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  • Doutora (2017) e Mestre em História e Cultura Social (2012) pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Fi... moreedit
  • Prof. Dr. Jean Marcel Carvalho França (MS and PhD advisor), Prof. Dr. Francisco Bethencourt (supervisor - King's College London), Prof. Dr. Nicolas Morales (supervisor - Casa de Velázquez), Profa. Dra. Lorelai Brilhante Kury (supervisor - COC/FIOCRUZ), Profa. Dra. Antonella Romano (supervisor - CAK | EHESS)edit
Ocupando o duplo papel de veículo disseminador de males e de virtuoso ingrediente para a cura de doenças, as águas foram amplamente tematizadas pela bibliografia médica, cirúrgica e farmacêutica através do tempo. Em tratados, observações... more
Ocupando o duplo papel de veículo disseminador de males e de virtuoso ingrediente para a cura de doenças, as águas foram amplamente tematizadas pela bibliografia médica, cirúrgica e farmacêutica através do tempo. Em tratados, observações e avisos, as referências sobre os benefícios das águas ou os cuidados a se ter em sua identificação e uso se fizeram recorrentes. No Portugal do século XVIII, o escrutínio das propriedades de um “tipo” específico de água – aquele definido como termal, medicinal ou mineral – passa a ser feito, também, a partir das lentes da emergente ciência química, de modo que interpretações “mágicas” sobre sua composição são cada vez mais postas em xeque. Nessa esteira, um espaço específico do reino luso, nomeado justamente a partir de suas fontes e do benefício régio, as Caldas da Rainha, recebe especial atenção de uma série de letrados, dando corpo a uma significativa literatura sobre o tópico. Aqui, de modo a tornar esse rico conjunto sistematizado, apresento, além de um breve mapeamento e discussão dos principais contornos da temática, a edição anotada e ortograficamente atualizada de capítulos selecionados de um livreto, anônimo e pouco conhecido, que apesar de ter sido escrito por um empírico – ou, como se intitula, “um curioso” –, dialoga e confronta doutores, boticários e enfermeiros da época, o Observaçoens das agoas das Caldas da Rainha, de 1752.
A reflexão sobre as diferentes formas que essas orientações para a saúde dos corpos e das almas tomaram ao longo do período que se estende do século XVI ao XVIII, avançando, mesmo, para o XIX, apresentadas neste dossiê, intitulado Para... more
A reflexão sobre as diferentes formas que essas orientações para a saúde dos corpos e das almas tomaram ao longo do período que se estende do século XVI ao XVIII, avançando, mesmo, para o XIX, apresentadas neste dossiê, intitulado Para assegurar a saúde do corpo e da alma: prevenção e cura na Europa e no Ultramar do século XVI ao XVIII, constitui-se em valiosa oportunidade para reconstituir e analisar as concepções de saúde e doença e as orientações para uma vida virtuosa e saudável veiculadas nos mais diferentes gêneros textuais, quer sejam livros de regulação do convívio em uma embarcação espanhola do século XVI, estatutos, livros de atas e livros de receita e despesa de uma confraria setecentista, tratados e receituários escritos por médicos e cirurgiões – leigos ou religiosos – na América portuguesa ou espanhola do Setecentos ou, ainda, biografias, livros de Regras e cartas escritas por religiosas. Analisando um período em que as esferas espiritual e física se mostraram conectadas – e, para muitos homens de fé e de ciência, indissociáveis – no aquém e no além-mar, os olhares plurais lançados pelos estudos reunidos neste dossiê dialogam com pesquisas relacionadas à história da moral, da religião, da saúde e da doença.
Resumo: O presente artigo apresenta, sobretudo a partir de cartas e testemunhos em primeira pessoa, a trajetória de indivíduos e instituições relacionados aos primeiros serviços de saúde no Brasil. Inspiradas na atuação da Capitão... more
Resumo: O presente artigo apresenta, sobretudo a partir de cartas e testemunhos em primeira pessoa, a trajetória de indivíduos e instituições relacionados aos primeiros serviços de saúde no Brasil. Inspiradas na atuação da Capitão Enfermeira Altamira Valadares, voltamos nosso olhar para aqueles que teriam iniciado essa profissão, a de enfermeiro, e os espaços em que atuavam, as enfermarias e hospitais, na então colônia portuguesa nas Américas. A proposta é a de oferecer um olhar panorâmico sobre essas pessoas e lugares, refletindo, especialmente, sobre como essa profissão e os locais em que ela é exercida foram formatados no Brasil, quem eram os que a praticavam, e quais as características das enfermarias e dos hospitais do Brasil dos primeiros tempos.
