Talks by Luís Seabra
Bookmarks Related papers MentionsView impact
PALAEOETHNOBOTANY OF THE IRON AGE SETTLEMENT OF CRASTOEIRO (NORTHWEST OF PORTUGAL)
Abstract
The I... more PALAEOETHNOBOTANY OF THE IRON AGE SETTLEMENT OF CRASTOEIRO (NORTHWEST OF PORTUGAL)
Abstract
The Iron Age settlement of Crastoeiro is located in Mondim de Basto, district of Vila Real. It is stettled on a spur at the base of western slope of Monte Farinha. In the 2006 and 2007 campaigns several pits were discovered in this settlement. They were, cut in the bedrock, next to a set of Atlantic rock carvings, inside which were detected numerous vegetable macroremains.
The general objective of this work aimed the understanding agriculture activities in the frame of the Iron Age, in the northwest Portugal. In addition, the carpological studies provide important information about eating habits, ruderal environment and storage pratices.
Nineteen samples from four pits were studied (XVIII, XVIII.1, XVIII.2, XVIII.5). These structures were located in a central area of the settlement, destined for the storage of crops.
The content of these pits showed that spelt wheat (Triticum spelta) was by far the main crop. Besides the grains, spikelets were collected, demonstrating, this cereal was not fully processed and suggests long-term storage. Apart from spelt wheat, we note the presence of other cereals. We emphasize the presence of common millet (Panicum milliaceum), hulled barley (Hordeum vulgare), rye (Secale cereale) and foxtail millet (Setaria italica). The presence of common millet, a spring crop, proposes the existence of two harvests per year. The presence of rye was suprising. Through radiocarbon dating, we confirmed this to be the oldest context of rye for in Northwest Iberia.
During the Iron Age occupation of Crastoeiro, a diverse agriculture took place leading to a strong pressure on plant resources. Changing land cover and soil erosion may have been some of the environmental consequences of this trend.
From the 5th century B.C. the climatic conditions have worsened, with lower temperatures and more humidity. The communities that inhabited the Crastoeiro were probably forced to adapt to this situation. The selection of soil undemanding and versatile cereals was likely one of such adaptation.
Keywords: Crastoeiro, Storage Structures, Iron Age, Agricultural Pratices.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A arqueologia e a arqueobotânica encontram-se num processo de mudança. A separação entre o especi... more A arqueologia e a arqueobotânica encontram-se num processo de mudança. A separação entre o especialista em arqueobotânica e o arqueólogo de campo deixou de ser exequível.
Os estudos paleoetnobotânicos permitem um melhor entendimento dos sítios arqueológicos, do ambiente ruderal, da gestão dos territórios, das atividades económicas e das estratégias de armazenagem das comunidades que habitaram os espaços do noroeste português durante a Idade do Ferro. Para a eficiência destes estudos foi marcante o desenvolvimento de estratégias de recolhas de sedimentos, a revisão de procedimentos laboratoriais e a melhoria dos critérios de diagnóstico taxonómico das várias espécies botânicas.
Durante a Idade do Ferro foi exercida uma grande pressão sobre os recursos vegetais do noroeste português, constituindo-se paisagens humanizadas amplamente desarborizadas.
Apesar de terem sidos elaborados trabalhos anteriores na região, continuam a ser escassos os estudos carpológicos (frutos e sementes), apesar destes terem um papel preponderante na compreensão da ação humana sobre o meio principalmente no que concerne a práticas agrícolas. Os dados atualmente disponíveis sugerem que estas assentavam principalmente no cultivo de cereais, dos quais destacam-se a aveia (Avena), o milho-miúdo (Panicum miliaceum), a cevada de grão vestido (Hordeum vulgare subsp vulgare), os trigos de grão nu (Triticum aestivum/durum) e os trigos vestidos (Triticum turgidum L. subsp. dicoccum e Triticum aestivum L. subsp. spelta). Estes últimos, com relevância, por serem menos exigentes ao nível dos solos, mais tolerantes a condições de pequena e média montanha, a temperaturas baixas e ambientes húmidos. Seriam, por isso uma solução para as condições climáticas que ter-se-ão verificado a partir do século IV a.C. O seu uso poderá corresponder, assim, a uma adaptação por parte das populações da Idade do Ferro de forma a manter colheitas estáveis e garantir a sua sobrevivência. A presença do milho, um cereal de primavera, que se adapta a diferentes solos e temperaturas indica que era natural a existência de duas colheitas por ano.
As leguminosas são menos abundantes no registo carpológico, o que poderá resultar de um fenómeno de preservação diferencial e da escassez de recolhas e sistemáticas de sedimentos durante as escavações arqueológicas. A fava (Vicia faba) é a espécie que surge mais frequentemente. Esta diversidade de cultivos vai em oposição ao que as fontes históricas nos
deixaram, nomeadamente Estrabão que considerava a bolota como o substituto do cereal no fabrico do pão.
Tal como se depreende dos estudos do Crastoeiro, em Mondim de Basto, no vale do Tâmega, entre outros sítios do noroeste português, as estruturas de armazenagem eram preferencialmente subterrâneas, em fossas abertas no substrato rochoso de dimensões consideráveis.
O processo de registo arqueológico é cada vez mais complexo, motivo pelo qual a obtenção de dados fiáveis e coerentes em termos paleobotânicos é urgente em qualquer período cronológico-cultural. Deste modo, ele deve estar cada vez mais direcionado para aquilo que os nossos olhos não vêm sendo, portanto, necessário efetuar recolhas sistemáticas de sedimentos durante os trabalhos de campo, prática ainda não consolidada sistematicamente.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Durante a Idade do Ferro foi exercida uma grande pressão sobre os recursos vegetais no povoado do... more Durante a Idade do Ferro foi exercida uma grande pressão sobre os recursos vegetais no povoado do Crastoeiro. Localizado em Mondim de Basto (Noroeste Peninsular), este sítio está assente num esporão a 453 metros de altitude, a cerca de 3 km em linha reta da margem direita do rio Tâmega, um afluente do rio Douro.
No Crastoeiro foi descoberto um palimpsesto de fossas, abertas na arena granítica, junto a um conjunto de gravuras de arte atlântica, datadas entre o século IV e II a.C. e coincidentes com a primeira fase de ocupação do povoado (Crastoeiro I).
Poucos estudos carpológicos (frutos e sementes) foram realizados até ao momento no Noroeste Peninsular, o que confere uma maior importância a este trabalho que tem como objetivo obter informações sobre estratégias de armazenamento, práticas agrícolas, processamento de plantas, consumo alimentar e o ambiente ruderal.
Das fossas encontradas, quatro estão a ser alvo de estudo, num total de dezanove amostras sedimentares. O sedimento recolhido foi em alguns casos crivado, em outros flutuado. Pontualmente realizou-se durante a intervenção arqueológica, recolhas manuais dos macrorrestos vegetais.
