Romance Antigo e prosa de ficção by Adriane Duarte
Formas Breve, 2023
Cáriton de Afrodísias é, dentre os autores do romance antigo, o que mais citações de Homero incor... more Cáriton de Afrodísias é, dentre os autores do romance antigo, o que mais citações de Homero incorpora à sua obra. Grande parte delas tem por efeito realçar o componente patético da narrativa, contribuindo para a caracterização dos personagens. Dentre as citações de versos
homéricos em Quéreas e Calírroe, há duas passagens (Q&C, I.4; V.2; VI.1) que foram anteriormente referidas em um conhecido passo da República (387 b – 388 c), de Platão. Nele Sócrates censura Homero por apresentar Aquiles imerso em sofrimentos, remetendo para alguns versos da Ilíada (Il. 18, 23-24; Il. 24, 10-12) com o intuito de ilustrar seu ponto de vista. Vou me concentrar no exame desses versos e de sua retomada em Platão e em Cáriton para investigar como o herói da Ilíada é recepcionado por esses autores e se é possível afirmar que aí se desenha uma relação de intertextualidade entre épica, diálogo filosófico e romance antigo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História., 2021
In: SILVA, S. C.; BRUNHARA, R.
& VIEIRA NETO, I. Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: ... more In: SILVA, S. C.; BRUNHARA, R.
& VIEIRA NETO, I. Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. Goiânia: Tempestiva, 2021. pp. 849-852.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História, 2021
In: SILVA, S. C.; BRUNHARA, R. & VIEIRA NETO, I. Compêndio Histórico de
Mulheres da Antiguidade: ... more In: SILVA, S. C.; BRUNHARA, R. & VIEIRA NETO, I. Compêndio Histórico de
Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. Goiânia: Tempestiva, 2021. pp. 811-816.
Esta separata é uma cortesia da Editora Tempestiva. Direitos autorais reservados às autoras e aos autores deste Compêndio, bem como o direito de compartilhar este conteúdo em suas redes acadêmicas e sociais. Copyrights reservados à Editora Tempestiva.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. , 2021
In: SILVA, S. C.; BRUNHARA, R. & VIEIRA NETO, I. Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: ... more In: SILVA, S. C.; BRUNHARA, R. & VIEIRA NETO, I. Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. Goiânia: Tempestiva, 2021. pp. 803-809.
Esta separata é uma cortesia da Editora Tempestiva. Direitos autorais reservados às autoras e aos autores deste Compêndio, bem como o direito de compartilhar este conteúdo em suas redes acadêmicas e sociais. Copyrights reservados à Editora Tempestiva.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Rodrigues Junior, F.; Guggenberg, R.; Sebastiani, B. B. (coords.). A Produção Dramática no Período Helenístico e sua Influência na Literatura Greco-Latina Posterior. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra., 2023
Procura-se explorar nesse artigo a confluência entre mimo e romance grego antigo. A investigação ... more Procura-se explorar nesse artigo a confluência entre mimo e romance grego antigo. A investigação se apoia em uma revisão bibliográfica de textos que recentemente se ocuparam dessa questão, com destaque para Webb 2013, Tsitsiridis 2011, Andreassi 2001, e na análise de passagens sugestivas dos romances. Foram escolhidos títulos menos estudados como Quéreas e Calírroe, de Cáriton, Efesíacas, de Xenofonte de Éfeso, além do Romance de Esopo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Codex, 2022
O conto de Cupido e Psiquê jaz no coração de O Asno de Ouro. Sua centralidade não se deve apenas ... more O conto de Cupido e Psiquê jaz no coração de O Asno de Ouro. Sua centralidade não se deve apenas ao posicionamento dentro da estrutura
do romance, mas também à correspondência temática e simbólica entre as jornadas de seus protagonistas: enquanto cada narrativa opera em
nível próprio, o espelhamento entre Psiquê e o homem-asno Lúcio importa em diversas chaves interpretativas para o labirinto confeccionado por
Apuleio (séc. II). No entrecruzamento deste jogo de projeções, Cupido se estabelece como eixo central: reunindo uma miríade de Erotes diversos, reflete a tradição literária, iconográfica, mítico-folclórica e, principalmente, filosófica em uma figura profusa e paradoxal. Por um lado, sua construção pode ser entendida como índice de um traço canhestro que falha em congregar as diversas matrizes artísticas em prol da narrativa; por outro, tal multiplicidade pode efetivamente traduzir no estilo ambivalente de Apuleio as possibilidades diversas deste deus já tão reconhecido na tradição, ao mesmo tempo que evoca as instâncias de significação platônica que
norteiam a jornada simbólica das almas em busca de elevação.