Entre as atividades plurais levadas a cabo pelos jesuítas em sua atuação missionária, o tratamento corporal dos fiéis ocupou lugar nada desprezível. Além de atender os doentes em hospitais e enfermarias, religiosos da Companhia de Jesus... more
Entre as atividades plurais levadas a cabo pelos jesuítas em sua atuação missionária, o tratamento corporal dos fiéis ocupou lugar nada  desprezível. Além de atender os doentes em hospitais e enfermarias, religiosos da Companhia de Jesus produziram e registraram seu conhecimento médico e farmacológico em documentos que, grosso modo, podem ser chamados de “cadernos” ou “coleções de receitas”. São cotejados três desses exemplares manuscritos, produzidos no século XVIII, nas então possessões lusas, na América e na Ásia: um que dava conta das boticas dos “quatro cantos do mundo”, um goense e um atribuído aos inacianos. Aqui, debruçar-nos-emos sobre as recomendações alimentares que acompanhavam essas fórmulas medicamentosas, procurando sublinhar o que deveria ser consumido, evitado ou proibido aos doentes durante os tratamentos. Ao considerar essas indicações, nosso objetivo é depreender o entendimento desses religiosos sobre o adoecimento e a cura – incluindo os achaques mais frequentes, posto que mereceram destaque, e os referenciais anunciados que respaldavam suas prescrições –, além dos elementos disponíveis para sanar os males corporais dos enfermos.
O presente estudo trata de três manuais médicos escritos por cirurgiões licenciados nas Minas Gerais-o Erário Mineral (1736), a Relação cirúrgica e médica (1747) e o Governo de Mineiros [...] (1770). A partir deles, discutirei brevemente... more
O presente estudo trata de três manuais médicos escritos por cirurgiões licenciados nas Minas Gerais-o Erário Mineral (1736), a Relação cirúrgica e médica (1747) e o Governo de Mineiros [...] (1770). A partir deles, discutirei brevemente os limites da atuação desse tipo de profissional na colônia portuguesa nas Américas e a escritura de obras de cunho prescritivo por não-médicos, interrogando quais as doenças recorrentemente identificadas por eles, quais os tratamentos indi-cados, quais os referenciais médicos anunciados, que tipo de medicamento era comumente indi-cado e para quem esses remédios eram receitados. Percorrendo esse caminho, o objetivo é dar os principais contornos do que fora uma importante faceta da prática oficial de curar nas Minas Setecentistas.
Provavelmente em meados do século XVI, um religioso europeu de nome Leonel de Sousa, em missão às partes mais a leste do mundo conhecido, registrou, em um manuscrito de dez fólios, a “Vertude da Erva Sancta que he o tabaco” (n.d.). Ali,... more
Provavelmente em meados do século XVI, um religioso europeu de nome Leonel de Sousa, em missão às partes mais
a leste do mundo conhecido, registrou, em um manuscrito de dez fólios, a “Vertude da Erva Sancta que he o tabaco”
(n.d.). Ali, anotou os mais destacados usos da planta americana, as doenças para as quais seria útil e as formas mais
precisas de manusear o elemento e extrair dele seu potencial curativo. A erva a que se refere, o tabaco, não gozava do
predicado de ‘santa’ inequivocamente, sobretudo entre outros homens de fé que, em escritos diversos, sublinharam os
vícios despertados por seu consumo, o que torna a compilação merecedora de uma análise mais detida. É à transcrição
integral deste manuscrito, acrescida de breves comentários e indicações, que este texto se dedica.
