Imprensa da Universidade de Coimbra - Open access: http://monographs.uc.pt/iuc/catalog/book/274, 2022
Quem eram os inquisidores portugueses? Como suas práticas judiciais evoluíram ao longo dos quase ... more Quem eram os inquisidores portugueses? Como suas práticas judiciais evoluíram ao longo dos quase trezentos anos de existência do Santo Ofício em Portugal? Que fé, que confiança, os inquisidores tinham em seus próprios julgamentos? A fé dos juízes refaz a história da Inquisição portuguesa a partir de um ponto de vista jurídico, das carreiras e das dissensões existentes entre os inquisidores. Vemos que bastante rapidamente muitos de seus membros, geração após geração, deixaram de acreditar na eficácia dos métodos empregados no julgamento dos casos de heresia, e que essas insatisfações são um importante elemento das reformas dos anos 1770. Conta-se assim a história do Santo Ofício português, antes do seu declínio final, a partir daquilo que era o cerne da sua existência: os processos por heresia.
In Portuguese Jews, New Christians and 'New Jews' Claude B. Stuczynski and Bruno Feitler gather s... more In Portuguese Jews, New Christians and 'New Jews' Claude B. Stuczynski and Bruno Feitler gather some of the leading scholars of the history of the Portuguese Jews and conversos in a tribute to their common friend and a renowned figure in Luso-Judaica, Roberto Bachmann, on the occasion of his 85th birthday. The texts are divided into five sections dealing with medieval Portuguese Jewish culture, the impact of the inquisitorial persecution, the wide range of converso identities on one side, and of the Sephardi Western Portuguese Jewish communities on the other, and the role of Portugal and Brazil as lands of refuge for Jews during the Second World War. This book is introduced by a comprehensive survey on the historiography on Portuguese Jews, New Christians and 'New Jews' and offers a contribution to Luso-Judaica studies
This book scrutinizes literary works based on Judaism, Jews and their descendants, written or pri... more This book scrutinizes literary works based on Judaism, Jews and their descendants, written or printed by the Portuguese, from the forced conversion of Jews in 1497, until the ending of the distinction between New and Old Christians in 1773. It tries to understand what motivated this vast literary production, its different currents, and how they evolved. Additionally, it studies the image of New Christians and seeks the reasons for the perpetuation of this perception of Jewish descendants in the Early Modern Portuguese world. The Imaginary Synagogue seeks to identify which Jews and which ‘synagogue’ those authors constructed in their texts and their reasons for doing so, and offers conclusions on the self-affirmed Catholic importance of this literary current.
"A designer carioca Bea Feitler teve uma carreira meteórica: aos 25 anos, tornou-se codiretora de... more "A designer carioca Bea Feitler teve uma carreira meteórica: aos 25 anos, tornou-se codiretora de arte da Harper’s Bazaar, a revista de moda mais prestigiada dos Estados Unidos, que conduziu por mais de uma década em companhia de fotógrafos do porte de Richard Avedon.
Esse foi o trampolim para que Bea se tornasse uma das diretoras de arte mais influentes do cenário norte-americano, produzindo livros, revistas, cartazes, capas de discos e livros para personagens tão influentes como os Beatles, a revista Rolling Stone, Helmut Newton, Os Doces Bárbaros, Diaghilev e os Ballets Russes e Jackson Pollock. Não é nenhum exagero dizer que Bea esteve, em muitos momentos, no olho do furacão pop que sacudiu o país desde meados da década de 1960 até fins dos anos 1970.
Essa história emocionante, cheia de lances de sorte, sucesso e drama, está contada no livro O design de Bea Feitler. Com organização e biografia do historiador Bruno Feitler e análise gráfica de André Stolarski, o volume investiga a trajetória da designer ao longo de 260 páginas e 480 ilustrações, desde o início de sua carreira na Revista Senhor até o redesenho da revista Vanity Fair, relançada pouco após sua morte. No meio do caminho, visita obras como o lendário livro Diary of a Century, assinado em parceria com o fotógrafo Jacques-Henri Lartigue,o irreverente projeto da revista Ms., um dos principais veículos feministas da década de 1970, a capa do disco Black and Blue dos Rolling Stones e a memorável campanha publicitária feita para a Calvin Klein em meados da década. A versatilidade e a importância de Bea para a construção do imaginário da época fazem de O design de Bea Feitler um livro que interessa não apenas aos designers, mas a todos aqueles que de alguma forma se relacionam com a cultura visual norte-americana da época e seu diálogo com a cultura brasileira, em âmbitos tão diversos quanto a moda, o balé, a música, as artes visuais e, sobretudo, a fotografia."
A Igreja católica exerceu um papel fundamental no Brasil colonial. Não bastasse a predominância d... more A Igreja católica exerceu um papel fundamental no Brasil colonial. Não bastasse a predominância do cristianismo de matriz católica romana em nossa sociedade contemporânea, nossas cidades mais antigas estão repletas de belos edifícios religiosos que denotam, por sua localização, por sua suntuosidade, a centralidade dessa instituição na vida dos homens e mulheres daquele tempo. Os estudos reunidos neste volume versam sobre a Igreja, o modo como desenvolveu as estruturas de enquadramento religioso, concentrando-se também sobre a maneira como seus agentes e fiéis viveram sua fé ou tentaram adaptar suas práticas ao prescrito. Buscou-se, portanto, tratar de questões relevantes para o conhecimento da história da Igreja no Brasil. São vários capítulos dedicados ao estudo do episcopado, do sentimento religioso, dos mecanismos de repressão às práticas desviantes e das relações entre Igreja e Estado. O leitor não demorará a perceber, entretanto, que a obra que tem em mãos não se deixa encerrar nas fronteiras de uma história institucional. Para além do modo como os artigos são construídos, os diferentes temas abordados denotam a preocupação de entender a história religiosa como um campo que necessariamente extravasa os limites da instituição eclesiástica. A adoção dessa perspectiva explica, em boa medida, a preocupação com aspectos relativos ao contexto social e histórico no qual estava inserido o esforço legislador que representou a promulgação e posterior aplicação das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São bons exemplos dessa busca de contextualização os capítulos sobre o modo como a Igreja lidou com o problema da escravidão, nos quais são analisadas questões específicas atinentes às normas e práticas cristãs em uma sociedade escravista. Não são menos indicativos disso os estudos que tratam da presença do Santo Ofício na sociedade local e de sua relação com as autoridades do arcebispado, da complexa convivência entre o poder eclesiástico e o poder local, do papel desempenhado pela Igreja na configuração do tecido urbano em diferentes regiões do Brasil, ou ainda das relações entre práticas alimentares e calendário religioso. Nota-se, ao longo dos textos, o esforço de compreensão do religioso em sua relação com as mais diversas instâncias da realidade. Como os organizadores assinalam em sua introdução, há uma salutar pluralidade de interpretações nos artigos apresentados neste livro, que não se deixa encerrar pelo confessionalismo religioso ou ideológico. Pela metodologia empregada, por seus objetos, bem como pelas novas abordagens, a presente obra, não obstante a relativa heterogeneidade das contribuições, deve ser entendida enquanto tentativa de pensar em nova chave a história religiosa do período colonial. A Igreja no Brasil. Normas e práticas durante a vigência das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia conta, assim, com textos de renomados especialistas nacionais e estrangeiros, constituindo um marco na renovação dos estudos de história religiosa em nosso país. (Texto da orelha)
"Os textos de Raízes do privilégio apresentam uma detalhada análise da mobilidade social nas colô... more "Os textos de Raízes do privilégio apresentam uma detalhada análise da mobilidade social nas colônias e metrópoles ibéricas entre os séculos XV e XVIII. Os organizadores Rodrigo Bentes Monteiro, Daniela Buono Calainho, Bruno Feitler e Jorge Flores se inspiraram na obra clássica de Sérgio Buarque de Holanda para dar título ao conjunto de textos e como ela, esta foca nas dinâmicas sociais, relacionadas com aspectos políticos, culturais e econômicas de forma quase multidisciplinar.
Fruto do seminário internacional ocorrido no Rio de Janeiro, em 2009, os escritos de agora ultrapassam os limites do Brasil e das comparações realizadas por Buarque de Holanda entre Portugal e Castela e as Américas portuguesa e espanhola. O Brasil não é pensado de forma isolada, mas em articulação aos vários mundos com os quais interagia de forma direta e indireta, pelo simples fato de fazer parte de um império colonial.
“Entre as raízes e as diferenças, o presente livro amplia as comparações de Buarque de Holanda, pela análise de hierarquias, trajetórias, redes e mecanismos de poder, não apenas na América, mas em vários espaços sociais nesse mundo de matriz ibérica”, explicam os organizadores.
