EXEMPLOS BRASILEIROS DE CARSTE EM ARENITO:
CHAPADA DOS GUIMARÃES (MT) E SERRA DE ITAQUERI (SP)
BRAZILIAN EXAMPLES OF SANDSTONE KARST: CHAPADA DOS
GUIMARÃES (MT) AND SERRA DE ITAQUERI (SP)
Rubens HardtI, II, Joël RodetII, Sergio dos Anjos Ferreira PintoI & Luc WillemsIII
(I)
(II)
(III)
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquisa Filho” – UNESP/Rio Claro-SP.
Université de Rouen, França.
Université de Liege, Bélgica.
Contatos: rubens.hardt@gmail.com; joel.rodet@univ.rouen.fr; sanjos@rc.unesp.br;
luc.willems@hech.be
Resumo
A questão do carste não carbonático ainda é
controversa nos meios acadêmicos, havendo
resistência por parte de pesquisadores do
carste clássico. No entanto, em diversas
pesquisas de abrangência mundial, o carste
não carbonático é uma constante. Embora sua
existência seja controversa, tal se deve
principalmente pela ainda pequena quantidade
de pesquisas realizadas nestas rochas, não
tendo gerado uma quantidade de informação
suficiente para que se possa estabelecer linhas
gerais de comparação com o carste
carbonático, identificando limites e diferenças.
Neste artigo, buscou-se mostrar um pouco da
evolução do conceito através da bibliografia e
apresentar dois exemplos de carste em arenito
no Brasil.
Abstract
The issue of non-carbonate karst is still
controversial in academic circles, there is
resistance from classical karst researchers.
However, in many studies throughout the world,
the karst in non-carbonate rocks is a constant.
Although their existence is controversial, this is
due to the small amount of research conducted
in these rocks had not generated a sufficient
amount of information that would establish
general comparison with the carbonate karst,
identifying boundaries and differences. In this
article, we attempted to show some of the
evolution of the concept through the literature
and present two examples of sandstone karst
in Brazil.
Keywords: Sandstone Karst; Karst
Geomorphology
Palavras-chave: Carste em Arenito;
Geomorfologia do Carste.
Eixo temático: Carste em Litologias Não-Carbonáticas
Recebido em: 01.dez.2009
Enviado para correção em: 11.dez.2009
Introdução
Este trabalho se desenvolve sob a luz da
geomorfologia. Ou seja, o estudo se ocupa do
relevo, como este é produzido e alterado,
portanto com os processos que atuam no
mesmo. Por consequência, também busca
compreender a dinâmica de evolução do relevo
e como os diversos processos interagem entre
si, funcionando como um sistema.
Neste contexto, este trabalho se foca no
chamado relevo cárstico. O que identifica um
carste é um conjunto de formas de relevo
Enviado para avaliação em: 03.dez.2009
Aprovado em: 18.dez.2009
distintas, estudados cientificamente pela
primeira vez na região de Kras, nos limites da
Eslovênia com a Itália, onde tal relevo é
denominado carso, incluindo ainda porções da
Áustria e Croácia atuais. A palavra eslovena
kras, deu origem nas línguas germânicas a
palavra karst, nome pelo qual é conhecida a
região, e nome que acabou definindo o tipo de
relevo mundialmente (Sweeting, 1972; Ford e
Williams, 1987). A predominância do termo
germânico sobre o termo de origem eslava ou
italiana, se explica pelo fato histórico de que,
quando dos primeiros estudos científicos da
SBE – Campinas, SP | Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.
7
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
região, esta se encontrava sob o domínio do
Império Austro-húngaro. Como resultado, as
pesquisas iniciais foram publicadas em língua
germânica, e por esta razão, o nome
germânico predominou e é utilizado até hoje.
Por outro lado, carste (o nome em
português do Brasil1), também pode indicar os
processos que dão origem ao relevo. Para
diferenciar, utiliza-se o termo carstificação para
o processo. Assim, a carstificação é o processo
que dá origem ao carste. Este processo, como
foi identificado no relevo originalmente
estudado, é a dissolução química da rocha.
Quando o intemperismo químico predomina na
definição das formas, sobre os processos de
ordem mecânica, as formas de relevo são
então moldadas dando origem ao carste.
Quando em uma determinada área,
ocorrem os processos de carstificação,
aparecem as formas típicas de relevo, dando
origem ao carste. Este conjunto de formas
associado aos processos geradores, constitui
um sistema cárstico.
Mas o carste foi inicialmente identificado
em rochas carbonáticas, altamente solúveis.
Como então explicar a presença do carste em
rochas como o arenito sem cimento
carbonático, uma rocha com muito baixo grau
de solubilidade? Alguma condição específica
deve ocorrer, portanto, para que possa evoluir
o carste em rochas pouco solúveis. Existem
algumas explicações, como um longo tempo de
exposição aos processos intempéricos,
existência de elementos catalizadores desta
dissolução, como presença de minério de ferro,
matéria orgânica, ambientes básicos, ou ainda,
características climáticas.
Neste
contexto
de
carste
não
carbonático, a geomorfologia leva vantagem
sobre outras abordagens do carste, pois se
baseia em formas de relevo para inferir os
processos formadores, e, como consequência,
não depende de análises de laboratório, tendo
sido esta razão, talvez, que fez com que as
primeiras propostas de denominar uma área
1
Na verdade, o termo "carste" é um neologismo brasileiro
do termo Karst, de origem germânica, mas adotado
internacionalmente. Em português de Portugal, utiliza-se
o termo "carso", advindo do nome latino da área de
origem, portanto mais ligado a origem da língua
portuguesa. Este é um problema para os estudiosos da
língua portuguesa resolverem. Neste texto, adota-se
"carste" e não "carso", por ser o termo de uso corrente no
Brasil.
8
Hardt et al. (2009)
como carste ter partido de geomorfólogos,
independente da litologia.
Neste trabalho, pretende-se fazer uma
rápida revisão de literatura sobre carste não
carbonático, em especial sobre arenitos,
apresentando duas áreas brasileiras cujas
características
morfológicas
permitem
identificar um carste. Espera-se com isso,
contribuir para o reconhecimento da existência
do carste em rochas silicosas, notadamente o
arenito, em território brasileiro.
