Partindo de uma problematização dos interesses em jogo em usos recentes do repertório decolonial,... more Partindo de uma problematização dos interesses em jogo em usos recentes do repertório decolonial, procuramos expor as potências das primeiras formulações decoloniais, descrever as contribuições que lhes foram agregadas posteriormente e apresentar suas fragilidades. Para isso, apresentamos suas duas principais bases: a crítica ao eurocentrismo, particularmente direcionada à difusão do conhecimento, e o debate sobre a “raça” como estruturante de dimensões político-econômico-culturais, teorizada no conceito de colonialidade do poder. Depois, destacamos algumas das perspectivas que adicionam novos entendimentos ao conceito de colonialidade e apontamos contradições do giro decolonial. Finalizamos pleiteando o resgate da potência dessa abordagem a partir da exposição de seus limites, com vistas à sua tradução ao Brasil e para além dos modismos.
Starting from a problematization of the interests at stake in recent uses of the decolonial reper... more Starting from a problematization of the interests at stake in recent uses of the decolonial repertoire, we seek to expose the powers of the first decolonial formulations, describe the contributions that were later added to them and present their weaknesses. For this, we present its two main bases: the critique of Eurocentrism, particularly aimed at the diffusion of knowledge, and the debate on “race” as a structuring aspect of political-economic-cultural dimensions, theorized in the concept of coloniality of power. Then, we highlight some of the perspectives that add new understandings to the concept of coloniality and point out contradictions of the decolonial turn. We conclude by supporting the reclaim of the power of this approach from the exposure of its limits, with a view to its translation to Brazil and beyond fads.
Confrontando eurocentrismos e ocularcentrismos inerentes às concepções mais usuais da paisagem po... more Confrontando eurocentrismos e ocularcentrismos inerentes às concepções mais usuais da paisagem por intelectuais do Norte, insiro-a no debate que exige epistemologias, conhecimentos, e conceitos do Sul, sobre o Sul, a partir do Sul e para o Sul, tendo em conta dimensões de gênero, raça, etnicidade e lugar. Levo a discussão para o contexto latino-americano, estabelecendo conversas com a afro-brasileira Lélia Gonzalez, a aimará e a boliviana Silvia Rivera e seus conceitos de "amefricanidade" e "chi'ixi" que reinterpretam as narrativas sobre aculturação e mestiçagem. Além disso, esboço três inflexões destas teorizações à paisagem latino-americana.
Gosto de viajar só: até gosto de gente, só não gosto de me comprometer com as vontades do Outro, ... more Gosto de viajar só: até gosto de gente, só não gosto de me comprometer com as vontades do Outro, só não gosto da euforia alheia, só não gosto do turismo... Só não gosto. Se não viajo só, tento passear e fotografar só. Se não consigo ficar só, me separo do grupo para fotografar. E depois de nossos apocalipses de 2018 e 2020, só ir sozinho à rua para fotografar a Salvador onde moro já parece uma viagem por si só.Fotografo a paisagem tentando torná-la antiturística. É uma tarefa ingrata e impossível, mas me esforço para também mirar minha lente para espaços que parecem ermos, sinistros ou estranhos, ângulos inusitados, eventos inesperados e pessoas sozinhas, contemplativas, intros-pectivas, abatidas, em dificuldade, em crise... Se o entusiasmo e o consumo forçados, coletivos e desmedidos em paisagens belas e espetaculosas norteiam a hegemonia turística, são seu avesso o feio e o banal, a solidão e a solitude, a melancolia, a tristeza e o desamparo. Mesmo no famigerado Norte Global, fotografo – ou tento fotografar – ao sul do turismo: paisagens solitárias de lugares fantásticos, que discretamente tentam exibir o que se tenta esconder e o que parece perecer e padecer, mas ainda resiste.
Entendendo o design como um modo de pensar que é também um modo de fazer e um modo de transformar... more Entendendo o design como um modo de pensar que é também um modo de fazer e um modo de transformar, narro minha experiência docente em um componente curricular na modalidade não presencial de ensino durante a pandemia de covid-19. Centrarei atenção nas iniciativas de design para o rearranjo de bases teórico-metodológicas, a produção de material didático, a ampliação de interações e ao estímulo à autonomia de estudantes para também fazer do design seu processo de aprendizagem.
Pretendo analisar parte do conjunto de imagens relacionadas à cantora Shakira, com-pre... more Pretendo analisar parte do conjunto de imagens relacionadas à cantora Shakira, com-preendendo-a como uma personagem geográfica e indagando sobre seu papel na enun-ciação de um movediço sentido global de lugar e de um inconstante sentido global de “raça”. Para a tarefa, a partir de movimentações epistêmicas, debato com os escritos anti-coloniais, pós-coloniais e decoloniais a respeito da ideia de “raça” e certa literatura sobre a narração de lugares, entrelaçando-os à torrente de imagens tecnicamente reprodutíveis que inunda e transcorre o globo. Assim, trato “raça” como performatividade, linguagem e imagem e alinho o debate sobre “imagem” com o debate etnorracial. Conduzo essa argumentação com o auxílio de montagens de imagens, uma narrativa visual não linear.
Palavras-chave: Shakira, imagem, raça, lugar, personagem geográfica.
Based on an article by Nelson Maldonado-Torres, in which he presents ten theses with a view to an... more Based on an article by Nelson Maldonado-Torres, in which he presents ten theses with a view to an coloniality and decoloniality analytics, however, his little attention given to spatial analysis is highlighted, as does much of the decolonial literature. Thus, it is proposed an outline of another analytics, based on the decolonial turn but focused on space and, in particular, architecture. In a first movement, fundamental issues of the decolonial turn are presented, highlighting some basic spatial dimensions that are rarely considered. Then, four new "theses" based on decolonial turn and focused on architecture are discussed.
Parto de um artigo de Nelson Maldonado-Torres, no qual ele apresenta dez teses com vistas a uma a... more Parto de um artigo de Nelson Maldonado-Torres, no qual ele apresenta dez teses com vistas a uma analítica da colonialidade e da decolonialidade, mas ressalvo sua pouca atenção concedida à análise espacial, como faz boa parte da literatura decolonial. Assim, proponho um esboço de uma outra analítica, com base no giro decolonial, mas voltada ao espaço e, em especial, à arquitetura. Em um primeiro movimento, apresento questões fundamentais do giro decolonial, delas destacando algumas dimensões espaciais básicas poucas vezes esmiuçadas. Em seguida, delineio quatro novas “teses” alicerçadas no giro decolonial voltadas à arquitetura.
Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero, v. 11, n. 2, 2020
Partimos de uma crítica às representações cartográficas convencionais e de um breve levantamento ... more Partimos de uma crítica às representações cartográficas convencionais e de um breve levantamento dos escritos em geografia e arquitetura e urbanismo sobre espaço, gênero e sexualidades. Abordaremos os trânsitos de um grupo de drag queens em Foz do Iguaçu, no Paraná, por ruas e banheiros públicos coletivos, os quais consideramos lugares transientes. Relataremos um trabalho de campo que por três diferentes noites acompanhou esse grupo, utilizando a metodologia móvel do sombreamento e posteriormente produzindo dois conjuntos de cartografias: os “mapas da violência”, que colaborativamente registraram as repressões espaciais na experiência destas drag queens em movimento; e as colagens banheirísticas, autorrepresentações das vivências de algumas delas nos banheiros coletivos.
Palavras-chave: drag queen, lugar transiente, cartografia, banheiro público, sombreamento.
