ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
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Testes diagnósticos nacionais: insumos
essenciais para a vigilância sindrômica da
Covid-19
Brazilian diagnostic tests: essential health supplies for COVID-19
syndromic surveillance
Fabrício Vieira Cavalcante1, Aimê Oliveira1, Sidclei Queiroga de Araujo1, Christina Pacheco2, Ruth
da Conceição Costa e Silva Sacco1
DOI: 10.1590/0103-1104202213405
RESUMO Existe ampla evidência que a contenção da pandemia de Covid-19 requer vigilância sindrômica
e isolamento de casos suspeitos/confirmados. É essencial a disponibilidade de testes diagnósticos no
Sistema Único de Saúde, que poderia ser facilitada pela soberania nacional no desenvolvimento e produção,
considerando-se a alta demanda/escassez no mercado internacional. Este estudo identificou as etapas
da pesquisa translacional de testes diagnósticos para Covid-19 no Brasil, verificando sua distribuição
geográfica, entre outros indicadores. Estudo transversal, exploratório, partindo de banco público com
789 projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em Covid-19, complementado com outras
buscas, inclusive no CVLattes dos pesquisadores. No banco, havia 89 projetos de testes diagnósticos.
Em 45 casos, foi possível obter informações complementares para classificá-los conforme as etapas da
pesquisa translacional. Identificaram-se 15 inovações que atingiram o estágio T3, ou seja, tiveram seus
produtos incorporados em protocolos clínicos na atenção à saúde, mesmo considerando-se as profundas
restrições orçamentárias em PD&I. O Brasil possui potencial de desenvolvimento e implementação de
produtos tecnológicos na área de testes de diagnóstico para Sars-CoV-2. Políticas públicas de PD&I em
saúde necessitam ser priorizadas para ampliação de cooperações nacionais e internacionais, a fim de
promover efetiva autonomia nacional na vigilância sindrômica e à saúde da população.
PALAVRAS-CHAVE Pesquisa médica translacional. Teste para Covid-19. Pesquisa em sistemas de saúde pública.
1 Universidade
de Brasília
(UnB) – Brasília (DF),
Brasil.
fabricioocavalcante@gmail.
com
2 Universidade Estadual
do Rio Grande do Norte
(UERN) – Natal (RN),
Brasil.
ABSTRACT There is much evidence suggesting that mitigating the COVID-19 pandemic requires syndromic
surveillance and isolation of suspected/confirmed cases. The availability of diagnostic tests in the Brazilian
Unified Health System (SUS) is essential, which could be facilitated by national sovereignty in development
and production, considering the high demand/lack of supply in the international market. This study identified
the stages of translational research into diagnostic tests for COVID-19 in Brazil, verifying their geographic
distribution, among other indicators. A cross-sectional, exploratory study based on a public database with
789 Research, Development, and Innovation (RD&I) projects regarding COVID-19, complemented by other
searches, including the researchers’ curricula (CVLattes). There were 89 diagnostic test projects in the database.
In 45 cases, it was possible to obtain additional information to classify them according to the translational
research stages. Fifteen innovations that reached the T3 stage were identified, with their products incorporated
into clinical protocols in healthcare, even considering the deep budget restrictions in RD&I. Brazil has the
potential to develop and implement technological products in the field of diagnostic tests for SARS-CoV-2.
Public health RD&I policies need to be prioritized to expand national and international cooperation to
promote effective national autonomy in syndromic surveillance and population health.
KEYWORDS Translational medical research. COVID-19 testing. Public health systems research.
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative
Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer
meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado.
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Cavalcante FV, Oliveira A, Araujo SQ, Pacheco C, Sacco RCCS
Introdução
Em todo o mundo, até outubro de 2021, contabilizaram-se 240 milhões de casos confirmados e mais quase 5 milhões de óbitos pela
Covid-191. No Brasil, nesse mesmo período,
houve aproximadamente 21 milhões de casos
confirmados e mais de 600 mil óbitos2. Em
razão disso, instituições de pesquisa de diferentes países buscam tecnologias e inovações
que respondam de modo efetivo à pandemia,
como imunobiológicos, testes diagnósticos
e outras intervenções não farmacológicas3.
Entre as medidas adotadas para controle da
doença, está a testagem populacional, visando
ao diagnóstico precoce. Associada à vigilância
em saúde, a testagem permite análise e interpretação sistemática dos dados, promovendo
planejamento e intervenções adequadas4,5.
Nesse sentido, a vigilância sindrômica, realizada a partir do diagnóstico, do rastreamento
e do monitoramento de casos, com base na
testagem, tem sido utilizada para reduzir o
tempo na tomada de decisão e evitar novas
infecções6-8.