Carste e pseudo-carste
Para se chegar a entender o que é o
carste, é preciso ter em mente que o conceito
de carste está em franca evolução, tendo
mudado diversas vezes desde a década de
1960 até o presente. Uma das mais recentes,
proposta por Klimchouk e Ford (2000), fala não
mais em “relevo cárstico”, mas em “sistema
cárstico”, com uma organização peculiar.
Os autores citados definem carste como
sendo um sistema de transferência de massa
integrado,
em
rochas
solúveis,
com
permeabilidade estrutural dominada por
condutos estabelecidos pela dissolução do
material rochoso e organizado para facilitar a
circulação de fluídos (Klimchouk e Ford, 2000).
Esta definição não inclui o tipo de rocha,
demonstra a importância da dissolução de
rocha (qualquer que seja), e da hidrologia
característica de um sistema cárstico. Foca-se
menos nas formas e mais nos processos,
embora estes processos vão, em maior ou
menor grau, originar o relevo cárstico.
Portanto, o carste pode originar-se em
rochas consideradas pouco solúveis, desde
que o intemperismo químico condicione o
surgimento da morfologia (ou seja, embora
talvez não seja o processo preponderante, a
solubilidade da rocha determina a existência da
forma cárstica) e a formação de condutos,
organizando uma rede de drenagem ao menos
parcialmente subterrânea.
Podendo então, o carste, desenvolver-se
em rochas pouco solúveis, porque então
durante muito tempo, formas consideradas
"cársticas", mas em rochas não carbonáticas,
foram simplesmente denominadas pseudocarste? Dois motivos são fundamentais para a
discussão. O primeiro, é de origem histórica: o
carste
foi
inicialmente
estudado
em
Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.| SBE – Campinas, SP
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
Hardt et al. (2009)
carbonatos, então adotou-se, na definição, que
"carste é um relevo que ocorre no calcário".
Quando os pesquisadores encontraram as
mesmas formas de relevo em outras rochas,
simplesmente designaram tais formas a
categoria de não cársticas, sem qualquer
estudo feito sobre sua gênese, porque se
acreditava que tais formas teriam outra origem
que não a dissolução.
carste em quartzito e arenito. A partir da
década de 1980, geógrafos australianos vêm
trabalhando com o conceito de carste em
arenito, e mais recentemente, pesquisadores
europeus estão desenvolvendo estudos sobre
carstificação em granitos (Marescaux, 1973;
Jennings, 1983; Chalcraft e Pye, 1984; Young,
1986, 1987, 1988; Young e Young, 1992; Doerr,
1999; Willems et al., 2004, 2008).
O segundo motivo, um pouco mais
complexo, é com relação aos processos. Uma
forma de relevo está associada a determinado
processo ou processos formadores. Como o
processo de formação do relevo cárstico
estava ligado à dissolução do calcário, se a
rocha não contém carbonatos, então não seria
carste, pois não haveria dissolução destes. O
problema é que a dissolução pode ocorrer em
outras rochas, com reações químicas
diferentes.
Renault (1953), talvez tenha sido o
primeiro pesquisador a propor a identificação
do tipo de carste em função da litologia, tendo
proposto o termo "karst gréseux" (carste
arenítico),
para
diferenciar
do
carste
carbonático, ou simplesmente do carste como
então compreendido.
Portanto, em havendo um processo de
dissolução,
independente
dos
minerais
envolvidos, cujo resultado seja um conjunto de
formas cársticas, tem-se o processo dando
origem a forma. Logo, é carste. Os
pesquisadores do carste (ou carstólogos,
adaptando um termo muito em uso na Europa),
sobretudo vindos da geomorfologia, tiveram a
percepção, analisando o relevo em áreas não
carbonáticas, que os processos formadores
eram de ordem química, pois de outra forma,
não seria possível existir tal relevo. Pseudocarste passou a ter então, uma abrangência
específica, ou seja, somente formas de relevo
que se assemelham ao carste mas que,
comprovadamente, não tenham sua origem
associada ao processo de dissolução química
da rocha. Daí surgem as primeiras propostas
de conceituar o carste não incluindo a rocha,
mas baseados em evidências morfológicas e
na dissolução química (qualquer que fosse a
reação).
Ainda na década de 1950, pesquisadores
franceses já identificavam feições cársticas
desenvolvidas em rochas areníticas no
continente africano (Renault, 1953). Na década
de 1960, pesquisadores norte-americanos e
europeus e venezuelanos, trabalhando no
continente sul-americano, verificaram a
existência de formas cársticas em rochas
consideradas "insolúveis", principalmente o
quartzito (White et al., 1967). Na década de 70,
trabalhando, sobretudo, no continente Africano,
Mainguet (1972) apresenta evidências de
Trabalhando no continente africano,
Mainguet (1972), constata a existência de
carste nos arenitos e quartzitos, utilizando
principalmente evidências morfológicas para
demonstrar
que
as
rochas
silicosas
desenvolvem um carste, e que este é
desenvolvido em função da dissolução química
da rocha.
Marescaux
(1973),
em
pesquisa
realizada no Gabão, identifica o carste em
arenitos, quartzitos e óxidos de ferro (itabiritos),
atribuindo a sua formação a dissolução da
rocha, que ocorreria devido a quatro
condições: 1) que a água possa circular na
rocha; 2) que a coesão da rocha seja tal que a
cavidade criada por dissolução não seja
destruída pelo abatimento das rochas; 3) que a
erosão subaérea não tenha velocidade
superior que a erosão subterrânea e 4) que se
considere a maior ou menor solubilidade da
rocha, demandando um tempo suficiente que
permita a ação da dissolução sobre volumes
significativos de rocha.
Os trabalhos de Martini (1978; 1981) são
importantes, pois apresentam casos de
carstificação em quartzitos e meta-arenitos no
continente africano, comparando com as
descrições dadas para as grutas dos Tepuys
venezuelanos, demonstrando a ação química
nos grãos de quartzo. Uma síntese de seus
trabalhos, bem como de suas propostas para a
dissolução da sílica pode ser encontrada em
Martini (2000).