Estas fossas têm revelado uma diversidade de cultivos, sendo o trigo espelta (Triticum aestivum subsp. spelta) o cultivo predominante, muitas das vezes conservado ainda com as espiguetas. O facto deste cereal não se encontrar plenamente processado sugere-nos um armazenamento a longo termo, à semelhança do que foi detetado noutros sítios no Noroeste Peninsular, tais como As Laias (Cenlle, Espanha) e Castrovite (La Estrada, Espanha). No Crastoeiro encotraram-se ainda outros cereais, nomeadamente: Aveia (Avena), cevada de grão vestido (Hordem vulgare subsp. vulgare), milho-miúdo (Panicum miliaceum), centeio (Secale cereale) e milho painço (Setaria italica).
Para além dos cereais, algumas leguminosas e espécies silvestres surgem nas amostras. Destas últimas, destaca-se a presença de bolotas (Quercus), em grande número. Acrescenta-se um pequeno número de grainhas de uva (Vitis vinifera), que traduzem a multiplicidade do registo carpológico do Crastoeiro.
Este registo carpológico permite retratar a diversidade de cultivos consumidos pelas comunidades da Idade do Ferro da região e atestar a complementaridade e versatilidade das práticas agrícolas. Ao mesmo tempo, juntamente com outros dados disponíveis para o noroeste peninsular, os dados arqueobotânicos (carpológicos e antracológicos) do Crastoeiro permitem abordar as principais características dos sistemas socio-ecológicos do período em questão. São evidentes os sinais de uma forte ação humana sobre o meio como resultado das atividades económicas operadas pelas comunidades que habitaram o Crastoeiro, incluindo as práticas agrícolas, que assentavam principalmente no cultivo de cereais. A escolha dos cultivos poderá obedecer a diversos critérios, alguns dos quais difíceis de abordar. A abundância de espelta no noroeste peninsular foi já documentada antes e tem sido explicada pelo enquadramento ambiental da região, tanto ao nível climático como edáfico.
A partir do séc. IV a. C. as condições climáticas terão piorado, com temperaturas mais baixas e ambientes mais húmidos, o que provavelmente obrigou as comunidades que habitaram o Crastoeiro, a uma adaptação, de forma a manter as suas colheitas estáveis, explícita na seleção de cultivos menos exigentes para com os solos, como o caso do trigo espelta, o cereal dominante neste povoado da Idade do Ferro. Por outro lado, a diversidade de cultivos e a provável coexistência de cultivos de Primavera e de Inverno deverão integrar-se numa estratégia de garantia da resiliência das comunidades humanas.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
From 2010 to 2014, more than two hundred archaeological sites along the Sabor River valley (Nort... more From 2010 to 2014, more than two hundred archaeological sites along the Sabor River valley (North-east of Portugal) were excavated within the framework of the construction of a hydroelectric dam. The archaeobotanical sampling undertaken throughout this vast project provided the most extensive set of archaeological plant remains ever put together in Portugal. For this presentation, we will focus on the analysis of the charcoal assemblages from nine specific sites, ranging from the Late Iron Age to the Late Roman Period. Over 2500 samples were recovered and analysed in a wide array of combustion structures (kilns, fireplaces, etc.) as well as in construction contexts such as perishable components of horrea storage structures, among others. Comparative analysis regarding species, dendrological features and other charcoal characteristics will be made in a paleoetnobotanical point of view. Special emphasis will be made regarding the differential use of species according to the typology and purpose of the structure. Given the number of analyzed sites, their long and continuous occupations, position in the valley and number of samples recovered, this dataset provided invaluable information regarding trends of use of wooden resources throughout this valley covering the transition between Iron Age to Roman Period.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
No âmbito de medidas de minimização e compensação do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor... more No âmbito de medidas de minimização e compensação do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor (AHBS), mais de 150 sítios arqueológicos foram intervencionados, tendo-se procedido à recolha de sedimentos para posterior análise arqueobotânica. A metodologia de recolha sistemática posta em prática neste vasto projecto resultou no mais extenso e cronologicamente amplo conjunto arqueobotânico alguma vez estudado em Portugal. Centrando-se num conjunto de nove sítios, compreendendo cronologias entre a Idade do Ferro e o final da Romanização, esta apresentação incidirá na análise de cerca de 2500 amostras recolhidas em contextos concentrados de combustão (fornos, lareiras, etc.) e de construção (componentes perecíveisde silos – horrea – entre outros). Destacar-se-á a comparação do conjunto de espécies verificado em cada tipo de estrutura, assim como características dendrológicas presentes em cada conjunto. Especial enfase será dado ao uso diferencial de madeiras de acordo com a tipologia e propósito funcional da estrutura assim como, quando possibilitado pelos contextos amostrados, a uma aproximação paleoambiental do vale no decorrer dos períodos em causa.O número de amostras e de sítios analisados assim como o seu contínuo de ocupação e a sua concentração numa unidade espacial homogénea, enfatizam a importância deste conjunto arqueobotânico na caracterização de tendências de uso e gestão de recursos vegetais no Noroeste Ibérico na transição da Idade do Ferro para a Período Romano.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Papers by Luís Seabra
Tereso, J.P., Vilaça, R., Osório, M., Fonte, L. Seabra, L. (2020) - Destroyed by fire, preserved through time: crops and wood from a Late Bronze Age/Early Iron Age structure at Vila do Touro (Sabugal, Portugal). Complutum, 31(2), p. 255-278., 2020
Archaeological excavations at Vila do Touro uncovered a Late Bronze Age/Early Iron Age occupation... more Archaeological excavations at Vila do Touro uncovered a Late Bronze Age/Early Iron Age occupation at the top of a prominent hill. It consisted of a structure built with perishable materials, supported by postholes, and a small subcircular storage facility made of stone. Abundant carbonized plant remains were visible throughout the excavation area during the field work suggesting a fire occurred prior to the abandonment of the place, sometime in the 9th century BC. Archaeobotanical sampling allowed the recovery of abundant wood charcoal as well as charred fruits and seeds. Analyses showed structures were built mostly out of wood from deciduous oak, although pine was also used. Evidence for growth suppression in oak wood suggests direct human management of wood resources, which agrees with other evidences from northern Iberia. Moreover, the storage facility was used to keep cereals, mostly naked wheat and common millet, but also barley. These were stored fully processed and ready for consumption. Faba beans were also recovered, outside the small storage facility. Results are similar to sites in northeast Portugal and the Central Meseta but contrast with hillforts from Atlantic areas where hulled wheats are staple crops, suggesting a West-East trend also reflected in environmental and cultural features. [es] Destruido por el fuego, conservado a lo largo del tiempo: cultivos y madera de una estructura de la Edad del Bronce Final / Primera Edad del Hierro en Vila do Touro (Sabugal, Portugal) Resumen. Las excavaciones arqueológicas en Vila do Touro detectaron una ocupación del Final de la Edad del Bronce/Primera Edad del Hierro en la destacada cumbre del monte. Se trataba de una estructura construida con materiales perecederos, sostenida por postes, y un pequeño espacio de almacenamiento sub-circular, construido en piedra. Durante el trabajo de campo se observaron abundantes restos de plantas carbonizadas en toda el área de excavación, lo que sugiere un incendio ocurrido antes del abandono del lugar, en algún momento del siglo IX a.C. 1
