Papers by Marcos Gabriel Ruas Benedito
Medievalis, 2023
Procura-se compreender a construção da imagem herética atribuída aos bárbaros germânicos pratican... more Procura-se compreender a construção da imagem herética atribuída aos bárbaros germânicos praticantes do cristianismo em sua vertente ariana a partir da análise da obra informalmente conhecida como Historia Francorum (ou História dos Francos), escrita por Gregório de Tours. Para tanto, busca-se empregar uma abordagem plural, isto é, dando igual atenção ao sujeito escritor da narrativa histórica apresentada e aos sujeitos representados na mesma narrativa, na qual Gregório é visto como possuindo o ponto de vista de um historiador, além da denotação de seu projeto histórico em um sentido mais amplo, características consideradas como sendo de suma importância para a compreensão de sua obra magna. Também visa-se enfatizar a complexidade do arianismo enquanto doutrina, delimitando sua origem e teologia, bem como sua relação com os povos germânicos, com o objetivo de clarificar equívocos ocasionados por visões enviesadas a serviço de uma certa ideologia e deturpações instigadas por olhares narrativos de terceiros. Finalmente, pode-se compreender de que maneira o projeto histórico do bispo de Tours se utiliza de uma representação construída pelo autor dos povos germânicos “bárbaros” arianos a fim de favorecer uma visão providencialista da História e do mundo a sua volta, assim como denotar os possíveis efeitos da compreensão de projetos históricos como os do bispo no instigar de diferentes discussões historiográficas.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
READ - Revista de Estudos Anarquistas e Decoloniais, 2021
Este artigo busca compreender as diferentes formas de aplicação da política necro-racista por par... more Este artigo busca compreender as diferentes formas de aplicação da política necro-racista por parte do Estado Imperial brasileiro no contexto de dois eventos revoltosos ocorridos durante o período regencial, compreendido entre os anos de 1831 a 1840, na Bahia: a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838). Nesse sentido, mostraremos a princípio uma definição do arsenal terminológico necessário à empreitada. Depois, dissecaremos o contexto histórico compassado tanto a priori da aplicação da política necro-racista (conforme definida por Wallace de Moraes) quanto a posteriori desta. Passaremos então aos efeitos da aplicação de tal política nos indivíduos participantes dos processos revoltosos, com enfoque naqueles encaixados na zona do não-ser (conforme a divisão entre zona do ser e zona do não-ser proposta por Frantz Fanon). Conclui-se com a análise histórica do legado da política necro-racista no decorrer do período analisado.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Outros by Marcos Gabriel Ruas Benedito
Trabalho de conclusão de curso.
Este artigo possui como objetivo identificar e analisar os aspec... more Trabalho de conclusão de curso.
Este artigo possui como objetivo identificar e analisar os aspectos religiosos, culturais e políticos da escrita de Isidoro de Sevilha em relação ao Reino Vândalo (425-525 d. C.) na obra Historia de regibus Gothorum, Vandalorum et Suevorum. Realizando um trabalho tipológico da obra do arcebispo de Sevilha, a entendemos como sendo de caráter não somente histórico, como também teológico-político. Do mesmo modo, Isidoro será compreendido enquanto figura histórica e erudita, cuja reafirmação de sua identidade visigótica e cristã nicena se faz presente durante o processo de escrita do seu texto. Posteriormente, a partir de uma investigação do contexto político-cultural de produção de sua obra, verificamos que o autor possuía um projeto que hoje entendemos como historiográfico, tendo relação com a construção de um imaginário cultural acerca dos vândalos cujos propósitos eram alinhados de maneira dinamizada com sua narrativa. Para tais considerações, nos utilizaremos das noções de identidade conforme as propostas do historiador Dominick LaCapra e do psicanalista Jacques Lacan. Para o conceito de imaginário, serão adotadas as considerações do filósofo Cornelius Castoriadis. Conclui-se com um exame mais detalhado do imaginário vandálico arquitetado por Isidoro a partir dos elementos presentes em sua narrativa, em que destacamos de que maneira essa imagética atribuiu aos vândalos uma identidade desvirtuosa e indesejável, de interesse considerável às ambições políticas, religiosas e culturais do Reino Visigótico e do arcebispo de Sevilha.