Em 1980, Brichta et al. apresentam
evidências de dissolução do quartzito da gruta
do Salitre (MG), associando a formação da
cavidade (e possivelmente de outras na área) a
SBE – Campinas, SP | Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.
9
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
dois fatores: a estrutura tectônica e
dissolução da sílica em ambientes tropicais.
a
Embora Martini já viesse ganhando
respeito com seus trabalhos sobre carste não
carbonático, o artigo que quebra o paradigma
de que o carste não existiria fora de rochas
solúveis, em língua inglesa, é o trabalho de
Jennings (1983), ao dizer que definir carste ou
pseudo-carste é em parte uma questão
terminológica, pois provém da nossa incerteza
dos processos que operam sobre as formas. O
autor ainda discute que, definir carste em
função da litologia é arbitrário, e que carste
deve ser definido “em termos de processo,
dissolução, a qual é entendida como crítica
(mas não necessariamente dominante) no
desenvolvimento das formas de relevo e
drenagens
características
do
carste”2
(Jennings, 1983). O autor também apresenta
exemplos de relevos cársticos em arenito na
Austrália, citando e comparando com outros
trabalhos, em especial com o de Mainguet
(1972).
Uma extensa lista de artigos pode aqui
ainda ser citada, todas oscilando em torno das
mesmas ideias. Dentre os mais importantes, os
de Young (1986; 1987 e 1988), que discute
carste em arenito na Austrália; Urbani (1986,
1990), sobre o carste nos Tepuy Venezuelanos;
Young e Young (1992), que discorrem sobre os
relevos em arenito, inclusive o carste; Doerr
(1999), que também trabalha sobre os
quartzitos venezuelanos; Wray (1997a; 1997b;
2009), que discute sobre a natureza do carste
em rochas não carbonáticas; Self e Mullan
(2005), que apresentam exemplos de carste
em arenito na Inglaterra, e Turkington e
Paradise (2005).
Este último merece uma atenção
especial, trata-se de uma revisão sobre o
intemperismo no arenito, incluindo a dissolução
química, com descrições das diversas
hipóteses, escalas de atuação de processos, e
uma expressiva lista de artigos revisados.
Também demonstra a pouca atenção dada aos
processos intempéricos no arenito, e as novas
perspectivas de estudo neste campo.
Em termos nacionais, encontramos
referências diversas, como o trabalho de
2
Original: "in terms of the process, solution, which is
thought to be critical (but not necessarily dominant) in the
development of the landforms and drainage characteristic
of karst." (Tradução não oficial de Rubens Hardt).
10
Hardt et al. (2009)
Wernick et al. (1973), Troppmair e Tavares
(1984), Martins (1985), Karmann (1986),
Veríssimo e Spoladore (1995), Correa Neto e
Batista Filho (1997), Correa Neto (2000),
Monteiro e Ribeiro (2001), Hardt (2003), Auler
(2004), Silva (2004), Spoladore (2006), Willems
et al. (2005, 2008), Uagoda et al. (2006), Hardt
e Pinto (2008), Hardt (2009), Morais (2009),
entre muitos outros, principalmente a partir de
2000. Nos mais antigos, os autores evitam falar
em carste, restringindo-se a avaliar os
elementos encontrados e sua influência na
formação das cavidades e formas. Nos mais
recentes, o termo carste é adotado com
frequência, mostrando já uma mudança de
posicionamento.
Se no início o conceito de carste estava
intimamente associado a litologia, atualmente
isso mudou, e como visto, vários exemplos de
carste em rochas não carbonáticas foram
identificados e estão sendo estudados no
mundo afora. O que não se pode aceitar mais
é simplesmente atribuir um termo genérico e
pouco claro a uma área, denominando-a
pseudo-carste, simplesmen-te porque não se
trata de calcário. Por outro lado, não é porque
existem formas que se assemelham ao carste
em
uma
determinada
área
que
é
necessariamente carste. O equilíbrio tem de
ser encontrado, e a definição se uma
determinada área é ou não carste deve ser
feita após estudos do relevo e processos que
atuam ou atuaram na mesma.
Para concluir este aspecto bibliográfico,
ressalta-se que há muitos anos a UIS (Union
Internationale
de
Spéléologie)
mantém
regularmente um congresso de pseudo-carste.
Nos últimos eventos, o termo vem sendo
sistematicamente contestado, e o nome
continua o mesmo muito em função da
antiguidade. No entanto, concorda-se com as
palavras de Glazek (2006), quando este
coloca:
Criamos uma nomenclatura científica
com o objetivo de alcançar economia na
comunicação,
para
abreviar
longas
descrições sem perder o significado e para
omitir mal-entendidos. Desta forma, os
termos propostos devem ser claros e seu
escopo deve ser mais restrito que as
palavras comuns. Por esta razão, “pseudocarste” como um termo comum é apenas
aparentemente preciso. Significa qualquer
estrutura ou feição superficialmente similar
Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.| SBE – Campinas, SP
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
Hardt et al. (2009)
ao carste, mas evidentemente diferente
deste (Glazek, 2006)3.
O mesmo autor continua, em outra parte
do artigo: “Se a ciência que estuda o carste é
razoavelmente denominada “carstologia”, não
podemos aceitar uma ciência pseudocarstologia”4.
O termo pseudo-carste deve ser extinto
da literatura científica. Definições que indiquem
com precisão o processo que dá origem a
forma devem ser adotadas. Isso já vem
acontecendo, com os termos vulcanocarste,
que indica um relevo cárstico originados por
processos vulcânicos, não por dissolução, ou o
termo criocarste, para indicar um carste
formado em gelo pela alternância do estado
sólido do gelo para o líquido da água. No caso
de rochas não carbonáticas, em que o carste
aparece devido à atividade química, termos
como carste em quartzito ou carste em arenito,
permitem deixar claro que é um relevo cárstico
(portanto, formado a partir da dissolução),
cujos processos químicos diferem do
carbonático
em função
dos
minerais
componentes da rocha.
Figura 1: Localização das áreas estudadas.