PALAVRAS CHAVE: Cupido e Psiquê; Apuleio; Eros; platonismo
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Classica, 2022
A temática amorosa ocupa importante lugar na delimitação do gênero romance na Antiguidade, uma ve... more A temática amorosa ocupa importante lugar na delimitação do gênero romance na Antiguidade, uma vez que os seus mais antigos exemplares trazem em seu centro a idealização da relação amorosa. Outro conjunto de obras que compõem o corpus do romance antigo, os romances cômico realistas, dão tratamento diverso ao impulso erótico, muitas vezes deslocado para um plano secundário da narrativa e abordado de forma não idealizada. Através da análise da representação de eros em dois romances, Efesíacas, de Xenofonte de Éfeso, da vertente amorosa, e Lúcio ou o asno, de (Pseudo-)Luciano, da cômico realista, vou buscar estabelecer formas distintivas de tratar a matéria amorosa nesse gênero.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Classica, 2022
Apresentação do Dossiê Eros e Afrodite no Romance Antigo, que reune textos apresentados durante a... more Apresentação do Dossiê Eros e Afrodite no Romance Antigo, que reune textos apresentados durante as 4ª e 5a Jornada do Romance Antigo (2020, 2021), realizado na Universidade de São Paulo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cárito de Afrodísias. Quéreas & Calirroe., 2020
O texto discute a convenção do final feliz no romance Quéreas & Calírroe de Cáriton de Afrodísias... more O texto discute a convenção do final feliz no romance Quéreas & Calírroe de Cáriton de Afrodísias (I d. C.).
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Conexão em Letras, 2020
Resumo: Esse artigo pretende delimitar um componente popular nas narrativas romanescas da Antigui... more Resumo: Esse artigo pretende delimitar um componente popular nas narrativas romanescas da Antiguidade grega a partir da constituição de um herói não idealizado e que tem origens ou frequenta os estratos mais baixos da sociedade. A aproximação a esse universo se dará através do exame do lugar que esses personagens ocupam na escala social, em vista, sobretudo, da exploração da força de trabalho, estendendo-se a análise a semelhanças estruturais entre as Romance de Esopo e Lúcio ou o asno, do Pseudo-Lu-ciano. Palavras-chave: Romance grego antigo; Romance de Esopo; Lúcio ou o asno.
Abstract: This paper focuses on pointing a popular component of the Ancient Greek Novel, i.e., the making up of a non-idealized hero originated in, or frequently associated to the lowest strata of society. The approach to this universe will be carried through the examination of the place occupied by these characters in the social scale, keeping in view, above all, the workforce exploitation they are subjected to in Aesop Romance and Pseudo Lucian's The Onos, analysing the structural similarities of both texts. Introdução: o mundo do trabalho no romance grego antigo Sob a denominação romance grego antigo agregam-se diversas obras narrativas com-postas majoritariamente em prosa, de natureza fi ccional, durante o período imperial da Antiguidade (I a V d.C.). Nesse conjunto, costuma-se distinguir os romances de amor idealizados, protagonizados por jovens da elite grega, caracterizados pela beleza física e nobreza de caráter, cuja paixão recíproca deve ser testada; e os de vertente cômico-realista, centrados nas peripécias de um personagem de certa forma marginal e cheio de expedientes. A este herói vou dedicar minha atenção, buscando estabelecer um paralelo entre Esopo e Lúcio, protagonistas respectivamente de Romance de Esopo (RE) e Lúcio ou o asno (LoA). 3 1 Esse texto integra a pesquisa O romance grego como literatura popular, desenvolvida com o apoio do CNPq (Bolsa de Produtividade em pesquisa, 303363/2018-5). 2 Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Professora associada da USP na área de língua e literatura grega. Desenvolve o projeto de pesquisa "O romance grego como literatura popular", com apoio do CNPq. 3 Lúcio ou o asno é um texto polêmico, tanto no que concerne sua autoria, quanto no que respeita a sua forma. Fócio (Biblioteca, 129) menciona dois livros com a mesma história, um atribuído a Luciano, Lúcio ou o asno, e outro, intitulado Metamorfoses, a Lúcio de Patras. A existência desse último é contestada, uma vez que o nome de seu suposto autor, do qual não há outra notícia, é coincidente com o do narrador do romance,
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Syntesis, 2019
Dentre os autores do romance grego antigo, Xenofonte de Éfeso é considerado o menos habilidoso em... more Dentre os autores do romance grego antigo, Xenofonte de Éfeso é considerado o menos habilidoso em vista do estilo. No entanto, destaca-se enquanto narrador pelo emprego que faz das narrativas intercaladas, histórias embutidas no quadro mais amplo do romance. Esse artigo propõe-se a examinar o emprego desse recurso relacionando-o com Ântia, que é a uma só vez narradora e objeto de narrativa intercalada em Efesíacas. Argumenta-se que a estratégia promove a intertextualidade com a Odisseia e contribui para caracterização da personagem como dotada de habilidade retórica e astúcia.
