MELLO, Soraia Carolina de; PÉREZ, Inés. Apresentação. TRABALHO DOMÉSTICO E DE CUIDADOS: abordagens interseccionais a partir do Cone Sul. Feminismos, Vol.5, N.2 e 3, Maio - Dez. 2017. ISSN: 2317-2932, 2018
Os artigos aqui reunidos, que foram desenvolvidos a partir das comunicações apresentadas no ... more Os artigos aqui reunidos, que foram desenvolvidos a partir das comunicações apresentadas no 13º Mundos de Mulheres & Fazendo Gênero 11 em 2017 em Florianópolis, trazem reflexões sobre trabalho doméstico e cuidados no Cone Sul a partir de perspectivas localizadas, pesquisas específicas que respondem a perguntas elaboradas em seus espaços disciplinares, institucionais, e a partir das inquietações suscitadas pelos objetos analisados. Em seu conjunto, contudo, essas especificidades contribuem para um olhar interdisciplinar, transnacional, localizado no Cone Sul mas que possibilita diálogo com diferentes realidades latino-americanas, sobre temáticas há tantos anos caras aos feminismos, que circundam as invisibilidades das tarefas historicamente atribuídas às mulheres. É nesse sentido que os debates aqui apresentados são, por um lado, tributários das teorias feministas clássicas da segunda metade do século XX, ao mesmo tempo em que lançam novos olhares sobre esses antigos problemas, e questionam a permanência deles sob diferentes ângulos. Esses questionamentos não ocorrem isolados, e se unem a uma profusão de discursos feministas da contemporaneidade, que enredam a produção intelectual com a militância e
estão construindo novos horizontes para a luta de enfrentamento das desigualdades marcadas pelo gênero.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Talks
Books
Com o exílio resultante da perseguição política durante a ditadura militar do Brasil, alguns aspectos ligados ao cotidiano emergiram aos sujeitos exilados. Questões até então ignoradas passaram a se tornar pontos de discussão, conflitos e transformações. Este artigo objetiva analisar as narrativas de mulheres brasileiras acerca do trabalho doméstico no exílio. A partir dos estudos teóricos que articulam gênero e memória, buscamos perceber as relações hierárquicas – constituídas ou rompidas – no que diz respeito ao trabalho doméstico durante o exílio de brasileiras e brasileiros na França, nos anos 1970. Este processo de (auto)exclusão, vivido de maneira heterogênea, é foco de inúmeras memórias que emergiram durante ou após o período. São fontes para este artigo memórias publicadas no livro Memórias das Mulheres do Exílio (1980) e entrevistas realizadas a partir da metodologia da história oral.
Abstract
With the exile resulting from political persecution during Brazil's military dictatorship, some aspects related to daily life emerged for exiled subjects. Ignored aspects until then, have become an issue of discussion, conflicts and transformations. This article aims to analyze the narratives of Brazilian women about housework in exile. Based on theoretical studies that articulate gender and memory, we seek to understand the hierarchical relationships – constituted or broken – with regard to housework during the exile of Brazilians in France, during the 1970s. This (self) exclusion process, lived in a heterogeneous way, is the focus of countless memories that emerged during or after the period. Sources for this article are memoirs published in the book Memórias das Mulheres do Exílio (1980) and interviews based on the methodology of oral history.
Resumo: A pandemia nos insere, a partir de 2020, em uma crise sanitária sem precedentes, com efeitos severos sobre a economia e o mercado de trabalho. Seu enfrentamento, tanto no plano individual quanto no coletivo, significou cuidar das pessoas. Como já observado de forma exaustiva por teóricas feministas, as tarefas de cuidado são tradicionalmente atribuídas às mulheres. Estas estão, portanto, no centro das respostas da crise sanitária, apesar de não serem as responsáveis pelas grandes decisões a respeito dessa crise no Brasil. A crise sanitária potencializou, também, as desigualdades do mercado de trabalho e o peso dos trabalhos com a reprodução da vida. Esta amarga realidade será o fio condutor das nossas reflexões sobre o trabalho que norteia nosso viver na sociedade.
Palavras-chave: trabalho das mulheres; cuidado; trabalho remunerado; trabalho não remunerado; economia feminista.
Notes on women's work in times of pandemic: responses and impasses
Abstract: The pandemic inserts us, as of 2020, in an unprecedented health crisis, with severe effects on the economy and the labor market. Facing it, both individually and collectively, meant taking care of people. As has been extensively noted by feminist theorists, caregiving tasks are traditionally assigned to women. They are, therefore, at the center of the responses to the health crisis, even though they are not the ones responsible for the major decisions concerning this crisis in Brazil. The health crisis has also increased the inequalities of the labor market and the burden of work with the reproduction of life. This bitter reality will be the guiding thread of our reflections on the work that guides our living in society.