1: Serra de Itaqueri, estado de São Paulo;
2: Chapada dos Guimarães, Mato Grosso.
A Serra de Itaqueri
Morfologia Externa
Exemplos Brasileiros: Itaqueri e Chapada
dos Guimarães.
O Brasil é rico em exposição superficial
de rochas silicosas. Entre estas, estão os
arenitos. Neste estudo, duas áreas areníticas
foram escolhidas por já serem conhecidas
pelas expressões de relevo, notadamente as
cavernas, sugerindo potencial cárstico. Os
estudos realizados vêm comprovando esta
hipótese inicial. As áreas escolhidas são
mostradas na Figura 1.
3
Original: We are creating scientific nomenclature with
the aim to reach economy in communication, to
abbreviate long description without loosing the meaning
and to omit misunderstanding. Thus the proposed terms
should be clearer and their scope should be more
restricted than that of common words. For this reason
“pseudokarst” as a common term is only apparently
precise. It means any structure or feature superficially
similar to that of karst, but evidently different from it.
(Glazek, 2006). (Tradução não oficial de Rubens Hardt).
4
Original: If the science dealing with karst is reasonably
named “karstology”, we could not accepted a science
“pseudokarstology”. (Tradução não oficial de Rubens
Hardt).
A Serra de Itaqueri se insere no contexto
geomorfológico das "cuestas basálticas",
conforme apresentado por Ab'Saber (1954),
revisto e modificado por Almeida (1964),
posteriormente detalhado por IPT (1981).
Segundo Almeida, tal relevo está
associado a sucessão de camadas em que
litologias poucos resistentes à erosão se
alternam com outras, mais resistentes, que
afloram
em
destaques
topográficos,
caracterizando a área com feições distintivas
de relevos assimétricos e cuestas típicas.
IPT (1981) relata que o platô de Itaqueri
está situado em posição elevada sobre o rio
Tietê, na região onde este rio atravessa as
cuestas. Para IPT (1981), a jusante deste local,
já na região de Jaú, o relevo possui cotas no
intervalo de 440 a 600 metros, e caracteriza-se
por colinas amplas, que não ocorre no platô de
Itaqueri em virtude da maior intensidade da
ação da erosão sobre tal área elevada, por
serem estas, cabeceiras de drenagem
consequente do reverso.
Tipicamente, um relevo cuestiforme se
desenvolve na borda de uma bacia sedimentar,
apresentado
uma
depressão periférica,
SBE – Campinas, SP | Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.
11
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
associado a um desnivelamento abrupto,
denominado front de cuesta, seguido por um
reverso de declividade suave em direção ao
centro da bacia. A Serra de Itaqueri
corresponde a um apêndice de um relevo
cuestiforme típico, apresentando estas três
unidades de relevo bem definidas na paisagem
(Figura 2).
Observa-se também, o acúmulo de material
inconsolidado na base do front de cuesta
(tálus), Em alguns pontos, lembram estruturas
de
antigos
leques
aluviais,
hoje
descaracterizados
por
drenagens,
demonstrando que o relevo atual apresenta
características transicionais de um clima mais
seco (cuja manifestação se deu no último
período glacial, encerrado a cerca de 10.000
anos AP), para o clima semi-úmido atual. Em
2005, após um início de ano bastante chuvoso,
ainda se observava, apesar de o período de
chuvas ter terminado três meses antes,
diversas cicatrizes de escorregamento no front
da cuesta. Na área de estudo, as cuestas são
Hardt et al. (2009)
delimitadas por escarpas festonadas, conforme
definido por IPT (1981).
Localmente, pode-se observar diversas
características interessantes, que ajudam a
explicar a evolução do relevo. Além das
bancadas lateríticas descritas pelos diversos
autores, cabeceiras de drenagens superpostas,
vales sem cabeceiras de drenagens,
consumidas pela evolução da cuesta, dolinas,
uvalas (Figura 3 "a" e "b"), e kamenitzas
aparecem em pontos isolados da Serra de
Itaqueri. Canyons e cachoeiras também se
fazem presentes (Hardt, em andamento).
Estes elementos, em conjunto, mostram
que mudanças vêm ocorrendo naquele
planalto, com capturas de rios pela evolução
da cuesta, rebaixamento do freático e
soerguimento tectônico (Ladeira, 2000),
provocando o aparecimento de cabeceiras de
drenagens truncadas, além da atividade
química, que produz as depressões em vários
arranjos e tamanhos.
Figuras: 2 - Relevo cuestiforme da Serra de Itaqueri, apresentando as três unidades típicas:
Depressão Periférica, front e reverso (jun. 2005); 3 - Uvala no topo da Serra de Itaqueri. a) Época das
secas, vislumbram-se várias dolinas em meio a uma área deprimida (Fev. 2004). b) Época úmida, as
dolinas coalescem numa uvala (Jun. 2005). Fotos: Rubens Hardt.
12
Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.| SBE – Campinas, SP
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
Morfologia Interna
Diversas são as cavernas na Serra de
Itaqueri, e pode-se relacionar as seguintes:
gruta do Fazendão, gruta do Paredão, gruta do
Rochedo, abrigo da Glória, gruta do Fóssil,
gruta das Abelhas, gruta dos Macacos, abrigo
do Bauru, gruta Boca do Sapo, entre outras de
menor expressão.
As cavernas apresentam um forte
controle estrutural, como já observado por
diversos autores (Veríssimo e Spoladore, 1994;
Monteiro e Ribeiro, 2001; Ribeiro e Ribeiro,
2007), com predominância de direções NNE,
NW e WNW.
Não são, no entanto, cavernas
desenvolvidas, pois são pequenas demais para
serem enquadradas na caracterização de
Palmer (1991), podendo serem enquadradas
Hardt et al. (2009)
nos estágios iniciais, transitando para maduro
em alguns casos, conforme Rodet (2007),
tendo, no entanto, tornado-se relicto (paleocarste) antes que atingisse o completo
desenvolvimento. Esta classificação se justifica
pois: as cavernas são pequenos condutos
isolados, exceto pelas duas maiores, que
apresentam salões interconectados e condutos
paralelos e semi-paralelos entre si, denotando
um estado intermediário entre o inicial e o
maduro; existem nichos de dissolução
(alvéolos), que acabam por se ligarem a outros
por salões e condutos, indicando fases iniciais
da espeleogênese; e algumas formas de
dissolução encontrada nos tetos das cavernas
são características de fluxo lento, apesar das
dimensões do conduto, indicando que a água
se movimentava lentamente, não havendo,
ainda, um fluxo turbulento.