Palavras-Chave: Xenofonte de Éfeso, Efesíacas, Romance Grego Antigo, narrativas intercaladas
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Vidas Antigas. Ensaios biográficos da Antiguidade., 2019
Nesse capítulo, pretende-se apresentar Esopo, a obra que lhe foi atribuída e na qual ele figura e... more Nesse capítulo, pretende-se apresentar Esopo, a obra que lhe foi atribuída e na qual ele figura e delinear o lugar que ocupa no imaginário grego.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Classica. Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2019
ABSTRACT: Chaereas and Callirhoe (I AD) incorporates a large number of quotes from the Homeric p... more ABSTRACT: Chaereas and Callirhoe (I AD) incorporates a large number of quotes from the Homeric poems. In the novel, there are about thirty direct quotes, not to mention the indirect references to characters and/or episodes, both from the Iliad and the Odyssey, but mainly from the former. Therefore, Chariton’s novel offers an interesting testimony of Iliad’s reception in the imperial period. In this article, I will examine exclusively the iliadic quotations that are related to Chaereas, trying to establish how, and to what extent, they contribute to his characterization. It is remarkable how, associated with several characters of the poem, Chaereas acquires a fluid identity as a composite hero, which produces an ironic note, derived from the contrast between the erotic ethos, defining him essentially, and an epic one, a new layer added to it.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Caso único entre os romances gregos do corpus erótico (ideal love novels), Quéreas e Calírroe (I ... more Caso único entre os romances gregos do corpus erótico (ideal love novels), Quéreas e Calírroe (I d.C.) situa-se no passado clássico, mais precisamente na virada entre os séculos V e IV a.C.) e traz entre os personagens figuras históricas, notadamente Hermócrates de Siracusa, pai da heroína Calírroe. Hermócrates destacou-se na condução da frota siracusana que derrotou os atenienses durante sua investida contra a Sicília na Guerra do Peloponeso, como atesta Tucídides (História da Guerra do Peloponeso, IV.58-65; VI.32-5, 72-3; VII.21, 73; VIII.26-9, 45, 85). O objetivo dessa apresentação é discutir o uso que o romancista faz desse background histórico e os limites entre história e ficção.
Palavras-chave: Quéreas e Calírroe; História da Guerra do Peloponeso; Cáriton de Afrodísias; Tucídides; romance antigo.
Abstract:Quite unique among the Greek novels (ideal love novels), Chaereas and Callirhoe (I AD) is situated in the classical past, more precisely at the turn of the fifth and fourth centuries BC) and brings among the characters historical figures, notably Hermocrates of Syracuse, father of heroine Callihroe. Hermocrates stood out in the conduct of the siracusana fleet that defeated the Athenians during their assault against Sicily in the Peloponnesian War, as attested by Thucydides (History of the Peloponnesian War, IV.58-65, VI.32-5, 72-3; VII.21, 73, VIII.26-9, 45, 85). The purpose of this paper is to discuss the novelist's use of this historical background and the boundaries between history and fiction.
Keywords: Chaereas and Callirhoe; History of the Peloponnesian War; Chariton; Thucydides; Greek novel.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Resumo: Este artigo propõe a análise dos sonhos que ocorrem em Quéreas e Calírroe, de Cáriton de ... more Resumo: Este artigo propõe a análise dos sonhos que ocorrem em Quéreas e Calírroe, de Cáriton de Afrodísias (I d.C.). O sonho está presente na literatura grega desde os poemas homéricos, o que atesta a sua relevância na cultura e no imaginário. Os nove sonhos relatados no romance serão examinados de uma perspectiva narratológica, levando-se também em conta o contexto cultural e a Onirocrítica, de Artemidoro (II d. C.). Abstract: This article proposes the analysis of the dreams that occur in Chariton's Chaereas and Callirhoe (I AD). The dream is present in Greek literature since the Homeric poems, which attests to its relevance in culture and in the imaginary. The nine dreams reported in the novel will be examined from a narratological perspective, also taking into account the cultural context and the Oneirocritic, of Artemidoro (II AD). Este artigo resulta do projeto de iniciação científica O papel dos sonhos no romance Quéreas e Calírroe, de Cáriton de Afrodísias.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A história da transmissão do romance Quéreas e Calírroe, de Cáriton de Afrodisias, preservado em... more A história da transmissão do romance Quéreas e Calírroe, de Cáriton de Afrodisias, preservado em apenas um manuscrito (e alguns poucos papiros), é acidentada. Apesar das boas edições dos últimos anos (Blake 1938, Goold 1995, Reardon 2004), alguns problemas textuais continuam a assombrar leitores e, sobretudo, tradutores da obra, que não se podem furtar de questionar os limites do texto com o objetivo de proporcionar uma leitura fluente e o mais acurada possível da obra antiga. Levando isso em conta, minha proposta é examinar duas passagens localizadas no início do romance (Quéreas e Calírroe, I 1.2.7 e I 1.5.21). No primeiro caso, trata-se de um termo que está no manuscrito, mas cuja supressão é aconselhada pelos últimos editores do romance; no segundo, de uma lacuna, cuja suplementação tem sido motivo de discordância filológica. Examinadas em conjunto, essas passagens iluminam-se mutuamente e lançam luz igualmente sobre a obra em que se inserem.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
In Chariton’s Chaereas and Callirhoe ( I AD ), the protagonist pair starts at and returns to the ... more In Chariton’s Chaereas and Callirhoe ( I AD ), the protagonist pair starts at and returns to the city of Syracuse, Sicily, in the early fourth century BC. A considerable part of the action, however, takes place in Miletus, to where the heroine has gone. This paper’s aim is to investigate the reasons of Chariton's option, he who already at the very first sentence his work proclaims his nationality, warning the reader that the author is a Greek, living in the outskirts of the Roman Empire, in the city of Aphrodisias. My hypothesis is that the choice of placing the novel’s plot in the past and the prominence attributed to Sicily suggest a strategy to address indirectly the links between Aphrodisias and Rome in his present time, rather than an emulation of historiographical accounts, especially that of Thucydides.