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Archaeological excavations at Vila do Touro uncovered a Late Bronze Age/Early Iron Age occupation... more Archaeological excavations at Vila do Touro uncovered a Late Bronze Age/Early Iron Age occupation at the top of a prominent hill. It consisted of a structure built with perishable materials, supported by postholes, and a small subcircular storage facility made of stone. Abundant carbonized plant remains were visible throughout the excavation area during the field work suggesting a fire occurred prior to the abandonment of the place, sometime in the 9th century BC. Archaeobotanical sampling allowed the recovery of abundant wood charcoal as well as charred fruits and seeds. Analyses showed structures were built mostly out of wood from deciduous oak, although pine was also used. Evidence for growth suppression in oak wood suggests direct human management of wood resources, which agrees with other evidences from northern Iberia. Moreover, the storage facility was used to keep cereals, mostly naked wheat and common millet, but also barley. These were stored fully processed and ready for consumption. Faba beans were also recovered, outside the small storage facility. Results are similar to sites in northeast Portugal and the Central Meseta but contrast with hillforts from Atlantic areas where hulled wheats are staple crops, suggesting a West-East trend also reflected in environmental and cultural features. [es] Destruido por el fuego, conservado a lo largo del tiempo: cultivos y madera de una estructura de la Edad del Bronce Final / Primera Edad del Hierro en Vila do Touro (Sabugal, Portugal) Resumen. Las excavaciones arqueológicas en Vila do Touro detectaron una ocupación del Final de la Edad del Bronce/Primera Edad del Hierro en la destacada cumbre del monte. Se trataba de una estructura construida con materiales perecederos, sostenida por postes, y un pequeño espacio de almacenamiento sub-circular, construido en piedra. Durante el trabajo de campo se observaron abundantes restos de plantas carbonizadas en toda el área de excavación, lo que sugiere un incendio ocurrido antes del abandono del lugar, en algún momento del siglo IX a.C. 1
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Journal of Archaeological Science: Reports, 2020
The site of Castelinho (Torre de Moncorvo, northeast of Portugal) is a fortification strategicall... more The site of Castelinho (Torre de Moncorvo, northeast of Portugal) is a fortification strategically placed on a small elevation, near the river Sabor, built in the Late Iron Age and occupied until the Early Roman period. It is characterized by impressive defensive features, including large walls with turrets, ditches and complex entrances, inside of which no clear evidences of domestic areas were found. On the contrary, this monumental defensive apparatus seems to have served mostly to protect several storage facilities, mainly elevated granaries, in which abundant archaeobotanical remains were recovered. The excavation of Castelinho comprised the systematic sampling of sediment in a wide diversity of contexts, ultimately leading to the recovery of large amounts of charcoal, fruits and seeds. Most came from secondary or tertiary refuse deposits but some seem to have been actually related to the destruction of granaries by fire. Carpological results show the predominance of naked wheat (Triticum aestivum/durum) while hulled barley (Hordeum vulgare) and broomcorn millet (Panicum miliaceum) were found in smaller amounts. These crops were stored fully processed, taking into account the almost absence of chaff and the scarce presence of weeds. Charcoal analysis suggest Pinus pinaster and Quercus evergreen provided most of the wood used in the construction of the granaries. In this study, this data will be presented, discussed and compared with archaeobotanical and archaeological information from other sites excavated in the Sabor Valley and in the surrounding region. The size and monumentality of Castelinho, combined with the fact that it provided few evidences of other activities besides storage, suggests this site had a relevant role for local communities. This will be discussed together with other evidence of the social relevance of storage for Late Iron Age communities in the region.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Arqueologia em Portugal. 2020 - Estado da Questão, 2020
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Journal of Archaeological Science: Reports Volume 33, October 2020, 102442
In the last few years, large-scale archaeological projects carried out at medieval sites in the B... more In the last few years, large-scale archaeological projects carried out at medieval sites in the Basque Country have obtained a significant collection of archaeobotanical assemblages, creating the opportunity to address, from a fresh perspective, a social history of agriculture in the region. This paper presents the study of the village of Zornoztegi (occupied from the Chalcolithic to the Late Medieval Ages, ca. 2500 BCE-1350 CE) and the estate centre of Aistra (settled during the Early Medieval period, 500–1000 CE), both of them located in the Province of Alava, 5 km apart. The comparison between the two sites, characterized by different food consumption patterns, architectures, everyday assemblages and social structure, sheds light upon food and productive practices, the socio-political structure of early medieval rural sites and the sources of social power in non-Carolingian areas. This paper also discusses site formation processes and their impact on the interpretation of the sites, crop productions and consumption patterns in the context of northern Iberia, and some remarks regarding agriculture production.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
The Iron Age site of Crastoeiro (Mondim de Basto, Vila Real, North Portugal) revealed an interest... more The Iron Age site of Crastoeiro (Mondim de Basto, Vila Real, North Portugal) revealed an interesting set of pits opened in the bedrock. Soil samples were collected from these and a carpological study was carried out in order to obtain information about crop diversity and characterize the storage structures. Nineteen samples from 4 pits yielded important results for the understanding of agriculture and storage practices in Crasto eiro. Spelt wheat (Triticum spelta) was the predominant crop in the studied pits. The presence of spikelets suggests grain was stored partially processed, which might have been a strategy to allow long-term storage. Broomcorn millet (Pani-cum miliaceum), hulled barley (Hordeum vulgare), rye (Secale cereale) and foxtail millet (Setaria italica) were also found. Radiocarbon dates on rye grains are the oldest in the Iberian Peninsula, suggesting rye was introduced in the region in the end of the Iron Age, at the time of early Roman contacts. In a regional perspective the results from Crastoeiro highlight the use of undemanding crops well adapted to harsh environments, including cold climate and poor soils. RESUMEN El yacimiento de la Edad del Hierro de Crastoeiro (Mondim de Basto, Vila Real, Norte de Portugal) reveló un interesante conjunto de fosas excavadas en la roca. De su interior se reco-gieron muestras de sedimento y se realizó un estudio carpológi-co con el objetivo de obtener información sobre la diversidad de cultivos y prácticas agrícolas y de caracterizar las estructuras de almacenamiento. Los resultados del estudio de 19 muestras procedentes de 4 fosas son relevantes para la comprensión de la agricultura y las prácticas de almacenaje en el Crastoeiro. La espelta (Triticum spelta) fue el cultivo predominante en el interior de las fosas estudiadas. La presencia de espiguillas su-giere que el grano se almacenó parcialmente procesado, o bien se trató de una estrategia que permitía un almacenaje a largo plazo. Se han encontrado otros cereales, entre ellos, el mijo (Panicum miliaceum), la cebada vestida (Hordeum vulgare), el centeno (Secale cereale) y el panizo (Setaria italica). Fechas de radiocarbono a partir de granos de centeno mostraron que éstos son los más antiguos de la Península Ibérica, lo que sugiere que el centeno se introdujo en la región hacia el final de la Edad del Hierro, en el marco de los primeros contactos con los romanos. Desde una perspectiva regional los resultados obtenidos en el yacimiento de Crastoeiro se corresponden con el uso de cultivos poco exigentes, bien adaptados a entornos adversos, incluyendo los climas fríos y suelos pobres.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