Pretendo compreender o lugar do lugar de fala como uma dimensão espacial constitutiva dos atuais ... more Pretendo compreender o lugar do lugar de fala como uma dimensão espacial constitutiva dos atuais conflitos discursivos em torno da produção e da legitimação de saberes e de a quem se atribuem autoridade e credibilidade. Comparo as discussões em torno de outros “enunciados situados”, anteriormente conduzidas pelos estudos subalternos, pelos feminismos e pela literatura decolonial, com o debate sobre o lugar no campo da geografia. Finalizo com comentários inconclusivos e questões em aberto sobre o lugar do lugar de fala, com vista a análises futuras.
Palavras-chave: lugar de fala; enunciados situados; lugar; geografia; subalterno.
Partindo de uma problematização dos interesses em jogo em usos recentes do repertório decolonial,... more Partindo de uma problematização dos interesses em jogo em usos recentes do repertório decolonial, procuramos expor as potências das primeiras formulações decoloniais, descrever as contribuições que lhes foram agregadas posteriormente e apresentar suas fragilidades. Para isso, apresentamos suas duas principais bases: a crítica ao eurocentrismo, particularmente direcionada à difusão do conhecimento, e o debate sobre a “raça” como estruturante de dimensões político-econômico-culturais, teorizada no conceito de colonialidade do poder. Depois, destacamos algumas das perspectivas que adicionam novos entendimentos ao conceito de colonialidade e apontamos contradições do giro decolonial. Finalizamos pleiteando o resgate da potência dessa abordagem a partir da exposição de seus limites, com vistas à sua tradução ao Brasil e para além dos modismos.
Starting from a problematization of the interests at stake in recent uses of the decolonial reper... more Starting from a problematization of the interests at stake in recent uses of the decolonial repertoire, we seek to expose the powers of the first decolonial formulations, describe the contributions that were later added to them and present their weaknesses. For this, we present its two main bases: the critique of Eurocentrism, particularly aimed at the diffusion of knowledge, and the debate on “race” as a structuring aspect of political-economic-cultural dimensions, theorized in the concept of coloniality of power. Then, we highlight some of the perspectives that add new understandings to the concept of coloniality and point out contradictions of the decolonial turn. We conclude by supporting the reclaim of the power of this approach from the exposure of its limits, with a view to its translation to Brazil and beyond fads.
Confrontando eurocentrismos e ocularcentrismos inerentes às concepções mais usuais da paisagem po... more Confrontando eurocentrismos e ocularcentrismos inerentes às concepções mais usuais da paisagem por intelectuais do Norte, insiro-a no debate que exige epistemologias, conhecimentos, e conceitos do Sul, sobre o Sul, a partir do Sul e para o Sul, tendo em conta dimensões de gênero, raça, etnicidade e lugar. Levo a discussão para o contexto latino-americano, estabelecendo conversas com a afro-brasileira Lélia Gonzalez, a aimará e a boliviana Silvia Rivera e seus conceitos de "amefricanidade" e "chi'ixi" que reinterpretam as narrativas sobre aculturação e mestiçagem. Além disso, esboço três inflexões destas teorizações à paisagem latino-americana.
Gosto de viajar só: até gosto de gente, só não gosto de me comprometer com as vontades do Outro, ... more Gosto de viajar só: até gosto de gente, só não gosto de me comprometer com as vontades do Outro, só não gosto da euforia alheia, só não gosto do turismo... Só não gosto. Se não viajo só, tento passear e fotografar só. Se não consigo ficar só, me separo do grupo para fotografar. E depois de nossos apocalipses de 2018 e 2020, só ir sozinho à rua para fotografar a Salvador onde moro já parece uma viagem por si só.Fotografo a paisagem tentando torná-la antiturística. É uma tarefa ingrata e impossível, mas me esforço para também mirar minha lente para espaços que parecem ermos, sinistros ou estranhos, ângulos inusitados, eventos inesperados e pessoas sozinhas, contemplativas, intros-pectivas, abatidas, em dificuldade, em crise... Se o entusiasmo e o consumo forçados, coletivos e desmedidos em paisagens belas e espetaculosas norteiam a hegemonia turística, são seu avesso o feio e o banal, a solidão e a solitude, a melancolia, a tristeza e o desamparo. Mesmo no famigerado Norte Global, fotografo – ou tento fotografar – ao sul do turismo: paisagens solitárias de lugares fantásticos, que discretamente tentam exibir o que se tenta esconder e o que parece perecer e padecer, mas ainda resiste.
Entendendo o design como um modo de pensar que é também um modo de fazer e um modo de transformar... more Entendendo o design como um modo de pensar que é também um modo de fazer e um modo de transformar, narro minha experiência docente em um componente curricular na modalidade não presencial de ensino durante a pandemia de covid-19. Centrarei atenção nas iniciativas de design para o rearranjo de bases teórico-metodológicas, a produção de material didático, a ampliação de interações e ao estímulo à autonomia de estudantes para também fazer do design seu processo de aprendizagem.
Pretendo analisar parte do conjunto de imagens relacionadas à cantora Shakira, com-pre... more Pretendo analisar parte do conjunto de imagens relacionadas à cantora Shakira, com-preendendo-a como uma personagem geográfica e indagando sobre seu papel na enun-ciação de um movediço sentido global de lugar e de um inconstante sentido global de “raça”. Para a tarefa, a partir de movimentações epistêmicas, debato com os escritos anti-coloniais, pós-coloniais e decoloniais a respeito da ideia de “raça” e certa literatura sobre a narração de lugares, entrelaçando-os à torrente de imagens tecnicamente reprodutíveis que inunda e transcorre o globo. Assim, trato “raça” como performatividade, linguagem e imagem e alinho o debate sobre “imagem” com o debate etnorracial. Conduzo essa argumentação com o auxílio de montagens de imagens, uma narrativa visual não linear.
Palavras-chave: Shakira, imagem, raça, lugar, personagem geográfica.
Based on an article by Nelson Maldonado-Torres, in which he presents ten theses with a view to an... more Based on an article by Nelson Maldonado-Torres, in which he presents ten theses with a view to an coloniality and decoloniality analytics, however, his little attention given to spatial analysis is highlighted, as does much of the decolonial literature. Thus, it is proposed an outline of another analytics, based on the decolonial turn but focused on space and, in particular, architecture. In a first movement, fundamental issues of the decolonial turn are presented, highlighting some basic spatial dimensions that are rarely considered. Then, four new "theses" based on decolonial turn and focused on architecture are discussed.
Parto de um artigo de Nelson Maldonado-Torres, no qual ele apresenta dez teses com vistas a uma a... more Parto de um artigo de Nelson Maldonado-Torres, no qual ele apresenta dez teses com vistas a uma analítica da colonialidade e da decolonialidade, mas ressalvo sua pouca atenção concedida à análise espacial, como faz boa parte da literatura decolonial. Assim, proponho um esboço de uma outra analítica, com base no giro decolonial, mas voltada ao espaço e, em especial, à arquitetura. Em um primeiro movimento, apresento questões fundamentais do giro decolonial, delas destacando algumas dimensões espaciais básicas poucas vezes esmiuçadas. Em seguida, delineio quatro novas “teses” alicerçadas no giro decolonial voltadas à arquitetura.
Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero, v. 11, n. 2, 2020
Partimos de uma crítica às representações cartográficas convencionais e de um breve levantamento ... more Partimos de uma crítica às representações cartográficas convencionais e de um breve levantamento dos escritos em geografia e arquitetura e urbanismo sobre espaço, gênero e sexualidades. Abordaremos os trânsitos de um grupo de drag queens em Foz do Iguaçu, no Paraná, por ruas e banheiros públicos coletivos, os quais consideramos lugares transientes. Relataremos um trabalho de campo que por três diferentes noites acompanhou esse grupo, utilizando a metodologia móvel do sombreamento e posteriormente produzindo dois conjuntos de cartografias: os “mapas da violência”, que colaborativamente registraram as repressões espaciais na experiência destas drag queens em movimento; e as colagens banheirísticas, autorrepresentações das vivências de algumas delas nos banheiros coletivos.