Figuras: 4 - Cúpula de dissolução no teto da Gruta do Fazendão, característica de conduto
totalmente inundado. (2008); 5 - Teto anastomosado, característico de conduto freático. Gruta do
Fazendão. Observe as formas delicadas, indicando um fluxo lento, sem erosão mecânica e com
erosão química (corrosão) (2008); 6 - Estalactites e concreções no teto da Gruta do Paredão,
demonstrando atividade química de dissolução e deposição. As maiores estalactites possuem cerca
de 4cm (2005); 7 - Fragmento de um conduto freático, típico de uma fase de completo alagamento da
caverna. Gruta do Fazendão (2005). Fotos: Rubens Hardt.
SBE – Campinas, SP | Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.
13
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
Também foram encontrados, nos tetos
das cavernas, formas típicas de dissolução,
como tetos anastomosados e cúpulas (Figuras
4 e 5), além de pequenos espeleotemas que
demonstram que, após a completa saída da
água, a dissolução continua, por percolação
das águas pluviais por entre as fraturas da
rocha, indo se depositar no interior da
cavidade (Figura 6).
Os condutos existentes tendem a um
formato de arco ou ogiva. Estes formatos
apresentam uma estabilidade natural, com
a distribuição do peso das rochas acima
nas laterais do conduto. Grandes
desmoronamentos aparecem em alguns
salões de dimensões maiores, mas,
mesmo nestes, é possível identificar
vestígios do conduto freático (Figura 7) que
antecedeu ao desmoronamento, indicando
uma evolução em diversas fases.
Fica evidente, no arenito, que as
principais formas de dissolução acabam
preservadas no interior das cavernas, pois,
exceto quando as formas ainda estão
ativas, ou em desenvolvimento, estas
tendem a desaparecer da paisagem
quando expostas a outros processos
intempéricos de natureza mecânica (chuva,
vento, fluxos de água), devido à
suscetibilidade deste tipo de rocha a estes
processos.
Chapada dos Guimarães
Morfologia externa
A área de estudo situa-se no interior da
feição morfológica conhecida por Chapada dos
Guimarães. Segundo Gonçalves e Schneider
(Apud Ross e Santos, 1982), um soerguimento
do centro do continente, posterior a deposição
da Formação Cachoeirinha, deu condições
para a esculturação do relevo do centro-leste
de Mato Grosso, formando, na parte
Setentrional, vastos chapadões com mergulho
para o Norte. Ainda segundo os autores, a
borda Oeste da bacia do Paraná é assinalada
por escarpa íngreme composta por sedimentos
da
Formação
Furnas
e
rochas
do
embasamento cristalino. A erosão diferencial
destacou as formações gerando feições
variadas.
14
Hardt et al. (2009)
Moreira (1977, p. 14) discorrendo sobre o
relevo mato-grossense, relata que:
...a borda da Bacia Sedimentar é
marcada por um vasto alinhamento de
"cuestas" e Chapadas que vão desde o
limite com o Paraguai, em Mato Grosso, até
a depressão periférica modelada em rochas
Pré-Cambrianas, no Triângulo Mineiro. As
frentes das "cuestas" voltadas para o
exterior da bacia são festonadas, com
pontas avançadas ("trombas" em Mato
Grosso) e profundas reentrâncias que
abrigam os altos cursos dos tributários do
rio Paraguai. No noroeste da bacia, a
cobertura Cretácica coroa parte da serra do
Caiapó ou recobre, localizadamente, o topo
dos chapadões e "cuestas" talhadas nas
formações Paleozóicas subjacentes. Em
todo caso, porém, são as grandes vertentes
esculpidas nas formações Paleozóicas
areno-sílticas de colorações avermelhadas
e estratificação horizontal ou entrecruzada,
como na Chapada dos Guimarães, no
nordeste de Cuiabá.
O relevo local se desenvolve no reverso
da cuesta. Neste reverso, de relevo suave,
quase plano, levemente inclinado para norte,
abrem-se vales escarpados e alargados,
formando um relevo de transição de um clima
árido para um clima úmido, com elementos
morfológicos de ambas as condições
climáticas, fato este observado por outros
autores em áreas similares, como Passos
(2000), e Hardt (2004).
Como conseqüência destas mudanças
climáticas, no reverso da cuesta isolam-se
pequenos tabuleiros, na forma de testemunho,
limitados por escarpamento quase vertical,
com paredões que por vezes ultrapassam 30
metros, sendo que em um destes testemunhos,
alongado no sentido Oeste-Leste, em função
de condicionantes estruturais, se desenvolve a
gruta Aroê-Jari, motivo deste estudo, bem
como outras duas grutas, também revestidas
de importância, a gruta da Lagoa Azul e a gruta
Kiogo-Brado. Esta última localiza-se em um
apêndice de uma estrutura maior, separado do
testemunho por um vale já bastante
aprofundado e recoberto por uma mata densa
tropical.
Depressões
fechadas
podem
ser
encontradas em partes do relevo. Uma das
mais importantes é a depressão poligonal que
Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.| SBE – Campinas, SP
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
separa o testemunho onde se encontra a AroêJari do maciço de onde este se destaca. Esta
depressão de aspecto alongado e muito suave,
não
é
perceptível
localmente,
sendo
identificada apenas pelas drenagens que se
concentram e correm para o interior da gruta.
Outras
depressões
importantes
encontram-se na área superior do maciço,
constituindo-se em uma dolina arredondada, e
uma uvala elíptica, resultado da coalescência
de duas dolinas, em cujos interiores se
encontram
grutas
que
permitem
a
comunicação entre ambas às depressões e
que drenam a água que nelas se acumulam
para um córrego interno, que desemboca no
interior da gruta Aroê-Jari.