The construction of Baixo Sabor Dam (NE Portugal), led to the discovery and excavation of the sit... more The construction of Baixo Sabor Dam (NE Portugal), led to the discovery and excavation of the site of Quinta de Crestelos, with a human occupation ranging from the Early Palaeolithic to mid-20th century. Its Iron Age phase, found at the site's hilltop, revealed an unprecedented large number of combustion structures, comprehending several typologies of ovens and hearths, as well as refuse deposits in which archaeobotanical samples were recovered. Given the number and interpretative importance of these structures to the general understanding of the site, a holistic approach to their study was devised. This research combines the analysis of archae-obotanical samples with the morphological study of archaeological features comprising typological analysis. Such corpus of data is finally compared with ethnographical examples. The objectives of this study were to identify the main firewood species used inside the ovens, to define patterns of fuel use, to evaluate the existence of firewood selection-including both taxonomic outcomes and dendrological attributes-and their possible determining factors, as well as these structures functional purposes and patterns of use. The analysis of the carbonized plant content in these combustion structures displayed a diverse range of 15 taxa, with the majority of the ovens and hearths revealing predominance of Arbutus unedo, Cistus sp., Fraxinus sp., Juniperus sp. or Quercus evergreen. Triticum aestivum/durum is the main crop recovered in the studied samples, followed by Panicum miliaceum. Residual presences of Hordeum vulgare, Vicia faba, Vitis vinifera and Papaver sp. were recovered as well. The archaeobotanical results, together with the typology of the ovens and hearths, their spatial distribution and ethnographical examples, allowed the discussion of the structure's functionality, the identification of patterns and trends of their use according to different typologies and contexts and the recognition of possible firewood selection and storage practices. This study also provides a preliminary approach to the paleolandscape of the site during the Iron Age of NW Iberia.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Zooarchaeology by Luís Seabra
by Inés L . López-Dóriga, Cleia Detry, Vera Pereira, Cláudia Costa, Sonia Gabriel, Maria João Valente, Nelson Cabaço, Nelson J . Almeida, João Luís Cardoso, Joao Tereso, Filipe Costa Vaz, Luís Seabra, and Patricia Mendes Resultados da primeira reunião geral de investigadores das áreas científicas da Arqueobotânica e ... more Resultados da primeira reunião geral de investigadores das áreas científicas da Arqueobotânica e Zooarqueologia a trabalhar em Portugal, realizada em Outubro de 2014, no Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa).
Identificando um conjunto de dificuldades comuns às duas disciplinas, os presentes decidiram criar um grupo de trabalho informal para fomentar o diálogo profissional e com as instituições universitárias, a tutela (administração central e regional), as empresas e a comunidade arqueológica em geral.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Conference Presentations by Luís Seabra
The Iron age corresponds to a period of significant changes regarding
agriculture in Northwest Ib... more The Iron age corresponds to a period of significant changes regarding
agriculture in Northwest Iberia. Agricultural systems were based on a
diversity of crops, particularly cereals, well adapted to undemanding
soils and to harsh climatic conditions. In this context, two important crops have been considered Iron Age novelties, namely Triticum
aestivum subsp. spelta and Avena sp. Millets, although present in the
region since the Bronze Age were also very relevant crops, together
with other species of wheat and barley. Here we argue that by the end
of this period another cereal was introduced in the region - rye (Secale
cereale) – but that it occurred in the context of the first Roman
contacts.
The chronology of rye cultivation in the Iberian Peninsula has been a
matter of debate but up to recent times, published data only confirmed
its presence since a well advanced moment within the Roman Period.
However, new radiocarbon dates were obtained directly from grains of
rye recovered in the settlements of Crastoeiro (Mondim de Basto,
Portugal) and Cruito (Baião, Portugal). Some remain unpublished.
These confirmed the oldest contexts of rye in Northwest Iberia,
suggesting it was introduced somewhere within the 1st century B.C.
and the first half of the 1st century A.D. A phase with strong roman
influences.
It is likely that the introduction of rye came as a solution to the
problems caused by the cumulative effect of long-term pressure over
soils since prehistoric times. In the mountain regions of northern
Portugal, with harsh climate and poor soils, a prolific cereal such as
rye seems to fit well in agricultural strategies. Consequently, it was a
very important crop in Medieval times. Nonetheless, evidence from its
cultivation during the Roman times is still sparse, possibly suggesting
a slow increment in the regional agricultural strategies.
Data regarding the early stages of this crop in Northwest Iberia is still
short, making it difficult to fully assess its social and economic
context. Still, it is clear that with these new radiocarbon dates, the
chronology of rye in Northwest Iberia and in the whole Iberian
Peninsula has just begun to be redefined.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Interpretative approaches gathering archaeological and carpological data with broad palaeoecologi... more Interpretative approaches gathering archaeological and carpological data with broad palaeoecological data can provide relevant
insights on the relation between environmental changes and the evolution of human societies and their agricultural systems.
Northwest Iberia stands as good study-case since abundant palaeoenvironmental studies allow us to understand the major
trends in climate, vegetation, erosion events and even atmospheric pollution during the Middle and Late Holocene. This diverse
and profuse array of information provides an excellent data-set to contrast with the regional archaeological and archaeobotanical
records.
The main focus of this presentation will be the carpological data available for northwest Iberia, including unpublished
material. Carpological data from late prehistoric and protohistoric sites allowed the identification of key-moments in agricultural
history, namely regarding the introduction of some crops and the development of new social-ecological systems. These keymoments
include the Middle/Late Bronze Age (c. 1800 – 700/600 BC) and the Iron Age (700/600 BC to the1 st century BC) and
correspond to significant changes in Human societies as suggested by data regarding the evolution of settlement, technology
and demography, among other features.
Developments in storage facilities are also recorded. Especially, underground storage (pits), that proved to be an important
strategy for long-term preservation. Moreover, the palaeoenvironmental records suggest significant changes on several levels
such as climate and forest cover. Increasing erosion events occur as the result of anthropogenic deforestation to obtain farmland
and pasture. Besides their clear differences, these two important moments revealed important economic and social changes.
Human communities became sedentary and a process of territorialization took place, enhancing the connection between
settlements in Northwest Iberia, a region where good agricultural soils are not abundant.