Para além das atividades evangelizadora e missionária, a Companhia de Jesus teve destaque no estabelecimento de boticas e santas casas em locais onde os médicos e boticários especializados não eram encontrados. Nas reduções do Paraguai,... more
Para além das atividades evangelizadora e missionária, a Companhia de Jesus teve destaque no estabelecimento de boticas e santas casas em locais onde os médicos e boticários especializados não eram encontrados. Nas reduções do Paraguai, no Brasil, além de partes ainda mais distantes, como Macau e Goa, esses religiosos tomaram para si a tarefa de cuidar, também, dos corpos dos habitantes, desenvolvendo, fabricando, aplicando, distribuindo e comercializando toda sorte de medicamentos. Entre os séculos XVI e XVIII, é encontrada uma série de obras que registrava suas experiências e indicações para a manipulação e aplicação desses remédios, verdadeiras coleções de receitas que conjugavam os saberes dos médicos mais destacados daqueles tempos com as preparações elaboradas em suas boticas, muitas vezes com ingredientes locais. No projeto de investigação em desenvolvimento, brevemente apresentado nesta nota de pesquisa, lança-se luz sobre quatro coleções de receitas produzidas, provavelmente por portugueses, no âmbito da Companhia entre os séculos XVII e XVIII, livros que, em grande medida, encontram-se manuscritos e que dão pistas sobre a ampla rede de informações e conhecimento produzida e transmitida entre os inacianos. A proposta busca interrogar a atuação dos jesuítas na confecção, elaboração e disseminação de mezinhas, considerando a organização das obras, o recurso ao conhecimento não religioso e local e as doenças ali mencionadas e medicadas.
Para se servirem dos braços escravizados dentro do que se compreendia, então, como justo, aos senhores concorria uma série de deveres. Entre os recorrentemente elencados como essenciais e irrefutáveis, três saltam aos olhos: vesti-los... more
Para se servirem dos braços escravizados dentro do que se compreendia, então, como justo, aos senhores concorria uma série de deveres. Entre os recorrentemente elencados como essenciais e irrefutáveis, três saltam aos olhos: vesti-los adequadamente, castigá-los com justiça, e alimentar-lhes os corpos. Aqui, pois, tomando o último desses aspectos, a alimentação, procuraremos apresentar os argumentos que fundamentavam a obrigatoriedade legal e moral de o senhor fornecer, de forma adequada, mantimento em suficiente quantidade e de suficiente qualidade para a escravaria. A partir, sobretudo, das impressões registradas por padres, administradores, moralistas e viajantes que estiveram ou se fixaram no Brasil setecentista, o objetivo deste breve estudo é, mais do que tratar dos ingredientes que compunham a ração dos cativos, discutir as justificações que respaldavam a assertiva de que alimentar o corpo do escravo era dever inescusável do senhor.
O presente artigo aborda duas das facetas mais avistadas e descritas sobre os trajes dos homens e mulheres escravizados no Brasil dos séculos XVIII e XIX: de um lado, a pobreza ou a ausência de vestes; no extremo oposto, a riqueza de... more
O presente artigo aborda duas das facetas mais avistadas e descritas sobre os trajes dos homens e mulheres escravizados no Brasil dos séculos XVIII e XIX: de um lado, a pobreza ou a ausência de vestes; no extremo oposto, a riqueza de jóias e tecidos neles postos. Debruçar-nos-emos sobre as impressões e juízos feitos pelos contemporâneos àqueles cativos, juízos que atrelavam os panos aos pecados e mesmo à salvação de suas almas.
Neste artigo, o leitor é convidado a palmilhar, mais uma vez, pelos caminhos e os percalços narrativos sobre o mais conhecido dos mocambos de escravos do Brasil, o Quilombo dos Palmares. A partir dos relatos coetâneos — cartas, relatos de... more
Neste artigo, o leitor é convidado a palmilhar, mais uma vez, pelos caminhos e os percalços narrativos sobre o mais conhecido dos mocambos de escravos do Brasil, o Quilombo dos Palmares. A partir dos relatos coetâneos — cartas, relatos de viagem e documentos administrativos — o caráter exemplar da destruição do ajuntamento de escravos será apresentado, ressaltando as vicissitudes e nuances mais marcantes nas diversas notícias registradas sobre o mocambo. Complementarmente, cotejar-se-á algumas das tendências e leituras historiográficas sobre o longevo ajuntamento de escravos, o que permitirá apresentar, em linhas gerais, leituras plurais sobre Palmares. Volver a Palmares: historias de un " mocambo " del Brasil colonial Resumen: En este artículo, se invita al lector a caminar, una vez más, por los caminos y las narrativas sobre el más conocido " mocambo " de esclavos en Brasil, Palmares. A partir de los informes de la época —cartas, relatos de viajes y documentos administrativos— se presentará el carácter ejemplar de la destrucción de la reunión de esclavos, desta-cando los eventos y los matices más sorprendentes en varias noticias acerca de los mocambos. Además, se recopilarán algunas de las tendencias y las lecturas historiográficas sobre esta longeva reunión de esclavos, lo cual permitirá que se presenten, en general, las lecturas plurales de Palmares. Abstract: In this article the reader is invited to revisit the multiple narratives on Palmares, the best known Brazilian colonial " mocambo ". Based on various accounts-letters, travel journals and administrative documents — the article shows the exemplar character of the destruction of these slave gathering, highlighting the most striking nuances in the various reports on the mocambo. The article also presents the mayor historiographical debates on these slave gatherings, illustrating the plural readings on Palmares.
