada, onde é obrigatório manter-se parte da cobertura da
vegetação nativa. O tamanho da área dependerá de qual região o
imóvel rural se encontra e também do tipo de bioma. Na Amazônia
Legal, o tamanho das reservas pode ser de 80% em áreas de florestas,
35% no cerrado e 20% em campos gerais. Já em relação aos outros
estados brasileiros, o tamanho da reserva será de 20% (BRASIL, 2012a).
Assimile
A Amazônia Legal abrange os seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas,
Mato Grosso, Pará, parte oeste do Maranhão, Rondônia, Roraima e
Tocantins.
Enquanto as APPs são consideradas “áreas intocáveis”, onde só é
possível o manejo humano para fins de preservação, reflorestamento,
estudos e levantamento dos recursos naturais e das espécies nativas,
as RL podem ter a área rural e os recursos explorados, desde que a
exploração seja realizada de forma sustentável, conforme a legislação
ambiental.
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
49
Atenção
Nas APPs que apresentam área rural consolidada (apenas aquelas que
foram consolidas em data anterior a 22 de julho de 2008), é autorizada,
exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de
ecoturismo e de turismo rural, sendo admitida, em área que não
ofereça risco à vida ou à integridade física das pessoas, a manutenção
de residências, de infraestrutura e do acesso relativos a essas atividades.
Porém, a lei estabelece uma série de requisitos para a continuidade do uso
dessas APPs, variando de acordo com os diversos tipos de APP e com o
tamanho da área (SICAR/MG, 2015).
O Cadastro Ambiental Rural (CAR) se refere a um registro
público eletrônico de âmbito nacional que tem como finalidade
integrar as informações ambientais das propriedades e posses
rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento,
planejamento ambiental/econômico e combate ao desmatamento
(BRASIL, 2012a, art. 29). O decreto nº 7.830 de 2012 estabeleceu
o Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SICAR) como o sistema
eletrônico de âmbito nacional destinado ao gerenciamento de
informações ambientais dos imóveis rurais (BRASIL, 2012c, art. 2, I).
Em outras palavras, o Cadastro Ambiental Rural é uma importante
ferramenta na área de gestão ambiental, com o qual será possível
os órgãos ambientais federais e estaduais conhecerem não apenas
a localização de cada imóvel rural, mas também a situação em
relação à sua adequação ambiental. No Brasil, mais de 4,3 milhões
de imóveis rurais já foram cadastrados, totalizando uma área de 413
milhões de hectares até agosto de 2017, porém, 397,8 milhões de
hectares ainda são áreas passíveis de cadastro (MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, 2017).
Para a inscrição no CAR é necessária a Identificação do
proprietário ou possuidor rural, e a comprovação da propriedade
ou posse. Somado a isto, para propriedades acima de quatro
módulos fiscais será exigido à identificação do imóvel por meio
de planta georreferenciada do perímetro do imóvel, das áreas de
interesse social e das áreas de utilidade pública, com a informação
da localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas
de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas
consolidadas e da localização das Reservas Legais (BRASIL, 2012c,
art. 5).
50
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Vocabulário
Módulo fiscal: é uma unidade de medida agrária usada no Brasil expressa
em hectares, a dimensão de um módulo fiscal varia de acordo com o
município onde está localizada a propriedade, e o valor do módulo fiscal
pode variar de 5 a 110 hectares.
O CAR para imóveis rurais de pequena propriedade ou familiar é
gratuito (até quatro módulos fiscais), este deve ser adotado através
de procedimento simplificado, no qual será obrigatória apenas a
identificação do proprietário ou possuidor rural, a comprovação
da propriedade ou posse e a apresentação de croqui que indique o
perímetro do imóvel, as APPs e os remanescentes que formam a RL
(BRASIL 2012c, art. 8).
Atenção
A inscrição no CAR é obrigatória para todas as propriedades e posses
rurais, devendo ser requerida até 31 de dezembro de 2017, prorrogável
por mais um ano por ato do Chefe do Poder Executivo.
Assimile
Alguns requisitos são necessários para a Realização do CAR:
Até 4 módulos Fiscais: Não é necessária anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) e há possibilidade de procurar o poder público para auxílio
na inscrição no CAR de forma gratuita para agricultura familiar.
Maior que 4 módulos Fiscais: O Cadastro deve ser feito à custa do produtor
e será necessária ART referente ao profissional que fez o levantamento das
características da propriedade necessárias ao CAR (SICAR/MG, 2015).