In the first moment (Middle/Late Bronze Age), the oldest evidence of millet, (Panicum milliaceum), a spring crop, suggests
changes in agricultural practices and territorial strategies. During the Iron Age, an agricultural system based on a diversity of
crops, namely different cereals, existed. In particular, hulled wheats (Triticum dicoccum and Triticum spelta) which were good
choices for undemanding and erosive soils.
These different environmental and archaeological records will be presented in order to address the main changes in land
cover and land use, namely their relation with the evolution of agricultural strategies and social-ecological systems in Northwest
Iberia.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Chapters by Luís Seabra
O Castro de Guifões (Matosinhos, Noroeste de Portugal), estrategicamente implantado junto ao Rio ... more O Castro de Guifões (Matosinhos, Noroeste de Portugal), estrategicamente implantado junto ao Rio Leça, tem
sido alvo de estudo por vários arqueólogos, desde os finais do século XIX. Em 2016, tiveram início novas escavações
arqueológicas que levaram à recolha de amostras sedimentares para análises arqueobotânicas. Neste
trabalho serão divulgados os resultados do estudo carpológico (frutos e sementes), de amostras provenientes
de quatro campanhas. Este estudo cobre uma ampla diacronia, que se estende entre a Idade do Ferro e a
Antiguidade Tardia, bem como um conjunto diverso de contextos arqueológicos. Os resultados revelaram um
predomínio de cereais, principalmente de milho-miúdo e de trigo de grão nu. O centeio e, sobretudo, o milho-
-painço e a cevada, surgiram em número mais reduzido.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Talks by Luís Seabra
Abstract
The Iron Age settlement of Crastoeiro is located in Mondim de Basto, district of Vila Real. It is stettled on a spur at the base of western slope of Monte Farinha. In the 2006 and 2007 campaigns several pits were discovered in this settlement. They were, cut in the bedrock, next to a set of Atlantic rock carvings, inside which were detected numerous vegetable macroremains.
The general objective of this work aimed the understanding agriculture activities in the frame of the Iron Age, in the northwest Portugal. In addition, the carpological studies provide important information about eating habits, ruderal environment and storage pratices.
Nineteen samples from four pits were studied (XVIII, XVIII.1, XVIII.2, XVIII.5). These structures were located in a central area of the settlement, destined for the storage of crops.
The content of these pits showed that spelt wheat (Triticum spelta) was by far the main crop. Besides the grains, spikelets were collected, demonstrating, this cereal was not fully processed and suggests long-term storage. Apart from spelt wheat, we note the presence of other cereals. We emphasize the presence of common millet (Panicum milliaceum), hulled barley (Hordeum vulgare), rye (Secale cereale) and foxtail millet (Setaria italica). The presence of common millet, a spring crop, proposes the existence of two harvests per year. The presence of rye was suprising. Through radiocarbon dating, we confirmed this to be the oldest context of rye for in Northwest Iberia.
During the Iron Age occupation of Crastoeiro, a diverse agriculture took place leading to a strong pressure on plant resources. Changing land cover and soil erosion may have been some of the environmental consequences of this trend.
From the 5th century B.C. the climatic conditions have worsened, with lower temperatures and more humidity. The communities that inhabited the Crastoeiro were probably forced to adapt to this situation. The selection of soil undemanding and versatile cereals was likely one of such adaptation.
Keywords: Crastoeiro, Storage Structures, Iron Age, Agricultural Pratices.
Os estudos paleoetnobotânicos permitem um melhor entendimento dos sítios arqueológicos, do ambiente ruderal, da gestão dos territórios, das atividades económicas e das estratégias de armazenagem das comunidades que habitaram os espaços do noroeste português durante a Idade do Ferro. Para a eficiência destes estudos foi marcante o desenvolvimento de estratégias de recolhas de sedimentos, a revisão de procedimentos laboratoriais e a melhoria dos critérios de diagnóstico taxonómico das várias espécies botânicas.
Durante a Idade do Ferro foi exercida uma grande pressão sobre os recursos vegetais do noroeste português, constituindo-se paisagens humanizadas amplamente desarborizadas.
Apesar de terem sidos elaborados trabalhos anteriores na região, continuam a ser escassos os estudos carpológicos (frutos e sementes), apesar destes terem um papel preponderante na compreensão da ação humana sobre o meio principalmente no que concerne a práticas agrícolas. Os dados atualmente disponíveis sugerem que estas assentavam principalmente no cultivo de cereais, dos quais destacam-se a aveia (Avena), o milho-miúdo (Panicum miliaceum), a cevada de grão vestido (Hordeum vulgare subsp vulgare), os trigos de grão nu (Triticum aestivum/durum) e os trigos vestidos (Triticum turgidum L. subsp. dicoccum e Triticum aestivum L. subsp. spelta). Estes últimos, com relevância, por serem menos exigentes ao nível dos solos, mais tolerantes a condições de pequena e média montanha, a temperaturas baixas e ambientes húmidos. Seriam, por isso uma solução para as condições climáticas que ter-se-ão verificado a partir do século IV a.C. O seu uso poderá corresponder, assim, a uma adaptação por parte das populações da Idade do Ferro de forma a manter colheitas estáveis e garantir a sua sobrevivência. A presença do milho, um cereal de primavera, que se adapta a diferentes solos e temperaturas indica que era natural a existência de duas colheitas por ano.
As leguminosas são menos abundantes no registo carpológico, o que poderá resultar de um fenómeno de preservação diferencial e da escassez de recolhas e sistemáticas de sedimentos durante as escavações arqueológicas. A fava (Vicia faba) é a espécie que surge mais frequentemente. Esta diversidade de cultivos vai em oposição ao que as fontes históricas nos
deixaram, nomeadamente Estrabão que considerava a bolota como o substituto do cereal no fabrico do pão.
Tal como se depreende dos estudos do Crastoeiro, em Mondim de Basto, no vale do Tâmega, entre outros sítios do noroeste português, as estruturas de armazenagem eram preferencialmente subterrâneas, em fossas abertas no substrato rochoso de dimensões consideráveis.
O processo de registo arqueológico é cada vez mais complexo, motivo pelo qual a obtenção de dados fiáveis e coerentes em termos paleobotânicos é urgente em qualquer período cronológico-cultural. Deste modo, ele deve estar cada vez mais direcionado para aquilo que os nossos olhos não vêm sendo, portanto, necessário efetuar recolhas sistemáticas de sedimentos durante os trabalhos de campo, prática ainda não consolidada sistematicamente.
No Crastoeiro foi descoberto um palimpsesto de fossas, abertas na arena granítica, junto a um conjunto de gravuras de arte atlântica, datadas entre o século IV e II a.C. e coincidentes com a primeira fase de ocupação do povoado (Crastoeiro I).
Poucos estudos carpológicos (frutos e sementes) foram realizados até ao momento no Noroeste Peninsular, o que confere uma maior importância a este trabalho que tem como objetivo obter informações sobre estratégias de armazenamento, práticas agrícolas, processamento de plantas, consumo alimentar e o ambiente ruderal.