Em 1808, dom João VI publicou um alvará com força de lei para regular o transporte e o trato dos escravos durante a travessia do Atlântico. Dois anos depois, Antonio de Saldanha da Gama, membro do Conselho da Fazenda, elaborou um ofício... more
Em 1808, dom João VI publicou um alvará com força de lei para regular o transporte e o trato dos escravos durante a travessia do Atlântico. Dois anos depois, Antonio de Saldanha da Gama, membro do Conselho da Fazenda, elaborou um ofício para discutir alguns pontos da resolução. Essa importante personagem da administração lusa no Brasil argumentava que suas respeitosas ponderações acerca das determinações da Alteza Real tinham como fim aprimorá-las, “por questões humanitárias e econômicas”. Parte do acervo de manuscritos do Arquivo Histórico Ultramarino, de Lisboa, esse ofício se encontra aqui transcrito, comentado e contextualizado, fornecendo interessante visada das preocupações e justificativas daquele tempo, concernentes ao tráfico de africanos para o Brasil.
Pero Vaz de Caminha has written, in the first letter about America that “the land itself has a good atmosphere”. This statement would be repeated throughout the colonial period in chronic, letters, travel reports and other books, until... more
Pero Vaz de Caminha has written, in the first
letter about America that “the land itself has a
good atmosphere”. This statement would be
repeated throughout the colonial period in
chronic, letters, travel reports and other
books, until the paradisiac image of Brazil was
replaced by an idea of an unhealthy place to
be in. One of the elements that corroborated
with such turn around on the descriptions
about the tropics was the emergency of all
sorts of diseases: fevers, smallpox, syphilis,
measles, animal bites made the life in the
South become tough. One of them, well known
of the Europeans – and believed not to exist on
such land – called the attention and the
worries of the settlers: leprosy. Believed to be
a sign of God’s anger with human behaviour,
leper meant both insalubrity to the place and
punishment to men.
The purpose of this brief article is to follow the
paths of the procedures taken against such
contagious disease in colonial Brazil,
highlighting the main actions to prevent the
spread of decease and the sins all over the
Portuguese America. It is argued that slaves
were blamed as the main responsible for the
dissemination of that evil. Leper challenged
the utopia of a healthy land, and the utopia of
a cure was nurtured by the isolation, a sort of
“death in life”.
A coletânea assume o desafio de debater uma questão fulcral da civilização ocidental: os sustentáculos de uma moral cristã transplantada, dirigida ao mesmo tempo aos cuidados com o corpo e à saúde da alma, e que de una se faz múltipla ao... more
A coletânea assume o desafio de debater uma questão fulcral da civilização ocidental: os sustentáculos de uma moral cristã transplantada, dirigida ao mesmo tempo aos cuidados com o corpo e à saúde da alma, e que de una se faz múltipla ao avançar por territórios diversos e ao longo do tempo. Os capítulos reunidos adentram a seara dos códigos de comportamento, dos juízos moralizantes envolvendo povos desconhecidos e das práticas e instituições de provisão de cura e de aprimoramento das condutas. Dividido em três partes, o livro alicerça-se em torno de três ações que organizam o universo da moralidade entre o velho e o novo mundo: pensar, ver e corrigir.

https://www.edufscar.com.br/farol/edufscar/produto/cuidar-do-espirito-e-do-corpo-entre-o-velho-e-os-novos-mundos-(seculos-xiii-xviii)/1176733/
Pouco depois da expulsão da Companhia de Jesus dos domínios portugueses, um incógnito irmão jesuíta dedicou-se a reunir em um único livro as receitas de medicamentos elaborados ou utilizados nas boticas dos colégios inacianos "dos quatro... more
Pouco depois da expulsão da Companhia de Jesus dos domínios portugueses, um incógnito irmão jesuíta dedicou-se a reunir em um único livro as receitas de medicamentos elaborados ou utilizados nas boticas dos colégios inacianos "dos quatro cantos do mundo". O resultado desse trabalho foi o manuscrito intitulado "Coleção de várias receitas e segredos particulares das principais boticas da nossa Companhia de Portugal, da Índia, de Macau e do Brasil", atualmente conservado no Archivum Romanum Societatis Iesu (ARSI), em Roma. Trata-se de uma obra singular que contém uma série de textos médico-farmacêuticos elaborados pelos jesuítas entre os séculos XVI e XVIII, e que nunca vieram a público.