Key-words: Ancient novel, Chariton, Chaereas and Callirhoe, Aphrodisias, Rome.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
“The Aegialeus’ tale" is an embedded narrative of The Ephesian tales, or Anthia and Habrocomes, n... more “The Aegialeus’ tale" is an embedded narrative of The Ephesian tales, or Anthia and Habrocomes, novel by Xenophon of Ephesus (II AD). Considered as an author with few literary merits, Xenophon stands out for the skill with which he composes these secondary narratives, which, paradigmatic, offer themselves as an example to the protagonists. The purpose of this article is to present the translation of this passage (The Ephesian tales, V.1), preceded by a brief exposition on author and work and its discussion.
Key-words: Xenophon of Ephesus; The Ephesian tales; Anthia and Habrocomes; Greek Ancient Novel.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
ABSTRACT: “The Hippothous’ tale" is an embedded narrative inserted in the third book of The Ephes... more ABSTRACT: “The Hippothous’ tale" is an embedded narrative inserted in the third book of The Ephesian tales, or Anthia and Habrocomes, novel by Xenophon of Ephesus (II AD). Although the author does not stand out for the literary qualities of his text, the use that he makes of these secondary narratives in his work is remarkable, in order to characterize the characters, to draw parallels with the situations lived by the
protagonists and to advance the action. The purpose of this paper is to present the translation of this passage (The Ephesian tales, III.2), preceded by a brief presentation of the author and work in which it is inserted and followed by a commentary.
KEYWORDS: Xenophon of Ephesus; The Ephesian tales, Anthia and Habrocomes, Greek Ancient Novel.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Sabe-se que Homero constitui a principal referência intertextual de Cáriton.
Apesar do número cre... more Sabe-se que Homero constitui a principal referência intertextual de Cáriton.
Apesar do número crescente de estudos sobre essa relação, ainda resta muito a ser explorado.
O propósito dessa comunicação é examinar o emprego de uma fórmula homérica
em Quéreas e Calírroe, romance de Cáriton. Trata-se da expressão formular “[…] τῆς/τοῦ
δ’αὐτοῦ λύτο γούνατα καὶ φίλον ἦτορ (Ilíada 21.114 e 425; Odisseia 4.703, 23.205, 24.345).
Essa fórmula, aplicada a Calírroe, Quéreas e Dioniso, repete-se três vezes ao longo do
romance (Q&C 1.1.14, 3.6.3, 4.5.9). Pretendo verificar se o autor faz um uso puramente
genérico da citação, retendo apenas o seu sentido mais geral, visando apenas a emprestar
o prestígio do poeta arcaico à sua obra, ou se há intenção de evocar um contexto específico
do poema citado, de modo a criar uma expectativa quanto ao desenvolvimento
da obra entre seus leitores. Resta ainda uma terceira possibilidade, a de seu uso estar
vinculado a outro propósito, a saber, o de legitimar uma característica estilística do
próprio autor, a de criar suas próprias fórmulas, através da emulação do antigo bardo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Romance Antigo e prosa de ficção by Adriane Duarte
homéricos em Quéreas e Calírroe, há duas passagens (Q&C, I.4; V.2; VI.1) que foram anteriormente referidas em um conhecido passo da República (387 b – 388 c), de Platão. Nele Sócrates censura Homero por apresentar Aquiles imerso em sofrimentos, remetendo para alguns versos da Ilíada (Il. 18, 23-24; Il. 24, 10-12) com o intuito de ilustrar seu ponto de vista. Vou me concentrar no exame desses versos e de sua retomada em Platão e em Cáriton para investigar como o herói da Ilíada é recepcionado por esses autores e se é possível afirmar que aí se desenha uma relação de intertextualidade entre épica, diálogo filosófico e romance antigo.
& VIEIRA NETO, I. Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. Goiânia: Tempestiva, 2021. pp. 849-852.
Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. Goiânia: Tempestiva, 2021. pp. 811-816.
Esta separata é uma cortesia da Editora Tempestiva. Direitos autorais reservados às autoras e aos autores deste Compêndio, bem como o direito de compartilhar este conteúdo em suas redes acadêmicas e sociais. Copyrights reservados à Editora Tempestiva.