Das fossas encontradas, quatro estão a ser alvo de estudo, num total de dezanove amostras sedimentares. O sedimento recolhido foi em alguns casos crivado, em outros flutuado. Pontualmente realizou-se durante a intervenção arqueológica, recolhas manuais dos macrorrestos vegetais.
Estas fossas têm revelado uma diversidade de cultivos, sendo o trigo espelta (Triticum aestivum subsp. spelta) o cultivo predominante, muitas das vezes conservado ainda com as espiguetas. O facto deste cereal não se encontrar plenamente processado sugere-nos um armazenamento a longo termo, à semelhança do que foi detetado noutros sítios no Noroeste Peninsular, tais como As Laias (Cenlle, Espanha) e Castrovite (La Estrada, Espanha). No Crastoeiro encotraram-se ainda outros cereais, nomeadamente: Aveia (Avena), cevada de grão vestido (Hordem vulgare subsp. vulgare), milho-miúdo (Panicum miliaceum), centeio (Secale cereale) e milho painço (Setaria italica).
Para além dos cereais, algumas leguminosas e espécies silvestres surgem nas amostras. Destas últimas, destaca-se a presença de bolotas (Quercus), em grande número. Acrescenta-se um pequeno número de grainhas de uva (Vitis vinifera), que traduzem a multiplicidade do registo carpológico do Crastoeiro.
Este registo carpológico permite retratar a diversidade de cultivos consumidos pelas comunidades da Idade do Ferro da região e atestar a complementaridade e versatilidade das práticas agrícolas. Ao mesmo tempo, juntamente com outros dados disponíveis para o noroeste peninsular, os dados arqueobotânicos (carpológicos e antracológicos) do Crastoeiro permitem abordar as principais características dos sistemas socio-ecológicos do período em questão. São evidentes os sinais de uma forte ação humana sobre o meio como resultado das atividades económicas operadas pelas comunidades que habitaram o Crastoeiro, incluindo as práticas agrícolas, que assentavam principalmente no cultivo de cereais. A escolha dos cultivos poderá obedecer a diversos critérios, alguns dos quais difíceis de abordar. A abundância de espelta no noroeste peninsular foi já documentada antes e tem sido explicada pelo enquadramento ambiental da região, tanto ao nível climático como edáfico.
A partir do séc. IV a. C. as condições climáticas terão piorado, com temperaturas mais baixas e ambientes mais húmidos, o que provavelmente obrigou as comunidades que habitaram o Crastoeiro, a uma adaptação, de forma a manter as suas colheitas estáveis, explícita na seleção de cultivos menos exigentes para com os solos, como o caso do trigo espelta, o cereal dominante neste povoado da Idade do Ferro. Por outro lado, a diversidade de cultivos e a provável coexistência de cultivos de Primavera e de Inverno deverão integrar-se numa estratégia de garantia da resiliência das comunidades humanas.
Papers by Luís Seabra
Zooarchaeology by Luís Seabra
Identificando um conjunto de dificuldades comuns às duas disciplinas, os presentes decidiram criar um grupo de trabalho informal para fomentar o diálogo profissional e com as instituições universitárias, a tutela (administração central e regional), as empresas e a comunidade arqueológica em geral.
Conference Presentations by Luís Seabra
agriculture in Northwest Iberia. Agricultural systems were based on a
diversity of crops, particularly cereals, well adapted to undemanding
soils and to harsh climatic conditions. In this context, two important crops have been considered Iron Age novelties, namely Triticum
aestivum subsp. spelta and Avena sp. Millets, although present in the
region since the Bronze Age were also very relevant crops, together
with other species of wheat and barley. Here we argue that by the end
of this period another cereal was introduced in the region - rye (Secale
cereale) – but that it occurred in the context of the first Roman
contacts.
The chronology of rye cultivation in the Iberian Peninsula has been a
matter of debate but up to recent times, published data only confirmed
its presence since a well advanced moment within the Roman Period.
However, new radiocarbon dates were obtained directly from grains of
rye recovered in the settlements of Crastoeiro (Mondim de Basto,
Portugal) and Cruito (Baião, Portugal). Some remain unpublished.
These confirmed the oldest contexts of rye in Northwest Iberia,
suggesting it was introduced somewhere within the 1st century B.C.
and the first half of the 1st century A.D. A phase with strong roman
influences.
It is likely that the introduction of rye came as a solution to the
problems caused by the cumulative effect of long-term pressure over
soils since prehistoric times. In the mountain regions of northern
Portugal, with harsh climate and poor soils, a prolific cereal such as
rye seems to fit well in agricultural strategies. Consequently, it was a
very important crop in Medieval times. Nonetheless, evidence from its
cultivation during the Roman times is still sparse, possibly suggesting
a slow increment in the regional agricultural strategies.
Data regarding the early stages of this crop in Northwest Iberia is still
short, making it difficult to fully assess its social and economic
context. Still, it is clear that with these new radiocarbon dates, the
chronology of rye in Northwest Iberia and in the whole Iberian
Peninsula has just begun to be redefined.
insights on the relation between environmental changes and the evolution of human societies and their agricultural systems.
Northwest Iberia stands as good study-case since abundant palaeoenvironmental studies allow us to understand the major
trends in climate, vegetation, erosion events and even atmospheric pollution during the Middle and Late Holocene. This diverse
and profuse array of information provides an excellent data-set to contrast with the regional archaeological and archaeobotanical
records.
The main focus of this presentation will be the carpological data available for northwest Iberia, including unpublished
material. Carpological data from late prehistoric and protohistoric sites allowed the identification of key-moments in agricultural
history, namely regarding the introduction of some crops and the development of new social-ecological systems. These keymoments
include the Middle/Late Bronze Age (c. 1800 – 700/600 BC) and the Iron Age (700/600 BC to the1 st century BC) and
correspond to significant changes in Human societies as suggested by data regarding the evolution of settlement, technology
and demography, among other features.
Developments in storage facilities are also recorded. Especially, underground storage (pits), that proved to be an important
strategy for long-term preservation. Moreover, the palaeoenvironmental records suggest significant changes on several levels
such as climate and forest cover. Increasing erosion events occur as the result of anthropogenic deforestation to obtain farmland
and pasture. Besides their clear differences, these two important moments revealed important economic and social changes.
Human communities became sedentary and a process of territorialization took place, enhancing the connection between
settlements in Northwest Iberia, a region where good agricultural soils are not abundant.
In the first moment (Middle/Late Bronze Age), the oldest evidence of millet, (Panicum milliaceum), a spring crop, suggests
changes in agricultural practices and territorial strategies. During the Iron Age, an agricultural system based on a diversity of
crops, namely different cereals, existed. In particular, hulled wheats (Triticum dicoccum and Triticum spelta) which were good
choices for undemanding and erosive soils.
These different environmental and archaeological records will be presented in order to address the main changes in land
cover and land use, namely their relation with the evolution of agricultural strategies and social-ecological systems in Northwest
Iberia.