Palavras-chave: drag queen, lugar transiente, cartografia, banheiro público, sombreamento.
Pretendo compreender o lugar do lugar de fala como uma dimensão espacial constitutiva dos atuais ... more Pretendo compreender o lugar do lugar de fala como uma dimensão espacial constitutiva dos atuais conflitos discursivos em torno da produção e da legitimação de saberes e de a quem se atribuem autoridade e credibilidade. Comparo as discussões em torno de outros “enunciados situados”, anteriormente conduzidas pelos estudos subalternos, pelos feminismos e pela literatura decolonial, com o debate sobre o lugar no campo da geografia. Finalizo com comentários inconclusivos e questões em aberto sobre o lugar do lugar de fala, com vista a análises futuras.
Palavras-chave: lugar de fala; enunciados situados; lugar; geografia; subalterno.
Laje é uma publicação semestral do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de... more Laje é uma publicação semestral do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Dedica-se ao giro decolonial latino-americano, às epistemologias do sul e à descolonização do conhecimento, priorizando uma produção transdisciplinar em interseção com diferentes dimensões do urbanismo, da paisagem e da arquitetura.
Laje é uma publicação semestral do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de... more Laje é uma publicação semestral do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Dedica-se ao giro decolonial latino-americano, às epistemologias do sul e à descolonização do conhecimento, priorizando uma produção transdisciplinar em interseção com diferentes dimensões do urbanismo, da paisagem e da arquitetura.
Laje é uma publicação semestral do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de... more Laje é uma publicação semestral do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Dedica-se ao giro decolonial latino-americano, às epistemologias do sul e à descolonização do conhecimento, priorizando uma produção transdisciplinar em interseção com diferentes dimensões do urbanismo, da paisagem e da arquitetura.
Laje é uma publicação semestral do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de... more Laje é uma publicação semestral do ¡DALE! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços, grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Dedica-se ao giro decolonial latino-americano, às epistemologias do sul e à descolonização do conhecimento, priorizando uma produção transdisciplinar em interseção com diferentes dimensões do urbanismo, da paisagem e da arquitetura.
A revista Epistemologias do Sul, publicação da Universidade Federal da Integração Latino-american... more A revista Epistemologias do Sul, publicação da Universidade Federal da Integração Latino-americana, traz o Dossiê: Paisagens e Paisagismos do Sul. Com uma entrevista, três ensaios visuais e doze artigos, em português ou espanhol, o dossiê parte das noções de “paisagem” e “paisagismo” para cotejá-las com as ideias de “Sul”, por isso exigindo seu desprendimento da ditadura do olhar e do império da geometria. De diferentes maneiras, os trabalhos compreendem que paisagens e paisagismos do Sul são aqueles cujas teorizações e práticas assumem uma posição situada – encarnada e localizada – em dimensões de gênero, raça, etnicidade, classe e lugar.
Epistemologias do Sul traz o Dossiê Feminismos latino-americanos: Ativismos e insurgências – Part... more Epistemologias do Sul traz o Dossiê Feminismos latino-americanos: Ativismos e insurgências – Parte 2. Há duas entrevistas, doze artigos e uma resenha que, em português ou espanhol, dão espaço à reflexão e à ação de mulheres latino-americanas que, através da escuta dos seus próprios territórios, recuperam e ressignificam as experiências de lutas e resistências, contribuindo com os processos emancipatórios da região.
Organizado por Tereza Spyer (UNILA) e María Camila Ortiz (UNILA), pesquisadoras do grupo de pesqu... more Organizado por Tereza Spyer (UNILA) e María Camila Ortiz (UNILA), pesquisadoras do grupo de pesquisa ¡DALE!, sediado no PPG-AU/UFBA, o Dossiê: Feminismos latino-americanos -- Ativismos e insurgências (Parte 1) traz 5 entrevistas e 6 artigos, em português ou espanhol. Apresenta-se como um espaço de enunciação em/desde/para o sul de mulheres latino-americanas que, através da escuta dos seus próprios territórios, recuperam e ressignificam as experiências de lutas e resistências, contribuindo aos processos emancipatórios da região.
Epistemologias do Sul é um periódico online de publicação semestral do grupo de pesquisa homônimo... more Epistemologias do Sul é um periódico online de publicação semestral do grupo de pesquisa homônimo ligado à Universidade Federal da Integração Latino-Americana em Foz do Iguaçu/PR. Seu objetivo é divulgar o pensamento social e político latino-americano, caribenho, africano e asiático, promovendo o diálogo Sul-Sul. Lançado como volume do primeiro semestre de 2021, mas publicado efetivamente em janeiro de 2022, intitulou-se o presente número como “Deslocamentos epistêmicos” porque o leitor e a leitora terão acesso a um conjunto de textos que prima pela esforço em fissurar os saberes hegemônicos e hegemonizados na área das ciências sociais e das humanidades a partir de uma perspectiva do Sul ou dos Suis. A opção por deslocamento em lugar de ruptura decorre do fato que enquanto a ruptura supõe grandes transformações com localização temporal determinada, a ideia de deslocamento sugere algo mais modesto com pequenas aberturas, fendas. A ideia não pretende, obviamente, diminuir a importância dos trabalhos aqui publicados; pelo contrário, trata-se de enaltecer que são as pequenas mudanças que, entrelaçadas, permitem transformações maiores.
A revista Epistemologias do Sul é um periódico online de publicação semestral do grupo de pesquis... more A revista Epistemologias do Sul é um periódico online de publicação semestral do grupo de pesquisa homônimo ligado à Universidade Federal da Integração Latino-Americana em Foz do Iguaçu/PR, com colaboração do ¡DALE!, grupo sediado na UFBA. Seu objetivo é divulgar o pensamento social e político latino-americano, caribenho, africano e asiático, promovendo o diálogo Sul-Sul. Esta edição é o v. 4, n. 2, 2020. Os treze artigos e três ensaios do número refletem sobre os filmes exibidos entre 2018 e 2019 pelo projeto de extensão cineclubista da UNILA, atuante desde 2014.
A revista Epistemologias do Sul é um periódico online de publicação semestral do grupo de pesquis... more A revista Epistemologias do Sul é um periódico online de publicação semestral do grupo de pesquisa homônimo ligado à Universidade Federal da Integração Latino-Americana em Foz do Iguaçu/PR. Seu objetivo é divulgar o pensamento social e político latino-americano, caribenho, africano e asiático, promovendo o diálogo Sul-Sul. Esta edição é o v. 4, n. 1, 2020. Os dez artigos do número, cada um a seu modo, refletem sobre a centralidade do corpo nos processos de produção dos assujeitamentos econômicos, sociais, políticos e epistêmicos modernos, buscando se juntar àquelas e àqueles que ousaram produzir deslocamentos e fissuras na cisão sujeito/objeto operada pela tradição epistemológica ocidental ainda hegemônica nas produções científico-acadêmicas contemporâneas.
