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    Revisão Resumo Vários fatores tornam a infecção do trato urinário (ITU) uma relevante complicação do período gestacional, agravando tanto o prognóstico materno quanto o prognóstico perinatal. Durante muitos anos, a gravidez foi vista como... more
    Revisão Resumo Vários fatores tornam a infecção do trato urinário (ITU) uma relevante complicação do período gestacional, agravando tanto o prognóstico materno quanto o prognóstico perinatal. Durante muitos anos, a gravidez foi vista como fator predisponente a todas as formas de ITU. Hoje, sabe-se que ela, como evento isolado, não é responsável por maior incidência de ITU; as mudanças anatômicas e fisiológicas impostas ao trato urinário pela gravidez predispõem à transformação de mulheres bacteriúricas assintomáticas (BA) em gestantes com ITU sintomáticas. A BA acomete entre 2 e 10% de todas as gestantes, das quais aproximadamente 30% desenvolverão pielonefrite, se não tratadas adequadamente. No entanto, observa-se incompreensível resistência dos pré-natalistas à identificação da BA neste período. Seu diagnóstico é microbiológico e baseia-se em duas uroculturas apresentando mais que 10 5 colônias/mL de urina, identificando-se o mesmo germe. Seu tratamento é facilitado, visto que pode ser baseado no antibiograma, não havendo fundamentação científica de que o pré-estabelecimento de esquemas terapêuticos seja uma medida adequada. Para o tratamento da pielonefrite, não é possível aguardar o resultado da cultura e o conhecimento prévio do perfil de resistência dos antibacterianos disponíveis para uso em gestantes seria a melhor medida. Outra variável importante é utilizar um antibiótico bactericida, endovenoso na fase aguda da infecção e com possibilidades de ser administrado via oral após a melhora clínica da paciente, em seu domicílio. Em nosso meio, a droga que melhor atende a todas estas demandas é a cefuroxima, utilizada por um período de 10-14 dias. As cefalosporinas de terceira geração não existem na forma oral, carreando o inconveniente de tratamento parenteral em sua totalidade. Em decorrência dos efeitos colaterais, considera-se inadequado o uso de aminoglicosídeos em gestantes. Apesar das inconsistentes insinuações de contra-indicações das quinolonas monofluoradas, havendo indicação, acredita-se que a norfloxacina possa ser uma boa opção à cefuroxima. Para os casos em que a profilaxia da ITU está indicada, preferem-se os quimioterápicos, entre eles a nitrofurantoína, com o cuidado de evitar seu uso no final da gravidez pelo risco de kernicterus no neonato. Abstract Several factors cause urinary tract infection (UTI) to be a relevant complication of the gestational period, aggravating both the maternal and perinatal prognosis. For many years, pregnancy has been considered to be a factor predisposing to all forms of UTI. Today, it is known that pregnancy, as an isolated event, is not responsible for a higher incidence of UTI, but that the anatomical and physiological changes imposed on the urinary tract by pregnancy predispose women with asymptomatic bacteriuria (AB) to become pregnant women with symptomatic UTI. AB affects 2 to 10% of all pregnant women and approximately 30% of these will develop pyelonephritis if not properly treated. However, a difficult to understand resistance against the identification of AB during this period is observed among prenatalists. The diagnosis of UTI is microbiological and it is based on two urine cultures presenting more than 10 5 colonies/mL urine of the same germ. Treatment is facilitated by the fact that it is based on an antibiogram, with no scientific foundation for the notion that a pre-established therapeutic scheme is an adequate measure. For the treatment of pyelonephritis, it is not possible to wait for the result of culture and previous knowledge of the resistance profile of the antibacterial agents available for the treatment of pregnant women would be the best measure. Another important variable is the use of an intravenous bactericidal antibiotic during the acute phase, with the possibility of oral administration at home after clinical