A análise sobre a mobilidade social na Índia portuguesa ou a ordem social e reformas no México burbônico juntam-se a texto sobre os judeus portugueses no Brasil holandês , entre outros para formar um panorama multifacetado e atualizado do sistema colonial ibérico."
Em 1707 foram promulgadas as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia de autoria do arcebi... more Em 1707 foram promulgadas as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia de autoria do arcebispo D. Sebastião Monteiro da Vide. Com este trabalho de legislação canônica, pretendeu oferecer uma adaptação das normas eclesiásticas à realidade local de uma diocese na colônia, tarefa inédita até aquele momento. As Constituições permaneceram em vigor, com algumas modificações, até o final do Império, e essa longevidade é prova do êxito que tiveram, e demonstram sua importância como fonte para o estudo da Igreja e da sociedade da época. Entretanto, a última edição da obra data de 1853, tornando-a uma fonte de difícil acesso para os pesquisadores; sua publicação pela Edusp, integrando a Coleção Documenta Uspiana, pretende suprir essa lacuna. Esta edição conta com um estudo introdutório sobre o arcebispo e sua obra, contextualizando o momento em que foram redigidas, e notas e comentários sobre o texto original.
Este é um livro que se destaca, em nossa historiografia, pela sua originalidade. Originalidade te... more Este é um livro que se destaca, em nossa historiografia, pela sua originalidade. Originalidade temática, documental e, sobretudo, na concepção do objeto. Pois se é verdade que as pesquisas sobre a história inquisitorial no Brasil cresceram muito nas últimas décadas, em número e qualidade, poucos têm focalizado os aspectos propriamente institucionais e políticos da ação inquisitorial. De modo geral, têm prevalecido estudos sobre os hereges perseguidos pela Inquisição, em especial sobre os cristãos-novos, sempre suspeitos de judaizar, mas também sobre as feiticeiras, sodomitas, solicitantes, fornicários, blasfemos. Uma plêiade de desviantes, cujas heresias eram temperados pelas mesclas culturais típicas do “viver em colônias”. A abordagem de Feitler é diferente. Desloca o foco para a própria máquina inquisitorial, priorizando Pernambuco como cenário. O livro expõe, em detalhe, os instrumentos de atuação do Santo Ofício na capitania desde o século XVI ao XVIII, o que permite ao leitor acompanhar o crescente adensamento deste sistema de vigilância das consciências. Apresenta, igualmente, a formação dos quadros, a rede de familiares e comissários que tornou possível a ação do Santo Ofício em terra tão avessa à ortodoxia católica. Desvenda a estreita conexão entre ação inquisitorial e justiça eclesiástica, sublinhando o papel decisivo do episcopado no rastreamento das heresias. O leitor que presume ter a ação inquisitorial em Pernambuco se limitado à visitação quinhentista, vai se deparar com um sistema muito mais complexo, quer do ponto de vista jurídico-administrativo, quer do ponto de vista político. Trata-se de um livro de história institucional que, no entanto, se desdobra em historia social e política. Basta citar, como exemplo, o enfrentamento da questão sobre o não estabelecimento, no Brasil, de um tribunal do Santo Ofício, embora a máquina montada na colônia tenha dado conta do recado. Bruno Feitler nos mostra como e por que isto se deu, ancorado em farta pesquisa arquivística e bibliografia impecável. De modo que este livro cumpre o que mais se pode desejar de uma pesquisa histórica. Ele traz muitas novidades, e o faz com consistência, erudição e elegância. Ronaldo Vainfas Professor Titular de História Moderna Universidade Federal Fluminense
L’occupation hollandaise d’une partie du Nordeste du Brésil entre 1630 et 1654 permit la fondatio... more L’occupation hollandaise d’une partie du Nordeste du Brésil entre 1630 et 1654 permit la fondation au Pernambouc d’une communauté juive officielle, la première des Amériques. Un siècle plus tard, entre 1729 et 1756, une cinquantaine de personnes de cette même région sont arrêtées pour judaïsme et abjurent leur hérésie ou sont exécutées au cours d’autodafés du tribunal de l’Inquisition de Lisbonne. Ce livre traite de l’histoire commune et des interactions entre ces deux groupes, dont les rapports furent bien plus réels que ce que l’on pouvait penser. Utilisant l’évolution de leur identité religieuse comme fil conducteur, après avoir étudié en profondeur les mécanismes de l’action inquisitoriale dans la région, il dévoile la complexité de la mentalité baroque et pleine de contradictions des gens de “la Nation” juive portugaise, révélant l’importance du facteur religieux dans la construction de l’identité de tous ceux qui en faisaient partie.
Oxford Research Encyclopedia of Latin American History, 2024
Portuguese America, or colonial Brazil, was a world of multiple cultures and peoples, integrating... more Portuguese America, or colonial Brazil, was a world of multiple cultures and peoples, integrating Amerindians, Europeans and enslaved Africans. However, this integration was carried out under the exclusive dominion of the Portuguese, for whom religious unity within Roman Catholicism was a political necessity. This fact was not apparent in the early decades of the 16th century when they first landed in what would become Brazil; however, with the beginning of effective colonization and the presence of missionaries in the 1540s, while religious strife in Europe was in ascension, there was no doubt. Although a local Inquisition tribunal was never established, intolerance was the norm, and religious persecution of acts and beliefs deemed heretical (or associated with them) was a reality. This search for Catholic orthodoxy and exclusivism was ensured in colonial Brazil mainly by three ecclesiastic institutes or organizations: Inquisition representatives, members of the secular clergy, and missionaries (Jesuits, but also Capuchins, Carmelites, and members of other regular orders). While not all had the primary objective of persecuting heretics, they considered religious homogeneity as essential and thus struggled to uncover and punish potential Protestants or crypto-Jews. They also confronted practices and beliefs of local origin on a much more regular basis, such as the santidade of Jaguaripe and the mandinga pouches and calundus of African origin, associating them with devilish customs and calling those practices and beliefs “inventions,” “abuses,” or “errors” rather than a more theologically established “heresy.”
Este articulo estudia un aspecto poco conocido del impacto social de la Inquisición portuguesa, c... more Este articulo estudia un aspecto poco conocido del impacto social de la Inquisición portuguesa, concretamente su papel en tanto que locus de movilidad social entre los oficiales internos de los tribunales. Analizamos las carreras de algunos de los oficiales legos activos en continuidad en los propios tribunales metropolitanos (alguacil, alcaldes de las cárceles, despensero, porteros, guardias y solicitadores). Después de establecer una cronología con los diferentes tiempos de los modos de obtención y de transmisión de esos oficios, desde la remuneración de servicios a la venta en subasta pública, buscaremos entender qué impactos tuvieron la posesión y/o el real ejercicio de los oficios en la vida de esos hombres y de sus familias, más allá de la mera función alimenticia y el evidente papel de certificación de la pureza de sangre. Palabras clave: Inquisición portuguesa-Oficiales legos-patrimonialización-venalidad de oficios.
RESUMO A partir das indefinições do que sejam as humanidades digitais e da concepção de que o com... more RESUMO A partir das indefinições do que sejam as humanidades digitais e da concepção de que o compartilhamento de experiências concretas pode enriquecer essa discussão, são apresentadas iniciativas levadas a cabo no Departamento de História da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Para dar maior diversidade ao material apresentado, foram escolhidos projetos de um grupo de pesquisas e de uma disciplina de graduação. Assim, com centros de gravidade na pesquisa e na docência, os projetos analisados propõem um maior reconhecimento do papel do graduando nas humanidades digitais. Da análise sai reforçado o paradoxo de que os trabalhos em humanidades digitais são institucionalmente subvalorizados, ao mesmo tempo que facilitam a colaboração e a livre circulação do conhecimento.
Os processos judiciais tem sido uma fonte praticamente inesgotável para os historiadores desde há... more Os processos judiciais tem sido uma fonte praticamente inesgotável para os historiadores desde há muito tempo. Ao menos desde que a história passou a ser contada não apenas com grandes personagens e heróis, com a definitiva entrada em cena de novos agentes cuja abrangência social impôs a necessidade de buscar suas pistas, trajetórias e formas de ação e pensamento em uma maior multiplicidade de resquícios do passado. [...].
Arquivos Do Centro Cultural Calouste Gulbenkian, 2004
Le cryptojudaïsme est bien connu comme phénomène religieux syncrétique ayant été fortement influe... more Le cryptojudaïsme est bien connu comme phénomène religieux syncrétique ayant été fortement influencé par le catholicisme environnant. Toutefois, d'autres interférences, cette fois-ci juives, ont pu laisser leur marque dans la practique et dans les croyances de certains ...