Vision and Verticality: A Multidisciplinary Approach, 2023
This chapter departs from a dialogue with Eve Sedgwick’s “Epistemology of the closet” and Ananya ... more This chapter departs from a dialogue with Eve Sedgwick’s “Epistemology of the closet” and Ananya Roy’s criticism of the theorizations aimed at deciphering the megacities of the Global South. We propose an “epistemology of the laje (favela rooftop)” having the “Rio de Janeiro favela” as its main reference. Our hypothesis is that the laje, both in empirical and conceptual terms, destabilizes long-stand dualities: favela versus formal city, private space versus public space, legal versus illegal, universal versus vernacular, horizontal versus vertical.
ESCOLA EM TRANSE: ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO - UFF. nº4 , 2021
Capítulo publicado no ESCOLA EM TRANSE: ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO - UFF. nº4 - 2º Semestr... more Capítulo publicado no ESCOLA EM TRANSE: ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO - UFF. nº4 - 2º Semestre de 2021
Resumo: Objetivamos dar visibilidade ao debate a respeito das injustiças ambientais muitas vezes ... more Resumo: Objetivamos dar visibilidade ao debate a respeito das injustiças ambientais muitas vezes ignoradas nos contextos hispano-americanos. Como estudo de caso, apresentaremos Villa Hayes, cidade paraguaia, dando ênfase na implantação massiva e progressiva de indústrias nesta cidade nos últimos anos, o que, além de ampliar diferentes situações de risco, para nós, a caracteriza como uma zona de sacrifício. Palavras‑chave: Justiça ambiental, riscos, zonas de sacrifício.
A despeito de seus planos diretores obrigatórios e dos discursos “verdes” cada vez mais comuns, a... more A despeito de seus planos diretores obrigatórios e dos discursos “verdes” cada vez mais comuns, as cidades brasileiras mantêm-se como resultado de simultâneos processos que reforçam quantitativamente e qualitativamente os riscos de eventos naturais extremos: além da ausência de serviços públicos, perdura a ocupação de encostas íngremes e margens de cursos d’água por habitação precária, de baixa qualidade e sem adaptação aos riscos das intensas e constantes chuvas tropicais do país. Analisaremos essas singulares condições urbanas a partir de uma revisão do processo de planejamento das cidades brasileiras nas últimas décadas e sob o horizonte teórico e crítico do chamado movimento por justiça ambiental, que entende a problemática ambiental como resultante tanto do acesso desigual aos recursos naturais, amenidades ambientais e demais funções de ecossistema, quanto da distribuição desigual de externalidades e riscos ambientais entre diferentes estratos sociais.
Palavras-chaves: cidade brasileira, justiça ambiental, planejamento urbano, risco ambiental.
À luz das emancipações municipais recentes ocorridas na Baixada Fluminense, no estado do Rio de J... more À luz das emancipações municipais recentes ocorridas na Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, buscaremos discutir os impactos da implantação do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, via expressa de ligação entre o Porto de Itaguaí e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), no que tange a necessidade premente de se operacionalizar centralidades em uma forma de planejamento multiescalar. Analisaremos seus impactos sobre os limites de ação da escala municipal e apontaremos a necessidade da refundação de uma escala de ação regional, no caso, metropolitana.
RESUMO Busca-se promover um diálogo entre arquitetura, paisagismo e geografia, alicerçado pela so... more RESUMO Busca-se promover um diálogo entre arquitetura, paisagismo e geografia, alicerçado pela soberania alimentar. Se, por um lado, a arquitetura já conta com discussão teórica e prática mais ou menos farta que a relaciona ao direito à habitação e a geografia possui abundante discussão sobre os condicionantes tanto geobiofísicos quanto políticos, econômicos e culturais que moldam as paisagens, compreendidas em permanente transformação pelos gêneros de vida que nelas habitam; por outro lado, em ambas as disciplinas pouco se tem debatido sobre o acesso e a garantia de direitos. Assume-se, por isso, a necessidade de uma discussão espacial de direitos humanos, em especial à alimentação, partindo da premissa de que o paisagismo comestível é ferramenta capaz de relacionar o exercício profissional de paisagistas e a discussão sobre a paisagem dos geógrafos. Destaca-se, outrossim, o papel do espaço exterior doméstico, que quando adaptado para integrar agricultura e negócio familiar, contribui para a segurança e soberania alimentar e produz um microclima agradável, podendo levar à regeneração ambiental em espaços de vulnerabilidade socioeconômica e socioambiental. Palavras-chave: paisagismo comestível; espaço exterior doméstico; soberania alimentar; geografia, arquitetura.
NAME, L. e ROMIO, J.A.F. Mortes por agressão física de população LGBTTT no Brasil: taxas no armár... more NAME, L. e ROMIO, J.A.F. Mortes por agressão física de população LGBTTT no Brasil: taxas no armário. In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 20. Anais... Foz do Iguaçu, 2016.
Tendo como horizonte um ensino de paisagismo com base nos direitos humanos e voltado ao contexto ... more Tendo como horizonte um ensino de paisagismo com base nos direitos humanos e voltado ao contexto das desigualdades dos territórios caribenhos e latino-americanos, explanarei sobre o paisagismo comes-tível – entendido como campo de atuação em projetos de paisagens que conjuguem o uso preferencial de plantas alimentícias, convencionais ou não, com outros interesses ornamentais e ambientais –, de modo a relacionar o exercício profissional de paisagistas ao combate à fome e à produção de alimentos. Deba-terei o tema da fome, à luz dos conceitos de segurança, soberania e justiça alimentares e das discussões correlatas ao paisagismo comestível no Norte Global e na América Latina e no Caribe, para lançar alguns apontamentos para um ensino crítico e emancipatório na região.
Um dos mecanismos de cooperação internacional que vem merecendo atenção de muitos autores vincula... more Um dos mecanismos de cooperação internacional que vem merecendo atenção de muitos autores vinculados a diferentes disciplinas diz respeito à implantação de Áreas Protegidas próximas ou em zonas de fronteiras internacionais. Em especial, é forte o debate acadêmico sobre áreas úmidas, que, se por um lado, vêm sendo redescobertas como patrimônio natural devido à diversidade biológica que abrigam e aos serviços ambientais associados à interação entre os sistemas terra-água; por outro, quando transfronteiriços, evidenciam o quanto os processos de regulação e gestão, a adoção de unidades territoriais e a formação de superfícies de regulação, de cada lado da fronteira, mantêm-se sincrônicos e estáticos, e os países reticentes à implantação de institucionalidades específicas que envolvam soberania compartilhada.
Pretendemos contribuir com o debate sobre o tema esboçando duas questões. A primeira: acreditamos que a tônica de muitos trabalhos que se dedicam à problemática do uso da água em áreas transfronteiriças enfatizam a escassez ou stress hídrico e a noção de segurança ambiental; e, assim, pouco vem sendo investigado dos contextos em casos de abundância desse recurso. A segunda: acreditamos que a discussão sobre áreas protegidas transfronteiriças necessariamente deva dar conta de uma análise transescalar dos fenômenos naturais e sociais, e, por isso, não ignorar fatores urbanos que sobre elas incidem, sejam não tão somente a presença de cidades de fronteira ou cidades gêmeas, como também: os múltiplos usos e apropriações da natureza em contexto urbano; as diferentes e variadas mobilidades entre essas cidades; e, principalmente, as malhas e redes de regulação formadas, em cada país, para o planejamento e gestão de espaços urbanos nem sempre coincidentes com outras escalas territoriais.
Para isso, lançaremos foco sobre uma das tríplices fronteiras sul-americanas, aquela formada entre Brasil, Argentina e Paraguai na região conhecida como Alto Paraná. Ali, há uma área urbana contínua une as cidades de Foz do Iguaçu (Brasil), Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad Del Este (Paraguai) e a institucionalização da natureza como objeto a ser protegido sob a forma de patrimônio mundial da Unesco, nas porções argentina e brasileira do Parque do Iguaçú, áreas com abundância de água que são destino do turismo regional e internacional e notórias por seu aproveitamento hidroenergético.
