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André Duarte (Filosofia – UFPR) Durante um bom tempo os intérpretes do pensamento de Hannah Arendt se limitaram a enfatizar a sua inegável originalidade, aspecto tanto mais evidente, na medida em que a própria autora sempre foi bastante discreta quanto à explicitação dos seus débitos teóricos. Certamente, sabia-se que Arendt fora uma aluna brilhante de Heidegger, Jaspers e outros intelectuais de renome da Alemanha dos anos vinte, aspecto fartamente documentado em sua biografia. No entanto, o simples fato de que sua obra teórica tornou-se mundialmente reconhecida por causa de sua peculiar interrogação da política e de seus principais eventos contemporâneos, acabou por colocar em segundo plano uma análise da relação entre a sua formação acadêmica filosófica e a sua própria produção intelectual posterior, voltada, sobretudo, para o campo da teoria política. Era como se Arendt estivesse em constante diálogo apenas consigo mesma, e não com as principais correntes do pensamento filosófico alemão em que ela se formara, a fenomenologia e as filosofias da existência, resultando dessa lacuna um certo empobrecimento e distorção das discussões de seu pensamento. Felizmente, desde meados dos anos oitenta essas deficiências vêm sendo superadas pelo surgimento de numerosos estudos em que se discutem as relações teóricas entre Arendt e seus mestres de pensamento, Heidegger, em particular. Este texto se insere nesse âmbito mais amplo de investigações, na medida em que procura discernir de que maneira a original contribuição de Hannah Arendt para a teoria política é devedora de um intrincado processo de apropriação, por meio do qual a autora transformou e reelaborou certos conceitos fundamentais do pensamento heideggeriano, de modo a ressaltar a sua pertinência no âmbito de uma reflexão pós-metafísica sobre a política. Segundo pretendemos argumentar, o pensamento de Hannah Arendt se desenvolveu e ganhou contornos próprios a partir de um confronto com o
O pensamento arendtiano elaborou-se à sombra das rupturas decisivas que obscureceram o presente, iniciando-se com a análise crítica do fenômeno totalitário para complementar-se com uma vigorosa crítica da tradição do pensamento político ocidental, cujas categorias não mais permitiriam a compreensão dos eventos políticos contemporâneos, nem ofereceriam alternativas capazes de revigorar a política e obstar a reinstituição do mal totalitário. O argumento deste texto é o de que, impossibilitada de fiar-se na tradição do pensamento político, Arendt não se contentou em simplesmente lamentar a perda da dignidade da política no presente por meio de uma rememoração nostálgica do passado greco-romano. Refletindo sob inspiração do pensamento de Heidegger e Benjamin, Arendt retornou aos fragmentos políticos do passado porque reconheceu que a tradição do pensamento político ocidental eclipsara os traços essenciais da ‘origem’ do político, os quais, a despeito de não terem sido legados, nem por isto teriam desaparecido, pois repetir-se-iam de maneira transfigurada nos eventos revolucionários modernos, em que os cidadãos se reapropriam da política em atos e palavras e visam dar início a algo novo, rompendo o continuum da história e trazendo de volta ao presente e ao futuro as possibilidades políticas esquecidas no passado.
O conceito agostiniano de “Amor Mundi” é essencial para o pensamento político de Hannah Arendt, pois lhe inspirou uma alternativa em relação à atitude teórica dos pensadores da política de inspiração marxista ou liberal. O presente texto apresenta dois objetivos. Trata-se tanto de compreender o sentido que Arendt atribuiu ao conceito agostiniano de “Amor Mundi” em A Condição Humana (1958), estabelecendo, para isso, uma comparação com sua interpretação prévia deste mesmo conceito na Tese de Doutorado, O Conceito de Amor em Agostinho (1929), bem como, também, de explorar as implicações teóricas decorrentes de sua orientação do pensamento político para o mundo. O que significa professar uma atitude teórica de amor pelo mundo ao pensar a política, isto é, o que significa orientar-se no pensamento político pelo amor do mundo? E ainda: que significam amor e mundo nessa divisa arendtiana? The text investigates Arendt's notion of Amor Mundi and discusses the theoretical differences between her understanding of it in her Thesis on Augustin's concept of love (1929) and in The Human Condition (1958), a major work which was to be called Amor Mundi. I argue that Arendt's understanding of the political relevance of Augustin's philosophy suffers a considerable change between these two texts. This change relates to Arendt's own growing interest in the political dimension of the common world, whereas in the Thesis the political question was only a side problem addressed at the end of the work. This theoretical change implies a considerable shift in Arendt's appraisal of Augustin's reflection.
Argumentos: Revista de Filosofia (Online), v. 1, p. 39-63, 2013.
