Felipe Cazeiro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Masters and Doctorate in Psychology
Doutorando (2019-atual) e Mestre em Psicologia (2017-2019) pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Graduado em Psicologia (2012-2017) pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) ênfase em Intervenções em Processos de Saúde e Sofrimento Psíquico em Clínica Escola (Adolescentes e Adultos) com Extensão em Processos de Saúde e Políticas para Cidadania na Ala LGBT Arco-Íris do Centro de Ressocialização de Cuiabá-MT. Tenho me dedicado ao Ensino, a Pesquisa e a Extensão em Ciências Humanas e Sociais e da Saúde atuando nos seguintes campos: psicologia social crítica, educação, saúde coletiva, saúde pública, saúde mental, tanatologia, psicossomática, IST's/HIV/AIDS, sexualidade, gênero, relações étnico-raciais, estigmas, discriminação e preconceito, decolonialidade, interseccionalidade, ações afirmativas, direitos humanos, políticas públicas e movimentos sociais ancorado em referenciais teóricos-metodológicos da Psicologia Construcionista Social e da Hermenêutica.
less
InterestsView All (20)
Uploads
Papers
a formação da identidade política ao longo de três gerações de mulheres da comunidade
quilombola Cajá dos Negros, situada na zona rural da cidade de Batalha, Alagoas. As participantes
da pesquisa foram três moradoras da comunidade (jovem de 18 anos, adulta de 26 anos e uma
idosa de 60 anos), que apresentaram, em suas trajetórias, vivências de lutas e enfrentamentos
ao sistema de dominação e de busca pelo rompimento de estruturas sociais racistas e sexistas.
Para a produção das informações, foram utilizados, como instrumentos, a observação
participante, os diários de campo e as entrevistas semiestruturadas. A análise das narrativas
e observações registradas foram amparadas no método de análise de conteúdo, mediante
o aprofundamento da pré-análise, exploração do material, quando foram construídas duas
categorias temáticas: a identidade política quilombola na formação subjetiva de mulheres negras
e a expressão da identidade política nas diferentes gerações. Como um espaço comunitário
fortalecido, as mulheres focalizadas no estudo são vizinhas, amigas de vida e companheiras
de luta, feições que possibilitam os destraves políticos na afirmação de uma identidade coletiva,
negra e ancestral. As análises apontam as nuances das produções identitárias elaboradas, as quais
se renovam a cada geração, com características singulares a cada uma delas, mas que mantêm
em si elaborações de pertencimento, luta e transformação de suas vidas e da comunidade.
A partir de uma veiculação estigmatizante no início da grande epidemia da Aids, na década de 80, tem-se alguns desdobramentos iniciais que potencializaram a discriminação sobre determinadas populações pressupondo uma funcionalidade na direção de uma colonização do HIV. O pensamento teórico, ético e político dos estudos contra-hegemônicos decoloniais de Ballestrin, Quijano, Wallerstein, Grosfoguel, Dussel e Mignolo, que defendem uma outra visão de modernidade-colonialidade entendendo que a colonialidade se reproduz em uma tripla dimensão: a do poder, do saber e do ser, foi utilizado como referência para a presente análise articulado à uma abordagem genealógica institucional de poder foucaultiana, bem como de uma crítica interseccional tendo como base o pensamento de Crenshaw, Hooks e Davis em que múltiplas formas de discriminação podem se combinar, se atravessar e serem experimentadas em intersecção de modo a compreender como se agenciam ao fenômeno do HIV/Aids. Interessa, por fim, pensar a contribuição desses argumentos para respostas mais integrais e efetivas para as práticas e políticas no HIV/Aids, no combate a uma visão reducionista, que ao pretender-se neutra, posiciona-se majoritariamente ao lado do discurso colonial hegemônico desconsiderando a interseccionalidade de gênero, raça e sexualidade para as questões de saúde, incidência e prevalência do HIV.
a formação da identidade política ao longo de três gerações de mulheres da comunidade
quilombola Cajá dos Negros, situada na zona rural da cidade de Batalha, Alagoas. As participantes
da pesquisa foram três moradoras da comunidade (jovem de 18 anos, adulta de 26 anos e uma
idosa de 60 anos), que apresentaram, em suas trajetórias, vivências de lutas e enfrentamentos
ao sistema de dominação e de busca pelo rompimento de estruturas sociais racistas e sexistas.