Adotamos a premissa de que o território consiste em instituição, o que implica em considera-lo dialeticamente como a base na qual é criada parte do conjunto de normas e regras, e sobre a qual incidem as demandas por normas, regras e convenções que regulam a sociedade. O território é, assim, tanto produto como sujeito de regulação social, econômica politica e ambiental, cuja dinâmica geoinstitucional – interação entre indivíduos, organizações e Estado – é permeada pela tensão entre regulação social e econômica para controle e acesso aos recursos, por um lado, e regulação politica para domínio e controle do território, por outro.
O interesse do trabalho reside na análise de mudanças no regime de regulação que impuseram nova dinâmica à ação dos diferentes agentes face aos distintos dispositivos de proteção. Argumenta-se que o processo de patrimonialização daqueles espaços tende a modificar o padrão de governança nas fronteiras, permitir o aparecimento de novas institucionalidades e pressionar por negociações mais participativas, constituindo esse último aspecto um dos principais desafios de integração regional.
Ainda que não pretendamos fornecer respostas definitivas, as perguntas que norteiam nosso interesse investigativo são: quais são as convergências e as divergências entre as escalas, normas, formas e superfícies de regulação territorial da gestão urbana e da gestão do patrimônio natural? Áreas transfronteiriças requerem simetria de ações e institucionalidades sincrônicas em cada um dos países? Influenciam, na gestão urbana e ambiental de espaços transfronteiriços? Na competição entre usos? Na direção e intensidade de fluxos de toda natureza? Na conurbação urbana? Crescimento urbano e proteção ambiental são condições que rivalizam entre si?
Palavras-chave: espaços protegidos transfronteiriços, Tríplice Fronteira Brasil, Argentina, Paraguai, gestão do território, cooperação e integração sul americana.
Procura-se problematizar o ensino de paisagismo, a partir dos debates para a instalação do curso ... more Procura-se problematizar o ensino de paisagismo, a partir dos debates para a instalação do curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Sob a égide da cooperação e da integração
regionais, sua missão alinha-se aos chamados pensamentos descoloniais e pós-coloniais, com vistas à consolidação de
uma perspectiva epistemológica própria da América Latina. Procura-se demonstrar a permanência da eurocentralidade
no ensino, refletindo-se sobre tipos e paisagens dominantes e subalternos nas cidades do subcontinente. Finalmente,
procuramos apontar, preliminarmente, diretivas que busquem valorizar o subcontinente e suas paisagens, de modo a
realizar intercâmbios culturais e propiciar emancipação e empoderamento de pobres ou subalternizados.
PALAVRAS-CHAVE: ensino de paisagismo, América Latina, descolonialidade.
O artigo analisa o curta-metragem brasileiro Recife Frio (2009), que narra em forma de falso docu... more O artigo analisa o curta-metragem brasileiro Recife Frio (2009), que narra em forma de falso documentário as consequências de uma mudança climática, a queda brusca e permanente da temperatura, na cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco. O objetivo é revelar que o filme se liga às narrativas catastrofistas da produção discursiva sobre as mudanças climáticas globais para comentar questões locais: o imaginário eurocêntrico dos Trópicos e da tropicalidade, as injustiças ambientais e o racismo ambiental.
Tem-se por objetivo discutir a patrimonialização de espaços e paisagens, tomando como exemplo o P... more Tem-se por objetivo discutir a patrimonialização de espaços e paisagens, tomando como exemplo o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro, que determina que a paisagem é o bem mais valioso da cidade. A partir de discussão conceitual e da análise do próprio texto legal, examinamos as ambivalências, contradições e imprecisões inerentes à conjugação entre a paisagem como bem, a patrimonialização dos espaços e a produção legal que o referido plano diz pretender torna-las efetivas. Tem-se por objetivo analisar sua influência na gestão do espaço urbano e nos processos de segregação socioespacial, indicando como os padrões definidos para o uso do solo urbano podem promover o acesso geográfico desigual aos serviços urbanos, em diversos níveis.
Palavras-chave
Patrimônio, paisagem, plano diretor, Rio de Janeiro.
Do conjunto de variadas insurgências ocorridas no espaço público de várias cidades do mundo desde... more Do conjunto de variadas insurgências ocorridas no espaço público de várias cidades do mundo desde 2011, tem-se como objeto a Marcha das Vadias do Rio de Janeiro (MVRJ), versão carioca da Slut Walk, manifestação canadense reproduzida em diversos lugares, em protesto às diversas formas de abuso de mulheres e em defesa do seu direito ao corpo. Pretende-se fazer sua análise geográfica, por meio da exposição de sua intricada relação à luz de conceitos geográficos – “território”, “paisagem” e “rede” – e de uma breve discussão sobre o “corpo”, sob a ótica foucaultiana.
Palavras-chaves: Marcha das Vadias do Rio de Janeiro, corpo, território, paisagem, rede.
Há certo consenso em torno da ideia de que se os padrões de consumo e mobilidade típicos do Norte... more Há certo consenso em torno da ideia de que se os padrões de consumo e mobilidade típicos do Norte forem incorporados pelo Sul – como supostamente já vem ocorrendo nos chamados BRICs – enfrentaríamos cenários de enormes danos ambientais, em particular os efeitos da mudança climática antropogênica. No contexto recente do Brasil, porém, expressivo percentual da população teve aumento de renda, incorporando itens e oportunidades de lazer e consumo, de aparelhos eletrônicos a viagens de avião. Objetivamos contribuir para a compreensão das interrelações entre os aspectos subjetivos, objetivos e espaciais que compõem as justificativas para se viajar, além dos imaginários sobre classe, favela e sobre o aquecimento global no Brasil. Para isso, temos como referência empírica a Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, onde realizamos entrevistas com residentes que recentemente haviam viajado de avião pela primeira vez e com funcionários de agências de viagem em atividade na própria Rocinha. Em diálogo com o Paradigma das Novas Mobilidades (Urry, 2005; 2007; Elliot e Urry, 2010), propomos as seguintes
indagações: quais os papéis desempenhados pelas diferenças espaciais e de classe social na definição de responsabilidades relacionadas ao aquecimento global? Até que ponto questões materiais e a própria percepção de classe interferem nas sensibilidades relativas aos riscos da mudança climática e no seu compromisso com estratégias para diminuir os seus efeitos? E em um terreno mais empírico: o que as "classes médias emergentes” do Brasil têm a dizer sobre as questões ambientais emergentes?
Resumo
As constantes inundações das áreas urbanas brasileiras remetem-nos à necessidade de se rep... more Resumo As constantes inundações das áreas urbanas brasileiras remetem-nos à necessidade de se repensar o atual sistema normativo que delimita as Áreas de Preservação Permanente ao longo dos cursos d’água a partir de análise técnica e multidisciplinar que considere as funções ecossistêmicas do sítio, assim como dos processos históricos de urbanização. Se, por um lado, a existência do Código Florestal e os recentes debates em torno de sua alteração são a representação do salutar processo democrático, a possibilidade de inaplicabilidade fática de parâmetros fixados em escala nacional, adotados tanto às áreas urbanas quanto rurais, é latente. Faz-se, assim, necessário rever a dicotomia existente entre os espaços geográficos e os espaços normativos e propor soluções que adequem a intencionalidade protetiva da Lei à efetiva proteção do meio ambiente e da população urbana. Palavras-chave: espaço geográfico, espaço normativo, Código Florestal.
