Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia
O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passiv... more O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passividade da subjetividade. Em primeiro lugar, argumenta-se que a fenomenologia desenvolvida nos anos 30 não desconsidera os fenômenos nos quais a consciência aparece alienada de sua espontaneidade, tais como o medo, o sonho, a alucinação, etc. Na verdade, notar-se-á que a compreensão da passividade da consciência ocupa um lugar central na totalidade das obras iniciais. Será a partir desse plano de fundo que faremos uma breve análise da descrição da emoção em O esboço para uma teoria das emoções a fim de compreender como Sartre define passividade e atividade como dois aspectos da consciência que coexistem sem entrar em conflito. Para tanto, será demonstrado como a espontaneidade do modo de ser da consciência é a fonte da força esmagadora das coisas que a aprisiona sem que ela se apreenda como parte constituinte desse mundo que a cativa. Nesse ínterim, defenderemos a tese de que a síntese des...
O corpo, na filosofia sartriana, é elemento central de explicação sobre a natureza da intencional... more O corpo, na filosofia sartriana, é elemento central de explicação sobre a natureza da intencionalidade, isto é, a natureza sobre como a consciência apreende a realidade. Sua fenomenologia corpórea visa refutar os seguidores da tradição cartesiana da mente. Paralelamente, na filosofia contemporânea da mente e da cognição, adeptos da tradição enativista buscam elucidar a centralidade do corpo na constituição da cognição. Da mesma forma, seus oponentes são os adeptos do cognitivismo representacionista, que enxergam o locus da cognição no cérebro como um dispositivo de processamento informacional de conteúdos simbólicos (representacionais). Nesse artigo, pretendemos desenvolver uma relação de proximidade entre a concepção de intencionalidade sartriana e aquela defendida pelo enativismo sensório-motor. Ambas defendem a centralidade do corpo nos processos ditos “cognitivos” ou “mentais”; ambas defendem uma espécie de externismo do conteúdo mental; e ambas criticam o paradigma internista e representacionista focado em processos internos, ou apenas localizada no cérebro. Tais semelhanças nos permite traçar uma relação de continuidade entre a fenomenologia sartriana e as tradições corporificada da mente.
Trata-se de compreender a noção de vizinhança comunicante criada por Franklin Leopoldo e Silva pa... more Trata-se de compreender a noção de vizinhança comunicante criada por Franklin Leopoldo e Silva para pensar a relação entre os textos filosóficos e literários de Sartre, e ensaiar uma ampliação do alcance da expressão, tanto no que se refere ao modo como o próprio filósofo francês pensa a relação entre arte e filosofia, quanto na proposta de uma metodologia que nos permitiria desvelar uma coerência no pensamento sartriano. Por fim, coloca-se a noção de vizinhança comunicante como uma proposta para pensar prática e teoricamente o fazer filosófico e o ensino de filosofia na contemporaneidade.
A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresentadas po... more A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresentadas por Sartre nas Conferências dadas no Japão em 1965 e em entrevista de 1970 (publicadas em conjunto em Situações VIII), pretendemos compartilhar questões sobre qual seria o papel dos intelectuais no mundo das redes sociais, e se ainda é possível pensar em alguma função. Em primeiro lugar, descreveremos a classe social a partir da qual o intelectual surge e quais são as contradições com as quais se depara e que desvela, sobre a sociedade e sobre si mesmo. Por fim, atualizando a questão sartriana, tal como o próprio filósofo fez com a noção de universal singular discutida a partir de Kierkegaard (no artigo L'Universel Singulier, publicado em Situações IX), traremos elementos que complexificam o alcance de seu papel e a esperança em sua efetividade, ainda mais quando os próprios intelectuais contribuem para a manutenção dos valores da classe dominante, mesmo que aparentemente sejam contrár...
Trata-se de pensar uma questão atual, o discurso sobre o fazer filosófico brasileiro, não traba- ... more Trata-se de pensar uma questão atual, o discurso sobre o fazer filosófico brasileiro, não traba- lhada no conteúdo de O ser e o nada. No entanto, pensamos ser possível trazer alguns temas ali discutidos, assim como a forma de escrita filosófica de Sartre, para nos alertar sobre as armadi- lhas desse discurso, que se coloca como oposto e melhor do que o fazer anterior, mas que acaba por reproduzir o que critica ao se manter em um dualismo excludente. Retomar a pers- pectiva sartriana de pensar em termos de ambiguidades, evitando cair tanto no realismo quanto no idealismo, equilibrando a presença a si com a presença ao mundo, nos parece fun- damental, ainda hoje, para uma discussão mais complexa, que não caia em falsos dilemas.