Agora, de maneira inédita, esses textos são editados e publicados neste livro, reiterando assim a importância e a primazia dos jesuítas nas artes de curar e de preparar remédios em suas Boticas, Colégios e Santas Casas.

https://www.loyola.com.br/produtos_descricao.asp?lang=pt_BR&codigo_produto=77372
As descrições de aspectos diversos da vida dos escravos foram constantes nas narrativas sobre o Brasil ao longo do período denominado colonial. Em textos de caráter religioso, relatos de viajantes que por aqui passaram, crônicas e... more
As descrições de aspectos diversos da vida dos escravos foram constantes nas narrativas sobre o Brasil ao longo do período denominado colonial. Em textos de caráter religioso, relatos de viajantes que por aqui passaram, crônicas e histórias acerca do Brasil, manuais de agricultura, compêndios médicos e cirúrgicos e em documentos administrativos, as menções ao tratamento, a atenção e a manutenção dos escravos se fizeram presentes, dando pistas sobre o que era necessário, desejável ou reprovável para aqueles que tinham a tarefa de mantê-los vivos e produtivos. Considerando essa variada documentação, notadamente os escritos produzidos entre meados do século XVII, quando as notícias sobre o escravo passam a transpor a mera constatação de sua presença nos trópicos, até a transladação da Corte em 1808 e as consequentes modificações empreendidas no cotidiano da colônia, a obra objetiva interrogar as prescrições e descrições delineadas sobre o sustento dos cativos. A partir de três aspectos recorrentemente elencados como imprescindíveis para o adequado trato da escravaria, a vestimenta, a incidência de castigos físicos e a alimentação – ou, como ficaram conhecidos na máxima do jesuíta André João Antonil, os “três PPP”, pano, pau e pão –, o alvo do estudo são as prescrições, narrações e seus fundamentos, em benefício do erário, da boa moral e dos preceitos cristãos
Era 5450 no calendário judaico, em alguma data entre 1689 e 1690 em seu equivalente gregoriano, quando o mercador Ishack de Matatia Aboab manda Benjamin Godines providenciar uma cópia do Tratado sobre medicina que fez o doutor Zacuto para... more
Era 5450 no calendário judaico, em alguma data entre 1689 e
1690 em seu equivalente gregoriano, quando o mercador Ishack de Matatia Aboab manda Benjamin Godines providenciar uma cópia do Tratado sobre medicina que fez o doutor Zacuto para seu filho levar consigo quando se foi para o Brasil, para dar a seu próprio filho, David Aboab Curiel. Nesse livro, diz Aboab, em carta que fez questão de anexar após a transcrição, “está incluída quase toda a medicina”, e por isso o destinatário da cópia deveria “ler a miúdo o livro que o Doutor Zacuto fez”. A cópia encomendada pelo mercador Aboab e aquela que seria predecessora a ela, da qual o copista se valeu, permaneceram manuscritas desde então, e conhecem, com essa edição, pela primeira vez a prensa. São 48 capítulos e uma lista de advertências sobre as principais doenças a serem conhecidas e combatidas, as explicações de como identifica-las, as características manifestas nas diferentes gentes, os ingredientes e procedimentos necessários para curar meia centena de achaques, enfim, uma série de questões clínicas, em língua vernácula, o
português, portanto mais acessível. Neste volume, além da inédita edição do Tratado sobre medicina […], são apresentados dois estudos sobre temas relacionados ao livreto, além de uma introdução crítica da obra, um glossário de ingredientes e procedimentos médicos do período e uma listagem dos pesos e medidas então utilizados pelos doutores.

http://www.culturaacademica.com.br/catalogo/tratado-sobre-medicina-que-fez-o-doutor-zacuto-para-seu-filho-levar-consigo-quan-do-se-foi-para-o-brasil/
O estudo que o leitor tem em mãos, agora publicado em forma de livro, é fruto de uma detida investigação feita pela historiadora Ana Carolina de Carvalho Viotti. A pesquisadora aventurar-se em nos revelar que o interesse pelo saber... more
O estudo que o leitor tem em mãos, agora publicado em forma de livro, é fruto de uma detida investigação feita pela historiadora Ana Carolina de Carvalho Viotti. A pesquisadora aventurar-se em nos revelar que o interesse pelo saber médico, resultante do desejo de aliar experiência e teoria no combate à “mera empiria”, já circulava pela América portuguesa muito antes da transferência da corte lusa, embora as primeiras escolas de cirurgia brasileiras datem de 1808.