É possível notar que são verificadas algumas vantagens e restrições
ao produtor quanto ao CAR, dessa forma, a Lei Federal nº 12.651/2012
dispõe de uma série de artigos que coloca ao produtor a necessidade
de se cadastrar para que ele possa usufruir de alguns direitos, como
a obtenção de crédito agrícola, visto que, instituições financeiras
só poderão conceder crédito, em qualquer de suas modalidades,
mediante o CAR (SICAR/MG, 2015).
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
51
Cabe destacar algumas vantagens em se obter o CAR, como a
comprovação de que a propriedade está em dia com a legislação
ambiental, o acesso ao crédito rural e demais programas oficiais de
incentivo à produção, além da oportunidade de suspender multas
ambientais cometidas até 22 de julho de 2008, desde que assumido o
compromisso de regularização.
Para quem desmatou antes de julho de 2008, além da opção
de recompor ou regenerar a vegetação, outra alternativa possível
é a compensação, que pode ser feita por meio das Cotas de
Reserva Ambiental (CARs). Essas cotas são entendidas como títulos
representativos de cobertura vegetal que podem ser usados para
compensar a falta de Reserva Legal em outra propriedade e também
podem ser vendidas para aqueles que precisam compensar a RL. Para
criação das Cotas de Reserva Ambiental, é necessário solicitar ao órgão
ambiental competente a emissão das CRAs apresentando o Cadastro
Ambiental Rural e a documentação requerida.
Segundo o art. 44 da Lei n. 12.651/2012, podem ser criadas Cotas
de Reserva Ambiental (CRAs) em áreas de: Servidão Florestal; Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN); Reserva Legal instituída
voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais legais e
Unidade de Conservação de domínio público que ainda não tenha sido
desapropriada; e áreas com florestas existentes ou com vegetação em
processo de recuperação (salvo se a regeneração ou recomposição da
área forem improváveis ou inviáveis).
Vale ressaltar que as CRAs podem ser vistas como uma janela de
oportunidades para os profissionais que trabalham na recuperação/
restauração de ambientes degradados, uma vez que se referem a um
instrumento que permite ao poder público a manutenção e criação
de unidades de conservação e, somado a isso, a possibilidade de
implantação de inúmeros projetos de restauração ecológica. Outro
ponto a se destacar é a possibilidade de regularização ambiental de
inúmeros proprietários que se encontram em insegurança jurídica
diária devido a irregularidades ambientais (ROSARIO, 2015, p. 82).
Tanto as CRAs quanto as Unidades de Conservação podem ser
usadas para compensar a ausência de Reserva Legal de outro imóvel
rural, desde que atendidas determinadas condições legais, por exemplo,
só é possível fazer compensação com excedentes de Reserva Legal
dentro de um mesmo bioma. Além disso, ambos os imóveis devem
52
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
estar localizados no mesmo estado, a menos que estejam em áreas
consideradas prioritárias pela União ou pelos estados.
Diante do que vimos nesta unidade, é notória a importância dos
conceitos que abrangem a legislação ambiental brasileira, sendo dever
de todos respeitar suas normas e limites. Desse modo, é possível a
utilização de recursos naturais, considerando a biodiversidade da fauna
e da flora, a qualidade dos recursos hídricos, do solo e do ar e, por fim,
o bem-estar da humanidade.
Sem medo de errar
Voltando à situação hipotética que estamos trabalhando desde o
início desta unidade: você foi contratado para trabalhar como consultor
ambiental para prefeitura de uma cidade que apresenta problemas
ambientais na microbacia de Águas Claras. Essa microbacia vem
sofrendo impactos negativos em razão de ações antrópicas ao longo
de sua margem, por conta do avanço da área urbana e das atividades
industriais, que proporcionaram ao longo dos anos a retirada da mata
ciliar, ocasionando consequentemente a degradação da área. Portanto,
diante da situação e com intuito de auxiliar melhor a prefeitura, você
deve responder os questionamentos lançados no “Diálogo aberto”
desta seção:
Quais quesitos legais devem ser considerados para a recuperação
de áreas degradadas? Qual a principal lei que serve de parâmetro para
analisar a retirada da mata ciliar da microbacia? A área referente à
microbacia pode ser considerada área de preservação permanente?
Quais os métodos que podem ser utilizados para recuperar a área?
O que são medidas compensatórias? Em quais condições podem ser
feitas recuperação de APP por medidas compensatórias?