Imprensa da Universidade de Coimbra - Open access: http://monographs.uc.pt/iuc/catalog/book/274, 2022
Quem eram os inquisidores portugueses? Como suas práticas judiciais evoluíram ao longo dos quase ... more Quem eram os inquisidores portugueses? Como suas práticas judiciais evoluíram ao longo dos quase trezentos anos de existência do Santo Ofício em Portugal? Que fé, que confiança, os inquisidores tinham em seus próprios julgamentos? A fé dos juízes refaz a história da Inquisição portuguesa a partir de um ponto de vista jurídico, das carreiras e das dissensões existentes entre os inquisidores. Vemos que bastante rapidamente muitos de seus membros, geração após geração, deixaram de acreditar na eficácia dos métodos empregados no julgamento dos casos de heresia, e que essas insatisfações são um importante elemento das reformas dos anos 1770. Conta-se assim a história do Santo Ofício português, antes do seu declínio final, a partir daquilo que era o cerne da sua existência: os processos por heresia.
In Portuguese Jews, New Christians and 'New Jews' Claude B. Stuczynski and Bruno Feitler gather s... more In Portuguese Jews, New Christians and 'New Jews' Claude B. Stuczynski and Bruno Feitler gather some of the leading scholars of the history of the Portuguese Jews and conversos in a tribute to their common friend and a renowned figure in Luso-Judaica, Roberto Bachmann, on the occasion of his 85th birthday. The texts are divided into five sections dealing with medieval Portuguese Jewish culture, the impact of the inquisitorial persecution, the wide range of converso identities on one side, and of the Sephardi Western Portuguese Jewish communities on the other, and the role of Portugal and Brazil as lands of refuge for Jews during the Second World War. This book is introduced by a comprehensive survey on the historiography on Portuguese Jews, New Christians and 'New Jews' and offers a contribution to Luso-Judaica studies
This book scrutinizes literary works based on Judaism, Jews and their descendants, written or pri... more This book scrutinizes literary works based on Judaism, Jews and their descendants, written or printed by the Portuguese, from the forced conversion of Jews in 1497, until the ending of the distinction between New and Old Christians in 1773. It tries to understand what motivated this vast literary production, its different currents, and how they evolved. Additionally, it studies the image of New Christians and seeks the reasons for the perpetuation of this perception of Jewish descendants in the Early Modern Portuguese world. The Imaginary Synagogue seeks to identify which Jews and which ‘synagogue’ those authors constructed in their texts and their reasons for doing so, and offers conclusions on the self-affirmed Catholic importance of this literary current.
"A designer carioca Bea Feitler teve uma carreira meteórica: aos 25 anos, tornou-se codiretora de... more "A designer carioca Bea Feitler teve uma carreira meteórica: aos 25 anos, tornou-se codiretora de arte da Harper’s Bazaar, a revista de moda mais prestigiada dos Estados Unidos, que conduziu por mais de uma década em companhia de fotógrafos do porte de Richard Avedon.
Esse foi o trampolim para que Bea se tornasse uma das diretoras de arte mais influentes do cenário norte-americano, produzindo livros, revistas, cartazes, capas de discos e livros para personagens tão influentes como os Beatles, a revista Rolling Stone, Helmut Newton, Os Doces Bárbaros, Diaghilev e os Ballets Russes e Jackson Pollock. Não é nenhum exagero dizer que Bea esteve, em muitos momentos, no olho do furacão pop que sacudiu o país desde meados da década de 1960 até fins dos anos 1970.
Essa história emocionante, cheia de lances de sorte, sucesso e drama, está contada no livro O design de Bea Feitler. Com organização e biografia do historiador Bruno Feitler e análise gráfica de André Stolarski, o volume investiga a trajetória da designer ao longo de 260 páginas e 480 ilustrações, desde o início de sua carreira na Revista Senhor até o redesenho da revista Vanity Fair, relançada pouco após sua morte. No meio do caminho, visita obras como o lendário livro Diary of a Century, assinado em parceria com o fotógrafo Jacques-Henri Lartigue,o irreverente projeto da revista Ms., um dos principais veículos feministas da década de 1970, a capa do disco Black and Blue dos Rolling Stones e a memorável campanha publicitária feita para a Calvin Klein em meados da década. A versatilidade e a importância de Bea para a construção do imaginário da época fazem de O design de Bea Feitler um livro que interessa não apenas aos designers, mas a todos aqueles que de alguma forma se relacionam com a cultura visual norte-americana da época e seu diálogo com a cultura brasileira, em âmbitos tão diversos quanto a moda, o balé, a música, as artes visuais e, sobretudo, a fotografia."
A Igreja católica exerceu um papel fundamental no Brasil colonial. Não bastasse a predominância d... more A Igreja católica exerceu um papel fundamental no Brasil colonial. Não bastasse a predominância do cristianismo de matriz católica romana em nossa sociedade contemporânea, nossas cidades mais antigas estão repletas de belos edifícios religiosos que denotam, por sua localização, por sua suntuosidade, a centralidade dessa instituição na vida dos homens e mulheres daquele tempo. Os estudos reunidos neste volume versam sobre a Igreja, o modo como desenvolveu as estruturas de enquadramento religioso, concentrando-se também sobre a maneira como seus agentes e fiéis viveram sua fé ou tentaram adaptar suas práticas ao prescrito. Buscou-se, portanto, tratar de questões relevantes para o conhecimento da história da Igreja no Brasil. São vários capítulos dedicados ao estudo do episcopado, do sentimento religioso, dos mecanismos de repressão às práticas desviantes e das relações entre Igreja e Estado. O leitor não demorará a perceber, entretanto, que a obra que tem em mãos não se deixa encerrar nas fronteiras de uma história institucional. Para além do modo como os artigos são construídos, os diferentes temas abordados denotam a preocupação de entender a história religiosa como um campo que necessariamente extravasa os limites da instituição eclesiástica. A adoção dessa perspectiva explica, em boa medida, a preocupação com aspectos relativos ao contexto social e histórico no qual estava inserido o esforço legislador que representou a promulgação e posterior aplicação das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São bons exemplos dessa busca de contextualização os capítulos sobre o modo como a Igreja lidou com o problema da escravidão, nos quais são analisadas questões específicas atinentes às normas e práticas cristãs em uma sociedade escravista. Não são menos indicativos disso os estudos que tratam da presença do Santo Ofício na sociedade local e de sua relação com as autoridades do arcebispado, da complexa convivência entre o poder eclesiástico e o poder local, do papel desempenhado pela Igreja na configuração do tecido urbano em diferentes regiões do Brasil, ou ainda das relações entre práticas alimentares e calendário religioso. Nota-se, ao longo dos textos, o esforço de compreensão do religioso em sua relação com as mais diversas instâncias da realidade. Como os organizadores assinalam em sua introdução, há uma salutar pluralidade de interpretações nos artigos apresentados neste livro, que não se deixa encerrar pelo confessionalismo religioso ou ideológico. Pela metodologia empregada, por seus objetos, bem como pelas novas abordagens, a presente obra, não obstante a relativa heterogeneidade das contribuições, deve ser entendida enquanto tentativa de pensar em nova chave a história religiosa do período colonial. A Igreja no Brasil. Normas e práticas durante a vigência das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia conta, assim, com textos de renomados especialistas nacionais e estrangeiros, constituindo um marco na renovação dos estudos de história religiosa em nosso país. (Texto da orelha)
"Os textos de Raízes do privilégio apresentam uma detalhada análise da mobilidade social nas colô... more "Os textos de Raízes do privilégio apresentam uma detalhada análise da mobilidade social nas colônias e metrópoles ibéricas entre os séculos XV e XVIII. Os organizadores Rodrigo Bentes Monteiro, Daniela Buono Calainho, Bruno Feitler e Jorge Flores se inspiraram na obra clássica de Sérgio Buarque de Holanda para dar título ao conjunto de textos e como ela, esta foca nas dinâmicas sociais, relacionadas com aspectos políticos, culturais e econômicas de forma quase multidisciplinar.
Fruto do seminário internacional ocorrido no Rio de Janeiro, em 2009, os escritos de agora ultrapassam os limites do Brasil e das comparações realizadas por Buarque de Holanda entre Portugal e Castela e as Américas portuguesa e espanhola. O Brasil não é pensado de forma isolada, mas em articulação aos vários mundos com os quais interagia de forma direta e indireta, pelo simples fato de fazer parte de um império colonial.
“Entre as raízes e as diferenças, o presente livro amplia as comparações de Buarque de Holanda, pela análise de hierarquias, trajetórias, redes e mecanismos de poder, não apenas na América, mas em vários espaços sociais nesse mundo de matriz ibérica”, explicam os organizadores.
A análise sobre a mobilidade social na Índia portuguesa ou a ordem social e reformas no México burbônico juntam-se a texto sobre os judeus portugueses no Brasil holandês , entre outros para formar um panorama multifacetado e atualizado do sistema colonial ibérico."
