Music Department

O violino e um instrumento musical cujo aprendizado requer intensa dedicacao e muitas horas diarias de estudo. A evolucao do aprendiz e a obtencao de um nivel de desempenho satisfatorio demanda um plano de estudo bem realizado, ancorado em um bom processo de gerenciamento do tempo com vistas ao aperfeicoamento das operacoes mentais e mecânicas envolvidas na pratica violinistica. Regulada pelas Funcoes Executivas do cerebro, a atencao potencializa o estudo a medida que tem um papel fundamental na promocao de processos variados, tais como o controle do refinamento tecnico e musical, a memorizacao de movimentos, a economia de energia, o bom aproveitamento do tempo e a prevencao de desconfortos osteomusculares resultantes da execucao de movimentos repetitivos sem a devida consciencia corporal.

Resumo: Este relato de experiência descreve o projeto de extensão Muito prazer, Villa- Lobos! Uma viagem sonora, desenvolvido pelo Departamento de Música (DMUSI) da Universidade Federal de São João Del Rei. Trata-se de uma apresentação cênico-musical sobre a vida e obra do compositor Heitor Villa-Lobos cujos objetivos principais foram: proporcionar o acesso à música erudita por meio de uma atividade lúdica e promover a articulação das práticas, instrumental e pedagógica, dos discentes envolvidos. O público-alvo foram crianças da escola regular, de seis a dez anos. A proposta se fundamenta teoricamente no conceito de musicalização, defendido por Penna (2008), no que se refere ao objetivo de democratização da chamada cultura legítima (neste caso a obra para piano de Villa-Lobos), e no modelo C(L)A(S)P, elaborado por Swanwick (1979), ao considerarmos a sistemática adotada na elaboração do projeto em si. Desenvolvido durante o ano de 2009, o projeto foi apresentado para um número significativo de 240 crianças da cidade de São João Del Rei. A proposta mostrou-se eficaz como meio de difusão e democratização da chamada música erudita e também como uma experiência de prática de ensino capaz de articular dois eixos fundamentais da formação acadêmica do curso de licenciatura em música, o instrumental e o pedagógico.
Palavras chave: formação de professores de música, educação musical, Villa-Lobo

Resumo: Tendo como pano de fundo o contexto da recente ampliação do acesso ao ensino superior público no Brasil, o presente trabalho apresenta reflexões decorrentes da construção do perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de licenciatura em música da Universidade Federal de São João Del Rei (MG). Por meio da análise de 140 questionários aplicados a estudantes ingressantes entre 2006 e 2011 no referido curso, buscou-se mapear a realidade sócio-econômica e cultural do público discente, bem como suas trajetórias musicais e aspirações em relação à formação universitária. Em linhas gerais, os dados permitiram aferir que um novo perfil de alunos se apresenta, ao que tudo indica distanciado das expectativas das instituições em termos de aspirações, habilidades técnicas e familiaridade com a cultura musical. A partir de uma leitura sociológica dos dados, ancorada principalmente nas contribuições de Pierre Bourdieu e François Dubet, este trabalho procura abordar algumas questões relevantes no cenário da educação musical superior no Brasil contemporâneo, a saber: a formação do músico-educador, a dicotomia licenciatura/bacharelado e a inclusão de novos públicos na universidade.
Palavras chave: licenciatura em música; democratização do ensino superior; perfil sociocultural.