This paper raises a few questions from the contraposition of imagetic representations of trips to... more This paper raises a few questions from the contraposition of imagetic representations of trips to the Wonderful City – in movies, video clips, panoramas, postcards, travel guides and tourist maps of immense technical reproducibility – with the actual traveling experience, usually following a predefined itinerary of attractions. I point out that representation and experience dialogue with each other and are bound to very alike spatial selectivities: represented landscapes are those to be seen lately, depicted places are those to be visited, and even brought back home by means of postcards, maps, travel guides and souvenirs. There are, indeed, in these elements of the traveling culture as well as in tourist routes, different directives for the formation of spatial structures, be it for the lack or the overflow of information. In this sense, the geography within each one can change the way the visitor perceives space itself in his/her actual experience.
Este paper parte do pressuposto de que a cidade possui muitas representações: seja no urbanismo o... more Este paper parte do pressuposto de que a cidade possui muitas representações: seja no urbanismo ou em outras ciências, a cidade pode ser vista como uma máquina ou um organismo vivo, por exemplo. O urbanismo modernista encontrou sustentação no primeiro caso. A ausência de uma utopia pós-moderna tende a considerar a cidade como organismo caótico e incontrolável, avesso a uma resolução. Tal como Frankenstein, o monstro autômato da literatura de horror, nossas cidades são produtos do acaso e de saberes específicos – técnicos e científicos – que cada vez mais se apresentam como uma colagem de elementos distintos tentando formar um conjunto coeso e funcional. Também como criações – artísticas, técnicas e econômicas – as cidades estão sujeitas a erros de cálculo e de projeto, assim como a disfunções. Como Frankenstein, podemos considerá-la como autômato ou como vida pulsante, triunfo técnico ou fracasso humano.
Sustentando-se por meio desta metáfora, o trabalho visa comparar a cidade concreta com a cidade cinematográfica, que também é uma junção de fragmentos: takes descontínuos das locações (de vários espaços e cidades) que conformam uma totalidade pelo poder da narrativa e da montagem. Segundo Deleuze, o próprio cinema é um autômato que, a partir da ilusão do movimento, adquiriu vida. Filmes de cidades e de autômatos, como Blade Runner, A.I., ou Metrópolis narram estas intrincadas relações, tornando-se metáforas do exercício urbanístico e discurso explicativo da sétima arte e sua relação com o meio urbano.
Pretende-se também analisar de que maneira as cidades-frankenstein se relacionam com os mais profundos sentimentos humanos – medo, angústia, carinho, amor – sustentados por utopias e distopias. Crê-se que a interação entre a cidade de celulóide e seu modelo concreto ocorre por meio destes sentimentos, pois os filmes são não só uma interpretação dos medos e alegrias do homem urbano como são influências poderosas sobre sua experiência empírica.
Os vários frutos atuais da “era da reprodutibilidade técnica”, como por exemplo filmes, desenhos ... more Os vários frutos atuais da “era da reprodutibilidade técnica”, como por exemplo filmes, desenhos animados, novelas, videoclipes, videogames, quadrinhos ou guias de viagens constroem representações do planeta, com suas inúmeras semelhanças e diferenças – geográficas, econômicas, culturais e sociais. Em certa medida, são substituições contemporâneas das monografias regionais da Geografia, podendo descrever uma gama variada de povos, costumes, credos, tecnologias e relações com o meio geográfico. Através deles, multiplicam-se e legitimam-se práticas de representação geo-históricas que efetuam contraposições espaciais entre Oriente e Ocidente, Novo e Velho Mundos, Trópicos e Civilização, e se reforçam visões de mundo de poderes assimétricos. Tais objetos constituem e efetuam uma geografia que chamo de “pop”, porque é realmente popular e acessível, reprodutível em grande escala, furtiva e efêmera, e ao mesmo tempo contundente e opressora pelo volume intenso que sua (re)produção pode atingir. Por conta de sua imensa circulação global e por serem formas de produção de sentido que articulam o espaço e o tempo, o visual e o auditivo, os filmes têm papel marcante na constituição da inteligibilidade que os mais diversos grupos podem dar ao mundo. A narrativa cinematográfica é conduzida por personagens, que se tornam representações do espaço quando associados direta e inseparavelmente a um meio geográfico e a determinadas práticas, contribuindo para a conformação de hierarquias, diferenciações e classificações. Nesse sentido, escolho para análise os filmes dos personagens geográficos King Kong, Indiana Jones, Anaconda e Dr. Zamora, de modo a tornar claro o quanto idéias muito antigas se infiltram na cultura de massa e são reforçadas por ela.
O trabalho se concentra nas representações do Rio de Janeiro no cinema do Brasil da década de 90 ... more O trabalho se concentra nas representações do Rio de Janeiro no cinema do Brasil da década de 90 em diante e dos EUA desde a década de 30, especificamente naqueles filmes em que uma personagem norte-americana viaja para o Rio de Janeiro e nesse lugar tem experiências de identificação e alteridade. Têm-se, como pano de fundo, as discussões sobre uma suposta “falta de brasilidade” dos filmes nacionais contemporâneos que imitariam a linguagem e as representações do cinema norte-americano para se legitimar nos mercados internacionais. O cinema, arte e indústria que articula de variadas maneiras um sistema de objetos e um sistema de ações, nos termos de Milton Santos, tem íntima relação com o meio urbano, desde suas origens. A investigação conjunta do cinema e do meio urbano pos-sibilita um conhecimento mais acurado das relações entre espaço, tempo e cultura, arquitetura e representações do “eu” e do “outro”. Os filmes, ao mesmo tempo em que deixam claro que há, de certa forma, padrões espaciais que implícita ou explicitamente representam o que é o meio urbano, num sentido “universal”, ao escolherem determinada cidade para palco de seus enredos recriam espaços e tempos que singularizam esta cidade diante das outras. O espaço geográfico, presente em todos os filmes, tem o potencial de estruturar a representação e, por extensão, a experiência de personagens, vivida indiretamente pela audiência, mesmo em situações estereotipadas. O cinema tanto influencia quanto reproduz sensações e sentimentos relacionados à experiência cotidiana do espaço. Se, por um lado, o continuum de espaço-tempo de um filme é singular e coerente apenas dentro de sua própria construção, não se pode negar que a experiência deste continuum por parte da audiência traduza idéias e sentimentos existentes no espaço concreto, que fora do filme se encontrariam fragmentados e seriam efêmeros. No caso do Rio de Janeiro, a análise conjunta dos filmes brasileiros e norte-americanos visa a perceber que tanto as representações cinematográficas “nativas” quanto as “estrangeiras” estão ligadas a discursos polarizados em que cosmopolitismo, exotismo, natureza e sexualidade se contrapõem a caos, estranhamento, violência e pobreza. A dualidade das representações da capital carioca se revela geralmente na oposição de imagens de paisagens e lugares belos e conhecidos internacionalmente que passam a identificar e legitimar a cidade – Pão de Açúcar e Corcovado, por exemplo – a espaços de confinamento, onde supostamente impera o caos, como o Centro decadente e as favelas. Parto do princípio, também, que as representações circulam ao longo do tempo, sendo algumas delas acionadas em determinados períodos históricos, recebendo reforços ou novas nuances que lhes são dadas pelo contexto em que se apresentam. Os recentes filmes nacionais parecem estar, assim, se utilizando da vasta gama de representações do Rio historicamente (re)produzida, intencionando ir ao encontro daquilo que já se sabe ou já se viu sobre a cidade. Estes filmes fazem perceber que o cinema é parte do que se convencionou chamar de cultura de viagem, pois tais como os guias turísticos, cartas-panoramas, cartões-postais, souvenirs, narrativas de viagens e outros elementos ligados ao deslocamento para um lugar estranho, singularizam e tornam conhecidas terras longínquas e fazem com que o distante se torne próximo. Todos estes elementos da cultura de viagem são, por isso, legítimos objetos para a pesquisa geográfica.