Chapters by Luís Seabra
sido alvo de estudo por vários arqueólogos, desde os finais do século XIX. Em 2016, tiveram início novas escavações
arqueológicas que levaram à recolha de amostras sedimentares para análises arqueobotânicas. Neste
trabalho serão divulgados os resultados do estudo carpológico (frutos e sementes), de amostras provenientes
de quatro campanhas. Este estudo cobre uma ampla diacronia, que se estende entre a Idade do Ferro e a
Antiguidade Tardia, bem como um conjunto diverso de contextos arqueológicos. Os resultados revelaram um
predomínio de cereais, principalmente de milho-miúdo e de trigo de grão nu. O centeio e, sobretudo, o milho-
-painço e a cevada, surgiram em número mais reduzido.
Abstract
The Iron Age settlement of Crastoeiro is located in Mondim de Basto, district of Vila Real. It is stettled on a spur at the base of western slope of Monte Farinha. In the 2006 and 2007 campaigns several pits were discovered in this settlement. They were, cut in the bedrock, next to a set of Atlantic rock carvings, inside which were detected numerous vegetable macroremains.
The general objective of this work aimed the understanding agriculture activities in the frame of the Iron Age, in the northwest Portugal. In addition, the carpological studies provide important information about eating habits, ruderal environment and storage pratices.
Nineteen samples from four pits were studied (XVIII, XVIII.1, XVIII.2, XVIII.5). These structures were located in a central area of the settlement, destined for the storage of crops.
The content of these pits showed that spelt wheat (Triticum spelta) was by far the main crop. Besides the grains, spikelets were collected, demonstrating, this cereal was not fully processed and suggests long-term storage. Apart from spelt wheat, we note the presence of other cereals. We emphasize the presence of common millet (Panicum milliaceum), hulled barley (Hordeum vulgare), rye (Secale cereale) and foxtail millet (Setaria italica). The presence of common millet, a spring crop, proposes the existence of two harvests per year. The presence of rye was suprising. Through radiocarbon dating, we confirmed this to be the oldest context of rye for in Northwest Iberia.
During the Iron Age occupation of Crastoeiro, a diverse agriculture took place leading to a strong pressure on plant resources. Changing land cover and soil erosion may have been some of the environmental consequences of this trend.
From the 5th century B.C. the climatic conditions have worsened, with lower temperatures and more humidity. The communities that inhabited the Crastoeiro were probably forced to adapt to this situation. The selection of soil undemanding and versatile cereals was likely one of such adaptation.
Keywords: Crastoeiro, Storage Structures, Iron Age, Agricultural Pratices.
Os estudos paleoetnobotânicos permitem um melhor entendimento dos sítios arqueológicos, do ambiente ruderal, da gestão dos territórios, das atividades económicas e das estratégias de armazenagem das comunidades que habitaram os espaços do noroeste português durante a Idade do Ferro. Para a eficiência destes estudos foi marcante o desenvolvimento de estratégias de recolhas de sedimentos, a revisão de procedimentos laboratoriais e a melhoria dos critérios de diagnóstico taxonómico das várias espécies botânicas.
Durante a Idade do Ferro foi exercida uma grande pressão sobre os recursos vegetais do noroeste português, constituindo-se paisagens humanizadas amplamente desarborizadas.
Apesar de terem sidos elaborados trabalhos anteriores na região, continuam a ser escassos os estudos carpológicos (frutos e sementes), apesar destes terem um papel preponderante na compreensão da ação humana sobre o meio principalmente no que concerne a práticas agrícolas. Os dados atualmente disponíveis sugerem que estas assentavam principalmente no cultivo de cereais, dos quais destacam-se a aveia (Avena), o milho-miúdo (Panicum miliaceum), a cevada de grão vestido (Hordeum vulgare subsp vulgare), os trigos de grão nu (Triticum aestivum/durum) e os trigos vestidos (Triticum turgidum L. subsp. dicoccum e Triticum aestivum L. subsp. spelta). Estes últimos, com relevância, por serem menos exigentes ao nível dos solos, mais tolerantes a condições de pequena e média montanha, a temperaturas baixas e ambientes húmidos. Seriam, por isso uma solução para as condições climáticas que ter-se-ão verificado a partir do século IV a.C. O seu uso poderá corresponder, assim, a uma adaptação por parte das populações da Idade do Ferro de forma a manter colheitas estáveis e garantir a sua sobrevivência. A presença do milho, um cereal de primavera, que se adapta a diferentes solos e temperaturas indica que era natural a existência de duas colheitas por ano.
As leguminosas são menos abundantes no registo carpológico, o que poderá resultar de um fenómeno de preservação diferencial e da escassez de recolhas e sistemáticas de sedimentos durante as escavações arqueológicas. A fava (Vicia faba) é a espécie que surge mais frequentemente. Esta diversidade de cultivos vai em oposição ao que as fontes históricas nos
deixaram, nomeadamente Estrabão que considerava a bolota como o substituto do cereal no fabrico do pão.
Tal como se depreende dos estudos do Crastoeiro, em Mondim de Basto, no vale do Tâmega, entre outros sítios do noroeste português, as estruturas de armazenagem eram preferencialmente subterrâneas, em fossas abertas no substrato rochoso de dimensões consideráveis.
O processo de registo arqueológico é cada vez mais complexo, motivo pelo qual a obtenção de dados fiáveis e coerentes em termos paleobotânicos é urgente em qualquer período cronológico-cultural. Deste modo, ele deve estar cada vez mais direcionado para aquilo que os nossos olhos não vêm sendo, portanto, necessário efetuar recolhas sistemáticas de sedimentos durante os trabalhos de campo, prática ainda não consolidada sistematicamente.
No Crastoeiro foi descoberto um palimpsesto de fossas, abertas na arena granítica, junto a um conjunto de gravuras de arte atlântica, datadas entre o século IV e II a.C. e coincidentes com a primeira fase de ocupação do povoado (Crastoeiro I).
Poucos estudos carpológicos (frutos e sementes) foram realizados até ao momento no Noroeste Peninsular, o que confere uma maior importância a este trabalho que tem como objetivo obter informações sobre estratégias de armazenamento, práticas agrícolas, processamento de plantas, consumo alimentar e o ambiente ruderal.
Das fossas encontradas, quatro estão a ser alvo de estudo, num total de dezanove amostras sedimentares. O sedimento recolhido foi em alguns casos crivado, em outros flutuado. Pontualmente realizou-se durante a intervenção arqueológica, recolhas manuais dos macrorrestos vegetais.