Esta separata é uma cortesia da Editora Tempestiva. Direitos autorais reservados às autoras e aos autores deste Compêndio, bem como o direito de compartilhar este conteúdo em suas redes acadêmicas e sociais. Copyrights reservados à Editora Tempestiva.
do romance, mas também à correspondência temática e simbólica entre as jornadas de seus protagonistas: enquanto cada narrativa opera em
nível próprio, o espelhamento entre Psiquê e o homem-asno Lúcio importa em diversas chaves interpretativas para o labirinto confeccionado por
Apuleio (séc. II). No entrecruzamento deste jogo de projeções, Cupido se estabelece como eixo central: reunindo uma miríade de Erotes diversos, reflete a tradição literária, iconográfica, mítico-folclórica e, principalmente, filosófica em uma figura profusa e paradoxal. Por um lado, sua construção pode ser entendida como índice de um traço canhestro que falha em congregar as diversas matrizes artísticas em prol da narrativa; por outro, tal multiplicidade pode efetivamente traduzir no estilo ambivalente de Apuleio as possibilidades diversas deste deus já tão reconhecido na tradição, ao mesmo tempo que evoca as instâncias de significação platônica que
norteiam a jornada simbólica das almas em busca de elevação.
PALAVRAS CHAVE: Cupido e Psiquê; Apuleio; Eros; platonismo
Abstract: This paper focuses on pointing a popular component of the Ancient Greek Novel, i.e., the making up of a non-idealized hero originated in, or frequently associated to the lowest strata of society. The approach to this universe will be carried through the examination of the place occupied by these characters in the social scale, keeping in view, above all, the workforce exploitation they are subjected to in Aesop Romance and Pseudo Lucian's The Onos, analysing the structural similarities of both texts. Introdução: o mundo do trabalho no romance grego antigo Sob a denominação romance grego antigo agregam-se diversas obras narrativas com-postas majoritariamente em prosa, de natureza fi ccional, durante o período imperial da Antiguidade (I a V d.C.). Nesse conjunto, costuma-se distinguir os romances de amor idealizados, protagonizados por jovens da elite grega, caracterizados pela beleza física e nobreza de caráter, cuja paixão recíproca deve ser testada; e os de vertente cômico-realista, centrados nas peripécias de um personagem de certa forma marginal e cheio de expedientes. A este herói vou dedicar minha atenção, buscando estabelecer um paralelo entre Esopo e Lúcio, protagonistas respectivamente de Romance de Esopo (RE) e Lúcio ou o asno (LoA). 3 1 Esse texto integra a pesquisa O romance grego como literatura popular, desenvolvida com o apoio do CNPq (Bolsa de Produtividade em pesquisa, 303363/2018-5). 2 Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Professora associada da USP na área de língua e literatura grega. Desenvolve o projeto de pesquisa "O romance grego como literatura popular", com apoio do CNPq. 3 Lúcio ou o asno é um texto polêmico, tanto no que concerne sua autoria, quanto no que respeita a sua forma. Fócio (Biblioteca, 129) menciona dois livros com a mesma história, um atribuído a Luciano, Lúcio ou o asno, e outro, intitulado Metamorfoses, a Lúcio de Patras. A existência desse último é contestada, uma vez que o nome de seu suposto autor, do qual não há outra notícia, é coincidente com o do narrador do romance,
Palavras-Chave: Xenofonte de Éfeso, Efesíacas, Romance Grego Antigo, narrativas intercaladas
Palavras-chave: Quéreas e Calírroe; História da Guerra do Peloponeso; Cáriton de Afrodísias; Tucídides; romance antigo.
Abstract:Quite unique among the Greek novels (ideal love novels), Chaereas and Callirhoe (I AD) is situated in the classical past, more precisely at the turn of the fifth and fourth centuries BC) and brings among the characters historical figures, notably Hermocrates of Syracuse, father of heroine Callihroe. Hermocrates stood out in the conduct of the siracusana fleet that defeated the Athenians during their assault against Sicily in the Peloponnesian War, as attested by Thucydides (History of the Peloponnesian War, IV.58-65, VI.32-5, 72-3; VII.21, 73, VIII.26-9, 45, 85). The purpose of this paper is to discuss the novelist's use of this historical background and the boundaries between history and fiction.
Keywords: Chaereas and Callirhoe; History of the Peloponnesian War; Chariton; Thucydides; Greek novel.
Key-words: Ancient novel, Chariton, Chaereas and Callirhoe, Aphrodisias, Rome.
Key-words: Xenophon of Ephesus; The Ephesian tales; Anthia and Habrocomes; Greek Ancient Novel.
protagonists and to advance the action. The purpose of this paper is to present the translation of this passage (The Ephesian tales, III.2), preceded by a brief presentation of the author and work in which it is inserted and followed by a commentary.
KEYWORDS: Xenophon of Ephesus; The Ephesian tales, Anthia and Habrocomes, Greek Ancient Novel.
Apesar do número crescente de estudos sobre essa relação, ainda resta muito a ser explorado.
O propósito dessa comunicação é examinar o emprego de uma fórmula homérica
em Quéreas e Calírroe, romance de Cáriton. Trata-se da expressão formular “[…] τῆς/τοῦ
δ’αὐτοῦ λύτο γούνατα καὶ φίλον ἦτορ (Ilíada 21.114 e 425; Odisseia 4.703, 23.205, 24.345).