Tendo como base revisao do conjunto de teorias criticas sobre a geo-historica producao cartografi... more Tendo como base revisao do conjunto de teorias criticas sobre a geo-historica producao cartografica e sobre novas praticas de mapeamento, realizaremos breve analise do planejamento urbano e do mapeamento participativos na experiencia brasileira mais recente, de modo a se abrir a discussao sobre possiveis formas e procedimentos metodologicos alternativos que instaurem outros processos de planejamento participativo e praticas de mapeamento, outros tipos de mapas, outros sujeitos mapeadores, outras relacoes de poder.
Com vistas a esboçar uma agenda preliminar de pesquisa, primeiramente será feito um cotejamento d... more Com vistas a esboçar uma agenda preliminar de pesquisa, primeiramente será feito um cotejamento das “geopolíticas do conhecimento”, conforme às conceituações decoloniais, com duas abordagens geográficas interessadas em imagens: o debate produzido por intelectuais da geopolítica crítica a respeito das “geopolíticas populares” e a discussão a respeito das “geografias pop”. Depois, serão apresentadas algumas das abordagens decoloniais que, mais recentemente, têm dado ênfase à análise de imagens. Frente à exposição deste leque de contribuições, finalmente serão delineadas geografias nas imagens e geografias das imagens dispostas a desencobrir o eurocentrismo e a colonialidade do poder que desenham e movimentam representações geo-historicamente reproduzidas a respeito do Outro e seus espaços.
Inspirado pelos efeitos reflexivos que o armário produz em Epistemology of the closet, de Eve Sed... more Inspirado pelos efeitos reflexivos que o armário produz em Epistemology of the closet, de Eve Sedgwick, e pelas críticas feitas por Ananya Roy às teorizações que se voltam ao deciframento das chamadas megacidades do Sul Global, este ensaio propõe uma epistemologia da laje. Com base no referente “favela carioca”, a hipótese sugerida é de que a laje, empírica e conceitualmente, permite deslocamentos epistêmicos que desestabilizam dualismos seculares: favela versus cidade formal, espaço privado versus espaço público, legal versus ilegal, universal versus vernacular.
RESENHAGOMES, Paulo César da Costa. O lugar do olhar: elementos para uma geografia da visibilidad... more RESENHAGOMES, Paulo César da Costa. O lugar do olhar: elementos para uma geografia da visibilidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
A partir de uma visão multidisciplinar (geografia, ecologia, direito urbano, arquitetura e urbani... more A partir de uma visão multidisciplinar (geografia, ecologia, direito urbano, arquitetura e urbanismo) este artigo pretende abordar os potenciais riscos relacionados ao recém-aprovado Plano Estruturação Urbana das Vargens (Rio de Janeiro, Brasil). Esta avaliação será realizada observando-se os riscos potenciais em três dimensões: a jurídico-política, a urbano-arquitetónica e a geobiofísica.
This article aims to be a contribution towards an understanding of the interplays between subject... more This article aims to be a contribution towards an understanding of the interplays between subjective, situated and normative justifications for traveling and the imaginary of class and global warming in Brazil. Taking as its empirical reference the largest favela in Rio de Janeiro, it focuses on how people who are having the opportunity to travel by plane for the first time accommodate three interrelated issues: their willingness to experience an energy intensive way of travelling, their affective and material realities, and their awareness about the changing of the world’s climate. The article concludes with some reflections on how to reintegrate global knowing with local meaning around travel and climate change.
Uploads
Periódicos by Leo Name
Palavras-chave: Shakira, imagem, raça, lugar, personagem geográfica.
destacando algumas dimensões espaciais básicas poucas vezes esmiuçadas. Em seguida, delineio quatro novas “teses” alicerçadas no giro decolonial voltadas à arquitetura.
Palavras-chave: giro decolonial, espaço, arquitetura,
colonialidade, decolonialidade.
Palavras-chave: drag queen, lugar transiente, cartografia, banheiro público, sombreamento.
Palavras-chave: lugar de fala; enunciados situados; lugar; geografia; subalterno.
Palavras-chave: Shakira, imagem, raça, lugar, personagem geográfica.
destacando algumas dimensões espaciais básicas poucas vezes esmiuçadas. Em seguida, delineio quatro novas “teses” alicerçadas no giro decolonial voltadas à arquitetura.
Palavras-chave: giro decolonial, espaço, arquitetura,
colonialidade, decolonialidade.
Palavras-chave: drag queen, lugar transiente, cartografia, banheiro público, sombreamento.
Palavras-chave: lugar de fala; enunciados situados; lugar; geografia; subalterno.
Palavras‑chave: Justiça ambiental, riscos, zonas de sacrifício.
Palavras-chaves: cidade brasileira, justiça ambiental, planejamento urbano, risco ambiental.
Pretendemos contribuir com o debate sobre o tema esboçando duas questões. A primeira: acreditamos que a tônica de muitos trabalhos que se dedicam à problemática do uso da água em áreas transfronteiriças enfatizam a escassez ou stress hídrico e a noção de segurança ambiental; e, assim, pouco vem sendo investigado dos contextos em casos de abundância desse recurso. A segunda: acreditamos que a discussão sobre áreas protegidas transfronteiriças necessariamente deva dar conta de uma análise transescalar dos fenômenos naturais e sociais, e, por isso, não ignorar fatores urbanos que sobre elas incidem, sejam não tão somente a presença de cidades de fronteira ou cidades gêmeas, como também: os múltiplos usos e apropriações da natureza em contexto urbano; as diferentes e variadas mobilidades entre essas cidades; e, principalmente, as malhas e redes de regulação formadas, em cada país, para o planejamento e gestão de espaços urbanos nem sempre coincidentes com outras escalas territoriais.
Para isso, lançaremos foco sobre uma das tríplices fronteiras sul-americanas, aquela formada entre Brasil, Argentina e Paraguai na região conhecida como Alto Paraná. Ali, há uma área urbana contínua une as cidades de Foz do Iguaçu (Brasil), Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad Del Este (Paraguai) e a institucionalização da natureza como objeto a ser protegido sob a forma de patrimônio mundial da Unesco, nas porções argentina e brasileira do Parque do Iguaçú, áreas com abundância de água que são destino do turismo regional e internacional e notórias por seu aproveitamento hidroenergético.
Adotamos a premissa de que o território consiste em instituição, o que implica em considera-lo dialeticamente como a base na qual é criada parte do conjunto de normas e regras, e sobre a qual incidem as demandas por normas, regras e convenções que regulam a sociedade. O território é, assim, tanto produto como sujeito de regulação social, econômica politica e ambiental, cuja dinâmica geoinstitucional – interação entre indivíduos, organizações e Estado – é permeada pela tensão entre regulação social e econômica para controle e acesso aos recursos, por um lado, e regulação politica para domínio e controle do território, por outro.
O interesse do trabalho reside na análise de mudanças no regime de regulação que impuseram nova dinâmica à ação dos diferentes agentes face aos distintos dispositivos de proteção. Argumenta-se que o processo de patrimonialização daqueles espaços tende a modificar o padrão de governança nas fronteiras, permitir o aparecimento de novas institucionalidades e pressionar por negociações mais participativas, constituindo esse último aspecto um dos principais desafios de integração regional.