Em 1707 foram promulgadas as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia de autoria do arcebi... more Em 1707 foram promulgadas as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia de autoria do arcebispo D. Sebastião Monteiro da Vide. Com este trabalho de legislação canônica, pretendeu oferecer uma adaptação das normas eclesiásticas à realidade local de uma diocese na colônia, tarefa inédita até aquele momento. As Constituições permaneceram em vigor, com algumas modificações, até o final do Império, e essa longevidade é prova do êxito que tiveram, e demonstram sua importância como fonte para o estudo da Igreja e da sociedade da época. Entretanto, a última edição da obra data de 1853, tornando-a uma fonte de difícil acesso para os pesquisadores; sua publicação pela Edusp, integrando a Coleção Documenta Uspiana, pretende suprir essa lacuna. Esta edição conta com um estudo introdutório sobre o arcebispo e sua obra, contextualizando o momento em que foram redigidas, e notas e comentários sobre o texto original.
Este é um livro que se destaca, em nossa historiografia, pela sua originalidade. Originalidade te... more Este é um livro que se destaca, em nossa historiografia, pela sua originalidade. Originalidade temática, documental e, sobretudo, na concepção do objeto. Pois se é verdade que as pesquisas sobre a história inquisitorial no Brasil cresceram muito nas últimas décadas, em número e qualidade, poucos têm focalizado os aspectos propriamente institucionais e políticos da ação inquisitorial. De modo geral, têm prevalecido estudos sobre os hereges perseguidos pela Inquisição, em especial sobre os cristãos-novos, sempre suspeitos de judaizar, mas também sobre as feiticeiras, sodomitas, solicitantes, fornicários, blasfemos. Uma plêiade de desviantes, cujas heresias eram temperados pelas mesclas culturais típicas do “viver em colônias”. A abordagem de Feitler é diferente. Desloca o foco para a própria máquina inquisitorial, priorizando Pernambuco como cenário. O livro expõe, em detalhe, os instrumentos de atuação do Santo Ofício na capitania desde o século XVI ao XVIII, o que permite ao leitor acompanhar o crescente adensamento deste sistema de vigilância das consciências. Apresenta, igualmente, a formação dos quadros, a rede de familiares e comissários que tornou possível a ação do Santo Ofício em terra tão avessa à ortodoxia católica. Desvenda a estreita conexão entre ação inquisitorial e justiça eclesiástica, sublinhando o papel decisivo do episcopado no rastreamento das heresias. O leitor que presume ter a ação inquisitorial em Pernambuco se limitado à visitação quinhentista, vai se deparar com um sistema muito mais complexo, quer do ponto de vista jurídico-administrativo, quer do ponto de vista político. Trata-se de um livro de história institucional que, no entanto, se desdobra em historia social e política. Basta citar, como exemplo, o enfrentamento da questão sobre o não estabelecimento, no Brasil, de um tribunal do Santo Ofício, embora a máquina montada na colônia tenha dado conta do recado. Bruno Feitler nos mostra como e por que isto se deu, ancorado em farta pesquisa arquivística e bibliografia impecável. De modo que este livro cumpre o que mais se pode desejar de uma pesquisa histórica. Ele traz muitas novidades, e o faz com consistência, erudição e elegância. Ronaldo Vainfas Professor Titular de História Moderna Universidade Federal Fluminense
L’occupation hollandaise d’une partie du Nordeste du Brésil entre 1630 et 1654 permit la fondatio... more L’occupation hollandaise d’une partie du Nordeste du Brésil entre 1630 et 1654 permit la fondation au Pernambouc d’une communauté juive officielle, la première des Amériques. Un siècle plus tard, entre 1729 et 1756, une cinquantaine de personnes de cette même région sont arrêtées pour judaïsme et abjurent leur hérésie ou sont exécutées au cours d’autodafés du tribunal de l’Inquisition de Lisbonne. Ce livre traite de l’histoire commune et des interactions entre ces deux groupes, dont les rapports furent bien plus réels que ce que l’on pouvait penser. Utilisant l’évolution de leur identité religieuse comme fil conducteur, après avoir étudié en profondeur les mécanismes de l’action inquisitoriale dans la région, il dévoile la complexité de la mentalité baroque et pleine de contradictions des gens de “la Nation” juive portugaise, révélant l’importance du facteur religieux dans la construction de l’identité de tous ceux qui en faisaient partie.
Oxford Research Encyclopedia of Latin American History, 2024
Portuguese America, or colonial Brazil, was a world of multiple cultures and peoples, integrating... more Portuguese America, or colonial Brazil, was a world of multiple cultures and peoples, integrating Amerindians, Europeans and enslaved Africans. However, this integration was carried out under the exclusive dominion of the Portuguese, for whom religious unity within Roman Catholicism was a political necessity. This fact was not apparent in the early decades of the 16th century when they first landed in what would become Brazil; however, with the beginning of effective colonization and the presence of missionaries in the 1540s, while religious strife in Europe was in ascension, there was no doubt. Although a local Inquisition tribunal was never established, intolerance was the norm, and religious persecution of acts and beliefs deemed heretical (or associated with them) was a reality. This search for Catholic orthodoxy and exclusivism was ensured in colonial Brazil mainly by three ecclesiastic institutes or organizations: Inquisition representatives, members of the secular clergy, and missionaries (Jesuits, but also Capuchins, Carmelites, and members of other regular orders). While not all had the primary objective of persecuting heretics, they considered religious homogeneity as essential and thus struggled to uncover and punish potential Protestants or crypto-Jews. They also confronted practices and beliefs of local origin on a much more regular basis, such as the santidade of Jaguaripe and the mandinga pouches and calundus of African origin, associating them with devilish customs and calling those practices and beliefs “inventions,” “abuses,” or “errors” rather than a more theologically established “heresy.”
Este articulo estudia un aspecto poco conocido del impacto social de la Inquisición portuguesa, c... more Este articulo estudia un aspecto poco conocido del impacto social de la Inquisición portuguesa, concretamente su papel en tanto que locus de movilidad social entre los oficiales internos de los tribunales. Analizamos las carreras de algunos de los oficiales legos activos en continuidad en los propios tribunales metropolitanos (alguacil, alcaldes de las cárceles, despensero, porteros, guardias y solicitadores). Después de establecer una cronología con los diferentes tiempos de los modos de obtención y de transmisión de esos oficios, desde la remuneración de servicios a la venta en subasta pública, buscaremos entender qué impactos tuvieron la posesión y/o el real ejercicio de los oficios en la vida de esos hombres y de sus familias, más allá de la mera función alimenticia y el evidente papel de certificación de la pureza de sangre. Palabras clave: Inquisición portuguesa-Oficiales legos-patrimonialización-venalidad de oficios.
RESUMO A partir das indefinições do que sejam as humanidades digitais e da concepção de que o com... more RESUMO A partir das indefinições do que sejam as humanidades digitais e da concepção de que o compartilhamento de experiências concretas pode enriquecer essa discussão, são apresentadas iniciativas levadas a cabo no Departamento de História da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Para dar maior diversidade ao material apresentado, foram escolhidos projetos de um grupo de pesquisas e de uma disciplina de graduação. Assim, com centros de gravidade na pesquisa e na docência, os projetos analisados propõem um maior reconhecimento do papel do graduando nas humanidades digitais. Da análise sai reforçado o paradoxo de que os trabalhos em humanidades digitais são institucionalmente subvalorizados, ao mesmo tempo que facilitam a colaboração e a livre circulação do conhecimento.
Os processos judiciais tem sido uma fonte praticamente inesgotável para os historiadores desde há... more Os processos judiciais tem sido uma fonte praticamente inesgotável para os historiadores desde há muito tempo. Ao menos desde que a história passou a ser contada não apenas com grandes personagens e heróis, com a definitiva entrada em cena de novos agentes cuja abrangência social impôs a necessidade de buscar suas pistas, trajetórias e formas de ação e pensamento em uma maior multiplicidade de resquícios do passado. [...].
Arquivos Do Centro Cultural Calouste Gulbenkian, 2004
Le cryptojudaïsme est bien connu comme phénomène religieux syncrétique ayant été fortement influe... more Le cryptojudaïsme est bien connu comme phénomène religieux syncrétique ayant été fortement influencé par le catholicisme environnant. Toutefois, d'autres interférences, cette fois-ci juives, ont pu laisser leur marque dans la practique et dans les croyances de certains ...
Este artigo faz uma história custodial do arquivo do tribunal da Inquisição de Goa, dando conta d... more Este artigo faz uma história custodial do arquivo do tribunal da Inquisição de Goa, dando conta dos momentos decisivos de sua organização, desorganização e mesmo destruição. Ele mostra que a imagem de um arquivo excepcionalmente bem organizado não condiz com a realidade dos percalços pelos quais passou a documentação do tribunal indiano antes de sua destruição quase completa, no contexto da sua abolição final em 1812.