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Este artigo busca compreender as diferentes formas de aplicação da política necroracista por part... more Este artigo busca compreender as diferentes formas de aplicação da política necroracista por parte do Estado Imperial brasileiro no contexto de dois eventos revoltosos ocorridos durante o período regencial, compreendido entre os anos de 1831 a 1840, na Bahia: a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838). Nesse sentido, mostraremos a princípio uma definição do arsenal terminológico necessário à empreitada. Depois, dissecaremos o contexto histórico compassado tanto a priori da aplicação da política necro-racista (conforme definida por Wallace de Moraes) quanto a posteriori desta. Passaremos então aos efeitos da aplicação de tal política nos indivíduos participantes dos processos revoltosos, com enfoque naqueles encaixados na zona do não-ser (conforme a divisão entre zona do ser e zona do não-ser proposta por Frantz Fanon). Conclui-se com a análise histórica do legado da política necro-racista no decorrer do período analisado.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Papers by Marcos Gabriel Ruas Benedito
Outros by Marcos Gabriel Ruas Benedito
Este artigo possui como objetivo identificar e analisar os aspectos religiosos, culturais e políticos da escrita de Isidoro de Sevilha em relação ao Reino Vândalo (425-525 d. C.) na obra Historia de regibus Gothorum, Vandalorum et Suevorum. Realizando um trabalho tipológico da obra do arcebispo de Sevilha, a entendemos como sendo de caráter não somente histórico, como também teológico-político. Do mesmo modo, Isidoro será compreendido enquanto figura histórica e erudita, cuja reafirmação de sua identidade visigótica e cristã nicena se faz presente durante o processo de escrita do seu texto. Posteriormente, a partir de uma investigação do contexto político-cultural de produção de sua obra, verificamos que o autor possuía um projeto que hoje entendemos como historiográfico, tendo relação com a construção de um imaginário cultural acerca dos vândalos cujos propósitos eram alinhados de maneira dinamizada com sua narrativa. Para tais considerações, nos utilizaremos das noções de identidade conforme as propostas do historiador Dominick LaCapra e do psicanalista Jacques Lacan. Para o conceito de imaginário, serão adotadas as considerações do filósofo Cornelius Castoriadis. Conclui-se com um exame mais detalhado do imaginário vandálico arquitetado por Isidoro a partir dos elementos presentes em sua narrativa, em que destacamos de que maneira essa imagética atribuiu aos vândalos uma identidade desvirtuosa e indesejável, de interesse considerável às ambições políticas, religiosas e culturais do Reino Visigótico e do arcebispo de Sevilha.
Este artigo possui como objetivo identificar e analisar os aspectos religiosos, culturais e políticos da escrita de Isidoro de Sevilha em relação ao Reino Vândalo (425-525 d. C.) na obra Historia de regibus Gothorum, Vandalorum et Suevorum. Realizando um trabalho tipológico da obra do arcebispo de Sevilha, a entendemos como sendo de caráter não somente histórico, como também teológico-político. Do mesmo modo, Isidoro será compreendido enquanto figura histórica e erudita, cuja reafirmação de sua identidade visigótica e cristã nicena se faz presente durante o processo de escrita do seu texto. Posteriormente, a partir de uma investigação do contexto político-cultural de produção de sua obra, verificamos que o autor possuía um projeto que hoje entendemos como historiográfico, tendo relação com a construção de um imaginário cultural acerca dos vândalos cujos propósitos eram alinhados de maneira dinamizada com sua narrativa. Para tais considerações, nos utilizaremos das noções de identidade conforme as propostas do historiador Dominick LaCapra e do psicanalista Jacques Lacan. Para o conceito de imaginário, serão adotadas as considerações do filósofo Cornelius Castoriadis. Conclui-se com um exame mais detalhado do imaginário vandálico arquitetado por Isidoro a partir dos elementos presentes em sua narrativa, em que destacamos de que maneira essa imagética atribuiu aos vândalos uma identidade desvirtuosa e indesejável, de interesse considerável às ambições políticas, religiosas e culturais do Reino Visigótico e do arcebispo de Sevilha.