Os quesitos legais usados para recuperação de áreas degradadas
são bastante complexos, pois dependem de uma série de fatores, como
nível de impacto ambiental e tipo de área a ser recuperada, podendo ser
desde área de Área de Preservação Permanente (APP), Reserva Legal até
área de passivo ambiental, oriundos de empreendimentos minerários.
Além disso, não somente as leis federais são requisitos, uma vez que
o parâmetro legal de recuperação de áreas degradadas também tem
como base diferentes normas e leis estaduais e/ou municipais que
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
53
regulamentam as atividades de recuperação de área degradada, como
a Resolução 32/2014, vigente no estado de São Paulo, que estabelece
diretrizes e orientações para a elaboração, execução e monitoramento
de Projetos de Restauração Ecológica. Outro exemplo que podemos
citar na recuperação de áreas degradadas é a compensação ambiental
decorrente do licenciamento ambiental de empreendimentos de
significativo impacto ambiental.
A Lei de Proteção da Vegetação Nativa, popularmente conhecida
como Novo Código Florestal do Código Florestal (Lei n. 12.651, de
maio de 2012), dispõe sobre várias normas e instrumentos que visam
à proteção de florestas e qualquer tipo de vegetação nativa. Essa lei
delimita e normatiza a proteção das Áreas de Preservação Permanente
e Reserva Legal, bem como cria o Cadastro Ambiental Rural e institui
a Cota de Reserva Ambiental como mecanismo de compensação
de déficit de Reserva Legal. Segundo o Novo Código Florestal, a Área
de Preservação Permanente tem como uma das funções preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade. Desse modo, a microbacia “Águas Claras” é considerada
área de APP, pois se enquadra nos quesitos dessa lei, a qual apresenta
que as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, áreas no
entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, entre outras, são
consideradas APPs. Nas APPs só é possível o manejo humano para fins
de preservação, reflorestamento, estudos e levantamento dos recursos
naturais e das espécies nativas.
Segundo a Resolução Federal 429/201, alguns procedimentos
podem ser abordados com o objetivo de recuperar as Áreas de
Preservação Permanente, como: condução da regeneração natural
de espécies nativas, plantio de espécies nativas e plantio de espécies
nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies
nativas. As medidas compensatórias consistem na recuperação ou
recomposição de APPs e deverão ocorrer necessariamente em APP
da mesma bacia hidrográfica, preferencialmente na microbacia
hidrográfica afetada e, especialmente, nas cabeceiras dos rios.
Sobre a propriedade rural dos produtores de leite, como você
falaria sobre a importância do cadastro ambiental rural? Como realizar
o cadastro? Quais são os pré-requisitos necessários?
Primeiramente, você deve informar os produtores que devem
realizar o Cadastro Ambiental Rural, pois se refere a um registro
54
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
público eletrônico de âmbito nacional que tem como finalidade
integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais,
além de ser obrigatório para todas as propriedades e posses rurais. Esse
cadastro possibilita algumas vantagens, como a comprovação de que
a propriedade está em dia com a legislação ambiental e o acesso ao
crédito rural e demais programas oficiais de incentivo à produção.
Para realizar o cadastro ambiental, os proprietários deverão possuir
os seguintes itens: a identificação do proprietário ou possuidor rural
e a comprovação da propriedade ou posse. Somado a isso, em se
tratando de propriedade familiar (até quatro módulos fiscais), deve ser
adotado o procedimento simplificado, no qual será obrigatória apenas
a identificação do proprietário ou possuidor rural, a comprovação
da propriedade ou posse e a apresentação de croqui que indique
o perímetro do imóvel, as Áreas de Preservação Permanente e os
remanescentes que formam a Reserva Legal.
Sobre os requisitos para a realização do CAR de propriedades
com até quatro módulos Fiscais não é necessária anotação de
Responsabilidade Técnica (ART) e há possibilidade de se procurar o
poder público para auxílio na inscrição no CAR de forma gratuita, já que
os proprietários ou possuidores geralmente são pequenos agricultores
familiares.
Agora que você finalizou esta seção, pode entregar à prefeitura o
documento com a análise ambiental estratégica sobre a identificação e
caracterização de atividades degradadoras, seus impactos ambientais e
aplicação da legislação pertinente. Apresente todas essas informações
em um documento técnico que contenha todas as informações
trabalhadas desde a primeira etapa dessa avaliação.