This article does a custodial history of the archives of the Goa Inquisition, describing the defining moments of its organization, disorganization and even destruction. It shows that the image of an archive exceptionally well organized do not match the reality of the mishaps the documents of the Indian tribunal endured before its almost complete destruction during its final abolition in 1812.
Introdução ao volume XVII dos Anais de História de Além-Mar: "Religião e Alteridade no Mundo Ultr... more Introdução ao volume XVII dos Anais de História de Além-Mar: "Religião e Alteridade no Mundo Ultramarino Ibérico"
in: Angelo Assis, Pollyanna Muniz e Yllan de Mattos (org.), Um historiador por seus pares: trajet... more in: Angelo Assis, Pollyanna Muniz e Yllan de Mattos (org.), Um historiador por seus pares: trajetórias de Ronaldo Vainfas. São Paulo: Alameda, 2017, pp.231-240.
in: Avraham Milgram e Fábio Koifman (org.). Ensaios em homenagem a Alberto Dines. Rio de Janeiro:... more in: Avraham Milgram e Fábio Koifman (org.). Ensaios em homenagem a Alberto Dines. Rio de Janeiro: Ed. Rio de Janeiro, 2017, pp. 156-177.
in: Junia Ferreira Furtado, Cláudia Atallah and Patrícia Silveira (org.), Justiças, governo e bem... more in: Junia Ferreira Furtado, Cláudia Atallah and Patrícia Silveira (org.), Justiças, governo e bem comum na administração dos impérios ibéricos de Antigo Regime (séculos XV-XVIII), Curitiba: Prismas, 2017, pp. 95-116
in Jaqueline Vassallo, Miguel Rodrigues Lourenço and Susana Bastos Mateus (org.), Inquisiciones. ... more in Jaqueline Vassallo, Miguel Rodrigues Lourenço and Susana Bastos Mateus (org.), Inquisiciones. Dimensiones comparadas (siglos XVI-XIX). Córdoba, Editorial Brujas, 2017, pp. 93-112.
Os palácios inquisitoriais, sedes dos tribunais do Santo Ofício, não eram apenas elementos arquit... more Os palácios inquisitoriais, sedes dos tribunais do Santo Ofício, não eram apenas elementos arquitetônicos utilitários, mas assumiram uma relevância simbólica no seio da sociedade portuguesa do Antigo Regime. Isso ainda era mais forte em Lisboa, onde além de tribunal distrital, os Estaus também eram a sede do Conselho Geral e a residência do inquisidor geral. Neste artigo, pretendemos mostrar a importância do tribunal inquisitorial enquanto locus de afirmação social, a partir do exemplo de um daqueles que eram chamados de oficiais leigos da Inquisição (alcaide, meirinho, guardas etc.) e que, via de regra, assim como o inqui-sidor geral, residiam nos Estaus. No entanto, também mostraremos que essa importância ia mais além da simples certificação da pureza de sangue e que ela se entende apenas no âmbito de estratégias sociais mais amplas do indivíduo e de sua família. Palavras-chave: Inquisição portuguesa; Estaus; mobilidade social; venalidade de ofícios. ABSTRACT Inquisitorial palaces, the court's headquarters, were not mere elements of useful architecture but had a symbolic relevance among Portuguese Ancien Régime's society. This is even more noticeable in Lisbon, where, besides being the district's tribunal, the Estaus (as it was called) were also headquarters to the Inquisition's Council General, and residence to the inquisitor general. In this article, we intend to show the importance of the Inquisition as locus of social assertion through the example of one of the lay officials of the Inquisition (wardens, bailiffs,
Presentation to the dossier: Grupos intermédios nos domínios portugueses (sécs. XVIII-XIX) Revist... more Presentation to the dossier: Grupos intermédios nos domínios portugueses (sécs. XVIII-XIX) Revista de História da USP, 2016-2.
Índice:
Apresentação : Hierarquias e mobilidade social no Antigo Regime: os grupos intermédios no mundo português - Tiago C. P. dos Reis Miranda e Bruno Feitler
Reinóis versus naturais nas disputas pelos lugares eclesiásticos do Atlântico português: aspectos sociais e políticos (século XVIII) - Aldair Carlos Rodrigues e Fernanda Olival
Familiaturas do Santo Ofício e juízes letrados nos domínios ultramarinos (Brasil, século XVIII) - Nuno Camarinhas
Ambientes domésticos e dinâmicas sociais em São Paulo colonial - Maria Aparecida de Menezes Borrego e Rogério Ricciluca Matiello Félix
Grupos intermédios: identidade social, níveis de fortuna e padrões de consumo (Lisboa nos finais do Antigo Regime) - Andreia Durães
Cambios y permanencias en la cultura material cotidiana no privilegiada: un mundo complejo. Castilla (y Portugal) a finales del antiguo régimen - Máximo García Fernández
One of the most difficult topics to study regarding the history of the Portuguese New Christians ... more One of the most difficult topics to study regarding the history of the Portuguese New Christians is the decline in the number of Judaism cases tried by the Inquisition. Related to that issue, the alleged end of crypto-Judaism in Portugal is also polemical, since both in and outside of the academic world, twentieth-century “Marranos” are said to have maintained not only a specific identity but also habits and ceremonies. The objective of this paper is to contribute to the understanding of how the descendants of Jews forcibly converted in 1497 were seen and treated in both daily life and during the exceptional experience of a trial for heresy after the Pombaline reforms. This study is based on two previously unnoticed cases of Judaism tried by the Portuguese Inquisition after the apparently in-depth institutional reforms took place between 1765 and 1774.
Lobos em pele ovelha: as obras antijudaicas e anti-semitas que circulavam no Brasil colonial difu... more Lobos em pele ovelha: as obras antijudaicas e anti-semitas que circulavam no Brasil colonial difundiam o preconceito também contra cristãos-novos
The Portuguese Inquisition tribunal in Goa, founded in 1561 and permanently abolished in 1812, le... more The Portuguese Inquisition tribunal in Goa, founded in 1561 and permanently abolished in 1812, left very little direct documentation. This fact directly resulted in a rather imprecise understanding of its history until recently. Newly published studies, considerable in number, demonstrate the possibility of knowing more of this history. Despite these advances, much remains to be done and known, especially about the periods of the tribunal's greatest activity, strangely the least studied: the second half of the 17th century and the first three quarters of the 18th century. From 1650 onwards, various lists of auto-da-fé are available but have not been thoroughly explored by historiography. These lists include defendants who heard their sentences in public autos-da-fé, but also in "private autos-da-fé" within the tribunals, often with little or no external audience. It is safe to assume that these lists, once they became a Portuguese tradition, contain most of the tribunal’s repressive results. The surviving lists form the basis of this database. In them defendants are summarily listed in groups (depending on their ethnic status, the offense, and the penalties), with their names and any nicknames; age; their “nation” (to use a term of that time), or we would say today, their nationality and/or ethnic group, or in the Indian context, their caste; their occupation; places of birth and residence; possibly the names of their spouse and parents; the offense or offenses they were charged with, and the spiritual, physical, and/or pecuniary penalties imposed. This database is composed of 3 charts: a main one, with information about 8,250 defendants judged by the Inquisition of Goa between 1650 and 1806, a second chart with the details of a list of voluntary defendants of 1781, and a third one, with all the known auto-da-fé lists kept at Biblioteca Nacional de Portugal and Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Seca, fome e peste. Esta era a situação pela qual passava Lisboa naquela Páscoa de 1506. O rei, c... more Seca, fome e peste. Esta era a situação pela qual passava Lisboa naquela Páscoa de 1506. O rei, como era costume em tais casos, havia saído da cidade, e atrás dele grande parte dos nobres e dos membros da alta burguesia. Enquanto isso, várias procissões pediam a Deus que acabasse com as desgraças que assolavam a população. Neste espírito de exaltação, no domingo 19 de abril, uma semana depois da celebração da morte e ressurreição de Jesus pelos cristãos, um milagre aconteceu na igreja do convento dos dominicanos.
French - Portuguese
Original title: Les langues do paradis. Aryans et sémites, un couple provide... more French - Portuguese
Original title: Les langues do paradis. Aryans et sémites, un couple providentiel.
Foreword: Jean-Pierre Vernant
French - Portuguese
Original title: L'Art de péter, Essai théori-physique et méthodique à l'usag... more French - Portuguese
Original title: L'Art de péter, Essai théori-physique et méthodique à l'usage des personnes constipées, des personnes graves et austères, des dames mélancoliques et de tous ceux qui restent esclaves du préjugé (1751).