Essa fórmula, aplicada a Calírroe, Quéreas e Dioniso, repete-se três vezes ao longo do
romance (Q&C 1.1.14, 3.6.3, 4.5.9). Pretendo verificar se o autor faz um uso puramente
genérico da citação, retendo apenas o seu sentido mais geral, visando apenas a emprestar
o prestígio do poeta arcaico à sua obra, ou se há intenção de evocar um contexto específico
do poema citado, de modo a criar uma expectativa quanto ao desenvolvimento
da obra entre seus leitores. Resta ainda uma terceira possibilidade, a de seu uso estar
vinculado a outro propósito, a saber, o de legitimar uma característica estilística do
próprio autor, a de criar suas próprias fórmulas, através da emulação do antigo bardo.
homéricos em Quéreas e Calírroe, há duas passagens (Q&C, I.4; V.2; VI.1) que foram anteriormente referidas em um conhecido passo da República (387 b – 388 c), de Platão. Nele Sócrates censura Homero por apresentar Aquiles imerso em sofrimentos, remetendo para alguns versos da Ilíada (Il. 18, 23-24; Il. 24, 10-12) com o intuito de ilustrar seu ponto de vista. Vou me concentrar no exame desses versos e de sua retomada em Platão e em Cáriton para investigar como o herói da Ilíada é recepcionado por esses autores e se é possível afirmar que aí se desenha uma relação de intertextualidade entre épica, diálogo filosófico e romance antigo.
& VIEIRA NETO, I. Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. Goiânia: Tempestiva, 2021. pp. 849-852.
Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. Goiânia: Tempestiva, 2021. pp. 811-816.
Esta separata é uma cortesia da Editora Tempestiva. Direitos autorais reservados às autoras e aos autores deste Compêndio, bem como o direito de compartilhar este conteúdo em suas redes acadêmicas e sociais. Copyrights reservados à Editora Tempestiva.
Esta separata é uma cortesia da Editora Tempestiva. Direitos autorais reservados às autoras e aos autores deste Compêndio, bem como o direito de compartilhar este conteúdo em suas redes acadêmicas e sociais. Copyrights reservados à Editora Tempestiva.
do romance, mas também à correspondência temática e simbólica entre as jornadas de seus protagonistas: enquanto cada narrativa opera em
nível próprio, o espelhamento entre Psiquê e o homem-asno Lúcio importa em diversas chaves interpretativas para o labirinto confeccionado por
Apuleio (séc. II). No entrecruzamento deste jogo de projeções, Cupido se estabelece como eixo central: reunindo uma miríade de Erotes diversos, reflete a tradição literária, iconográfica, mítico-folclórica e, principalmente, filosófica em uma figura profusa e paradoxal. Por um lado, sua construção pode ser entendida como índice de um traço canhestro que falha em congregar as diversas matrizes artísticas em prol da narrativa; por outro, tal multiplicidade pode efetivamente traduzir no estilo ambivalente de Apuleio as possibilidades diversas deste deus já tão reconhecido na tradição, ao mesmo tempo que evoca as instâncias de significação platônica que
norteiam a jornada simbólica das almas em busca de elevação.
PALAVRAS CHAVE: Cupido e Psiquê; Apuleio; Eros; platonismo
Abstract: This paper focuses on pointing a popular component of the Ancient Greek Novel, i.e., the making up of a non-idealized hero originated in, or frequently associated to the lowest strata of society. The approach to this universe will be carried through the examination of the place occupied by these characters in the social scale, keeping in view, above all, the workforce exploitation they are subjected to in Aesop Romance and Pseudo Lucian's The Onos, analysing the structural similarities of both texts. Introdução: o mundo do trabalho no romance grego antigo Sob a denominação romance grego antigo agregam-se diversas obras narrativas com-postas majoritariamente em prosa, de natureza fi ccional, durante o período imperial da Antiguidade (I a V d.C.). Nesse conjunto, costuma-se distinguir os romances de amor idealizados, protagonizados por jovens da elite grega, caracterizados pela beleza física e nobreza de caráter, cuja paixão recíproca deve ser testada; e os de vertente cômico-realista, centrados nas peripécias de um personagem de certa forma marginal e cheio de expedientes. A este herói vou dedicar minha atenção, buscando estabelecer um paralelo entre Esopo e Lúcio, protagonistas respectivamente de Romance de Esopo (RE) e Lúcio ou o asno (LoA). 3 1 Esse texto integra a pesquisa O romance grego como literatura popular, desenvolvida com o apoio do CNPq (Bolsa de Produtividade em pesquisa, 303363/2018-5). 2 Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Professora associada da USP na área de língua e literatura grega. Desenvolve o projeto de pesquisa "O romance grego como literatura popular", com apoio do CNPq. 3 Lúcio ou o asno é um texto polêmico, tanto no que concerne sua autoria, quanto no que respeita a sua forma. Fócio (Biblioteca, 129) menciona dois livros com a mesma história, um atribuído a Luciano, Lúcio ou o asno, e outro, intitulado Metamorfoses, a Lúcio de Patras. A existência desse último é contestada, uma vez que o nome de seu suposto autor, do qual não há outra notícia, é coincidente com o do narrador do romance,
Palavras-Chave: Xenofonte de Éfeso, Efesíacas, Romance Grego Antigo, narrativas intercaladas
Palavras-chave: Quéreas e Calírroe; História da Guerra do Peloponeso; Cáriton de Afrodísias; Tucídides; romance antigo.
