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Os corpos apresentam infinitas possibilidades de ser na sociedade, sendo subjetivados, construídos e educados a partir de diferentes dimensões. Na contemporaneidade, a harmonização facial é uma prática de modificação corporal de grande... more
Os corpos apresentam infinitas possibilidades de ser na sociedade, sendo subjetivados, construídos e educados a partir de diferentes dimensões. Na contemporaneidade, a harmonização facial é uma prática de modificação corporal de grande impacto nas mídias sociais que demandam o corpo perfeito para as selfies, nas quais a face é uma das partes do corpo de maior visibilidade. A fim de problematizar essas questões que interpelam os corpos, este estudo busca analisar uma reportagem da Revista Veja sobre a harmonização facial, lançando mão de uma perspectiva metodológica de análise baseada em vertentes pós-críticas. As discussões suscitadas permitem tensionar os diferentes aspectos culturais que exercem pedagogias corporais, as quais buscam disciplinar os corpos aos ideais de beleza hegemônica.
Neste trabalho, analisamos como o livro didático de Ciências da Natureza da Educação de Jovens e Adultos (EJA), edição de 2014, enquanto um artefato cultural funciona como um currículo e uma pedagogia cultural, produzindo representações... more
Neste trabalho, analisamos como o livro didático de Ciências da Natureza da Educação de Jovens e Adultos (EJA), edição de 2014, enquanto um artefato cultural funciona como um currículo e uma pedagogia cultural, produzindo representações de gênero que vão constituindo as identidades culturais de estudantes, especialmente, suas masculinidades e feminilidades, por meio das imagens que representam as profissões/atividades laborais ditas de homens e mulheres. Para a análise, utilizamos aporte do campo teórico-metodológico dos Estudos Culturais, em suas vertentes pós-estruturalistas. A análise das imagens acerca das profissões/atividades laborais de homens e mulheres revelou uma manutenção da lógica sexista e binária, que em termos de representação e como foco o mundo do trabalho é inflexível e restritivo, mesmo para os homens e as mulheres. Assim, as representações de trabalho analisadas cumprem a missão de encarregar as mulheres jovens e adultas da EJA para serem trabalhadoras doméstica.
Esse artigo apresenta um relato de experiência sobre duas estratégias desenvolvidas pelas tutorias presenciais do Curso de Licenciatura em Pedagogia à distância, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), para superar a suspensão dos... more
Esse artigo apresenta um relato de experiência sobre duas estratégias desenvolvidas pelas tutorias presenciais do Curso de Licenciatura em Pedagogia à distância, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), para superar a suspensão dos encontros presenciais em 2020 em razão da pandemia da COVID-19. No polo de Águas Lindas de Goiás (GO), foi desenvolvida a metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) com o uso do WhatsApp, e no polo de Catalão-GO foram realizadas duas webconferência com especialista por meio do Google Meet. As atividades tiveram como objetivo introduzir reflexões decoloniais na formação de pedagogos. Por intermédio dessas experiências, os acadêmicos conheceram a perspectiva decolonial e refletiram sobre seus papéis na desconstrução de visões etnocêntricas sobre os povos negros e indígenas. Foi possível verificar que o trabalho colaborativo na tutoria é capaz de gerar resultados positivos e imprevistos, potencializando aprendizagens e formando uma verdadeira comunidade de aprendizagem em rede.

This article presents an experience report on two strategies developed by the face-to-face tutoring of the Pedagogy Degree Course at a distance from the State University of Goiás to overcome the lack of face-to-face meetings in 2020 due to the COVID-19 pandemic. At the Águas Lindas de Goiás-GO pole, the Problem-Based Learning (PBL) methodology was developed using WhatsApp and at the Catalão-GO pole, two web conferences with specialists were held through Google Meet. The activities aimed to introduce decolonial reflections in the training of pedagogues. Through these experiences, academics got to know the decolonial perspective and reflected on their roles in deconstructing ethnocentric views about black and indigenous peoples. It was possible to verify that collaborative work in tutoring is capable of generating positive and unforeseen results, enhancing learning and forming a true networked learning community.
Resumo: O presente ensaio faz um exercício de reflexão sobre a construção das identidades e diferenças, problematizando como o eu se constrói a partir de um outro e o que ocorre quando no processo de formação do sujeito há um desejo não... more
Resumo: O presente ensaio faz um exercício de reflexão sobre a construção das identidades e diferenças, problematizando como o eu se constrói a partir de um outro e o que ocorre quando no processo de formação do sujeito há um desejo não de reconhecimento, mas de eliminação do outro. Em seguida, apresenta brevemente as noções de estigma, anormalidade e abjeção como forma de compreender os processos de negação e não reconhecimento de sujeitos, bem como aborda a luta por reconhecimento empreendida por sujeitos historicamente construídos como outros. Por fim, é feita uma reflexão sobre as políticas de eliminação do outro, trazendo o conceito de necrobiopoder para argumentar que o Estado e a sociedade põem em ação técnicas de fazer viver, fazer morrer e fazer matar a própria população, sendo essas duas últimas, em especial, direcionadas a sujeitos tidos como subalternos, abjetos, estigmatizados, monstros e anormais. Os debates suscitados apontam para a necessidade de questionar sobre qual o lugar que a diferença e o(s) outro(s) ocupam nas relações sociais e o que conta ou pode contar como humano em nossa sociedade. Palavras-chave: Identidade. Diferença. Reconhecimento. Necrobiopoder. Abjeção.