Foreword: Antoine de Baecque
French - Portuguese
Original title: Lettre sur le commerce de la Libraire (1763)
Foreword: Roge... more French - Portuguese
Original title: Lettre sur le commerce de la Libraire (1763)
Foreword: Roger Chartier
This is the first annual seminar of the newly founded International Centre for Research on Inquis... more This is the first annual seminar of the newly founded International Centre for Research on Inquisitions (INQUIRE), based in the Department of history, Cultures and Civilization of the University of Bologna. The meeting aims to take stock of the main themes and questions addressed by the recent historiographical debate on medieval, early modern and modern inquisitions the world over.
Sumário
Da Rua do Ouvidor à Rua São Clemente: encontros e desencontros com José Olympio
Fábio Fr... more Sumário
Da Rua do Ouvidor à Rua São Clemente: encontros e desencontros com José Olympio Fábio Franzini
Etnografia de arquivos e sociologia reflexiva: contribuições para a história social da edição no Brasil e na América latina Gustavo Sorá
Gatos pardos existem? Análise do papel e história do livro no século XX: o caso da Editora Brasiliense no Brasil do final da II Guerra Mundial Paulo Teixeira Iumatti
Geografia Cultural da Companhia Editora Nacional: fontes para a análise da Coleção Cultura, Sociedade e Educação (1966-1971) Maria Rita de Almeida Toledo
O acervo da Companhia Editora Nacional: negociação, organização e potencial para a pesquisa histórica Jaime Rodrigues / Márcia Eckert Miranda / Maria Rita de Almeida Toledo
pdf Perspectivas cambiantes sobre um arquivo editorial americano: o caso da Knopf, Inc. Richard W. Oram
Perspectivas de um correspondente sobre a Campanha do Deserto: a Revue des Deux Mondes e a missão cultural francesa na Argentina oitocentista Gabriela Pellegrino Soares
Fontes para a história da comunicação político-institucional no Brasil-colônia: correspondências das câmaras municipais no acervo do Conselho Ultramarino Denise A. Soares de Moura
Documentos, instrumentos de trabalho, notícias (1o semestre – 2015)
Neste 2º número a Revista de... more Documentos, instrumentos de trabalho, notícias (1o semestre – 2015)
Neste 2º número a Revista de Fontes faz jus à sua principal missão: a de publicar documentos históricos que sejam relevantes para o desvendamento dos mais variados temas, épocas e períodos. As possibilidades de se contar histórias a partir dos mesmos são exploradas pelos textos introdutórios dos autores que, sem intenção de serem profundas análises do seu conteúdo, mais apontam caminhos e perspectivas de investigação, bem como lançam luz à velhos e novos temas. Este é caso do chamado “Relatório Harrison” (1945), traduzido e apresentado por Luiz Salgado Neto, que, como uma preciosa fonte para se analisar a situação dos sobreviventes dos campos de concentração após o fim da Segunda Guerra Mundial, continua a informar questionamentos e perguntas ao passado. Da mesma forma, o texto das inquietações de Amador Patrício de Portugal, escrito após a Conjuração Mineira (1788-89) com o propósito de servir de alerta às autoridades metropolitanas acerca dos riscos existentes em outras capitanias do Brasil, como bem nos apresenta Miguel Dantas da Cruz.
Dar luz à fontes menos exploradas e conhecidas, é o que fazem de maneira instigante Jaime Rodrigues e Adriana Pereira Campos ao transcreverem as “Memórias do Rio Doce” como um plano de governo para a capitania do Espírito Santo em meio ao período reformista português. Da mesma forma, a publicação dos relatórios de visitas do bispado de Pernambuco (de 1680 a 1746, provenientes do Archivio Secreto Vaticano), que tinham como objetivo informar regularmente ao Papa sobre o estado temporal e espiritual das diversas paróquias de um bispado, aqui transcrito e apresentado por Patrícia Moreira Nogueira. Já o artigo de Maria Emília Vasconcelos dos Santos, na valorização de uma temática a partir de um conjunto de fontes documentais, apresenta-nos um instrumento de pesquisa para análise dos registros policiais existentes para municípios da Zona da Mata Sul de Pernambuco (entre os de 1884-1893), perscrutando a experiência dos trabalhadores dos engenhos no final do século XIX (1884-1893).
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Esse foi o trampolim para que Bea se tornasse uma das diretoras de arte mais influentes do cenário norte-americano, produzindo livros, revistas, cartazes, capas de discos e livros para personagens tão influentes como os Beatles, a revista Rolling Stone, Helmut Newton, Os Doces Bárbaros, Diaghilev e os Ballets Russes e Jackson Pollock. Não é nenhum exagero dizer que Bea esteve, em muitos momentos, no olho do furacão pop que sacudiu o país desde meados da década de 1960 até fins dos anos 1970.
Essa história emocionante, cheia de lances de sorte, sucesso e drama, está contada no livro O design de Bea Feitler. Com organização e biografia do historiador Bruno Feitler e análise gráfica de André Stolarski, o volume investiga a trajetória da designer ao longo de 260 páginas e 480 ilustrações, desde o início de sua carreira na Revista Senhor até o redesenho da revista Vanity Fair, relançada pouco após sua morte. No meio do caminho, visita obras como o lendário livro Diary of a Century, assinado em parceria com o fotógrafo Jacques-Henri Lartigue,o irreverente projeto da revista Ms., um dos principais veículos feministas da década de 1970, a capa do disco Black and Blue dos Rolling Stones e a memorável campanha publicitária feita para a Calvin Klein em meados da década. A versatilidade e a importância de Bea para a construção do imaginário da época fazem de O design de Bea Feitler um livro que interessa não apenas aos designers, mas a todos aqueles que de alguma forma se relacionam com a cultura visual norte-americana da época e seu diálogo com a cultura brasileira, em âmbitos tão diversos quanto a moda, o balé, a música, as artes visuais e, sobretudo, a fotografia."
Os estudos reunidos neste volume versam sobre a Igreja, o modo como desenvolveu as estruturas de enquadramento religioso, concentrando-se também sobre a maneira como seus agentes e fiéis viveram sua fé ou tentaram adaptar suas práticas ao prescrito. Buscou-se, portanto, tratar de questões relevantes para o conhecimento da história da Igreja no Brasil. São vários capítulos dedicados ao estudo do episcopado, do sentimento religioso, dos mecanismos de repressão às práticas desviantes e das relações entre Igreja e Estado. O leitor não demorará a perceber, entretanto, que a obra que tem em mãos não se deixa encerrar nas fronteiras de uma história institucional. Para além do modo como os artigos são construídos, os diferentes temas abordados denotam a preocupação de entender a história religiosa como um campo que necessariamente extravasa os limites da instituição eclesiástica. A adoção dessa perspectiva explica, em boa medida, a preocupação com aspectos relativos ao contexto social e histórico no qual estava inserido o esforço legislador que representou a promulgação e posterior aplicação das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São bons exemplos dessa busca de contextualização os capítulos sobre o modo como a Igreja lidou com o problema da escravidão, nos quais são analisadas questões específicas atinentes às normas e práticas cristãs em uma sociedade escravista. Não são menos indicativos disso os estudos que tratam da presença do Santo Ofício na sociedade local e de sua relação com as autoridades do arcebispado, da complexa convivência entre o poder eclesiástico e o poder local, do papel desempenhado pela Igreja na configuração do tecido urbano em diferentes regiões do Brasil, ou ainda das relações entre práticas alimentares e calendário religioso.
Nota-se, ao longo dos textos, o esforço de compreensão do religioso em sua relação com as mais diversas instâncias da realidade. Como os organizadores assinalam em sua introdução, há uma salutar pluralidade de interpretações nos artigos apresentados neste livro, que não se deixa encerrar pelo confessionalismo religioso ou ideológico. Pela metodologia empregada, por seus objetos, bem como pelas novas abordagens, a presente obra, não obstante a relativa heterogeneidade das contribuições, deve ser entendida enquanto tentativa de pensar em nova chave a história religiosa do período colonial.
A Igreja no Brasil. Normas e práticas durante a vigência das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia conta, assim, com textos de renomados especialistas nacionais e estrangeiros, constituindo um marco na renovação dos estudos de história religiosa em nosso país.
(Texto da orelha)
Fruto do seminário internacional ocorrido no Rio de Janeiro, em 2009, os escritos de agora ultrapassam os limites do Brasil e das comparações realizadas por Buarque de Holanda entre Portugal e Castela e as Américas portuguesa e espanhola. O Brasil não é pensado de forma isolada, mas em articulação aos vários mundos com os quais interagia de forma direta e indireta, pelo simples fato de fazer parte de um império colonial.
“Entre as raízes e as diferenças, o presente livro amplia as comparações de Buarque de Holanda, pela análise de hierarquias, trajetórias, redes e mecanismos de poder, não apenas na América, mas em vários espaços sociais nesse mundo de matriz ibérica”, explicam os organizadores.