O
mapa
de
compartimentação
morfológica (Figura 8) apresenta os três
compartimentos de relevo e sua localização,
permitindo a compreensão do sistema. Os
altos estruturais cercam vales. Nestes,
diversas nascentes compõem a bacia do
Monjolinho. A nascente difusa que forma a
depressão poligonal pertence à mesma bacia,
mas drena para esta através da caverna AroêJari.
As escarpas, sejam dos testemunhos ou
na estrutura maior, são sustentadas em parte
por um arenito mais rígido, silicificado, que
impede uma erosão mais acelerada, ou,
eventualmente, por concreções ferruginosas
(lateritas) (Vasconcelos, 2005), que afloram em
alguns trechos das vertentes (Figuras 9 e 10).
Uma
formação
particularmente
interessante,
resultado
desta
diferença
litológica, é a “Ponte de Pedra”, onde o arenito
silicificado, mais rígido, sobreviveu aos
processos de intemperismo, enquanto que a
sua base, mais friável, foi completamente
retirada. (Figura 11).
Na superfície cimeira, em geral bastante
aplainada, os afloramentos rochosos são
freqüentes, demonstrando que os processos
intempéricos
são
bastante
ativos
na
dissecação do relevo, não permitindo o
acúmulo de solos, sendo que o material
intemperizado acaba transportado, por água ou
vento, para o fundo dos vales. Tal superfície,
pelo nivelamento topográfico e presença de
concreções, trata-se provavelmente de uma
antiga superfície de erosão.
Formações tipo “casco de tartaruga”
(Figura 12) são observadas em diversas áreas,
Hardt et al. (2009)
tais formações se enquadram na categoria de
"pavimentos tessalônicos". A gênese de tais
pavimentos ainda é questionável, e várias
hipóteses foram aventadas (Branagan, 1983).
Relevos ruiniformes aparecem nas
escarpas, decorrente da erosão diferenciada
que ocorre em pontos da rocha que sofreram
diaclasamentos.
Este controle estrutural (diáclases) no
substrato rochoso é importante, não só no
lineamento dos vales, mas também dos altos
estruturais, dando origem a formas alongadas,
bem como morrotes residuais (hums), que se
destacam das escarpas próximas. Também é o
condicionante dos condutos das cavernas
(Borghi e Moreira, 2002).
Formas de dissolução nas superfícies
rochosas, conhecidas por kamenitzas (Figura
13), aparecem com frequência nas cimeiras
dos altos estruturais, e somadas a outras
formas em geral associadas ao relevo cárstico,
como as ruiniformes e os arcos, bem como
hums e depressões fechadas, além das
próprias cavernas, permitem demonstrar que
esta área se comporta, desde um ponto de
vista sistêmico, como um carste.
Morfologia interna
As cavernas Aroê-Jari, Lagoa Azul e
Kiogo-Brado, apresentam um nítido controle
estrutural, que pode ser observado pelo
diaclasamento visível, sobretudo no teto das
cavidades, bem como no controle litológico
decorrente do contato entre duas litologias
distintas.
As diáclases condicionam a direção dos
condutos, sentido ENE/OSO, dando uma
feição linear, exceto na parte central da
caverna Aroê-Jari, onde se observa a
convergência de condutos em direção ao
conduto
principal,
decorrente
de
um
diaclasamento secundário.
Não é possível enquadrar com precisão a
mencionada caverna na classificação de
Palmer (1991). Tal se deve pelo fato de que tal
classificação, elaborada para cavernas em
rochas carbonáticas, não ser totalmente
adequada para outras litologias. Aproxima-se,
no entanto, ao que Palmer chama de “Caverna
de passagem única”. Na visão de Rodet
(2007), trata-se de um monocoletor.
SBE – Campinas, SP | Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.
15
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
Internamente, o plano de corte dos
condutos é caracterizado por um conduto de
teto. Observa-se nitidamente um alargamento
da base em relação à porção superior do
conduto, em função de um evento
paragenético, com preenchimento do conduto
inferior com sedimentos provocando a erosão
do teto (Figuras 14 e 15).
O controle estrutural é nítido também nas
cavernas Lagoa Azul e Kiogo-Brado. No
Hardt et al. (2009)
entanto, no caso da Kiogo-Brado uma única
diáclase condiciona a formação do conduto,
tornando-o estreito e alto.
Nas
cavernas
Aroê-Jari e Lagoa Azul, duas diáclases
próximas
das
laterais
dos
condutos
determinam sua forma mais alargada,
tendendo para um retângulo. As Figuras 16 e
17 apresentam os condutos típicos das grutas
Lagoa Azul e Kiogo-Brado, respectivamente.
Figura 8 – Mapa de compartimentação geomorfológica. Em marrom, estão representados os altos
estruturais, em geral separados dos vales (em laranja), por escarpamentos que podem atingir mais
de 30m de desnível. Partes se conectam com o relevo dos vales de forma suave, neste caso, a linha
divisória foi traçada a meia vertente. Os tons de laranja diferenciam as bacias. Estas estão
conectadas pela caverna Aroê-Jari, mas para a compreensão do sistema, foram representadas
separadamente. Organizado por Rubens Hardt, com base em observações de campo, dados
coletados com GPS, bússola e clinômetro, e imagem disponível pela Internet através do provedor de
imagens GoogleEarth. (2007).
16
Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.| SBE – Campinas, SP
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
Ainda na caverna Aroê-Jari, em vários
pontos é possível observar cúpulas de
dissolução. Tais feições são relevantes, pois
são claros indicativos da dissolução da rocha.
A existência de tais formas é significativa
(Figura 18).
Outra feição importante sob esta
perspectiva é o conjunto de travertinos
encontrado no interior da caverna Aroê-Jari
(Figura 19). Testes com soluções ácidas não
resultaram em qualquer reação, indicando
ausência de carbonatos.
Considerações Finais
As observações feitas até o momento
evidenciaram algumas características gerais
dos relevos cársticos das áreas estudadas,
permitindo a formulação de hipóteses mais
Hardt et al. (2009)
prováveis para explicar a existência destas
formas cársticas e sua manifestação em uma
cronologia relativa.