Resumo: O presente trabalho faz uma reflexão teórica sobre a construção histórica e social do corpo, sexo, gênero e sexualidade, com o objetivo de discutir como se dá a educação dos corpos tomando como base a ordem heteronormativa. O... more
Resumo: O presente trabalho faz uma reflexão teórica sobre a construção histórica e social do corpo, sexo, gênero e sexualidade, com o objetivo de discutir como se dá a educação dos corpos tomando como base a ordem heteronormativa. O debate teórico proposto busca, em primeiro lugar, pensar na dimensão histórico-social do corpo com base em David Le Breton. Em segundo lugar, ampara-se nos estudos de Judith Butler, Berenice Bento, Guacira Lopes Louro para argumentar que o gênero é o resultado de tecnologias de produção de corpos. Nesse sentido, demonstra que o dimorfismo desvinculou-se do isomorfismo, estabelecendo a diferenciação radical entre corpos-masculinos e corpos-femininos, criando o modelo de dois sexos com dois gêneros distintos, opostos, mas complementares, e abandonando o modelo antigo de um sexo com dois gêneros. Destaca a necessidade de romper com a concepção predominante de que o sujeito é produto do corpo ou do pertencimento biológico, visto que ela serve para naturalizar as diferenças socialmente construídas e justificar as desigualdades. Por fim, aponta para o desafio de superar o modelo de educação dos corpos baseado na heteronormatividade, elaborando pedagogias de gênero e da sexualidade como pedagogias de resistências.
A pesquisa teve como objetivo compreender a construção das políticas públicas de educação para diversidade de gênero e sexualidade no Distrito Federal no período de 2011 a 2020. Especificamente, foca na atuação e no ativismo institucional... more
A pesquisa teve como objetivo compreender a construção das políticas públicas de educação para diversidade de gênero e sexualidade no Distrito Federal no período de 2011 a 2020. Especificamente, foca na atuação e no ativismo institucional de docentes da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) na Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE) e na Subsecretaria de Educação Básica (SUBEB), nas maneiras como buscaram promover causas feministas e LGBT+ dentro do Estado, influenciando as instituições, os processos e os resultados desta ação pública. A análise buscou compreender seus perfis e trajetórias, identificando suas estratégias e interações e como o ativismo institucional e as ações públicas para educação em gênero e sexualidade foram afetados pelas mobilizações dos movimentos anti-igualitários, mudanças político-institucionais e interferências da chefia do Executivo distrital. O estudo é fundamentado na análise de políticas públicas (MULLER; SUREL, 2002; MULLER, 2018), adotando como referências analíticas a Sociologia Política da Ação Pública (LASCOUMES; LE GALÈS, 2012a, 2012b), os estudos sobre ativismo institucional (ABERS, 2015, 2019; BRANDÃO, 2017; CAYRES, 2015, 2017; FERREIRA, 2016; FILICE, 2010; PETTINICCHIO, 2012) e os estudos de gênero, sexualidade e políticas de educação (FERNANDES, 2011; JUNQUEIRA, 2009; MADSEN, 2008; VIANNA, 2012, 2015, 2018; VIANNA; UNBEHAUM, 2006, 2016). O estudo, com abordagem qualitativa, fez revisão bibliográfica, pesquisa documental, observação de um curso de formação continuada da EAPE e entrevistas narrativas com cinco professoras e um professor. A análise dos dados foi realizada por triangulação de fontes (TRIVIÑOS, 1987), sendo que as entrevistas foram analisadas por meio da análise textual discursiva (MORAES, 2003; MORAES; GALIAZZI, 2006). Os resultados revelaram que docentes da EAPE e da SUBEB constroem um trabalho institucional pautado no ativismo em defesa dos direitos humanos e da diversidade, mas encontram obstáculos que interferem em sua atuação. A pesquisa identificou várias práticas ativistas adotadas pelo grupo de docentes para promover uma educação em gênero e sexualidade, tais como: formação de redes sociais; mobilização por causas temáticas na criação de cursos de formação, seminários, rodas de conversa nas escolas e produção de orientações; adequação de ações comunicativas; ativismo na criação de estruturas e instrumentos de ação pública; práticas para promover o direito ao nome social; atuação em espaços de participação social; mobilização de atores e recursos externos e internos; táticas de ajuste à administração, incluindo a invisibilização proposital e estratégica, entre outras estratégias. A atuação dos movimentos anti-igualitários, as transições no governo distrital e federal e as intervenções da chefia do Executivo distrital, em diferentes períodos, impuseram obstáculos de diferentes naturezas para a coordenação da ação pública para educação em gênero e sexualidade e para o ativismo institucional na SEEDF. Após os embates nos planos de educação, em 2015, houve alteração e redução na equipe na EAPE e SUBEB, fusão de coordenações, extinção de um núcleo de gênero e sexualidade, reformulação em instrumentos, modificação nos nomes dos cursos, eventos e documentos e mudanças na forma de atuação docente. A atuação de docentes da EAPE e da SUBEB resiste ao contexto de restrições à democracia e aos direitos humanos, lutando para dar continuidade as ações, amparando-se nos instrumentos existentes e atuando como gestoras e gestores proativos (FILICE, 2010). Portanto, ao longo do tempo em estudo, houve avanços e recuos e apesar das restrições políticas do atual contexto controverso, há continuidade da ação pública em defesa de uma educação para a diversidade, em e para os direitos humanos e livre da LGBTfobia, do racismo e sexismo.