A análise sobre a mobilidade social na Índia portuguesa ou a ordem social e reformas no México burbônico juntam-se a texto sobre os judeus portugueses no Brasil holandês , entre outros para formar um panorama multifacetado e atualizado do sistema colonial ibérico."
De modo geral, têm prevalecido estudos sobre os hereges perseguidos pela Inquisição, em especial sobre os cristãos-novos, sempre suspeitos de judaizar, mas também sobre as feiticeiras, sodomitas, solicitantes, fornicários, blasfemos. Uma plêiade de desviantes, cujas heresias eram temperados pelas mesclas culturais típicas do “viver em colônias”.
A abordagem de Feitler é diferente. Desloca o foco para a própria máquina inquisitorial, priorizando Pernambuco como cenário. O livro expõe, em detalhe, os instrumentos de atuação do Santo Ofício na capitania desde o século XVI ao XVIII, o que permite ao leitor acompanhar o crescente adensamento deste sistema de vigilância das consciências. Apresenta, igualmente, a formação dos quadros, a rede de familiares e comissários que tornou possível a ação do Santo Ofício em terra tão avessa à ortodoxia católica. Desvenda a estreita conexão entre ação inquisitorial e justiça eclesiástica, sublinhando o papel decisivo do episcopado no rastreamento das heresias.
O leitor que presume ter a ação inquisitorial em Pernambuco se limitado à visitação quinhentista, vai se deparar com um sistema muito mais complexo, quer do ponto de vista jurídico-administrativo, quer do ponto de vista político.
Trata-se de um livro de história institucional que, no entanto, se desdobra em historia social e política. Basta citar, como exemplo, o enfrentamento da questão sobre o não estabelecimento, no Brasil, de um tribunal do Santo Ofício, embora a máquina montada na colônia tenha dado conta do recado.
Bruno Feitler nos mostra como e por que isto se deu, ancorado em farta pesquisa arquivística e bibliografia impecável. De modo que este livro cumpre o que mais se pode desejar de uma pesquisa histórica. Ele traz muitas novidades, e o faz com consistência, erudição e elegância.
Ronaldo Vainfas
Professor Titular de História Moderna
Universidade Federal Fluminense
Ce livre traite de l’histoire commune et des interactions entre ces deux groupes, dont les rapports furent bien plus réels que ce que l’on pouvait penser. Utilisant l’évolution de leur identité religieuse comme fil conducteur, après avoir étudié en profondeur les mécanismes de l’action inquisitoriale dans la région, il dévoile la complexité de la mentalité baroque et pleine de contradictions des gens de “la Nation” juive portugaise, révélant l’importance du facteur religieux dans la construction de l’identité de tous ceux qui en faisaient partie.
Europeans and enslaved Africans. However, this integration was carried out under the exclusive dominion of the
Portuguese, for whom religious unity within Roman Catholicism was a political necessity. This fact was not apparent in the early decades of the 16th century when they first landed in what would become Brazil; however,
with the beginning of effective colonization and the presence of missionaries in the 1540s, while religious strife in
Europe was in ascension, there was no doubt. Although a local Inquisition tribunal was never established,
intolerance was the norm, and religious persecution of acts and beliefs deemed heretical (or associated with them) was a reality. This search for Catholic orthodoxy and exclusivism was ensured in colonial Brazil mainly by three ecclesiastic institutes or organizations: Inquisition representatives, members of the secular clergy, and missionaries (Jesuits, but also Capuchins, Carmelites, and members of other regular orders). While not all had the primary objective of persecuting heretics, they considered religious homogeneity as essential and thus struggled to uncover and punish potential Protestants or crypto-Jews. They also confronted practices and beliefs of local origin on a much more regular basis, such as the santidade of Jaguaripe and the mandinga pouches and calundus of African origin, associating them with devilish customs and calling those practices and beliefs “inventions,” “abuses,” or “errors” rather than a more theologically established “heresy.”
Esse foi o trampolim para que Bea se tornasse uma das diretoras de arte mais influentes do cenário norte-americano, produzindo livros, revistas, cartazes, capas de discos e livros para personagens tão influentes como os Beatles, a revista Rolling Stone, Helmut Newton, Os Doces Bárbaros, Diaghilev e os Ballets Russes e Jackson Pollock. Não é nenhum exagero dizer que Bea esteve, em muitos momentos, no olho do furacão pop que sacudiu o país desde meados da década de 1960 até fins dos anos 1970.
Essa história emocionante, cheia de lances de sorte, sucesso e drama, está contada no livro O design de Bea Feitler. Com organização e biografia do historiador Bruno Feitler e análise gráfica de André Stolarski, o volume investiga a trajetória da designer ao longo de 260 páginas e 480 ilustrações, desde o início de sua carreira na Revista Senhor até o redesenho da revista Vanity Fair, relançada pouco após sua morte. No meio do caminho, visita obras como o lendário livro Diary of a Century, assinado em parceria com o fotógrafo Jacques-Henri Lartigue,o irreverente projeto da revista Ms., um dos principais veículos feministas da década de 1970, a capa do disco Black and Blue dos Rolling Stones e a memorável campanha publicitária feita para a Calvin Klein em meados da década. A versatilidade e a importância de Bea para a construção do imaginário da época fazem de O design de Bea Feitler um livro que interessa não apenas aos designers, mas a todos aqueles que de alguma forma se relacionam com a cultura visual norte-americana da época e seu diálogo com a cultura brasileira, em âmbitos tão diversos quanto a moda, o balé, a música, as artes visuais e, sobretudo, a fotografia."
Os estudos reunidos neste volume versam sobre a Igreja, o modo como desenvolveu as estruturas de enquadramento religioso, concentrando-se também sobre a maneira como seus agentes e fiéis viveram sua fé ou tentaram adaptar suas práticas ao prescrito. Buscou-se, portanto, tratar de questões relevantes para o conhecimento da história da Igreja no Brasil. São vários capítulos dedicados ao estudo do episcopado, do sentimento religioso, dos mecanismos de repressão às práticas desviantes e das relações entre Igreja e Estado. O leitor não demorará a perceber, entretanto, que a obra que tem em mãos não se deixa encerrar nas fronteiras de uma história institucional. Para além do modo como os artigos são construídos, os diferentes temas abordados denotam a preocupação de entender a história religiosa como um campo que necessariamente extravasa os limites da instituição eclesiástica. A adoção dessa perspectiva explica, em boa medida, a preocupação com aspectos relativos ao contexto social e histórico no qual estava inserido o esforço legislador que representou a promulgação e posterior aplicação das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São bons exemplos dessa busca de contextualização os capítulos sobre o modo como a Igreja lidou com o problema da escravidão, nos quais são analisadas questões específicas atinentes às normas e práticas cristãs em uma sociedade escravista. Não são menos indicativos disso os estudos que tratam da presença do Santo Ofício na sociedade local e de sua relação com as autoridades do arcebispado, da complexa convivência entre o poder eclesiástico e o poder local, do papel desempenhado pela Igreja na configuração do tecido urbano em diferentes regiões do Brasil, ou ainda das relações entre práticas alimentares e calendário religioso.
Nota-se, ao longo dos textos, o esforço de compreensão do religioso em sua relação com as mais diversas instâncias da realidade. Como os organizadores assinalam em sua introdução, há uma salutar pluralidade de interpretações nos artigos apresentados neste livro, que não se deixa encerrar pelo confessionalismo religioso ou ideológico. Pela metodologia empregada, por seus objetos, bem como pelas novas abordagens, a presente obra, não obstante a relativa heterogeneidade das contribuições, deve ser entendida enquanto tentativa de pensar em nova chave a história religiosa do período colonial.
A Igreja no Brasil. Normas e práticas durante a vigência das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia conta, assim, com textos de renomados especialistas nacionais e estrangeiros, constituindo um marco na renovação dos estudos de história religiosa em nosso país.
(Texto da orelha)
Fruto do seminário internacional ocorrido no Rio de Janeiro, em 2009, os escritos de agora ultrapassam os limites do Brasil e das comparações realizadas por Buarque de Holanda entre Portugal e Castela e as Américas portuguesa e espanhola. O Brasil não é pensado de forma isolada, mas em articulação aos vários mundos com os quais interagia de forma direta e indireta, pelo simples fato de fazer parte de um império colonial.
“Entre as raízes e as diferenças, o presente livro amplia as comparações de Buarque de Holanda, pela análise de hierarquias, trajetórias, redes e mecanismos de poder, não apenas na América, mas em vários espaços sociais nesse mundo de matriz ibérica”, explicam os organizadores.
A análise sobre a mobilidade social na Índia portuguesa ou a ordem social e reformas no México burbônico juntam-se a texto sobre os judeus portugueses no Brasil holandês , entre outros para formar um panorama multifacetado e atualizado do sistema colonial ibérico."