Avançando na prática
Como obter o Cadastro Ambiental Rural?
Descrição da situação-problema
Imagine que você foi contratado pela empresa “Soluções
ambientais” e na sua primeira semana de trabalho você teve de prestar
consultoria em uma propriedade rural superior a quatro módulos
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
55
fiscais. O dono da fazenda havia adquirido o imóvel rural há pouco
tempo e não entendia muito a respeito, por isso, ao pretender fazer
investimentos em sua propriedade, decidiu solicitar crédito rural no
banco. No entanto, na ocasião descobriu que a fazenda se encontrava
sem o Cadastro Ambiental Rural e, portanto, ficou impossibilitado de
solicitar o crédito.
Considerando o exposto, como você ajudará a solucionar o
problema do fazendeiro?
Resolução da situação-problema
Como o fazendeiro não entende muito sobre o assunto,
primeiramente explique que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) é
obrigatório para todos imóveis rurais e se refere ao um registro público
eletrônico de âmbito nacional que tem como finalidade integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo
base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental/
econômico e combate ao desmatamento.
Também explique ao fazendeiro que ele deve fazer a inscrição do
CAR, a qual pode ser feita no órgão ambiental municipal ou estadual,
e que, para propriedade acima de quatro módulos fiscais, serão
exigidos os seguintes requisitos: a identificação do imóvel por meio de
planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas
geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro
do imóvel, além da informação da localização dos remanescentes de
vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das áreas de
uso restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, da Reserva Legal.
Após finalizar os procedimentos necessários para obtenção do
CAR, o fazendeiro poderá solicitar o crédito rural para investir em sua
propriedade.
Faça valer a pena
1. No Brasil, mais de 4,3 milhões de imóveis rurais já foram cadastrados no
Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural, totalizando uma área de 413
milhões de hectares cadastradas, porém nota-se ainda que 397,8 milhões
de hectares ainda são áreas passíveis do cadastro (MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE, 2017).
56
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
Sobre o Cadastro Ambiental Rural, assinale a alternativa correta:
a) É obrigatório somente para propriedades rurais acima de quatro módulos
fiscais.
b) Todos têm direito ao serviço de Cadastro Ambiental Rural gratuitamente.
c) Para pequenos e grandes produtores é exigido planta georreferenciada
da área.
d) A anotação de Responsabilidade Técnica é obrigatória para todas
propriedades.
e) Um de seus objetivos é o combate ao desmatamento e planejamento
ambiental.
2. De acordo com a legislação de proteção ambiental brasileira, nas
propriedades rurais é obrigatório a manutenção ou recomposição da
cobertura de vegetação nativa, podendo variar de 20% a 80% em todo
território nacional. As ______________ são instrumentos criados pelo
______________ para possibilitar a compensação da obrigação de
______________ em propriedades rurais.
Marque a alternativa que preencha corretamente as lacunas presentes no
texto-base:
a) Cotas de Reserva Ambiental, Novo Código Florestal e Área de Preservação
Permanente.
b) Reservas Legais, Cadastro Ambiental Rural e Área de Preservação
Permanente.
c) Áreas de Preservação Permanente, Cadastro Ambiental Rural e Cotas de
Reserva Ambiental.
d) Cotas de Reserva Ambiental, Novo Código Florestal e Reserva Legal.
e) Reservas Legais, Novo Código Florestal e Área de Preservação Permanente.
3. Leia o texto a seguir:
Define sobre regras gerais sobre onde e de que forma o território brasileiro
pode ser explorado, além de determinar áreas de vegetação nativa que
devem ser preservadas e quais regiões são legalmente autorizadas a receber
os diferentes tipos de produção rural.
Qual seria o tema a que o texto refere-se?
a) Cadastro Ambiental Rural, o qual é baseado no Decreto 97.632 de 1989.
b) Cotas de Reserva Ambiental, que não precisa do Cadastro Ambiental Rural
para sua implantação.
c) Código Florestal, que tem um dos princípios a preservação das florestas e
demais formas de vegetação nativa.
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
57
d) As Áreas de Preservação Permanente, que têm como base uma
porcentagem da área total de um imóvel rural, onde é obrigatório manterse parte da cobertura da vegetação nativa.
e) Reserva Legal, a qual define que seja preservado 20% do total da área de
qualquer imóvel rural no Brasil.
58
U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
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U1 - Fundamentos do estudo de degradação ambiental
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