As consequências sanitárias, econômicas
e sociais da pandemia requerem desenvolvimento tecnológico para amenizá-las de modo
seguro e eficaz3. Instituições de ensino, ao
firmarem parcerias com o setor produtivo e o
governo, potencializam a busca por soluções
aplicáveis, transformando conhecimento em
produtos benéficos à população9. Aumentar a
capacidade de resposta desses atores no desenvolvimento de pesquisas e na aplicação clínica
dos resultados é fundamental para a oportuna
mitigação dos efeitos negativos da pandemia.
Assim, a Pesquisa Translacional (PT) surge
como mediadora, possibilitando a aplicação
do conhecimento para promover e recuperar
a saúde humana, conectando descoberta, desenvolvimento, regulação e implementação da
tecnologia10. Nos últimos anos, a aproximação
da PT para tradução do conhecimento e aplicação na sociedade tem sido alvo da comunidade
acadêmica e de tomadores de decisão11.
No Brasil, discute-se como esse modelo
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deve alinhar-se à realidade enquanto catalisador do desenvolvimento de tecnologias
endógenas capazes de solucionar problemas
de saúde12. Durante a pandemia, observou-se
que a produção de pesquisas foi acelerada13.
Protocolos e métodos de detecção de SarsCoV-2 foram rapidamente atualizados para
promover diagnóstico preciso e oportuno,
favorecendo a vigilância sindrômica quanto
ao rastreio e ao monitoramento de casos14,15.
Considerando a relevância de testes diagnósticos para a vigilância sindrômica, este
estudo teve como objetivo identificar as etapas
da PT de projetos sobre testes diagnósticos
planejados no Brasil para mitigação da pandemia de Covid-19, verificando sua distribuição
geográfica e correlação com a quantidade
de pesquisadores na localidade, o Índice
de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDH-M), o Produto Interno Bruto (PIB) e a
Taxa de Mortalidade Específica por Covid-19
(TMECovid-19).
Material e métodos
Trata-se de estudo transversal, de caráter
exploratório, partindo-se de banco de dados
com uma amostra de 789 projetos de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em saúde,
de 114 universidades públicas e de dois centros
de pesquisa brasileiros (Fundação Oswaldo
Cruz – Fiocruz e Instituto Butantan). As informações relacionadas com esses projetos
foram obtidas dos sítios da Internet dessas
instituições de ensino e centros de pesquisa,
no período de 10 a 15 de maio de 202016.
Após identificação dos projetos de PD&I
para testes diagnósticos para Covid-19, identificaram-se as etapas da PT, seguindo-se: 1)
Reconhecimento dos nomes dos responsáveis
pelos projetos, por meio de busca em sítios
de Internet de universidades brasileiras e
de editais de fomento à pesquisa no Brasil;
2) Consulta do currículo do pesquisador na
Plataforma Lattes17 para verificar menção à
pesquisa e seus desdobramentos; 3) Consulta
Testes diagnósticos nacionais: insumos essenciais para a vigilância sindrômica da Covid-19
em ferramentas de busca livre na Internet para
verificação de registros, por exemplo, artigos
científicos publicados pelo pesquisador; e 4)
Classificação dos projetos de PD&I conforme
as etapas da PT18,19 e seus respectivos temas, a
partir da descrição e dos objetivos do projeto.
A PT ocorre em um contínuo de etapas
desde a pesquisa até a aplicação de seus
achados na clínica, em comunidades e na saúde
pública18. Essas etapas envolvem cinco movimentos translacionais19: T0 – descoberta e sua
documentação científica; T1 – testes pré-clínicos para avaliação de segurança e eficácia e
aplicabilidade clínica; T2 – testes clínicos para
avaliação de segurança e eficácia por meio de
estudos observacionais e experimentais para
elaboração de guias e protocolos baseados em
evidências; T3 – avaliação da implementação
e disseminação destes guias à prática clínica;
e T4 – translação para a comunidade, com
avaliação do impacto na saúde pública.
A consolidação dos dados foi feita no
Programa Excel® (Microsoft Office, 2016).
Verificou-se a distribuição geográfica dos
projetos de PD&I por Unidades da Federação
(UF) e municípios, e foram elaborados mapas
utilizando-se o QGIS (versão 3.20.2, Odense),
Sistema de Informação Geográfica livre e de
código aberto.
Fez-se correlação da localização do centro
de pesquisa responsável pela execução do
projeto de PD&I com a quantidade de pesquisadores, o IDH-M, o PIB e a TMECovid-19
utilizando-se o Coeficiente de Correlação de
Pearson, no Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS, versão 24).
Dados sobre o IDH-M 2018 foram obtidos
no Atlas do Desenvolvimento Humano no
Brasil20, e os do PIB, no Sistema de Contas
Regionais21. As TMECovid-19 e os números
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absolutos de óbitos foram provenientes do
Painel Covid2.
A qualidade das instituições de ensino envolvidas nas pesquisas foi identificada pelo
Ranking Universitário Folha 2019 (RUF)22. O
dimensionamento da quantidade de pesquisadores baseou-se no Censo de Pesquisadores do
Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil17.