Ainda que não pretendamos fornecer respostas definitivas, as perguntas que norteiam nosso interesse investigativo são: quais são as convergências e as divergências entre as escalas, normas, formas e superfícies de regulação territorial da gestão urbana e da gestão do patrimônio natural? Áreas transfronteiriças requerem simetria de ações e institucionalidades sincrônicas em cada um dos países? Influenciam, na gestão urbana e ambiental de espaços transfronteiriços? Na competição entre usos? Na direção e intensidade de fluxos de toda natureza? Na conurbação urbana? Crescimento urbano e proteção ambiental são condições que rivalizam entre si?
Palavras-chave: espaços protegidos transfronteiriços, Tríplice Fronteira Brasil, Argentina, Paraguai, gestão do território, cooperação e integração sul americana.
Urbanismo da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Sob a égide da cooperação e da integração
regionais, sua missão alinha-se aos chamados pensamentos descoloniais e pós-coloniais, com vistas à consolidação de
uma perspectiva epistemológica própria da América Latina. Procura-se demonstrar a permanência da eurocentralidade
no ensino, refletindo-se sobre tipos e paisagens dominantes e subalternos nas cidades do subcontinente. Finalmente,
procuramos apontar, preliminarmente, diretivas que busquem valorizar o subcontinente e suas paisagens, de modo a
realizar intercâmbios culturais e propiciar emancipação e empoderamento de pobres ou subalternizados.
PALAVRAS-CHAVE: ensino de paisagismo, América Latina, descolonialidade.
PALAVRAS-CHAVE: Recife, Trópicos, injustiças ambientais, racismo ambiental.
Palavras-chave
Patrimônio, paisagem, plano diretor, Rio de Janeiro.
Palavras-chaves: Marcha das Vadias do Rio de Janeiro, corpo, território, paisagem, rede.
indagações: quais os papéis desempenhados pelas diferenças espaciais e de classe social na definição de responsabilidades relacionadas ao aquecimento global? Até que ponto questões materiais e a própria percepção de classe interferem nas sensibilidades relativas aos riscos da mudança climática e no seu compromisso com estratégias para diminuir os seus efeitos? E em um terreno mais empírico: o que as "classes médias emergentes” do Brasil têm a dizer sobre as questões ambientais emergentes?
Palavras-chave
mudança climática, favela, mobilidade, consumo.
As constantes inundações das áreas urbanas brasileiras remetem-nos à necessidade de se repensar o atual sistema normativo que delimita as Áreas de Preservação Permanente ao longo dos cursos d’água a partir de análise técnica e multidisciplinar que considere as funções ecossistêmicas do sítio, assim como dos processos históricos de urbanização. Se, por um lado, a existência do Código Florestal e os recentes debates em torno de sua alteração são a representação do salutar processo democrático, a possibilidade de inaplicabilidade fática de parâmetros fixados em escala nacional, adotados tanto às áreas urbanas quanto rurais, é latente. Faz-se, assim, necessário rever a dicotomia existente entre os espaços geográficos e os espaços normativos e propor soluções que adequem a intencionalidade protetiva da Lei à efetiva proteção do meio ambiente e da população urbana.
Palavras-chave: espaço geográfico, espaço normativo, Código Florestal.
Sustentando-se por meio desta metáfora, o trabalho visa comparar a cidade concreta com a cidade cinematográfica, que também é uma junção de fragmentos: takes descontínuos das locações (de vários espaços e cidades) que conformam uma totalidade pelo poder da narrativa e da montagem. Segundo Deleuze, o próprio cinema é um autômato que, a partir da ilusão do movimento, adquiriu vida. Filmes de cidades e de autômatos, como Blade Runner, A.I., ou Metrópolis narram estas intrincadas relações, tornando-se metáforas do exercício urbanístico e discurso explicativo da sétima arte e sua relação com o meio urbano.
Pretende-se também analisar de que maneira as cidades-frankenstein se relacionam com os mais profundos sentimentos humanos – medo, angústia, carinho, amor – sustentados por utopias e distopias. Crê-se que a interação entre a cidade de celulóide e seu modelo concreto ocorre por meio destes sentimentos, pois os filmes são não só uma interpretação dos medos e alegrias do homem urbano como são influências poderosas sobre sua experiência empírica.
Por conta de sua imensa circulação global e por serem formas de produção de sentido que articulam o espaço e o tempo, o visual e o auditivo, os filmes têm papel marcante na constituição da inteligibilidade que os mais diversos grupos podem dar ao mundo. A narrativa cinematográfica é conduzida por personagens, que se tornam representações do espaço quando associados direta e inseparavelmente a um meio geográfico e a determinadas práticas, contribuindo para a conformação de hierarquias, diferenciações e classificações. Nesse sentido, escolho para análise os filmes dos personagens geográficos King Kong, Indiana Jones, Anaconda e Dr. Zamora, de modo a tornar claro o quanto idéias muito antigas se infiltram na cultura de massa e são reforçadas por ela.
O cinema, arte e indústria que articula de variadas maneiras um sistema de objetos e um sistema de ações, nos termos de Milton Santos, tem íntima relação com o meio urbano, desde suas origens. A investigação conjunta do cinema e do meio urbano pos-sibilita um conhecimento mais acurado das relações entre espaço, tempo e cultura, arquitetura e representações do “eu” e do “outro”.
Os filmes, ao mesmo tempo em que deixam claro que há, de certa forma, padrões espaciais que implícita ou explicitamente representam o que é o meio urbano, num sentido “universal”, ao escolherem determinada cidade para palco de seus enredos recriam espaços e tempos que singularizam esta cidade diante das outras. O espaço geográfico, presente em todos os filmes, tem o potencial de estruturar a representação e, por extensão, a experiência de personagens, vivida indiretamente pela audiência, mesmo em situações estereotipadas. O cinema tanto influencia quanto reproduz sensações e sentimentos relacionados à experiência cotidiana do espaço. Se, por um lado, o continuum de espaço-tempo de um filme é singular e coerente apenas dentro de sua própria construção, não se pode negar que a experiência deste continuum por parte da audiência traduza idéias e sentimentos existentes no espaço concreto, que fora do filme se encontrariam fragmentados e seriam efêmeros.
No caso do Rio de Janeiro, a análise conjunta dos filmes brasileiros e norte-americanos visa a perceber que tanto as representações cinematográficas “nativas” quanto as “estrangeiras” estão ligadas a discursos polarizados em que cosmopolitismo, exotismo, natureza e sexualidade se contrapõem a caos, estranhamento, violência e pobreza. A dualidade das representações da capital carioca se revela geralmente na oposição de imagens de paisagens e lugares belos e conhecidos internacionalmente que passam a identificar e legitimar a cidade – Pão de Açúcar e Corcovado, por exemplo – a espaços de confinamento, onde supostamente impera o caos, como o Centro decadente e as favelas. Parto do princípio, também, que as representações circulam ao longo do tempo, sendo algumas delas acionadas em determinados períodos históricos, recebendo reforços ou novas nuances que lhes são dadas pelo contexto em que se apresentam. Os recentes filmes nacionais parecem estar, assim, se utilizando da vasta gama de representações do Rio historicamente (re)produzida, intencionando ir ao encontro daquilo que já se sabe ou já se viu sobre a cidade.
Estes filmes fazem perceber que o cinema é parte do que se convencionou chamar de cultura de viagem, pois tais como os guias turísticos, cartas-panoramas, cartões-postais, souvenirs, narrativas de viagens e outros elementos ligados ao deslocamento para um lugar estranho, singularizam e tornam conhecidas terras longínquas e fazem com que o distante se torne próximo. Todos estes elementos da cultura de viagem são, por isso, legítimos objetos para a pesquisa geográfica.