Resumo: Sartre descreveu relações intersubjetivas a partir do conflito na obra O Ser e o Nada. O ... more Resumo: Sartre descreveu relações intersubjetivas a partir do conflito na obra O Ser e o Nada. O filósofo francês explicou a existência da Dinâmica do Olhar em que, no primeiro momento, sou visto como um objeto no mundo pelo olhar de outrem e, no segundo momento, vejo o outro como objetividade mundana. Tais relações são instáveis de maneira que cada um tenta apreender o outro como um objeto em um confronto de subjetividades. Apresentaremos uma leitura alternativa sobre as relações que estabelecemos com os outros dentro da ontologia de Sartre. A partir do conceito de compreensão descrito em O Ser e o Nada, demonstraremos que percebo o outro-objeto como um tipo de existência completamente diferente dos demais objetos mundanos. Jamais o apreendo como uma pedra, musgo ou arame. Explicaremos que a compreensão é uma estrutura da percepção do corpo do outro que nos permite apreender seus fins em situação a partir do seu mapa hodológico. Uma vez que a compreensão é uma estrutura da percepção de outrem, necessariamente, ela irá permear todas as nossas relações com o outro, inclusive permanecerá mesmo em meio ao conflito. Poderemos, portanto, concluir que a compreensão permeia o conflito e o conflito permeia a compreensão.
Resumo: Trata-se de compreender qual é o estatuto do corpo na obra O segundo sexo, de Simone de B... more Resumo: Trata-se de compreender qual é o estatuto do corpo na obra O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, mais especificamente no capítulo 1 do primeiro volume, "os dados da biologia". Se é verdade que a descrição do corpo não é suficiente para definir o que é uma mulher-permitindo à filósofa francesa afastar-se de determinismos e essencialismos-, é verdade também que é um elemento fundamental para a compreensão das mulheres. Assim, tentar-se há demonstrar que, na moral existencialista de Beauvoir, o corpo nem determina nem é esquecido, mas se constitui como sendo, a um só tempo, uma coisa do mundo e um ponto de vista sobre o mundo, facticidade e liberdade, ou seja: ambiguidade.
Trata-se de compreender a noção de intelectual clássico no pensamento de Sartre, mais especificam... more Trata-se de compreender a noção de intelectual clássico no pensamento de Sartre, mais especificamente a partir das conferências Plaidoyer pour les intellectuels. Veremos que o percurso de transformação do técnico do saber prático em intelectual se inicia com o desvelamento da contradição da sociedade e de seu próprio papel, na descoberta da falsidade do humanismo burguês, abstrato e excludente. Contra a ideologia que o selecionou e o educou, o intelectual coloca a necessidade de pensar a partir do concreto e das particularidades, o que não implica um relativismo subjetivista. Ao abandonar o universal abstrato, o intelectual propõe, em seu lugar, uma universalização singular, assumindo o paradoxo proposto por Kierkegaard e atualizado por Sartre. Neste sentido, aproximar as conferências de 1965 sobre o intelectual com a conferência sobre Kierkegaard, ministrada no ano seguinte, é fundamental para melhor compreendermos o papel do intelectual clássico e como, no questionamento teórico do falso humanismo da classe dominante e no questionamento prático de suas atitudes cotidianas, ele mantém a ambiguidade entre universal e singular, objetividade e subjetividade. Assim, podemos por fim compreender como o humanismo existencialista se coloca
O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passiv... more O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passividade da subjetividade. Em primeiro lugar, argumenta-se que a fenomenologia desenvolvida nos anos 30 não desconsidera os fenômenos nos quais a consciência aparece alienada de sua espontaneidade, tais como o medo, o sonho, a alucinação, etc. Na verdade, notar- se-á que a compreensão da passividade da consciência ocupa um lugar central na totalidade das obras iniciais. Será a partir desse plano de fundo que faremos uma breve análise da descrição da emoção em O esboço para uma teoria das emoções a fim de compreender como Sartre define passividade e atividade como dois aspectos da consciência que coexistem sem entrar em conflito. Para tanto, será demonstrado como a espontaneidade do modo de ser da consciência é a fonte da força esmagadora das coisas que a aprisiona sem que ela se apreenda como parte constituinte desse mundo que a cativa. Nesse ínterim, defenderemos a tese de que a síntese desses aspectos só é possível devido à separação metodológica entre síntese, a totalidade sintética homem-no- mundo, e análise, que permite compreender o papel de cada elemento da totalidade em questão. Tal separação perpassa o percurso sartriano e se mantém também na maneira em que se estabelece a relação entre liberdade e alienação nas obras tardias, como, por exemplo, a Crítica da razão dialética.