O estudo utilizou dados secundários de
acesso público, dispensando-se aprovação
ética.
Resultados
Identificaram-se as etapas da PT para projetos
de PD&I sobre testes diagnósticos relacionados com a vigilância sindrômica, planejados
por pesquisadores brasileiros para mitigação da Covid-19, verificando sua distribuição
geográfica e correlacionando-a à quantidade de pesquisadores, ao IDH-M, ao PIB e à
TMECovid-19.
No banco de dados, 89 projetos de PD&I,
de 30 instituições públicas, relacionaram-se
a testes diagnósticos para detecção do SarsCoV-2, sendo 25 universidades e 5 centros de
pesquisa. Destes, 3,4% (n=3) foram excluídos
por duplicidade, e 22,5% (n=20), pela impossibilidade de identificação do pesquisador
responsável e de sua etapa da PT.
Houve Maior concentração de pesquisas
na região Sudeste, destacando-se os municípios do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte
– exceção para Recife, que está localizado na
região Nordeste. Nenhuma pesquisa foi identificada na região Norte; e, para a Centro-Oeste,
verificaram-se estudos apenas em Campo
Grande e Brasília. A figura 1 apresenta a distribuição geográfica dessas instituições.
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Cavalcante FV, Oliveira A, Araujo SQ, Pacheco C, Sacco RCCS
Figura 1. Distribuição geográfica das instituições com pesquisas de testes diagnósticos para detecção do vírus Sars-CoV-2
por Unidades da Federação (UF) e municípios. Brasil, 2021
Fonte: elaboração própria.
Das 86 pesquisas planejadas, o estado de
São Paulo foi o que teve a maior quantidade
(n=38), seguido por Pernambuco (n=14), Minas
Gerais (n=10), Rio de Janeiro (n=5), Paraná
(n=5), Distrito Federal (n=4), Rio Grande do
Sul (n=3) e Bahia (n=2). Já os estados com
apenas 1 pesquisa foram: Alagoas, Maranhão,
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Mato Grosso do Sul, Paraíba e Santa Catarina.
As instituições de ensino com maior número de
pesquisas de testes diagnósticos para detecção
do vírus Sars-CoV-2 também se concentraram
na região Sudeste, conforme pode ser verificado na tabela 1, que evidencia sua distribuição
por instituições segundo o RUF22.
Testes diagnósticos nacionais: insumos essenciais para a vigilância sindrômica da Covid-19
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Tabela 1. Distribuição das pesquisas de testes diagnósticos para detecção do vírus Sars-CoV-2 por classificação das
instituições pelo Ranking Universitário Folha (RUF), Brasil, 2021
Número de instituições
com pesquisas de testes
diagnósticos de detecção
do vírus Sars-CoV-2
Classificação no RUF
Número de pesquisas de testes
diagnósticos de detecção do vírus
Sars-CoV-2
(n)
(%)
8a
57
66,3%
Instituições com o ranking entre 11º e 50º
10b
16
18,6%
Instituições com o ranking entre 51º e 197º
7c
8
9,3%
Fora do ranking
5d
5
5,8%
Total Geral
30
86
100%
As 10 melhores instituições
Fonte: Ranking Universitário Folha (RUF)22.
a USP (1º), Unicamp (2º), UFRJ (3º), UFMG (4º), UFSC (7º), UFPR (8º), UnB (9º) e UFPE (10º).
b UFSCar (12º), UFV (15º), UFF (17º), UFU (25º), UFLA (28º), UFPB (31º), UFPel (32º), UFABC (38º), UFMS (41º) e Ufal (45º).
c UFCSPA (61º), Unirio (65º), UPE (71º), Univasf (106º), UFRB (127º), Unila (125º) e Uema (157º).
d Fiocruz/BA, Fiocruz/MG, Fiocruz/PE, Fiocruz/PR e Fiocruz/RJ.
Das 30 instituições, 8 estão entre as melhores
do País (segundo o RUF) e concentram mais da
metade das pesquisas (66,3%). As 10 instituições
seguintes, que estão entre a 11ª e a 50ª posição
do RUF, foram responsáveis por 18,6% das pesquisas. Nota-se que as 5 instituições fora do RUF
e que representam 5,8% das pesquisas são todas
unidades da Fiocruz (tabela 1).
Para identificação das etapas da PT dos projetos de PD&I disponíveis no banco de dados
utilizado, foram desconsiderados aqueles que
ainda não haviam sido iniciados, o que representou 31,8% (n=21) deles, tendo sido feita a
classificação para 68,2% (n=45) dos projetos.
A tabela 2 mostra os projetos com seus respectivos temas e classificação nas etapas da PT.