Hannah Arendt e o pensamento político: a arte de distinguir e relacionar conceitos. In: Argumentos: Revista de Filosofia (Online), v. 1, p. 39-63, 2013.2013 •
The text discusses Arendt’s peculiar political thought, whose originality and independence concerning classic ideological criteria such as right and left frequently arises perplexities amongst her readers. This situation is aggravated by the fact that Arendt offers no explanation concerning the methodological procedures that orient her political thought. My hypothesis is that the main characteristic of Arendt’s political thinking lies in its capacity of both distinguishing and relating the distinguished concepts, an interpretation that counters current critical readings that stress Arendt’s supposedly rigid and contemporarily unattainable concepts. Against those criticisms, I argue that by facing the rupture of tradition Arendt exercised a “thinking without banisters” which was neither dialectical nor squematic, a thinking that proceeded by simultaneously distinguishing and relating concepts, so that their own intelligibility depends on their own confrontation and correlation. Finally, I believe that by clarifying this Arendtian thought-procedure one is entitled to rereading her works, thus highlighting their relevance to understanding some of our social-political matters. Keywords: Arendt; Political thinking; Conceptual distinctions; Rupture of tradition.
A autora tem como proposta refletir sobre o papel da memória e da história em nossa cultura contemporânea, através de uma aproximação ao pensamento de Hannah Arendt e Walter Benjamin. The author has as purpose to reflect about the role of memory and history in our contemporary culture, through an approximation to the thought of Hannah Arendt and Walter Benjamin.
Conference: Arendtian critique of Annales historiography, Marxist historiography and positivist historiography
Judith Butler e Hannah Arendt em diálogo: repensar a ética e a política André Duarte (Filosofia UFPR/CNPQ) Nem sempre foi assim, mas atualmente ninguém negaria que Hannah Arendt se tornou uma autora bastante conhecida no Brasil, transformando-se em importante referência para repensar a ética e a política na contemporaneidade. Ao mesmo tempo, porém, também se fazem ouvir, aqui e ali, importantes vozes dissonantes, sobretudo oriundas do feminismo, as quais criticam os limites de uma reflexão ético-política que teria sido incapaz de se debruçar sobre os movimentos políticos de minorias, tornando-se, assim, um tanto extemporânea ou passadista. Do ponto de vista do feminismo, portanto, nenhum diálogo pareceria possível entre Arendt e Butler, tanto mais pelo fato de que até bem pouco tempo atrás somente dispúnhamos da tradução de sua primeira obra importante, Gender Trouble: Feminism and the subversion of
Discuto as distinções arendtianas entre poder e violência, referindo-as à sua análise das modernas revoluções. Após retraçar aquela distinção, discuto o seu caráter relacional e contesto as críticas que asseveram seu caráter supostamente rígido e essencialista. Ao enfatizar seu caráter relacional, argumento que tais distinções nos permitem compreender a natureza de fenômenos distintos em suas intrínsecas relações, de modo que não se poderia pensar a política sem a violência ou o público sem o privado. Finalmente, argumento que o legado de sua análise das revoluções reside em sugestões para revitalizar o exercício da democracia no present
Hannah Arendt tornou-se mundialmente famosa com sua análise do fenômeno totalitário em As Origens do Totalitarismo, publicada em 1951, obra reconhecida atualmente como um clássico da reflexão política contemporânea. A exemplo do que se passa com toda a produção da autora, também este é um livro marcado por teses polêmicas e inventivas, tais como a sua definição dos traços comuns ao nazismo e ao estalinismo, procedimento que, de saída, punha em xeque as fronteiras tradicionais entre o pensamento político de direita e de esquerda. Não bastasse isso, acrescente-se ainda o fato de que vários pressupostos teóricos importantes para a sua adequada compreensão permanecem implícitos e como que escondidos do leitor ao longo de três grandes volumes, o que apenas multiplica os mal-entendidos e as controvérsias que o caráter original e provocativo do pensamento arendtiano freqüentemente suscita. De fato, em momento algum Arendt explica o método bastante inusual empregado na sua reconstituição das origens do totalitarismo, nem sequer esclarece em que sentido a noção de origem é empregada ao longo do texto, falha que ela própria viria a reconhecer ao afirmar que " uma das dificuldades do livro é a de que ele não pertence a nenhuma escola e quase não utiliza quaisquer dos instrumentos oficialmente reconhecidos ou controversos ". 1 Isto significa que é preciso aprender a reconhecer o método e os critérios do pensamento arendtiano ali mesmo onde eles não se mostram com tanta evidência, tarefa para a qual cabe tomar como referência fundamental os textos nos quais Arendt formulou suas reflexões imediatamente posteriores à publicação de As Origens do Totalitarismo, muitas delas dedicadas a um esclarecimento dos problemas metodológicos suscitados pela obra. Não é de se estranhar, portanto, que várias questões polêmicas tenham marcado a recepção de sua primeira obra, sobretudo em relação aos critérios historiográficos que orientaram a sua composição. Seyla Benhabib, por exemplo, a despeito de considerar o inegável brilhantismo da obra, observou que, para além de todas as dificuldades e
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