Resumo: A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresen... more Resumo: A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresentadas por Sartre nas Conferências dadas no Japão em 1965 e em entrevista de 1970 (publicadas em conjunto em Situações VIII), pretendemos compartilhar questões sobre qual seria o papel dos intelectuais no mundo das redes sociais, e se ainda é possível pensar em alguma função. Em primeiro lugar, descreveremos a classe social a partir da qual o intelectual surge e quais são as contradições com as quais se depara e que desvela, sobre a sociedade e sobre si mesmo. Por fim, atualizando a questão sartriana, tal como o próprio filósofo fez com a noção de universal singular discutida a partir de Kierkegaard (no artigo L'Universel Singulier, publicado em Situações IX), traremos elementos que complexificam o alcance de seu papel e a esperança em sua efetividade, ainda mais quando os próprios intelectuais contribuem para a manutenção dos valores da classe dominante, mesmo que aparentemente sejam contrários a eles.
Pretende-se, neste artigo, compreender o que é uma conduta emotiva para Jean-Paul Sartre, a parti... more Pretende-se, neste artigo, compreender o que é uma conduta emotiva para Jean-Paul Sartre, a partir de Esboço de uma Teoria das Emoções. Para tanto, será necessário descrever as diferenças entre os modos pragmático e mágico de ser-no-mundo, dado que a emoção se constitui como crença no aspecto mágico. Esta noção de crença, na medida em que se localiza no corpo, exige, por sua vez, uma discussão sobre o papel do corpo e sua relação com a cons- ciência. Veremos que, embora com oscilações e sem desenvolvê-la, Sartre abre a perspectiva de pensar a relação consciência-corpo como totalidade sintética, a qual se manterá como fundamental em sua filosofia.
Este artigo pretende compreender a nocao de psicanalise existencial, tal como proposta por Jean-P... more Este artigo pretende compreender a nocao de psicanalise existencial, tal como proposta por Jean-Paul Sartre em O ser e o nada, em sua relacao com as estruturas ontologicas do Para-si e tambem com a biografia sobre o escritor Jean Genet, escrita por Sartre. Veremos que se trata de realizar, por meio de um metodo elaborado na psicanalise existencial, aquilo que a ontologia descreve, mas e, por si propria, incapaz de realizar: a compreensao de uma pessoa (Genet, no caso do artigo) em sua relacao especifica com os outros e com as facticidades do mundo.
Resumo: Nao se pode dizer que Sartre tem uma Etica e uma Estetica como teorias acabadas, formulad... more Resumo: Nao se pode dizer que Sartre tem uma Etica e uma Estetica como teorias acabadas, formuladas filosoficamente, mas ha preocupacoes constantes sobre esses temas em seus escritos e tambem em suas acoes. Autor de romance e pecas de teatro, Sartre se engajou explicitamente em muitas questoes politicas de sua epoca, como na guerra da Argelia e nas manifestacoes contra De Gaulle. O que mostrarei aqui e que nao podemos fazer uma relacao de causa e efeito entre essas duas esferas, entre os livros e as atitudes, entre a estetica e a etica. Mesmo se uma exige a outra, uma se reflete na outra, nao e por meio de uma relacao causal e logica. O reflexo de uma na outra vem junto com a deformacao. Nao temos jamais um espelho que reflete realmente o outro lado, mas um espelho que Sartre chama de “espelho critico”, que deforma a imagem retratada, nao para esquece-la, mas para melhor compreende-la. Nao se trata, portanto, de estabelecer relacoes causais e lineares entre a arte e a etica, mas de ...
Resumo: A literatura critica costuma dividir a filosofia de Sartre em duas fases: a primeira, de ... more Resumo: A literatura critica costuma dividir a filosofia de Sartre em duas fases: a primeira, de O ser e o nada (1943), teria uma liberdade definida abstratamente e o homem descrito de modo solipsista; enquanto a segunda fase, de Critica da Razao Dialetica (1960), teria uma liberdade pensada historicamente e o homem descrito em meio a grupos sociais.Neste artigo pretendo mostrar, contrariando a tese de ruptura entre esses dois momentos (embora admitindo que ha diferenca de enfase entre eles), que na dita “primeira fase” 1 a liberdade nao deve ser pensada como abstrata e sem relacoes com a historia, mas que mesmo aqui a historicidade e considerada como fundamental. Para isso, analisarei o livro principal da chamada “primeira fase” a fim de mostrar que definir a liberdade como absoluta, o que e feito em O ser e o nada, nao significa, em Sartre, defini-la como abstrata, mas sim pensa-la como necessaria em toda acao e em toda fuga humana, em todo exercicio de libertacao e em todo exerci...
Vemos aqui uma analise bastante rigorosa de alguns textos de juventude de Sartre, tal como A arte... more Vemos aqui uma analise bastante rigorosa de alguns textos de juventude de Sartre, tal como A arte cinematografica, discurso feito em Havre diante de seus novos alunos e dos pais desses alunos 1 , que revela muito mais que apenas a provocacao ao assumir o novo cargo: ja vemos aqui, tal como e apontado ao longo da Primeira Secao, um tema essencial que sera retomado por Sartre ao longo de todas suas obras teoricas: a temporalidade da ciencia, da arte e do mundo real. Mesmo que sem aprofundar a questao, nas poucas paginas do discurso podemos ver, a partir da cuidadosa leitura de Coorebyter, o quanto a temporalidade ali e colocada como fundamental – justamente um dos temas que sera posto no decorrer do livro para unificar as questoes da arte, da metafisica e da politica sartrianas.
Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia, 2018
O artigo pretende mostrar como Sartre pensa a obra de arte, obra concreta do imaginário e ao mesm... more O artigo pretende mostrar como Sartre pensa a obra de arte, obra concreta do imaginário e ao mesmo tempo engajamento, a partir principalmente dos livros O imaginário e Que é a literatura?, sem que isso constitua uma contradição. Trata-se de compreender que o imaginário nega o real mantendo-o como pano de fundo, de forma que, longe de ser alienação ou abstração, volta-se sempre a este para desvelá-lo, fazendo com que aqueles que criam a arte (tanto artista quanto público) compartilhem e se reconheçam no exercício conjunto de liberdade – o que torna a arte, como obra do imaginário, engajada.
Pretendemos mostrar nesse artigo o método escolhido por Sartre, em O ser e o nada, para tratar de... more Pretendemos mostrar nesse artigo o método escolhido por Sartre, em O ser e o nada, para tratar de duas regiões distintas que se unem de fato – que é partir da síntese, do modo como no concreto a relação já está dada, sem que, no entanto, essa união de fato signifique uma indistinção de direito entre as regiões. Por isso, se se deve partir da síntese, esta não faz com que Para-si e Em-si se identifiquem e se tornem irreconhecíveis em suas particularidades. O método utilizado por Sartre em sua proposta de ontologia fenomenológica permite compreender como se dá a relação entre mundo e consciência, objetivo e subjetivo, de modo que a união de fato aponte ao mesmo tempo para um lugar distinto de cada elemento, tendo o primeiro uma primazia da existência, e o segundo, uma primazia do sentido – e com ambos convivendo em um difícil, instável e tenso equilíbrio.
ethic@ - An international Journal for Moral Philosophy, 2018
Mostraremos, nesse artigo, que a noção de situação – compreendida como tensão entre subjetividade... more Mostraremos, nesse artigo, que a noção de situação – compreendida como tensão entre subjetividade e facticidade – possibilita a Beauvoir sair do conceitualismo e sua essencialização do que é histórico, e ao mesmo tempo, sair do nominalismo, que recusa a noção mesma de gênero em prol de expressões abstratas e universais. Contra essas duas vertentes, a filósofa francesa aponta a necessidade de pensar a questão de gênero a partir das situações concretas de formação das crianças e jovens para encontrar, ali, as dificuldades que as mulheres encontram para se afirmarem como “nós”, mas também para – ao não anular o papel dessas subjetividades no mundo – buscar ali as possibilidades de luta e modificação das próprias condições históricas.Com base principalmente na Introdução do Primeiro Volume e na última parte do Segundo Volume do livro O segundo sexo, buscaremos compreender que a afirmação de que “há mulheres”, presente no texto, não resulta de um pensamento que essencializa as situações,...
Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia
O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passiv... more O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passividade da subjetividade. Em primeiro lugar, argumenta-se que a fenomenologia desenvolvida nos anos 30 não desconsidera os fenômenos nos quais a consciência aparece alienada de sua espontaneidade, tais como o medo, o sonho, a alucinação, etc. Na verdade, notar-se-á que a compreensão da passividade da consciência ocupa um lugar central na totalidade das obras iniciais. Será a partir desse plano de fundo que faremos uma breve análise da descrição da emoção em O esboço para uma teoria das emoções a fim de compreender como Sartre define passividade e atividade como dois aspectos da consciência que coexistem sem entrar em conflito. Para tanto, será demonstrado como a espontaneidade do modo de ser da consciência é a fonte da força esmagadora das coisas que a aprisiona sem que ela se apreenda como parte constituinte desse mundo que a cativa. Nesse ínterim, defenderemos a tese de que a síntese des...
O corpo, na filosofia sartriana, é elemento central de explicação sobre a natureza da intencional... more O corpo, na filosofia sartriana, é elemento central de explicação sobre a natureza da intencionalidade, isto é, a natureza sobre como a consciência apreende a realidade. Sua fenomenologia corpórea visa refutar os seguidores da tradição cartesiana da mente. Paralelamente, na filosofia contemporânea da mente e da cognição, adeptos da tradição enativista buscam elucidar a centralidade do corpo na constituição da cognição. Da mesma forma, seus oponentes são os adeptos do cognitivismo representacionista, que enxergam o locus da cognição no cérebro como um dispositivo de processamento informacional de conteúdos simbólicos (representacionais). Nesse artigo, pretendemos desenvolver uma relação de proximidade entre a concepção de intencionalidade sartriana e aquela defendida pelo enativismo sensório-motor. Ambas defendem a centralidade do corpo nos processos ditos “cognitivos” ou “mentais”; ambas defendem uma espécie de externismo do conteúdo mental; e ambas criticam o paradigma internista e representacionista focado em processos internos, ou apenas localizada no cérebro. Tais semelhanças nos permite traçar uma relação de continuidade entre a fenomenologia sartriana e as tradições corporificada da mente.