Fruto de uma trajetória ligada à cultura legítima, o ensino do piano nas universidades brasileiras reproduz, quase sempre, padrões herdados do modelo conservatorial europeu. No entanto, essa concepção tem enfrentado desafios cruciais, um reflexo, entre outros fatores, de políticas públicas de democratização e interiorização do ensino superior. O incremento de vagas proporcionado por tais políticas tem enfraquecido a “super-seleção” nos vestibulares de música, favorecendo a emergência de um novo perfil de alunos distanciado, ao que tudo indica, das expectativas das instituições em termos de competências técnicas e de familiaridade com a cultura musical legítima. Tendo como pano de fundo a mudança na morfologia social do público universitário, este trabalho investiga o embate entre o que sociologicamente se define por disposições e competências possuídas pelos estudantes de piano e aquelas requeridas pela formação universitária. Para tanto, foram realizadas entrevistas com 16 estudantes e egressos de duas importantes universidades federais de Minas Gerais: a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), cujo curso de música foi criado no contexto da recente ampliação do acesso ao ensino superior público no Brasil; e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que possui um curso de música desde 1962 e ocupa uma posição dominante no campo brasileiro da formação musical. A partir desse material foram elaborados, analisados e categorizados “retratos sociológicos” (LAHIRE, 2002) dos sujeitos. Considerando a relação dos sujeitos da pesquisa com o ethos da formação pianística na universidade foram detectados três tipos de percursos: alta adesão; adesão parcial e reconversão. Para se realizar a análise  transversal dos retratos foram utilizados sete eixos, a saber: o contexto familiar e as condições objetivas de existência (capital cultural e econômico); o capital social e a rede de sociabilidade; as práticas e preferências culturais; o papel das instituições universitárias; a formação musical inicial; a relação com o ofício do pianista e o papel da subjetividade. Os resultados comprovaram uma efetiva mudança no perfil sociocultural e demonstraram como os determinantes sociais contemplados nos eixos de análise atuaram na construção das trajetórias estudadas. A pesquisa privilegiou na composição de seu quadro teórico os trabalhos dos sociólogos franceses Pierre Bourdieu, Bernard Lahire e Antoine Hennion. Espera-se que este trabalho venha enriquecer a discussão acerca da formação superior em música no Brasil.

O presente trabalho trata de um recorte da pesquisa de mestrado
do autor fundado na investigação do idiomatismo musical do violo-
nista e compositor Chiquito Braga em seus registros para violão solo.
Dentre os recursos musicais identificados em suas composições,
observamos que a grande movimentação por centros tonais é uma
característica constante nas composições investigadas. Ao analisar-
mos estas progressões harmônicas, observamos que os trechos em
que as mesmas estão presentes não se estabelecem como novas
tonalidades, sejam por suas curtas durações e/ou por insuficiên-
cia de material harmônico que as distanciem da antiga tonalidade
e as afirmem como um novo tom. Em consulta à bibliografia dire-
cionada à estruturação harmônica recolhida em nossa pesquisa, ob-
servamos que estes casos configuram, de acordo com Schoenberg
(2004), modulações para novas regiões da mesma tonalidade, sendo
estas componentes de uma única estrutura monotonal. Com base
nos resultados obtidos na aplicação deste referencial teórico junto à
pesquisa, apresentamos neste artigo uma discussão sobre os con-
ceitos monotonalidade, de modulação por região e o emprego destes
na realização das análises harmônicas das peças Denise 10, Prado
e Prelúdio dos Ovnis. Abordaremos também os diálogos que esta-
belecemos entre os conceitos listados acima e outros pertinentes
aos mesmos empregados ao longo das análises, como a abordagem
sobre acordes de empréstimos realizada por Almada (2012) e os con-
ceitos de expansão da tonalidade de Koellreutter (2018).

O presente trabalho busca compreender as inovações harmônicas que definem o estilo de Chiquito Braga. Através de levantamento bibliográfico e entrevistas semiestruturadas, busca-se demonstrar seu idiomatismo, suas influências, bem como sua influência sobre músicos como Toninho Horta e em alguns outros nomes do Clube da Esquina, destacando os acordes de pestana dupla ou tripla e suas possíveis sonoridades como grande contribuição do músico à linguagem harmônica atribuída a sonoridade mineira dentro da música popular brasileira do século XX. Palavras-chave: Chiquito Braga. Harmonia. Escola mineira de violão moderno. Toninho Horta. Clube da Esquina.