De modo geral, têm prevalecido estudos sobre os hereges perseguidos pela Inquisição, em especial sobre os cristãos-novos, sempre suspeitos de judaizar, mas também sobre as feiticeiras, sodomitas, solicitantes, fornicários, blasfemos. Uma plêiade de desviantes, cujas heresias eram temperados pelas mesclas culturais típicas do “viver em colônias”.
A abordagem de Feitler é diferente. Desloca o foco para a própria máquina inquisitorial, priorizando Pernambuco como cenário. O livro expõe, em detalhe, os instrumentos de atuação do Santo Ofício na capitania desde o século XVI ao XVIII, o que permite ao leitor acompanhar o crescente adensamento deste sistema de vigilância das consciências. Apresenta, igualmente, a formação dos quadros, a rede de familiares e comissários que tornou possível a ação do Santo Ofício em terra tão avessa à ortodoxia católica. Desvenda a estreita conexão entre ação inquisitorial e justiça eclesiástica, sublinhando o papel decisivo do episcopado no rastreamento das heresias.
O leitor que presume ter a ação inquisitorial em Pernambuco se limitado à visitação quinhentista, vai se deparar com um sistema muito mais complexo, quer do ponto de vista jurídico-administrativo, quer do ponto de vista político.
Trata-se de um livro de história institucional que, no entanto, se desdobra em historia social e política. Basta citar, como exemplo, o enfrentamento da questão sobre o não estabelecimento, no Brasil, de um tribunal do Santo Ofício, embora a máquina montada na colônia tenha dado conta do recado.
Bruno Feitler nos mostra como e por que isto se deu, ancorado em farta pesquisa arquivística e bibliografia impecável. De modo que este livro cumpre o que mais se pode desejar de uma pesquisa histórica. Ele traz muitas novidades, e o faz com consistência, erudição e elegância.
Ronaldo Vainfas
Professor Titular de História Moderna
Universidade Federal Fluminense
Ce livre traite de l’histoire commune et des interactions entre ces deux groupes, dont les rapports furent bien plus réels que ce que l’on pouvait penser. Utilisant l’évolution de leur identité religieuse comme fil conducteur, après avoir étudié en profondeur les mécanismes de l’action inquisitoriale dans la région, il dévoile la complexité de la mentalité baroque et pleine de contradictions des gens de “la Nation” juive portugaise, révélant l’importance du facteur religieux dans la construction de l’identité de tous ceux qui en faisaient partie.
Europeans and enslaved Africans. However, this integration was carried out under the exclusive dominion of the
Portuguese, for whom religious unity within Roman Catholicism was a political necessity. This fact was not apparent in the early decades of the 16th century when they first landed in what would become Brazil; however,
with the beginning of effective colonization and the presence of missionaries in the 1540s, while religious strife in
Europe was in ascension, there was no doubt. Although a local Inquisition tribunal was never established,
intolerance was the norm, and religious persecution of acts and beliefs deemed heretical (or associated with them) was a reality. This search for Catholic orthodoxy and exclusivism was ensured in colonial Brazil mainly by three ecclesiastic institutes or organizations: Inquisition representatives, members of the secular clergy, and missionaries (Jesuits, but also Capuchins, Carmelites, and members of other regular orders). While not all had the primary objective of persecuting heretics, they considered religious homogeneity as essential and thus struggled to uncover and punish potential Protestants or crypto-Jews. They also confronted practices and beliefs of local origin on a much more regular basis, such as the santidade of Jaguaripe and the mandinga pouches and calundus of African origin, associating them with devilish customs and calling those practices and beliefs “inventions,” “abuses,” or “errors” rather than a more theologically established “heresy.”
This article does a custodial history of the archives of the Goa Inquisition, describing the defining moments of its organization, disorganization and even destruction. It shows that the image of an archive exceptionally well organized do not match the reality of the
mishaps the documents of the Indian tribunal endured before its almost complete destruction during its final abolition in 1812.
Índice:
Apresentação : Hierarquias e mobilidade social no Antigo Regime: os grupos intermédios no mundo português - Tiago C. P. dos Reis Miranda e Bruno Feitler
Reinóis versus naturais nas disputas pelos lugares eclesiásticos do Atlântico português: aspectos sociais e políticos (século XVIII) - Aldair Carlos Rodrigues e Fernanda Olival
Familiaturas do Santo Ofício e juízes letrados nos domínios ultramarinos (Brasil, século XVIII) - Nuno Camarinhas
Ambientes domésticos e dinâmicas sociais em São Paulo colonial - Maria Aparecida de Menezes Borrego e Rogério Ricciluca Matiello Félix
Grupos intermédios: identidade social, níveis de fortuna e padrões de consumo (Lisboa nos finais do Antigo Regime) - Andreia Durães
Cambios y permanencias en la cultura material cotidiana no privilegiada: un mundo complejo. Castilla (y Portugal) a finales del antiguo régimen - Máximo García Fernández
Study, edition and notes by Charles Amiel and Anne Lima
http://editoraphoebus.wix.com/editoraphoebus#!catalogo/cnec
Original title: Les langues do paradis. Aryans et sémites, un couple providentiel.
Foreword: Jean-Pierre Vernant
Original title: L'Art de péter, Essai théori-physique et méthodique à l'usage des personnes constipées, des personnes graves et austères, des dames mélancoliques et de tous ceux qui restent esclaves du préjugé (1751).
Foreword: Antoine de Baecque
Original title: Lettre sur le commerce de la Libraire (1763)
Foreword: Roger Chartier
Da Rua do Ouvidor à Rua São Clemente: encontros e desencontros com José Olympio
Fábio Franzini
Etnografia de arquivos e sociologia reflexiva: contribuições para a história social da edição no Brasil e na América latina
Gustavo Sorá
Gatos pardos existem? Análise do papel e história do livro no século XX: o caso da Editora Brasiliense no Brasil do final da II Guerra Mundial
Paulo Teixeira Iumatti
Geografia Cultural da Companhia Editora Nacional: fontes para a análise da Coleção Cultura, Sociedade e Educação (1966-1971)
Maria Rita de Almeida Toledo
O acervo da Companhia Editora Nacional: negociação, organização e potencial para a pesquisa histórica
Jaime Rodrigues / Márcia Eckert Miranda / Maria Rita de Almeida Toledo
pdf
Perspectivas cambiantes sobre um arquivo editorial americano: o caso da Knopf, Inc.
Richard W. Oram
Perspectivas de um correspondente sobre a Campanha do Deserto: a Revue des Deux Mondes e a missão cultural francesa na Argentina oitocentista
Gabriela Pellegrino Soares
Fontes para a história da comunicação político-institucional no Brasil-colônia: correspondências das câmaras municipais no acervo do Conselho Ultramarino
Denise A. Soares de Moura
Neste 2º número a Revista de Fontes faz jus à sua principal missão: a de publicar documentos históricos que sejam relevantes para o desvendamento dos mais variados temas, épocas e períodos. As possibilidades de se contar histórias a partir dos mesmos são exploradas pelos textos introdutórios dos autores que, sem intenção de serem profundas análises do seu conteúdo, mais apontam caminhos e perspectivas de investigação, bem como lançam luz à velhos e novos temas. Este é caso do chamado “Relatório Harrison” (1945), traduzido e apresentado por Luiz Salgado Neto, que, como uma preciosa fonte para se analisar a situação dos sobreviventes dos campos de concentração após o fim da Segunda Guerra Mundial, continua a informar questionamentos e perguntas ao passado. Da mesma forma, o texto das inquietações de Amador Patrício de Portugal, escrito após a Conjuração Mineira (1788-89) com o propósito de servir de alerta às autoridades metropolitanas acerca dos riscos existentes em outras capitanias do Brasil, como bem nos apresenta Miguel Dantas da Cruz.
Dar luz à fontes menos exploradas e conhecidas, é o que fazem de maneira instigante Jaime Rodrigues e Adriana Pereira Campos ao transcreverem as “Memórias do Rio Doce” como um plano de governo para a capitania do Espírito Santo em meio ao período reformista português. Da mesma forma, a publicação dos relatórios de visitas do bispado de Pernambuco (de 1680 a 1746, provenientes do Archivio Secreto Vaticano), que tinham como objetivo informar regularmente ao Papa sobre o estado temporal e espiritual das diversas paróquias de um bispado, aqui transcrito e apresentado por Patrícia Moreira Nogueira. Já o artigo de Maria Emília Vasconcelos dos Santos, na valorização de uma temática a partir de um conjunto de fontes documentais, apresenta-nos um instrumento de pesquisa para análise dos registros policiais existentes para municípios da Zona da Mata Sul de Pernambuco (entre os de 1884-1893), perscrutando a experiência dos trabalhadores dos engenhos no final do século XIX (1884-1893).