Dentre seus muitos méritos, o livro escapa da armadilha de criar algo completamente estranho aos contemporâneos como o assistir, ainda no período colonial, ao nascimento de uma ciência médica nacional. Nega-se, ainda, a ver como heróis os indivíduos que, com parcos recursos, faziam o que era possível para remediar os males que afligiam os corpos dos coloniais.

Nas páginas que seguem, o leitor encontrará o mapeamento de um conjunto de conhecimentos produzidos entre meados do século XVII e o início do oitocentos que, ao amalgamarem costumes dos nativos e técnicas importadas, compuseram As práticas e os saberes médicos no Brasil colonial.

O leitor se encontrará com uma medicina colonial brasileira narrada de maneira cativante. As descrições, cuidadosamente construídas, identificam uma medicina plural, uma forma específica de ‘ver e curar os males nas terras brasílicas’.
Research Interests:
Resumo: Através de uma análise comparativa, este artigo procura apresentar um panorama da ação de abolicionistas britânicos, franceses, russos, americanos e brasileiros, no final do século XVIII e ao longo do século XIX. Ao indicar os... more
Resumo: Através de uma análise comparativa, este artigo procura apresentar um panorama da ação de abolicionistas britânicos, franceses, russos, americanos e brasileiros, no final do século XVIII e ao longo do século XIX. Ao indicar os percalços das associações civis pró-abolição, os caminhos tomados nos domínios supracitados são colocados em paralelo – ora para enfatizar aproximações, ora para ressaltar as inegáveis particularidades –, revelando as marcas de violência e de negociação presentes no processo de emancipação dos cativos.

Abstract: Through a comparative analysis, this article aims to present an overview of British, French, Russian, American and Brazilian abolitionist action, between the late eighteenth century and throughout the nineteenth century. Indicating the struggles of pro-abolition civil associations, the paths taken in Britain, France, the US and Brazil are presented in parallel-either to emphasize approaches, either to highlight the undeniable peculiarities-revealing the marks of violence and negotiation present in the emancipation process.
Neste artigo, o leitor é convidado a palmilhar, mais uma vez, pelos caminhos e os percalços narrativos sobre o mais conhecido dos mocambos de escravos do Brasil, o Quilombo dos Palmares. A partir dos relatos coetâneos — cartas, relatos de... more
Neste artigo, o leitor é convidado a palmilhar, mais uma vez, pelos caminhos e os percalços narrativos sobre o mais conhecido dos mocambos de escravos do Brasil, o Quilombo dos Palmares. A partir dos relatos coetâneos — cartas, relatos de viagem e documentos administrativos — o caráter exemplar da destruição do ajuntamento de escravos será apresentado, ressaltando as vicissitudes e nuances mais marcantes nas diversas notícias registradas sobre o mocambo. Complementarmente, cotejar-se-á algumas das tendências e leituras historiográficas sobre o longevo ajuntamento de escravos, o que permitirá apresentar, em linhas gerais, leituras plurais sobre Palmares.

En este artículo, se invita al lector a caminar, una vez más, por los caminos y las narrativas sobre el más conocido " mocambo " de esclavos en Brasil, Palmares. A partir de los informes de la época —cartas, relatos de viajes y documentos administrativos— se presentará el carácter ejemplar de la destrucción de la reunión de esclavos, desta-cando los eventos y los matices más sorprendentes en varias noticias acerca de los mocambos. Además, se recopilarán algunas de las tendencias y las lecturas historiográficas sobre esta longeva reunión de esclavos, lo cual permitirá que se presenten, en general, las lecturas plurales de Palmares.

In this article the reader is invited to revisit the multiple narratives on Palmares, the best known Brazilian colonial " mocambo ". Based on various accounts-letters, travel journals and administrative documents — the article shows the exemplar character of the destruction of these slave gathering, highlighting the most striking nuances in the various reports on the mocambo. The article also presents the mayor historiographical debates on these slave gatherings, illustrating the plural readings on Palmares.
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