Estas fossas têm revelado uma diversidade de cultivos, sendo o trigo espelta (Triticum aestivum subsp. spelta) o cultivo predominante, muitas das vezes conservado ainda com as espiguetas. O facto deste cereal não se encontrar plenamente processado sugere-nos um armazenamento a longo termo, à semelhança do que foi detetado noutros sítios no Noroeste Peninsular, tais como As Laias (Cenlle, Espanha) e Castrovite (La Estrada, Espanha). No Crastoeiro encotraram-se ainda outros cereais, nomeadamente: Aveia (Avena), cevada de grão vestido (Hordem vulgare subsp. vulgare), milho-miúdo (Panicum miliaceum), centeio (Secale cereale) e milho painço (Setaria italica).
Para além dos cereais, algumas leguminosas e espécies silvestres surgem nas amostras. Destas últimas, destaca-se a presença de bolotas (Quercus), em grande número. Acrescenta-se um pequeno número de grainhas de uva (Vitis vinifera), que traduzem a multiplicidade do registo carpológico do Crastoeiro.
Este registo carpológico permite retratar a diversidade de cultivos consumidos pelas comunidades da Idade do Ferro da região e atestar a complementaridade e versatilidade das práticas agrícolas. Ao mesmo tempo, juntamente com outros dados disponíveis para o noroeste peninsular, os dados arqueobotânicos (carpológicos e antracológicos) do Crastoeiro permitem abordar as principais características dos sistemas socio-ecológicos do período em questão. São evidentes os sinais de uma forte ação humana sobre o meio como resultado das atividades económicas operadas pelas comunidades que habitaram o Crastoeiro, incluindo as práticas agrícolas, que assentavam principalmente no cultivo de cereais. A escolha dos cultivos poderá obedecer a diversos critérios, alguns dos quais difíceis de abordar. A abundância de espelta no noroeste peninsular foi já documentada antes e tem sido explicada pelo enquadramento ambiental da região, tanto ao nível climático como edáfico.
A partir do séc. IV a. C. as condições climáticas terão piorado, com temperaturas mais baixas e ambientes mais húmidos, o que provavelmente obrigou as comunidades que habitaram o Crastoeiro, a uma adaptação, de forma a manter as suas colheitas estáveis, explícita na seleção de cultivos menos exigentes para com os solos, como o caso do trigo espelta, o cereal dominante neste povoado da Idade do Ferro. Por outro lado, a diversidade de cultivos e a provável coexistência de cultivos de Primavera e de Inverno deverão integrar-se numa estratégia de garantia da resiliência das comunidades humanas.
Identificando um conjunto de dificuldades comuns às duas disciplinas, os presentes decidiram criar um grupo de trabalho informal para fomentar o diálogo profissional e com as instituições universitárias, a tutela (administração central e regional), as empresas e a comunidade arqueológica em geral.
agriculture in Northwest Iberia. Agricultural systems were based on a
diversity of crops, particularly cereals, well adapted to undemanding
soils and to harsh climatic conditions. In this context, two important crops have been considered Iron Age novelties, namely Triticum
aestivum subsp. spelta and Avena sp. Millets, although present in the
region since the Bronze Age were also very relevant crops, together
with other species of wheat and barley. Here we argue that by the end
of this period another cereal was introduced in the region - rye (Secale
cereale) – but that it occurred in the context of the first Roman
contacts.
The chronology of rye cultivation in the Iberian Peninsula has been a
matter of debate but up to recent times, published data only confirmed
its presence since a well advanced moment within the Roman Period.
However, new radiocarbon dates were obtained directly from grains of
rye recovered in the settlements of Crastoeiro (Mondim de Basto,
Portugal) and Cruito (Baião, Portugal). Some remain unpublished.
These confirmed the oldest contexts of rye in Northwest Iberia,
suggesting it was introduced somewhere within the 1st century B.C.
and the first half of the 1st century A.D. A phase with strong roman
influences.
It is likely that the introduction of rye came as a solution to the
problems caused by the cumulative effect of long-term pressure over
soils since prehistoric times. In the mountain regions of northern
Portugal, with harsh climate and poor soils, a prolific cereal such as
rye seems to fit well in agricultural strategies. Consequently, it was a
very important crop in Medieval times. Nonetheless, evidence from its
cultivation during the Roman times is still sparse, possibly suggesting
a slow increment in the regional agricultural strategies.
Data regarding the early stages of this crop in Northwest Iberia is still
short, making it difficult to fully assess its social and economic
context. Still, it is clear that with these new radiocarbon dates, the
chronology of rye in Northwest Iberia and in the whole Iberian
Peninsula has just begun to be redefined.
insights on the relation between environmental changes and the evolution of human societies and their agricultural systems.
Northwest Iberia stands as good study-case since abundant palaeoenvironmental studies allow us to understand the major
trends in climate, vegetation, erosion events and even atmospheric pollution during the Middle and Late Holocene. This diverse
and profuse array of information provides an excellent data-set to contrast with the regional archaeological and archaeobotanical
records.
The main focus of this presentation will be the carpological data available for northwest Iberia, including unpublished
material. Carpological data from late prehistoric and protohistoric sites allowed the identification of key-moments in agricultural
history, namely regarding the introduction of some crops and the development of new social-ecological systems. These keymoments
include the Middle/Late Bronze Age (c. 1800 – 700/600 BC) and the Iron Age (700/600 BC to the1 st century BC) and
correspond to significant changes in Human societies as suggested by data regarding the evolution of settlement, technology
and demography, among other features.
Developments in storage facilities are also recorded. Especially, underground storage (pits), that proved to be an important
strategy for long-term preservation. Moreover, the palaeoenvironmental records suggest significant changes on several levels
such as climate and forest cover. Increasing erosion events occur as the result of anthropogenic deforestation to obtain farmland
and pasture. Besides their clear differences, these two important moments revealed important economic and social changes.
Human communities became sedentary and a process of territorialization took place, enhancing the connection between
settlements in Northwest Iberia, a region where good agricultural soils are not abundant.
In the first moment (Middle/Late Bronze Age), the oldest evidence of millet, (Panicum milliaceum), a spring crop, suggests
changes in agricultural practices and territorial strategies. During the Iron Age, an agricultural system based on a diversity of
crops, namely different cereals, existed. In particular, hulled wheats (Triticum dicoccum and Triticum spelta) which were good
choices for undemanding and erosive soils.
These different environmental and archaeological records will be presented in order to address the main changes in land
cover and land use, namely their relation with the evolution of agricultural strategies and social-ecological systems in Northwest
Iberia.
sido alvo de estudo por vários arqueólogos, desde os finais do século XIX. Em 2016, tiveram início novas escavações
arqueológicas que levaram à recolha de amostras sedimentares para análises arqueobotânicas. Neste
trabalho serão divulgados os resultados do estudo carpológico (frutos e sementes), de amostras provenientes
de quatro campanhas. Este estudo cobre uma ampla diacronia, que se estende entre a Idade do Ferro e a
Antiguidade Tardia, bem como um conjunto diverso de contextos arqueológicos. Os resultados revelaram um
predomínio de cereais, principalmente de milho-miúdo e de trigo de grão nu. O centeio e, sobretudo, o milho-
-painço e a cevada, surgiram em número mais reduzido.