Para a produção das informações, foram utilizados, como instrumentos, a observação
participante, os diários de campo e as entrevistas semiestruturadas. A análise das narrativas
e observações registradas foram amparadas no método de análise de conteúdo, mediante
o aprofundamento da pré-análise, exploração do material, quando foram construídas duas
categorias temáticas: a identidade política quilombola na formação subjetiva de mulheres negras
e a expressão da identidade política nas diferentes gerações. Como um espaço comunitário
fortalecido, as mulheres focalizadas no estudo são vizinhas, amigas de vida e companheiras
de luta, feições que possibilitam os destraves políticos na afirmação de uma identidade coletiva,
negra e ancestral. As análises apontam as nuances das produções identitárias elaboradas, as quais
se renovam a cada geração, com características singulares a cada uma delas, mas que mantêm
em si elaborações de pertencimento, luta e transformação de suas vidas e da comunidade.
A partir de uma veiculação estigmatizante no início da grande epidemia da Aids, na década de 80, tem-se alguns desdobramentos iniciais que potencializaram a discriminação sobre determinadas populações pressupondo uma funcionalidade na direção de uma colonização do HIV. O pensamento teórico, ético e político dos estudos contra-hegemônicos decoloniais de Ballestrin, Quijano, Wallerstein, Grosfoguel, Dussel e Mignolo, que defendem uma outra visão de modernidade-colonialidade entendendo que a colonialidade se reproduz em uma tripla dimensão: a do poder, do saber e do ser, foi utilizado como referência para a presente análise articulado à uma abordagem genealógica institucional de poder foucaultiana, bem como de uma crítica interseccional tendo como base o pensamento de Crenshaw, Hooks e Davis em que múltiplas formas de discriminação podem se combinar, se atravessar e serem experimentadas em intersecção de modo a compreender como se agenciam ao fenômeno do HIV/Aids. Interessa, por fim, pensar a contribuição desses argumentos para respostas mais integrais e efetivas para as práticas e políticas no HIV/Aids, no combate a uma visão reducionista, que ao pretender-se neutra, posiciona-se majoritariamente ao lado do discurso colonial hegemônico desconsiderando a interseccionalidade de gênero, raça e sexualidade para as questões de saúde, incidência e prevalência do HIV.
The article intends to raise reflections about the necropolitics directed to HIV/AIDS in Brazil a set of rationalities that permeate the processes of configuration of the government agenda, treatment of the diseaseand the policies and technologies involved. For this, a non-systematic theoretical review was carried outa threefold aspect: the stigma of AIDS, the necropolitics and the politics of life. It was concluded that the politics of life as opposed to necropolitics contributes to the defense of human rights and health, above all to the demystification of stigma and the politics of enmity historicized in AIDS.
Interessa-nos aqui a pessoa e sua subjetividade, pois, como apontado no livro, a Psicologia Hospitalar se interessa pelos aspectos psicológicos do adoecimento.
O livro é recomendado para os componentes curriculares dos cursos de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde como Psicologia, Medicina, Enfermagem, Serviço Social, Sociologia e Antropologia e dos cursos de pós-graduação que contemplem temas em Saúde, Psicologia da Saúde e Hospitalar, Luto e Cuidados Paliativos, Abordagem Biopsicossocial em HIV/Aids e COVID-19, bem como aqueles que se interessarem pelas discussões trazidas nestes temas.
Espera-se que o livro possa proporcionar ideias, reflexões e sugestões para a prática de estudantes, estagiários e profissionais em psicologia nesta área.