Abstract:Quite unique among the Greek novels (ideal love novels), Chaereas and Callirhoe (I AD) is situated in the classical past, more precisely at the turn of the fifth and fourth centuries BC) and brings among the characters historical figures, notably Hermocrates of Syracuse, father of heroine Callihroe. Hermocrates stood out in the conduct of the siracusana fleet that defeated the Athenians during their assault against Sicily in the Peloponnesian War, as attested by Thucydides (History of the Peloponnesian War, IV.58-65, VI.32-5, 72-3; VII.21, 73, VIII.26-9, 45, 85). The purpose of this paper is to discuss the novelist's use of this historical background and the boundaries between history and fiction.
Keywords: Chaereas and Callirhoe; History of the Peloponnesian War; Chariton; Thucydides; Greek novel.
Key-words: Ancient novel, Chariton, Chaereas and Callirhoe, Aphrodisias, Rome.
Key-words: Xenophon of Ephesus; The Ephesian tales; Anthia and Habrocomes; Greek Ancient Novel.
protagonists and to advance the action. The purpose of this paper is to present the translation of this passage (The Ephesian tales, III.2), preceded by a brief presentation of the author and work in which it is inserted and followed by a commentary.
KEYWORDS: Xenophon of Ephesus; The Ephesian tales, Anthia and Habrocomes, Greek Ancient Novel.
Apesar do número crescente de estudos sobre essa relação, ainda resta muito a ser explorado.
O propósito dessa comunicação é examinar o emprego de uma fórmula homérica
em Quéreas e Calírroe, romance de Cáriton. Trata-se da expressão formular “[…] τῆς/τοῦ
δ’αὐτοῦ λύτο γούνατα καὶ φίλον ἦτορ (Ilíada 21.114 e 425; Odisseia 4.703, 23.205, 24.345).
Essa fórmula, aplicada a Calírroe, Quéreas e Dioniso, repete-se três vezes ao longo do
romance (Q&C 1.1.14, 3.6.3, 4.5.9). Pretendo verificar se o autor faz um uso puramente
genérico da citação, retendo apenas o seu sentido mais geral, visando apenas a emprestar
o prestígio do poeta arcaico à sua obra, ou se há intenção de evocar um contexto específico
do poema citado, de modo a criar uma expectativa quanto ao desenvolvimento
da obra entre seus leitores. Resta ainda uma terceira possibilidade, a de seu uso estar
vinculado a outro propósito, a saber, o de legitimar uma característica estilística do
próprio autor, a de criar suas próprias fórmulas, através da emulação do antigo bardo.
Palavras-chave: Recepção dos Clássicos. História da Tradução. Tradutoras brasileiras. Literaturas Clássicas
Keywords: Lysistrata; Classical Reception; History of Translation
Abstract: Anna Lia A. A. Prado (1925-2017) published the translation of Book I of Thucydides' History of the Peloponnesian War, but did not proceed with the project of turning it over entirely. However, she left some passages of the work revised, among them "Pericles' Funeral Oration", (Thucydides, HGP, II, 34-46). Considering that its translation, attentive to the demanding style of thucydidian prose, differs from those available in Portuguese, I propose its publication here, preceded by a brief comment.
Plavras-chave: As Mulheres de Atenas, Augusto Boal, Teatro do Oprimido, Aristófanes, Recepção dos Clássicos.
Abstract: This paper examines the reception of Aristophanes' comedies Lysistrata and Assemblywomen in Augusto Boal’s The Women of Athens. Written during the Argentine exile (1971-1976), initially titled Lisa, the Liberating Woman, it is contemporary of the publication of the most prominent book by the Brazilian playwright, Theater of the Oppressed (1975, Brazilian edition, 1974, Argentine edition), constituting, in a way, a practical answer to the theoretical questions proposed there. The play documents the reception of the aristophanic comedy in Brazil.
Keywords: The Women of Athens, Augusto Boal, Theater of the Oppressed, Aristophanes, Classical reception
Essa análise vai se pautar pelos seguintes recursos: a) observação direta, a partir da experiência como espectadora; b) consulta aos paratextos (programa do espetáculo, release para imprensa) e c) à crítica especializada veiculada em jornais e revistas de circulação nacional, além de d) contar com o suporte de registros fotográficos e fílmicos. A peça será examinada a partir dos seguintes tópicos: a) gênese do espetáculo; b) contexto em que se insere a produção; c) soluções cênicas adotadas, procurando assim abarcar as diversas características dessa montagem singular.