Trata-se de compreender a noção de vizinhança comunicante criada por Franklin Leopoldo e Silva pa... more Trata-se de compreender a noção de vizinhança comunicante criada por Franklin Leopoldo e Silva para pensar a relação entre os textos filosóficos e literários de Sartre, e ensaiar uma ampliação do alcance da expressão, tanto no que se refere ao modo como o próprio filósofo francês pensa a relação entre arte e filosofia, quanto na proposta de uma metodologia que nos permitiria desvelar uma coerência no pensamento sartriano. Por fim, coloca-se a noção de vizinhança comunicante como uma proposta para pensar prática e teoricamente o fazer filosófico e o ensino de filosofia na contemporaneidade.
A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresentadas po... more A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresentadas por Sartre nas Conferências dadas no Japão em 1965 e em entrevista de 1970 (publicadas em conjunto em Situações VIII), pretendemos compartilhar questões sobre qual seria o papel dos intelectuais no mundo das redes sociais, e se ainda é possível pensar em alguma função. Em primeiro lugar, descreveremos a classe social a partir da qual o intelectual surge e quais são as contradições com as quais se depara e que desvela, sobre a sociedade e sobre si mesmo. Por fim, atualizando a questão sartriana, tal como o próprio filósofo fez com a noção de universal singular discutida a partir de Kierkegaard (no artigo L'Universel Singulier, publicado em Situações IX), traremos elementos que complexificam o alcance de seu papel e a esperança em sua efetividade, ainda mais quando os próprios intelectuais contribuem para a manutenção dos valores da classe dominante, mesmo que aparentemente sejam contrár...
Trata-se de pensar uma questão atual, o discurso sobre o fazer filosófico brasileiro, não traba- ... more Trata-se de pensar uma questão atual, o discurso sobre o fazer filosófico brasileiro, não traba- lhada no conteúdo de O ser e o nada. No entanto, pensamos ser possível trazer alguns temas ali discutidos, assim como a forma de escrita filosófica de Sartre, para nos alertar sobre as armadi- lhas desse discurso, que se coloca como oposto e melhor do que o fazer anterior, mas que acaba por reproduzir o que critica ao se manter em um dualismo excludente. Retomar a pers- pectiva sartriana de pensar em termos de ambiguidades, evitando cair tanto no realismo quanto no idealismo, equilibrando a presença a si com a presença ao mundo, nos parece fun- damental, ainda hoje, para uma discussão mais complexa, que não caia em falsos dilemas.
Resumo: Sartre descreveu relações intersubjetivas a partir do conflito na obra O Ser e o Nada. O ... more Resumo: Sartre descreveu relações intersubjetivas a partir do conflito na obra O Ser e o Nada. O filósofo francês explicou a existência da Dinâmica do Olhar em que, no primeiro momento, sou visto como um objeto no mundo pelo olhar de outrem e, no segundo momento, vejo o outro como objetividade mundana. Tais relações são instáveis de maneira que cada um tenta apreender o outro como um objeto em um confronto de subjetividades. Apresentaremos uma leitura alternativa sobre as relações que estabelecemos com os outros dentro da ontologia de Sartre. A partir do conceito de compreensão descrito em O Ser e o Nada, demonstraremos que percebo o outro-objeto como um tipo de existência completamente diferente dos demais objetos mundanos. Jamais o apreendo como uma pedra, musgo ou arame. Explicaremos que a compreensão é uma estrutura da percepção do corpo do outro que nos permite apreender seus fins em situação a partir do seu mapa hodológico. Uma vez que a compreensão é uma estrutura da percepção de outrem, necessariamente, ela irá permear todas as nossas relações com o outro, inclusive permanecerá mesmo em meio ao conflito. Poderemos, portanto, concluir que a compreensão permeia o conflito e o conflito permeia a compreensão.
Resumo: Trata-se de compreender qual é o estatuto do corpo na obra O segundo sexo, de Simone de B... more Resumo: Trata-se de compreender qual é o estatuto do corpo na obra O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, mais especificamente no capítulo 1 do primeiro volume, "os dados da biologia". Se é verdade que a descrição do corpo não é suficiente para definir o que é uma mulher-permitindo à filósofa francesa afastar-se de determinismos e essencialismos-, é verdade também que é um elemento fundamental para a compreensão das mulheres. Assim, tentar-se há demonstrar que, na moral existencialista de Beauvoir, o corpo nem determina nem é esquecido, mas se constitui como sendo, a um só tempo, uma coisa do mundo e um ponto de vista sobre o mundo, facticidade e liberdade, ou seja: ambiguidade.