Tabela 2. Classificação dos projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em saúde, na área de testes
diagnósticos planejados por cientistas brasileiros para a detecção de Covid-19, quanto às etapas da pesquisa translacional
e seus respectivos temas de pesquisa
Etapa da
pesquisa
translacional
Projetos
identificados
(n)
(%)
T0
20
44,5
Ciência de dados e desenvolvimento de máquinas para diagnóstico; fortalecimento
da infraestrutura laboratorial; desenvolvimento de kits diagnósticos; técnicas moleculares.
T1
5
11,1
Desenvolvimento de biomarcadores para Covid-19; testes sorológicos e construção
de modelo matemático para estimativa do diagnóstico.
T2
5
11,1
Inteligência artificial no diagnóstico por imagem; avaliação de testes diagnósticos e
investigação da perda de olfato pela Covid-19.
T3
15
33,3
Desenvolvimento de novos testes; formulação de plataforma de diagnóstico; uso
de equipamentos de imagem; validação de testes para detecção; inteligência artificial; desenvolvimento de infraestrutura laboratorial; desenvolvimento de métodos
para diagnóstico.
T4
0
0,0
-
Total
45
100
-
Temas dos projetos de PD&I em saúde, na área de testes diagnósticos para
detecção de Covid-19
Fonte: elaboração própria.
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Cavalcante FV, Oliveira A, Araujo SQ, Pacheco C, Sacco RCCS
Verificou-se que a maioria das pesquisas
44,5% (n=20) encontra-se na etapa T0, de pesquisa básica. Em segundo lugar, o estágio T3 da
pesquisa foi alcançado por 33,3% (n=15) delas.
Os temas dos 15 projetos translacionados
(etapa T3) enquadram-se em: inteligência artificial, novas estratégias para diagnóstico da
Covid-19, uso de equipamentos de imagens, e
desenvolvimento de métodos para diagnóstico
mais oportuno do Sars-CoV-2.
Neste estudo, não foram encontradas pesquisas na etapa T4, em que seu impacto na
saúde da população é avaliado em coletividades.
Quanto à distribuição de pesquisas de testes
diagnósticos para detecção do vírus SarsCoV-2 pelo Brasil, de acordo com as etapas
da PT, observaram-se: T0 (n=20); T1 (n=05);
T2 (n=05); T3 (n=15); e T4 (n=0). A maior
parte das pesquisas esteve classificada em
básica (T0) e distribuída entre os estados de
Pernambuco, Minas Gerais, Paraíba, São Paulo,
Paraná e Rio Grande do Sul, além do Distrito
Federal. Paraná e São Paulo destacam-se por
concentrar, pelo menos, uma pesquisa em cada
uma das etapas. A região Sudeste apresentou
o maior número de pesquisas T3 (figura 2).
Figura 2. Distribuição geográfica das pesquisas de testes diagnósticos para detecção do vírus Sars-CoV-2, com as
respectivas etapas, Brasil, 2021
Fonte: elaboração própria.
Neste estudo, a partir do coeficiente de
Pearson, também foi verificada a correlação
entre a distribuição de pesquisas de testes
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diagnósticos para a detecção de Sars-CoV-2 e
outras variáveis e indicadores (tabela 3).
Testes diagnósticos nacionais: insumos essenciais para a vigilância sindrômica da Covid-19
671
Nº de pesquisas de testes diagnósticos para Sars-CoV-2
Nº de instituições com pesquisas de testes diagnósticos
para Sars-CoV-2
1
IDH-M
PIB per capita
PIB
Nº de pesquisadores doutores
Nº de pesquisadores
TMCovid-19 (por 100 mil hab.)
Nº de óbitos por Covid-19
Nº de instituições com pesquisas
de testes diagnósticos para
Sars-CoV-2
Nº de pesquisas de testes
diagnósticos para Sars-CoV-2
Tabela 3. Matriz de correlação (coeficiente de correlação de Pearson) entre a distribuição de pesquisas de testes diagnósticos para detecção do SarsCoV-2 e óbitos por Covid-19, Taxa de Mortalidade por Covid-19 (TMCovid-19), pesquisadores, Produto Interno Bruto (PIB) e Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal (IDH-M) por Unidade Federativa. Brasil, 2016, 2017, 2018 e 2021
,694**
,894**
,126
,843**
,861**
,921**
,316
,434*
1
,710**
,094
,798**
,787**
,664**
,288
,424*
1
,283
,968**
,975**
,987**
,362
,529**
1
,275
,290
,276
,658**
,705**
1
,998**
,953**
,422*
,585**
1
,964**
,427*
,589**
1
,421*
,559**
1
,891**
Nº de óbitos por Covid-19
TMCovid-19 (por 100 mil hab.)
Nº de pesquisadores
Nº de pesquisadores doutores
PIB
PIB per capita
IDH-M
1
Fonte: elaboração própria.
**Correlação é significativa no nível de 1% (bicaudal); *Correlação é significativa no nível de 5% (bicaudal).
A correlação do número de pesquisas de
testes diagnósticos foi muito forte com o PIB
(0,921) e forte com o número de óbitos por
Covid-19 (0,894), com o número de pesquisadores (0,843) e com o número de pesquisadores doutores (0,861).