Assim sendo, alguns fatores são
discutidos em cada área, demonstrando
algumas semelhanças e diferenças entre elas.
Serra de Itaqueri
Considerando-se
as
cavernas,
isoladamente, observa-se que estas ocorrem
principalmente no setor leste da serra, em
posição de contato entre o front e o tálus,
estando, aproximadamente, no mesmo nível
altimétrico, cerca de 840m SNM. Também se
observam, em seu interior, como já
apresentado no capítulo anterior, formas de
dissolução, indicando a existência de uma fase
freática anterior, hoje ausente.
Figuras: 9 – Escarpamento sustentado por arenito rígido, silicificado (no topo), sobrepondo arenito
mais friável (na base). Proximidades da caverna Aroê-Jari, junho de 2006; 10 – Fragmento de
concreção laterítica no topo de alto estrutural, proximidade da caverna Aroê-Jari. Tamanho
aproximado: 2,5 cm, fevereiro de 2006; 11 – “Ponte de Pedra”, formação decorrente do intemperismo
diferenciado de duas litologias, junho de 2006; 12 – Formação tipo “casco de tartaruga”, junho de
2006. Fotos: Rubens Hardt.
SBE – Campinas, SP | Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.
17
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
Hardt et al. (2009)
Figuras: 13 – Forma típica de dissolução, conhecida como Kamenitza, encontrada em superfície
rochosa. Aparecem com frequência nos arenitos silicificados que sustentam os altos estruturais,
fevereiro de 2006; 14 – O controle paragenético determina a forma do conduto. Observe na parte
superior, o canal de teto, mais estreito que a parte inferior, em decorrência de um evento de
entulhamento sedimentar da cavidade, junho de 2006; 15 – Salão central, gruta Aroê-Jari. Aqui
também é possível observar a diferença devido à paragênese. Na parte superior, um conduto de teto
estreito, enquanto que na parte inferior, um amplo salão domina. As dimensões deste salão estão
relacionadas ao controle estrutural, com a convergência de condutos laterais e fluxo secundário de
água. Observe também o nítido contato entre as duas formações litológicas nas proximidades do
teto, fevereiro de 2006; 16 – Aparência típica do conduto da caverna Lagoa Azul, fevereiro de 2006.
Fotos: 13 – Rubens Hardt; 14, 15 e 16 – José Ayrton Labegalini.
Figuras: 17 – Aparência típica do conduto da caverna Kiogo-Brado, fevereiro de 2006; 18 – Cúpula de
dissolução no teto de conduto da caverna Aroê-Jari, junho de 2006; 19 – Travertinos no interior da
caverna Aroê-Jari, fevereiro de 2006. Fotos: 17 e 19 – José Ayrton Labegalini; 18 – Rubens Hardt.
18
Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.| SBE – Campinas, SP
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
O contexto geológico apresenta as
cavernas inseridas no Arenito Botucatu, quase
sempre associadas a afloramentos de basalto
em posição altimétrica acima da posição das
cavidades. Tal constatação é importante, pois,
a presença do basalto permite a formação de
aquíferos com um PH alto (básico),
extremamente favorável a dissolução da sílica,
que pode ajudar a explicar a formação destas
cavidades.
Acredita-se que, em um passado
geológico, situação semelhante a encontrada
no município de Águas de São Pedro e
proximidades, ocorreu, permitindo a formação
de um aquífero com PH básico, favorecendo
não apenas a dissolução dos arenitos, como
também a formação de condutos, dando
origem às cavernas.
Embora esta não seja a única origem
possível para as cavernas regionais, as
cavernas maiores e mais expressivas em
termos morfológicos se encontram nestas
áreas, mostrando que a presença do basalto
pode ser significativa no desenvolvimento das
cavidades. Trata-se portanto, de um paleocarste, um carste não mais ativo, decorrente da
atividade química em meio freático, quando
este nível se encontrava muitos metros acima
do atual.
Seguiu-se uma fase em que, em função
do rebaixamento do freático, as águas
abandonaram as cavidades, gerando um
segundo estágio de evolução, onde ocorreram
grandes abatimentos, devido ao fato de as
rochas que compunham o nível superior da
cavidade formada estarem parcialmente
intemperizadas, e a saída da água provocou
perda de sustentação, induzindo ao colapso.
Uma terceira fase, a atual, encontra-se
em desenvolvimento, com os condutos
estabilizados, e a dissolução da rocha na parte
superior da cavidade se dando devido à
infiltração das águas intempéricas, depositando
minerais em seu interior, como atestam os
espeleotemas presentes ainda em formação.
Já na parte superior da cuesta, em seu
reverso, formam-se dolinas muito nítidas,
largas e rasas, cujo interior é tomado por
turfeiras. Por se tratar de uma feição atual, o
desenvolvimento dos processos cársticos se
dá possivelmente, pelo acúmulo de matéria
orgânica, como descrito por Bennett (1991).
Tratam-se, portanto, de feições em plena
Hardt et al. (2009)
evolução, estando bastantes ativas na época
das chuvas, quando se alagam, e pouco ativas
no período das secas.
O controle estrutural está presente em
todas as formas, acompanhando algum dos
diversos lineamentos já identificados por
diversos autores, como visto anteriormente.
Estes são facilmente observados no interior
das cavidades e podem ser inferidos na
superfície por anomalias de drenagem e
lineamentos nos fronts de cuesta.
As evidências de dissolução química
também estão presentes, podendo-se observálas tanto no interior das cavidades, quanto na
área externa, demonstrando que processos de
dissolução química vem atuando no modelado
desde a muito tempo.
Chapada dos Guimarães
Na área da Chapada dos Guimarães, as
cavernas têm um nítido controle estrutural,
facilmente observável no interior destas. A
dificuldade encontra-se em demonstrar uma
associação com fatores geoquímicos que
permitam explicar a dissolução, uma vez que
ao contrário do que ocorre na Serra de Itaqueri,
não existem afloramentos de basalto. A
explicação geoquímica mais provável, para a
existência das cavidades está, possivelmente,
associada a presença de matéria orgânica.