Trata-se de compreender a noção de intelectual clássico no pensamento de Sartre, mais especificam... more Trata-se de compreender a noção de intelectual clássico no pensamento de Sartre, mais especificamente a partir das conferências Plaidoyer pour les intellectuels. Veremos que o percurso de transformação do técnico do saber prático em intelectual se inicia com o desvelamento da contradição da sociedade e de seu próprio papel, na descoberta da falsidade do humanismo burguês, abstrato e excludente. Contra a ideologia que o selecionou e o educou, o intelectual coloca a necessidade de pensar a partir do concreto e das particularidades, o que não implica um relativismo subjetivista. Ao abandonar o universal abstrato, o intelectual propõe, em seu lugar, uma universalização singular, assumindo o paradoxo proposto por Kierkegaard e atualizado por Sartre. Neste sentido, aproximar as conferências de 1965 sobre o intelectual com a conferência sobre Kierkegaard, ministrada no ano seguinte, é fundamental para melhor compreendermos o papel do intelectual clássico e como, no questionamento teórico do falso humanismo da classe dominante e no questionamento prático de suas atitudes cotidianas, ele mantém a ambiguidade entre universal e singular, objetividade e subjetividade. Assim, podemos por fim compreender como o humanismo existencialista se coloca
O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passiv... more O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passividade da subjetividade. Em primeiro lugar, argumenta-se que a fenomenologia desenvolvida nos anos 30 não desconsidera os fenômenos nos quais a consciência aparece alienada de sua espontaneidade, tais como o medo, o sonho, a alucinação, etc. Na verdade, notar- se-á que a compreensão da passividade da consciência ocupa um lugar central na totalidade das obras iniciais. Será a partir desse plano de fundo que faremos uma breve análise da descrição da emoção em O esboço para uma teoria das emoções a fim de compreender como Sartre define passividade e atividade como dois aspectos da consciência que coexistem sem entrar em conflito. Para tanto, será demonstrado como a espontaneidade do modo de ser da consciência é a fonte da força esmagadora das coisas que a aprisiona sem que ela se apreenda como parte constituinte desse mundo que a cativa. Nesse ínterim, defenderemos a tese de que a síntese desses aspectos só é possível devido à separação metodológica entre síntese, a totalidade sintética homem-no- mundo, e análise, que permite compreender o papel de cada elemento da totalidade em questão. Tal separação perpassa o percurso sartriano e se mantém também na maneira em que se estabelece a relação entre liberdade e alienação nas obras tardias, como, por exemplo, a Crítica da razão dialética.
Resumo: A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresen... more Resumo: A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresentadas por Sartre nas Conferências dadas no Japão em 1965 e em entrevista de 1970 (publicadas em conjunto em Situações VIII), pretendemos compartilhar questões sobre qual seria o papel dos intelectuais no mundo das redes sociais, e se ainda é possível pensar em alguma função. Em primeiro lugar, descreveremos a classe social a partir da qual o intelectual surge e quais são as contradições com as quais se depara e que desvela, sobre a sociedade e sobre si mesmo. Por fim, atualizando a questão sartriana, tal como o próprio filósofo fez com a noção de universal singular discutida a partir de Kierkegaard (no artigo L'Universel Singulier, publicado em Situações IX), traremos elementos que complexificam o alcance de seu papel e a esperança em sua efetividade, ainda mais quando os próprios intelectuais contribuem para a manutenção dos valores da classe dominante, mesmo que aparentemente sejam contrários a eles.
Pretende-se, neste artigo, compreender o que é uma conduta emotiva para Jean-Paul Sartre, a parti... more Pretende-se, neste artigo, compreender o que é uma conduta emotiva para Jean-Paul Sartre, a partir de Esboço de uma Teoria das Emoções. Para tanto, será necessário descrever as diferenças entre os modos pragmático e mágico de ser-no-mundo, dado que a emoção se constitui como crença no aspecto mágico. Esta noção de crença, na medida em que se localiza no corpo, exige, por sua vez, uma discussão sobre o papel do corpo e sua relação com a cons- ciência. Veremos que, embora com oscilações e sem desenvolvê-la, Sartre abre a perspectiva de pensar a relação consciência-corpo como totalidade sintética, a qual se manterá como fundamental em sua filosofia.
Este artigo pretende compreender a nocao de psicanalise existencial, tal como proposta por Jean-P... more Este artigo pretende compreender a nocao de psicanalise existencial, tal como proposta por Jean-Paul Sartre em O ser e o nada, em sua relacao com as estruturas ontologicas do Para-si e tambem com a biografia sobre o escritor Jean Genet, escrita por Sartre. Veremos que se trata de realizar, por meio de um metodo elaborado na psicanalise existencial, aquilo que a ontologia descreve, mas e, por si propria, incapaz de realizar: a compreensao de uma pessoa (Genet, no caso do artigo) em sua relacao especifica com os outros e com as facticidades do mundo.
