O presente artigo pretende compilar e trazer à lume as contribuições do Brasil ao esforço aliado durante a Primeira Guerra Mundial. Apesar de pouco conhecido e menos ainda pesquisado, fato é que o Brasil participou da Primeira...
moreO presente artigo pretende compilar e trazer à lume as contribuições do Brasil ao esforço aliado durante a Primeira Guerra Mundial. Apesar de pouco conhecido e menos ainda pesquisado, fato é que o Brasil participou da Primeira Guerra Mundial. Sendo um país agrário de pouca projeção na política internacional, sua participação não foi gloriosa, segundo o gosto do público ávido por atos de heroísmo, mas teve seus laivos de dedicação, desprendimento e agonia. O Brasil se empenhou por contribuir com os aliados principalmente nos campos político, diplomático, comercial e militar.
A princípio, devido à influência cultural francesa sobre as elites brasileiras, a Grande Guerra da Europa despertou paixões. Escritores e personalidades influentes em diversos setores da sociedade se posicionaram, em sua grande maioria, simpáticos à causa aliada. Lideranças políticas formaram clubes e comissões para promoverem coletas de donativos para a Cruz Vermelha, campanhas para adoção de órfãos da guerra e alistamento de voluntários para os campos de batalha da França. O Congresso Nacional aprovou menções em favor da Tríplice Entente.
No tocante ao comércio, durante a guerra, os índices apontam que o Brasil mais que duplicou o volume de suas remessas de minérios e de gêneros de primeira necessidade aos aliados, apesar de suas receitas de exportação no mesmo período terem registrado decréscimo. Chegou-se a promover racionamento de gêneros e sua substituição por similares com o fim de priorizar as
exportações para a Europa. Com a falta de navios mercantes, em razão dos afundamentos por submarinos, foram apresados 42 navios alemães que haviam se abrigado em portos brasileiros sendo que os 30 mercantes em melhores condições foram recondicionados e afretados à França.
Em termos militares, o Brasil enviou uma Missão Médica à França, um grupo de aviadores à Inglaterra, uma Comissão de Oficiais para observação do conflito e para a compra de armamentos e equipamentos dos países aliados, além de enviar à costa ocidental africana, em apoio à Marinha
Britânica, uma divisão naval. A Missão Médica instalou e operou um hospital de 500 leitos na França, e equipes médicas foram enviadas para atuar nas cidades de Nantes, Marselha e Tours. Dez aviadores fizeram cursos e treinamentos na Inglaterra com missões de patrulha sobre o Canal da Mancha. Dentre os observadores, alguns estagiaram no Exército Francês. A divisão naval, com
meios antiquados e precários, navegou por 181 dias passando por Freetown, Dacar e Ilhas do Cabo Verde até chegar a Gibraltar, já no final do conflito, após sua tripulação ter sido acometida pela gripe espanhola, quando veio a sofrer perdas significativas. O túmulo dos veteranos de guerra da França, no Rio de Janeiro, ostenta os nomes de cinco brasileiros.
Como saldo, o Brasil angariou prestígio político e
simpatia junto aos aliados tendo participado da Conferência de Paz de Versalhes e da fundação da Liga das Nações. Comercialmente, o Brasil ampliou suas trocas comerciais com os aliados, principalmente com os
Estados Unidos, teve assegurado o pagamento do café
que havia vendido à Alemanha antes da eclosão do conflito e obteve a posse dos 42 navios mercantes alemães aqui apresados. Militarmente, o governo brasileiro reconheceu a necessidade premente de modernizar suas instituições militares. Foram contratadas duas missões militares: uma francesa para o Exército e uma americana para a Marinha. A Primeira Guerra Mundial foi episódio marcante da História Universal com importantes reflexos na política, na sociedade, na economia e nas instituições militares brasileiras.
Palavras-chaves: Primeira Guerra Mundial/ Brasil/ Forças Armadas.