Muita matéria orgânica em decomposição é
encontrada no interior da cavidade, trazida
pelas águas, criando um ambiente favorável a
dissolução da sílica. Bancadas ferruginosas
também podem ter contribuído, pois estas são
encontradas em diversas partes do maciço. O
fator litológico é também importante para
explicar as dimensões das cavidades. Embora
a dissolução química se apresente como o
elemento fundamental para a existência
destas, após ter-se estabelecido um fluxo
turbulento, as paredes provavelmente se
alargaram em função da erosão mecânica,
atuando em uma litologia mais friável na parte
inferior, preservando o teto na parte superior
em função da resistência mecânica ao
desabamento, decorrente da rocha superior
(formação Alto Garças) ser muito mais rígida
que a inferior (Formação Vila Maria), embora
ambas sejam arenito.
As dimensões dos condutos também
implicam que, em um passado geológico,
houve um fluxo muito maior de água que no
SBE – Campinas, SP | Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.
19
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
presente. Hoje, o nível freático se encontra
aflorando no interior da cavidade, sendo que
em sua maior parte, raramente passa de um
metro de profundidade, existindo, no entanto,
partes com profundidades maiores. A
quantidade de água, com uma vazão muito
pequena, tem origem em afloramentos no
próprio interior da cavidade, ou em nascentes
difusas em uma depressão poligonal irregular
nas proximidades da mesma, que migra para o
seu interior. Como hoje a cavidade se encontra
no reverso da cuesta, muito próximo de seu
front (cerca de 1,5Km), é possível que, com a
evolução da cuesta, um rio que antes drenava
de forma consequente, passando pela gruta
Aroê-Jari, tenha sido capturado para o front e
depressão periférica, tornando-se obsequente
e não mais correndo pelo interior da cavidade.
Na parte externa, a depressão poligonal
próximo a caverna maior (Aroê-Jari), serve de
nascente difusa e possui muita vegetação em
seu interior, sendo possível observar depósitos
de turfa nas mesmas. É uma área quase plana.
Consequentemente, a drenagem é lenta, tendo
pouca influência mecânica, como se pode
observar pela ausência de sedimentos na água
que penetra a cavidade, acredita-se que a
presença de matéria orgânica é a principal
responsável pela evolução da depressão, pois
a base desta está tomada por turfeiras.
Na parte superior do maciço da Aroê-Jari,
encontram-se
dolinas
de
abatimento,
permitindo o acesso a uma pequena cavidade,
ligada a Aroê-Jari pela hidrologia, mas não por
condutos penetráveis pelo homem. Algumas
destas dolinas coalescem, formando pequenas
uvalas.
Talvez as formas mais significativas de
revelo cárstico, excetuando-se as cavernas,
seja a presença de kamenitzas, relevo
ruiniforme, e principalmente, os karrens, que se
apresentam em rochas hoje expostas, mas que
indicam um desenvolvimento subcutâneo, na
zona epicárstica.
Dentre as principais contribuições desta
pesquisa, talvez seja a explicação proposta
para as formas chamadas de "casco de
tartaruga", fragmentos poligonais na superfície
das rochas, conhecidos genericamente como
pavimentos tessalônicos ou quebra poligonal,
uma das mais importantes. Branagan (1983)
apresenta uma distinção em quatro tipos de
pavimentos, de acordo com a origem. Para o
20
Hardt et al. (2009)
autor, estes pavimentos se formam por redes
de juntas (origem portanto associada ao
tectonismo); pelo rápido resfriamento de
rochas vulcânicas em superfície, provocando a
quebra em polígonos; pelo ressecamento de
argilas e posterior litificação, e um por fim, um
tipo denominado genericamente pelo autor de
"quarto tipo", nos quais se incluem os "cascos
de tartaruga" ou, como denomina o autor, "pele
de elefante", para o qual diversas explicações
foram propostas, mas nenhuma explica
completamente o fenômeno.
Opina-se que tais pavimentos teriam sua
origem
em
fenômenos
epicársticos,
desenvolvendo-se no contato rocha-solo, onde
a umidade do solo permitiria uma interação
química lenta dos fluídos na superfície da
rocha, induzindo, posteriormente, a sua quebra
por stress, quando da perda desta umidade.
Isto permite explicar porque tais pavimentos
aparecem inclusive, em superfícies inclinadas
da rocha, em posição vertical. Seriam, desta
forma, exemplos de formas cársticas,
corroborando a existência deste na referida
área. Na literatura investigada, não se conhece
interpretação semelhante.
Considerações gerais
Os
dados
colhidos
em
campo
demonstram a existência de formas de
dissolução e também uma cronologia de
evolução,
ainda
não
completamente
compreendidas, para ambas as áreas de
estudo, corroborando com o conceito de que o
carste se desenvolve em rochas não
carbonáticas, notadamente o arenito, e
tornando-se assim, uma contribuição ao
conhecimento do carste em rochas de grande
ocorrência em território brasileiro.
Existem grandes diferenças entre as
manifestações cársticas em cada área. Estas
diferenças, associadas com o estágio diferente
de desenvolvimento do endocarste, podem
auxiliar a compreender os mecanismos
comuns de desenvolvimento do carste em
arenitos, bem como expor características
localizadas.
Em pesquisas futuras, pretende-se
complementar
os
dados
de
campo,
preenchendo lacunas que ainda carecem de
explicação,
bem
como,
em
havendo
possibilidade, realizar análises químicas que
demonstrem, sob a perspectiva geoquímica, a
Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.| SBE – Campinas, SP
Exem plos Brasileiros de Carst e em Arenit o: Chapada dos Guim arães ( MT) e Serra do...
dissolução da rocha.
Agradecimento
O Autor Rubens Hardt agradece a
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior o auxílio recebido
através do Programa de Doutorado com
Estágio no Exterior - PDEE, sem o qual este
trabalho não seria possível
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A revista Espeleo-Tema é uma publicação da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE).
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SBE – Campinas, SP | Espeleo-Tema. v. 20, n. 1/2, p. 7-23. 2009.
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