Já o IDH-M apresentou correlação moderada, tanto com o número de pesquisas de testes
diagnósticos (0,424) quanto com o número
de instituições que estavam desenvolvendo
pesquisas para esses testes (0,434). Ou seja,
localidades com menor IDH-M foram as que
menos desenvolveram pesquisas dessa natureza, o que já foi demonstrado na figura 1,
em que, na região Norte, não foi identificada
nenhuma delas.
Discussão
O estudo não encontrou nenhum estado
da região Norte com pesquisas para testes
diagnósticos para Sars-CoV-2 (figura 1). Esse
achado diverge da hipótese de que as localidades com maior incidência de Covid-19 foram
as que mais investiram nessas pesquisas, pois,
segundo o Painel Coronavírus do Ministério
da Saúde2, no dia 24 de outubro de 2021, a
região Norte era apontada como a de terceira
maior incidência (10.092,3/100 mil habitantes), antecedida pela Sul (14.066,5/100 mil
habitantes) e pela Centro-Oeste (14.285,8/100
mil habitantes). Em contrapartida, São Paulo
foi o estado que teve a maior quantidade de
pesquisas não iniciadas (n=16), seguido por
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Cavalcante FV, Oliveira A, Araujo SQ, Pacheco C, Sacco RCCS
Pernambuco (n=3), Rio de Janeiro e Mato
Grosso do Sul (n=1).
Os presentes resultados vão ao encontro
do estudo realizado pelo Fórum de Reflexão
Universitária da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp)23, que mostrou que o investimento na ciência proporciona descentralização da pós-graduação, principalmente no
estado de São Paulo devido ao financiamento
constante e meritocrático de pesquisas pela
Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo.
O Brasil possui descentralização limitada
nessa área, e o Sudeste permanece o centro de
transformações da estrutura produtiva, cujo
auge ocorreu no fim dos anos 1960 e início
de 197024. Foi apenas em meados dos anos
1990 que, a partir da globalização (e, com ela,
a subordinação a empresas multinacionais),
iniciou-se movimento de desconcentração
industrial e de inovação25.
Apesar dessa concentração, tem-se atuação
positiva das cooperações internacionais que
são uma característica da inovação, especialmente pela articulação de mecanismos de
política industrial e de inovação com outras
políticas públicas, liderados por instituições históricas de pesquisa e ensino, como a
Fiocruz (federal, sediada no Rio de Janeiro) e
o Instituto Butantan (estadual, de São Paulo),
que funcionam baseadas na conexão entre
atividades científico-tecnológicas e a relevante
preocupação socioeconômica e com a saúde
pública24.
As pesquisas aqui identificadas se concentram nos estados mais ricos do Brasil. Pinto
Junior, Zanneti e Albuquerque25, em estudo
transversal sobre informações de grupos de
pesquisas, evidenciaram que o estado de São
Paulo concentrava 29,1% de doutores, bem
como 29,1% de publicações tanto em periódicos nacionais como internacionais (37%),
seguido pelos estados do Rio de Janeiro e
de Minas Gerais. Também, Guimarães e
Humann26 registraram que a implementação
de programas de pós-graduação Stricto Sensu
foi um dos fatores que estimularam a produção
científica no Brasil, e reportam o Sudeste como
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uma das regiões com maior quantidade desses
programas, impactando no desenvolvimento
científico e tecnológico.
Como possíveis hipóteses para as pesquisas
de testes diagnósticos para o Sars-CoV-2 que
não iniciaram, citam-se: o corte no orçamento
das universidades federais do Brasil no ano
de 2021, a redução de recursos destinado ao
Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovações
nesse mesmo ano27 e a retirada de bolsas de
incentivo para pesquisadores28. Esses cortes
de recursos destinados às pesquisas são percebidos desde 2015, em que houve interrupção
de grande parte dos repasses ao financiamento
de pesquisas e bolsas de fomento para pesquisadores em quase todas as agências estaduais
e federais de amparo à pesquisa29.
Levantamento realizado pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)30
sobre estimativas de dispêndios com ações
de PD&I para órgãos executores da Política
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação,
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes) e Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), e o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FNDCT), aponta que o orçamento federal
apresenta tendência de redução desde 2015.
Naquele ano, foram direcionados R$ 13.027
milhões para PD&I, reduzindo-se para R$ 5.216
milhões, mesmo diante do melhor cenário estimado para 2020. Nesse documento, sinalizou-se que a Política Nacional de Inovação deveria
garantir maior competitividade internacional,
intervenção pública em falhas de mercado nas
atividades privadas de PD&I, e priorização de
investimentos públicos nessa área30.