Resumo: Nao se pode dizer que Sartre tem uma Etica e uma Estetica como teorias acabadas, formulad... more Resumo: Nao se pode dizer que Sartre tem uma Etica e uma Estetica como teorias acabadas, formuladas filosoficamente, mas ha preocupacoes constantes sobre esses temas em seus escritos e tambem em suas acoes. Autor de romance e pecas de teatro, Sartre se engajou explicitamente em muitas questoes politicas de sua epoca, como na guerra da Argelia e nas manifestacoes contra De Gaulle. O que mostrarei aqui e que nao podemos fazer uma relacao de causa e efeito entre essas duas esferas, entre os livros e as atitudes, entre a estetica e a etica. Mesmo se uma exige a outra, uma se reflete na outra, nao e por meio de uma relacao causal e logica. O reflexo de uma na outra vem junto com a deformacao. Nao temos jamais um espelho que reflete realmente o outro lado, mas um espelho que Sartre chama de “espelho critico”, que deforma a imagem retratada, nao para esquece-la, mas para melhor compreende-la. Nao se trata, portanto, de estabelecer relacoes causais e lineares entre a arte e a etica, mas de ...
Resumo: A literatura critica costuma dividir a filosofia de Sartre em duas fases: a primeira, de ... more Resumo: A literatura critica costuma dividir a filosofia de Sartre em duas fases: a primeira, de O ser e o nada (1943), teria uma liberdade definida abstratamente e o homem descrito de modo solipsista; enquanto a segunda fase, de Critica da Razao Dialetica (1960), teria uma liberdade pensada historicamente e o homem descrito em meio a grupos sociais.Neste artigo pretendo mostrar, contrariando a tese de ruptura entre esses dois momentos (embora admitindo que ha diferenca de enfase entre eles), que na dita “primeira fase” 1 a liberdade nao deve ser pensada como abstrata e sem relacoes com a historia, mas que mesmo aqui a historicidade e considerada como fundamental. Para isso, analisarei o livro principal da chamada “primeira fase” a fim de mostrar que definir a liberdade como absoluta, o que e feito em O ser e o nada, nao significa, em Sartre, defini-la como abstrata, mas sim pensa-la como necessaria em toda acao e em toda fuga humana, em todo exercicio de libertacao e em todo exerci...
Vemos aqui uma analise bastante rigorosa de alguns textos de juventude de Sartre, tal como A arte... more Vemos aqui uma analise bastante rigorosa de alguns textos de juventude de Sartre, tal como A arte cinematografica, discurso feito em Havre diante de seus novos alunos e dos pais desses alunos 1 , que revela muito mais que apenas a provocacao ao assumir o novo cargo: ja vemos aqui, tal como e apontado ao longo da Primeira Secao, um tema essencial que sera retomado por Sartre ao longo de todas suas obras teoricas: a temporalidade da ciencia, da arte e do mundo real. Mesmo que sem aprofundar a questao, nas poucas paginas do discurso podemos ver, a partir da cuidadosa leitura de Coorebyter, o quanto a temporalidade ali e colocada como fundamental – justamente um dos temas que sera posto no decorrer do livro para unificar as questoes da arte, da metafisica e da politica sartrianas.
Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia, 2018
O artigo pretende mostrar como Sartre pensa a obra de arte, obra concreta do imaginário e ao mesm... more O artigo pretende mostrar como Sartre pensa a obra de arte, obra concreta do imaginário e ao mesmo tempo engajamento, a partir principalmente dos livros O imaginário e Que é a literatura?, sem que isso constitua uma contradição. Trata-se de compreender que o imaginário nega o real mantendo-o como pano de fundo, de forma que, longe de ser alienação ou abstração, volta-se sempre a este para desvelá-lo, fazendo com que aqueles que criam a arte (tanto artista quanto público) compartilhem e se reconheçam no exercício conjunto de liberdade – o que torna a arte, como obra do imaginário, engajada.