Con ocasión del 3er Congreso de Historia Ambiental realizado en la Universidad Federal de Santa Catarina (UFSC) en 2019, nos reunimos con la ecologista queer Colombiana Brigitte Baptiste. Brigitte participó de una Sesión Plenaria con la charla titulada “Dolor en un mundo de transición”. Guiada por preguntas como “¿Qué es la naturaleza y como las personas trans cuestionan la naturaleza?”, “¿Cómo producimos la naturaleza hoy?”, “¿Quién está inventando el mundo de hoy?”, “¿Las nuevas naturalezas son políticamente plausibles?” y “¿Qué especies queremos ser?”, ella nos desafía a pensar en la biodiversidad y el ecosistema de una manera interdisciplinar y queer. Como posición de cuestionamiento de las normalidades, lo queer nos lleva a preguntarnos cuales son los posibles efectos de no conformar cuerpos, organismos, paisajes, identidades. Es aquí donde Brigitte – utilizando el marco de las ciencias naturales y de las ciencias humanas – establece un rico diálogo entre la naturaleza y la teoría queer. En su charla, Brigitte afirmó que la naturaleza es diversa y produce diferencias; protege lo anómalo, que es camino hacia los cambios adaptativos esenciales para la continuidad de la vida.
trabalho e valor guiarão o debate.
Feminism sells? Appropriations of democratic speeches by the publicity in Claudia (1970-1989)
RESUMO: Este artigo propõe estabelecer relações entre publicidade, feminismos e democracia nas décadas de 1970 e 1980 no Brasil, sem perder de vista o diálogo de tais temáticas com a contemporaneidade. Para tanto, foram consultados 168 números da Revista Claudia publicados entre 1970 e 1989, de onde se escolheram alguns anúncios publicitários. Foram analisados especificamente os anúncios que se apropriaram de motes, palavras de ordem e slogans democráticos e feministas, com o objetivo de tentar compreender de que formas as tensões entre movimentos sociais, luta por democracia e mercado transpareceram no periódico. A ideia da publicidade como espaço de informação e educação e seu potencial como divulgadora de ideias feministas ou propagadora de estereótipos de gênero também são abordadas no artigo, que pensa sobre a produção de subjetividades na Revista Claudia no período analisado. O debate apresentado é historicizado, utilizando principalmente teorias feministas, os estudos culturais e as noções de subjetivação/singularização.
ABSTRACT: This article proposes to establish relations between advertising, feminism and democracy in the 1970s and 1980s in Brazil, without losing sight of the dialogue of such themes with contemporaneity. In order to do so, we consulted 168 issues of Claudia Magazine published between 1970 and 1989, from which some advertising were chosen. The ads that took possession of mottos, watchwords and democratic and feminist slogans were analyzed specifically to try to understand how tensions between social movements, struggle for democracy and the market showed in the periodical. The idea of advertising as information and education space, and its potential as promoter of feminist ideas or propagator of gender stereotypes, is also addressed in the article, which thinks about production of subjectivities in Claudia Magazine in the analyzed period. The debate presented is historicized using mainly feminist theories, cultural studies and the notions of subjectification/singularization.
Revisão: Matilde Quiroga CASTELLANO, UFSC
Referência Original: MELLO, Soraia Carolina de. Por que os Estudos Feministas são importantes? 2019. Disponível em: <https://www.cafehistoria.com.br/por-que-os-estudos-feministas-sao-importantes/>. Acesso em: 01 ago. 2019.
Este artículo de divulgación científica busca responder, de forma didáctica y accesible, a la pregunta acerca de por qué son importantes los estudios feministas. La argumentación fue construida en tres partes: la primera trata de la invisibilidad de determinados sujetos en las ciencias, como objeto de estudio y, principalmente, como productores de conocimiento; la segunda trata de la negación del prejuicio y de la discriminación contra esos sujetos; y la tercera trata de las posibilidades de transformación de ese marco. El foco son las mujeres (incluidas las trans), consideradas como el sujeto de los feminismos, y a pesar de ser un diálogo profundamente interdisciplinario, fue escrito a partir del lugar de la Historia como área de conocimiento.
PALABRAS CLAVE: Estudios Feministas. Epistemologías feministas. Posicionalidad. Desigualdad de género. Decolonialidad.
Este artigo utiliza como fonte memórias
de mulheres que foram militantes
feministas durante a ditadura militar no
Brasil e que também participaram da
abertura política no país a partir de
meados dos anos 1980. Nessas
memórias investiga-se, do ponto de
vista dessas mulheres, engajadas
politicamente nos feminismos e muitas
vezes nas esquerdas, as interlocuções
entre as problematizações feministas
acerca do trabalho doméstico e a
perspectiva de sociedade democrática
que se abre no período. Sob o slogan
"feminismo no país e em casa", os
debates feministas articularam público e
privado ao denunciar a carga de
trabalho doméstico que era executada
quase que exclusivamente pelas
mulheres e suas consequências para o
pleno acesso dessas à cidadania.
Trabalha-se sob a perspectiva da
história das mulheres e das relações de
gênero, assim como dos debates
historiográficos sobre memória e história
oral, cruzando ampla bibliografia de
referência sobre os feminismos de
período, a ditadura e a abertura
democrática. Desse modo, se pretende
pensar a história do debate acerca do
trabalho doméstico encabeçado por
feministas dessa geração como um
ponto fulcral para as mulheres nas
novas perspectivas democráticas que se
construíram no âmbito político brasileiro
na segunda metade dos anos 1980.
Palavras-chave: Trabalho doméstico;
História dos feminismos; Ditadura e
democracia brasileira.
estão construindo novos horizontes para a luta de enfrentamento das desigualdades marcadas pelo gênero.