Arbix31, comparando os dispêndios em
PD&I em relação ao PIB de diversos países,
mostrou que o Brasil está praticamente estagnado em torno de 1%. No período de 2000
a 2013, outros países dobraram seus investimentos, como Coréia (que saltou de 2%
para 4% do PIB) e a China (que avançou de
1% para 2% do PIB). Para esse autor, o olhar
para a tecnologia e para a inovação como força
Testes diagnósticos nacionais: insumos essenciais para a vigilância sindrômica da Covid-19
motriz ao crescimento e ao desenvolvimento
da economia ainda carece de consolidação,
prejudicada pelas oscilações do investimento
público, pela insegurança regulatória, pelos
elevados custos de produção e pela infraestrutura deficitária, que geram atraso histórico
e dependência tecnológica.
Esse panorama tem gerado sérias consequências, como a evasão de pesquisadores para outros
países, a desmotivação de novas descobertas
científicas e a diminuição da presença de pesquisadores de baixa renda nas universidades32.
Além disso, o fechamento das universidades nos
meses iniciais da pandemia devido às restrições
das atividades presenciais pode ter impactado negativamente o desenvolvimento das pesquisas33.
Nesse cenário, um aspecto relevante estimulado pela pandemia foi a formação de
redes colaborativas entre universidades e
institutos de pesquisa paulistas objetivando
maior agilidade no desenvolvimento, produção e entrega de testes diagnósticos ao
sistema público de saúde, para redução da
fila de espera de materiais biológicos que
aguardavam diagnóstico, potencializando
as ações da vigilância epidemiológica. Essa
rede passou a ser coordenada pelo Instituto
Butantan e pretendia enfrentar os problemas
derivados da limitada produção nacional e da
massiva competição na aquisição de insumos
no mercado internacional. Evidenciou-se que
parcerias entre universidades, saúde pública e
setores privados podem ser bem-sucedidas e
potencialmente ágeis e efetivas na translação
de produtos originados de pesquisas para as
políticas públicas de saúde34.
Quintella et al.35, em estudo desenvolvido
para o mapeamento de testes clínicos para
diagnóstico da Covid-19 no mundo e suas respectivas fontes de financiamento, verificaram
que a maioria das pesquisas identificadas era
subsidiada por hospitais e, em segundo lugar,
por universidades, seguido de setores governamentais, de Organizações Não Governamentais
(ONG) e do setor empresarial.
Esses achados corroboram a necessidade
de investimento nas universidades públicas,
673
pois, como reportado por Moura e Camargo
Júnior32, apesar de algumas pesquisas terem
influências diretas no processo saúde-doença
da população e sejam de relevância social,
muito provável que não tenham amparo de
agências privadas de fomento, tendo como base
de sua existência o financiamento público, a
exemplo daquelas na área da saúde coletiva.
Reforçando isso, Waldman36 relata que pesquisas em saúde possuem grandes dimensões
e precisam de ações intersetoriais entre universidade, instituições de ensino e pesquisa
e agências de fomento ao desenvolvimento
tecnológico. A atuação das universidades públicas é fundamental às ações da vigilância epidemiológica, uma vez que sua integração com a
comunidade científica para o desenvolvimento
de pesquisas contribui para o conhecimento de
doenças e a produção de evidências de forma
oportuna ao planejamento de estratégias para
seu enfrentamento37.
Em contraponto, De Negri38 argumenta
que as subvenções a projetos de pesquisa em
universidades e centros de pesquisa no Brasil
são, em grande parte, mais direcionadas ao
apoio da comunidade científica do que ao
desenvolvimento de tecnologias essenciais
ao País, em que recursos públicos de PD&I
poderiam ser utilizados para desenvolver soluções em saúde e em segurança urbana, por
exemplo, entre outros flagelos que afligem a
sociedade brasileira.
Nesta investigação, verificaram-se estudos
na Fase T3, ou seja, já incorporados à atenção
à saúde39, incluindo a temática da inteligência
artificial. A aceleração das pesquisas nesse
tema deve-se à diminuição do contato profissional/paciente infectado, o que minimiza
riscos de contaminação dos profissionais,
aumenta a agilidade da triagem, subsidia hipóteses diagnósticas de maneira mais oportuna,
promove a visualização de órgãos por meio de
exames de imagens, e favorece o prognóstico
de infecções virais40,41.
Também se pode destacar a criação de
um protótipo que utiliza radiação UVC para
combater a Covid-1942, a padronização de
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dois protocolos para testes moleculares com
reagentes de baixo custo como alternativas
para diagnóstico da Covid-1943 e a formulação de um fluxo de trabalho direto RT-LAMP
(Amplificação Isotérmica Mediada por Loop
de Transcrição Reversa) que se mostrou
ferramenta efetiva para detecção salivar do
vírus44. Esses achados corroboram o argumento da importância do fortalecimento
do pacto político para Ciência, Tecnologia
e Inovação (CT&I) na área da saúde pública
para garantia da integralidade ao acesso aos
testes diagnósticos, e sobre o papel essencial
que os formuladores de políticas estão tendo
para integrar as atividades de CT&I com o planejamento e as políticas públicas de saúde34.