Pretendemos mostrar nesse artigo o método escolhido por Sartre, em O ser e o nada, para tratar de... more Pretendemos mostrar nesse artigo o método escolhido por Sartre, em O ser e o nada, para tratar de duas regiões distintas que se unem de fato – que é partir da síntese, do modo como no concreto a relação já está dada, sem que, no entanto, essa união de fato signifique uma indistinção de direito entre as regiões. Por isso, se se deve partir da síntese, esta não faz com que Para-si e Em-si se identifiquem e se tornem irreconhecíveis em suas particularidades. O método utilizado por Sartre em sua proposta de ontologia fenomenológica permite compreender como se dá a relação entre mundo e consciência, objetivo e subjetivo, de modo que a união de fato aponte ao mesmo tempo para um lugar distinto de cada elemento, tendo o primeiro uma primazia da existência, e o segundo, uma primazia do sentido – e com ambos convivendo em um difícil, instável e tenso equilíbrio.
ethic@ - An international Journal for Moral Philosophy, 2018
Mostraremos, nesse artigo, que a noção de situação – compreendida como tensão entre subjetividade... more Mostraremos, nesse artigo, que a noção de situação – compreendida como tensão entre subjetividade e facticidade – possibilita a Beauvoir sair do conceitualismo e sua essencialização do que é histórico, e ao mesmo tempo, sair do nominalismo, que recusa a noção mesma de gênero em prol de expressões abstratas e universais. Contra essas duas vertentes, a filósofa francesa aponta a necessidade de pensar a questão de gênero a partir das situações concretas de formação das crianças e jovens para encontrar, ali, as dificuldades que as mulheres encontram para se afirmarem como “nós”, mas também para – ao não anular o papel dessas subjetividades no mundo – buscar ali as possibilidades de luta e modificação das próprias condições históricas.Com base principalmente na Introdução do Primeiro Volume e na última parte do Segundo Volume do livro O segundo sexo, buscaremos compreender que a afirmação de que “há mulheres”, presente no texto, não resulta de um pensamento que essencializa as situações,...
O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passiv... more O objetivo do nosso artigo é analisar como Sartre articula a relação entre a atividade e a passividade da subjetividade. Em primeiro lugar, argumenta-se que a fenomenologia desenvolvida nos anos 30 não desconsidera os fenômenos nos quais a consciência aparece alienada de sua espontaneidade, tais como o medo, o sonho, a alucinação, etc. Na verdade, notar-se-á que a compreensão da passividade da consciência ocupa um lugar central na totalidade das obras iniciais. Será a partir desse plano de fundo que faremos uma breve análise da descrição da emoção em O esboço para uma teoria das emoções a fim de compreender como Sartre define passividade e atividade como dois aspectos da consciência que coexistem sem entrar em conflito. Para tanto, será demonstrado como a espontaneidade do modo de ser da consciência é a fonte da força esmagadora das coisas que a aprisiona sem que ela se apreenda como parte constituinte desse mundo que a cativa. Nesse ínterim, defenderemos a tese de que a síntese desses aspectos só é possível devido à separação metodológica entre síntese, a totalidade sintética homem-no-mundo, e análise, que permite compreender o papel de cada elemento da totalidade em questão. Tal separação perpassa o percurso sartriano e se mantém também na maneira em que se estabelece a relação entre liberdade e alienação nas obras tardias, como, por exemplo, a Crítica da razão dialética.
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sobre como a consciência apreende a realidade. Sua fenomenologia corpórea visa refutar os seguidores da tradição cartesiana
da mente. Paralelamente, na filosofia contemporânea da mente e da cognição, adeptos da tradição enativista buscam
elucidar a centralidade do corpo na constituição da cognição. Da mesma forma, seus oponentes são os adeptos do
cognitivismo representacionista, que enxergam o locus da cognição no cérebro como um dispositivo de processamento
informacional de conteúdos simbólicos (representacionais). Nesse artigo, pretendemos desenvolver uma relação de
proximidade entre a concepção de intencionalidade sartriana e aquela defendida pelo enativismo sensório-motor. Ambas
defendem a centralidade do corpo nos processos ditos “cognitivos” ou “mentais”; ambas defendem uma espécie de
externismo do conteúdo mental; e ambas criticam o paradigma internista e representacionista focado em processos internos,
ou apenas localizada no cérebro. Tais semelhanças nos permite traçar uma relação de continuidade entre a fenomenologia
sartriana e as tradições corporificada da mente.
sobre como a consciência apreende a realidade. Sua fenomenologia corpórea visa refutar os seguidores da tradição cartesiana
da mente. Paralelamente, na filosofia contemporânea da mente e da cognição, adeptos da tradição enativista buscam
elucidar a centralidade do corpo na constituição da cognição. Da mesma forma, seus oponentes são os adeptos do
cognitivismo representacionista, que enxergam o locus da cognição no cérebro como um dispositivo de processamento
informacional de conteúdos simbólicos (representacionais). Nesse artigo, pretendemos desenvolver uma relação de
proximidade entre a concepção de intencionalidade sartriana e aquela defendida pelo enativismo sensório-motor. Ambas
defendem a centralidade do corpo nos processos ditos “cognitivos” ou “mentais”; ambas defendem uma espécie de
externismo do conteúdo mental; e ambas criticam o paradigma internista e representacionista focado em processos internos,
ou apenas localizada no cérebro. Tais semelhanças nos permite traçar uma relação de continuidade entre a fenomenologia
sartriana e as tradições corporificada da mente.