Palavras-chave: Aristófanes; Lisístrata; Ditadura Brasileira; Ruth Escobar, Millôr Fernandes, Jorge Amado; Tereza Batista Cansada de Guerra; Augusto Boal; Mulheres de Atenas
Abstract: This paper aims to analyze Lysistrata’s reception in Brazil during the military dictatorship, more specifically from 1967 to 1976. The 1967 production of Lysistrata in Millôr Fernandes´ translation, Ruth Escobar playing the principal role, is said to have inspired a speech delivered by Moreira Alves (MDB/GB) in Brazil´s Lower House, which indirectly led to the enactment of AI- 5, deeply toughening the reach of the Brazilian dictatorship. In 1972, Jorge Amado publishes Tereza Batista: Home from the wars, whose main character embodies the Aristophanic heroine to a certain extent. In 1975, Augusto Boal, then in exile, wrote a play, Lisa, a mulher libertadora, also inspired by Lysistrata. The great interest significant names fighting against the military regime took in the comedy of Aristophanes suggests that the character became a symbol of libertarian struggle during Brazilian recent dictatorship.
Key Words: Aristophanes; Lysistrata; Brazilian military dictatorship; Ruth Escobar; Millôr Fernandes; Jorge Amado; Augusto Boal.
ABSTRACT: Even though the amount of Brazilian classicists dedicated to reception and translation studies has been significantly growing in recent years, this area is still deserving a systematic and diachronic study, mapping authors and works translated into Portuguese, as well as their singular traits. This paper intends to sketch a panorama of this field, considering its specific effects on Brazilian Classical Studies' history.
Abstract: Written under the impact of the fall of Barcelona imposed by Franco's army, the Antigone (1939-1969), by Salvador Espriu (1913-1985), revisits the myth of the Labdacids from the perspective of the traumatic events that mark the history of Spain in the twentieth century. Composed in Catalan, after the interdiction of the language, the play was staged only after World War II, when the great success of the homonymous plays by Anouilh and Brecht gave it new meaning. This paper aims to examine this singular reception of Greek tragedy in Catalonia.
Key-words: Salvador Espriu, Antigone, Greek tragedy, Spanish Civil War, Catalan literature, reception studies.
episode directed by Christian-Jaque to the movie Destinées
(France, 1954), to its aristophanic model, the comedy
Lysistrata (second half of the fifth century b. C.). Besides
discussing the contemporary significance of Greek comedy,
recreated in a completely different cultural and historical
context (the after Second World War years), it investigates
the specific reasons for this particular choice and the
resulting changes. Finally, Christian-Jaque’s “Lysistrata”
is considered in relation to Carnaval Atlântida (Brasil,
1952), another contemporary attempt of transposing Greek
comedies’ issues to motion pictures universe.
KEY-WORDS: KEY-WORDS: Lysistrata; Ancient Greek Comedy;
Aristophanes; Destinées; Christian-Jaque; cinema; literary
adaptation.
investigates the specific reasons for this particular choice (adapting Birds, among all Aristophanes’ plays) and the resulting alterations.
KEYWORDS: Ancient Greek Comedy; Aristophanes; Birds; German opera; Walter Braunfels; Die Vogel
Abstract: This paper examises a passage from Poetics (1453b 27), in which Aristotle employs distinct verbs of knowledge (oída and gignósko) to characterize the tragic action. With the support of excerpts from the Greek tragedies, I propose to relate them to the concept of recognition (anagnórisis), linking it to the scope of epistemology.
among the Taurians and Helen. We examine the role of the duped barbarian, a character common to all three plays, and how his presence determines the plays’ reception.
Keywords. Greek theater; Euripides; Aristophanes; exodos; barbarian.
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina
[...]
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
Morte e Vida Severina
João Cabral de Melo Neto
Neste ano do Centenário do poeta João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina, uma de suas obras mais difundidas, é um exemplo em nossa literatura do caráter universal da morte e da vida. O poeta nos faz ver que tanto no Brasil de nossos dias quanto na Grécia antiga as explosões de vida constituem um terreno profícuo para as mais variadas expressões culturais. A vida cotidiana, mítica, divina e dos rituais acerca da morte e do morrer adquirem uma linguagem própria, polissêmica e privilegiada na cultura material, na iconografia, na epigrafia, na literatura e nas expressões textuais em geral.
Esta coletânea, Morte e Vida na Grécia Antiga: olhares interdisciplinares, busca compreender o fenômeno sociocultural da vida e da morte de uma maneira relacional e dinâmica, por meio de uma abordagem multidisciplinar, trazendo textos que abordam variados tipos de fontes; como iconográficas, arqueológicas, epigráficas, textuais, literárias e osteológicas, sob perspectivas teórico-metodológicas diversificadas da História, Literatura e Filologia, Arqueologia, Bioarqueologia e Zooarqueologia, Iconografia e Cultura visual e Antropologia.
Convidamos os leitores de todas as áreas do conhecimento e interesse a usufruir e vivenciar diferentes experiências e desdobramentos da vida e da morte na Grécia antiga presentes nesta coletânea. Esperamos que apreciem estes instigantes estudos, que nos permitem refletir sobre nós mesmos, a presença da vida na morte, da morte na vida, em suma: a relação dos vivos com a morte e os mortos.
As organizadoras