Acrescentando-se, destaca-se a ágil capacidade
de resposta da comunidade científica à Covid19, com adequações em laboratórios universitários para formulação de meios alternativos
para diagnóstico do Sars-CoV-2, e a produção
inovadora de equipamentos e protocolos de
rastreamento da doença34.
A não identificação da etapa T4 no presente estudo corrobora o documentado por
Titler18, em que a autora indica essa lacuna
e suas consequentes implicações negativas
para a saúde da população. A PT em saúde
torna-se relevante na medida em que estimula
a tradução do desenvolvimento científico em
algo aplicável, seguro e benéfico de modo oportuno45, o que, também, prescinde da avaliação
de seus impactos em saúde pública.
Ferraz, Pereira e Pereira46, em revisão de
escopo realizada para investigar os desafios da
tradução do conhecimento na atualidade, para
além da omissão governamental e de escassos
incentivos das instituições de saúde, identificaram que eles estão relacionados com a falta de
entendimento entre a comunidade científicas e
os agentes envolvidos em tomadas de decisão,
e com a falta de manejo dos pesquisadores em
traduzir e implementar as novas descobertas.
Nesse sentido, Treichel et al.47, a partir de
Comitê Gestor da Pesquisa adotado em sua
experiência na implementação de tecnologias
em saúde mental, sugerem a adoção dessa
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ferramenta pelo seu potencial de promover
dialogicidade entre a pesquisa e a prática, com
implementação continuada e significativa de
seus desfechos pelos autores envolvidos.
Outro aspecto relevante que pode impactar
na falta ou lentidão da tradução do conhecimento é a ausência de orientação da pesquisa
a resultados. Dados apontaram que somente
30% dos recursos públicos de PD&I no Brasil
possuem esse direcionamento a resultados,
diferentemente do caso americano, em que há
mais de 90%38. Assim, surge a necessidade de
novas políticas públicas que guiem a inovação
com essa base, com infraestrutura de escala,
objetivos claros e coerentes com a necessidade da população e à resolução aos desafios
do País, com melhoria de vida da sociedade.
Aperfeiçoar e profissionalizar os ambientes
institucionais destinados à PD&I poderia
minimizar a realização da pesquisa apenas
com cunho acadêmico, cujo fim se perde em
si mesma, sem orientação à resolução concreta
de problemas48.
Quanto à distribuição geográfica, uma hipótese para o achado na região Sudeste está relacionada com as estratégias desenvolvidas49,
como a criação e a manutenção de redes de
cooperação entre universidades que potencializaram a produção de testes diagnósticos
moleculares para a detecção do novo coronavírus50, especialmente na cidade de São Paulo,
em que a translação evidenciou sucesso pela
utilização de produtos e tecnologias advindos
das pesquisas34. Além disso, o estabelecimento
de parcerias para o desenvolvimento produtivo
que envolvem articulações entre laboratórios
públicos e empresas farmacêuticas privadas
para a transferência de tecnologia fortalece a
produção local e as aquisições centralizadas
pelo Ministério da Saúde, possibilita a ampliação do acesso e a redução das vulnerabilidades
do Sistema Único de Saúde (SUS), aliando
PD&I à dimensão econômica social51.
Apesar de o número de pesquisa T3 estar
maiormente concentrado no Sudeste, para
Garcia et al.52, a falta de ações coordenadas no
âmbito do governo federal brasileiro deslocou
Testes diagnósticos nacionais: insumos essenciais para a vigilância sindrômica da Covid-19
a responsabilidade da adoção de medidas para
mitigar os efeitos negativos da pandemia
de Covid-19 a estados e municípios. Assim,
aqueles em que já se havia maior capacidade
produtiva, tecnológica e de pesquisa instalados
saíram na frente não só na adoção de medidas
sanitárias, mas também de PD&I, o que acabou
beneficiando todo o território nacional.
Para Magno et al.53, medidas efetivas de
diagnóstico estão incluídas entre as melhores
práticas de prevenção da infecção e controle
da transmissão do Sars-CoV-2, e podem complementar a vigilância sindrômica ao agregar
estratégias de testagem em larga escala. No
contexto da pandemia de Covid-19, a vigilância
sindrômica deve ser mantida como rotina, com
amostragem e testes laboratoriais de todos
ou de um subconjunto de casos, objetivando
identificar as tendências de outras doenças
que se apresentam de forma semelhante à
sintomatologia do Sars-CoV-2, para orientar
oportunamente as ações de saúde pública54,
por configurar-se em uma prática frequentemente utilizada por sistemas de vigilância em
saúde pública e estar concentrada na identificação precoce de sintomas55.
A correlação das pesquisas sobre os testes
diagnósticos feita com o PIB justificou-se
por este ser um dos principais indicadores
de crescimento econômico e por vincular-se
à geração de riquezas56. Neste estudo, o PIB
demonstrou associação linear com a concentração das pesquisas no Sudeste, região de
maior PIB brasileiro. O PIB alto não necessariamente significa que a qualidade de vida dos
moradores de determinado local será alta, mas
implica alto grau de fluxo de bens e serviços
que, potencialmente, por meio de adequadas
políticas públicas, melhoram indicadores de
saúde57.
Para Gadelha et al.58, é evidente a desproporção entre o gasto em saúde e sua distribuição
no Brasil, o que exige não somente aumento
elevado do financiamento público no setor
da saúde, mas também o fortalecimento da
base produtiva nacional para adequação econômica sob a perspectiva de universalização,
675
considerando as novas configurações das demandas, a evolução nos processos tecnológicos, a concorrência (sobretudo do mercado
internacional) e os aspectos regulatórios.
Já o IDH-M mensura a qualidade de vida
nas cidades; então, conhecê-lo e observar sua
relação com outros indicadores, como a taxa
de mortalidade, auxilia na compreensão da
dinâmica de propagação do novo coronavírus
e na necessidade do desenvolvimento de pesquisas e tecnologias para promover a redução
dos óbitos e demais danos causados pela pandemia no território59. IDH-M baixos podem
estar relacionados com uma maior incidência
de Covid-1960. Em estudo que analisou a distribuição espacial da Covid-19 no estado do
Pará em relação ao IDH-M, verificou-se que
cidades com IDH-M baixo possuíam forte correlação com a taxa de letalidade pela doença,
enquanto as de IDH-M médio e alto estavam
mais fortemente correlacionadas a maiores
taxas de recuperação dos casos61.
Uma vez que os dados apresentam uma limitação temporal por representar uma amostra
de projetos de PD&I coletadas até 15 de maio
de 2020, e por se tratar de dados secundários,
podem estar sujeitos a sub-registros. Além
disso, a classificação dos temas dos projetos
foi feita de modo subjetivo a partir de sua descrição e objetivos constantes nas informações
dos bancos de dados em que as pesquisas foram
consultadas.
Considerações finais
Este estudo auxiliou a ampliar o olhar sobre
pesquisas de testes diagnósticos para a detecção de Sars-CoV-2 no Brasil, considerando
sua implicação com a vigilância sindrômica,
identificando-se as etapas da PT de projetos nessa área, e sua correlação com outros
indicadores.
Mesmo com as profundas restrições orçamentárias em PD&I, identificaram-se 15
inovações que atingiram o estágio T3, com
produtos incorporados em protocolos clínicos
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Cavalcante FV, Oliveira A, Araujo SQ, Pacheco C, Sacco RCCS
na saúde. A maioria das pesquisas esteve no
T0, e nenhuma no T4.
Apesar de universidades e centros de pesquisa públicos de destaque mundial estarem
no Brasil, ainda é necessário promover seu
desenvolvimento, com aprimoramento de
infraestrutura e estímulo à criatividade dos
pesquisadores, rumo a uma ciência de excelência orientada a resultados, com movimentos de translação oportunos cujos produtos e
tecnologias seriam voltados à resolução de
problemas da sociedade brasileira.
Observou-se maior concentração de pesquisas no Sudeste, região com maior número de
instituições de ensino e centros de pesquisa,
de pesquisadores, de pesquisadores doutores e
de universidades classificadas dentre as 10 melhores do País. As pesquisas mostraram-se mais
presentes em localidades de maior PIB, o que
pode denotar desigualdades locorregionais.
O Brasil possui potencial de desenvolvimento e implementação de produtos tecnológicos na área de testes de diagnóstico para
Sars-CoV-2. Políticas públicas de PD&I em
saúde necessitam de priorização com vistas
à ampliação de parcerias e de cooperações
nacionais e internacionais, inclusive com o
complexo industrial, de modo a potencializar e a desconcentrar a produção científico-tecnológica, e a facilitar a implementação
e a avaliação de impacto de seus produtos,
resgatando a função precípua da pesquisa em
saúde, a de promover a saúde da população.
Colaboradores
Cavalcante FV (0000-0002-8706-0457)* e
Sacco RCCS (0000-0001-6131-0852)* contribuíram para concepção, desenho e planejamento do estudo, análise e interpretação
dos dados, redação preliminar do artigo,
revisão crítica e aprovação final do conteúdo.
Oliveira A (0000-0002-3084-6491)* e Araujo
SQ (0000-0002-5152-6892)* contribuíram
para redação preliminar do artigo, análise e
interpretação dos dados e aprovação final do
conteúdo. Pacheco C (0000-0003-1829-1515)*
contribuiu para revisão crítica e aprovação
final do conteúdo. s
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Recebido em 12/11/2021
Aprovado em 10/03/2022
Conflito de interesses: inexistente
Suporte financeiro: não houve
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