Essa tese se concentra na descrição e análise de alguns processos e práticas de escrita de pesqui... more Essa tese se concentra na descrição e análise de alguns processos e práticas de escrita de pesquisas de acadêmicos da Licenciatura indígena da Universidade Federal do Acre - UFAC, Campus Floresta. Esses processos e práticas de escrita apontam para uma concepção de linguagem distinta daquela com que esses acadêmicos e seus povos têm contato na Universidade. Essa concepção de linguagem e seu regime de escrita, conforme apontaram os próprios acadêmicos e suas comunidades, é marcada por uma concepção de terra específica das práticas de conhecimento desses povos, práticas que, por sua vez, refletem sua cosmologia. A tese busca descrever a natureza e a dinâmica relacional desses diferentes regimes de terra-linguagem ao longo de processos de pesquisa e no tráfego entre instituições como a Universidade e essas comunidades.
Licenciaturas indígenas, Pesquisadores indígenas, Regimes de inscrição, Huni Kuin, Escrita.
Amilton Mattos é pesquisador e professor na Licenciatura indígena da Universidade Federal do Acre... more Amilton Mattos é pesquisador e professor na Licenciatura indígena da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, desde 2008, na área de Linguagens e Artes, onde acompanha as pesquisas de acadêmicos indígenas de mais de uma dezena de povos. Coordena o LABI – Laboratório de Imagem e om da UFAC – Floresta, onde realiza trabalhos em audiovisual junto a esses acadêmicos e suas comunidades.
REVISTA DE CIÊNCIAS DA ARTE N.º14 | SET'2023 | ARTE E MOBILIDADE Convocarte – Revista de Ciências da Arte N.º14, Setembro de 2023
Tema do Dossier Temático: Arte e Mobilidade: Eppur si muove! – a deslocação entre objetos culturais
Ideia e Coordenação Científica Geral: Fernando Rosa Dias
Coordenação Executiva Bruna Lobo, Diogo Freitas Costa e Jamila Pontes
Versão digital gratuita convocarte.belasartes.ulisboa.pt Versão impressa loja.belasartes.ulisboa.pt
Dos bastidores eu vejo o mundo: cenografia, figurino, maquiagem e mais, 2023
Foi por obra do acaso ‒ ou talvez uma daquelas reuniões que precisam acontecer ‒ que nos encontr... more Foi por obra do acaso ‒ ou talvez uma daquelas reuniões que precisam acontecer ‒ que nos encontramos com o professor da área de Linguagens e Artes da Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre, Amilton Pelegrino de Mattos...
Dos bastidores eu vejo o mundo: cenografia, figurino, maquiagem e mais Volume VIII Edição Especial: Teatralidades Indígena
Organização: Fausto Viana, Carolina Bassi de Moura, Maria Eduarda Borges e Amilton Pelegrino de Mattos
Dos bastidores eu vejo o mundo [recurso eletrônico] : cenografia, figurino, maquiagem e mais : vol. VIII : edição especial teatralidades indígenas / organização Fausto Viana [et al.] – São Paulo : ECA-USP, 2023. PDF (483 p.) : il. color. ISBN 978-65-88640-90-6
O Sonho do Nixi Pae - Mahku - Movimento dos Artistas Huni Kuin, 2015
O filme faz parte do processo de constituição do MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin. O MAHK... more O filme faz parte do processo de constituição do MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin. O MAHKU foi sonhado por Ibã Huni Kuin a partir de suas atividades como txana (mestre dos cantos) e professor indígena, bem como de suas pesquisas de musicologia huni kuin na Universidade Federal do Acre desde 2009. A obra trata da descoberta de novas possibilidades de pesquisar o huni meka, canto do nixi pae. Nixi pae é nome que os huni kuin dão à ayahuasca, bebida cerimonial que proporciona visões. O que vemos no filme é a constituição do grupo de artistas que busca traduzir nas artes visuais do desenho, da pintura, da arte eletrônica, do videoarte etc a poesia dos cantos tradicionais do povo huni kuin.
O sonho do nixi pae, 2015, 30 min.
Direção: Amilton Pelegrino de Mattos.
Pesquisa: Ibã Huni Kuin.
Exibido no Festival Internacional de Filme Etnográfico de Recife. Festival de Cinema Serra do Cipó, Suriclube (UFSB), Cinemateca de Curitiba, FLACSO – Cine (Equador), USACH (Chile).
Filme de Panteani Huni Kuin.
Nixpu pima realizado pela aldeia Flor da mata, 2015.
Pesquisa: Ten... more Filme de Panteani Huni Kuin.
Nixpu pima realizado pela aldeia Flor da mata, 2015.
Pesquisa: Tene Huni Kuin.
Edição Amilton Mattos.
O filme apresenta a pesquisa desenvolvida pelo professor-pesquisador Ibã Huni Kuin (Isaias Sales)... more O filme apresenta a pesquisa desenvolvida pelo professor-pesquisador Ibã Huni Kuin (Isaias Sales) do povo Huni Kuin em torno dos Huni Meka, como são conhecidos os cantos do cipó (ayahuasca). Assiste-se ao surgimento do Movimento dos Artistas Huni Kuin – MAHKU no I Encontro de Artistas-Desenhistas Huni Kuin do Rio Jordão (2011) e a preparação do coletivo para a participação na exposição Histoires de Voir em 2012 na Fundação Cartier para a Arte Contemporânea, em Paris, França.
Festivais: Prêmio Pierre Verger (2014)
Direção e edição: Amilton Pelegrino de Mattos
Pesquisa e execução dos cantos: Ibã Sales Huni Kuin
Arte visual: Mahku – Movimento dos Artistas Huni Kuin
Produção: LABI – Floresta (UFAC-Floresta)
Ano: 2012
Duração: 43 min.
A partir de uma reflexão epistemológica e político-pedagógica centrada em experiências de campo, ... more A partir de uma reflexão epistemológica e político-pedagógica centrada em experiências de campo, o texto se propõe pensar a escrita da pesquisa indígena com base em alguns trabalhos de acadêmicos da habilitação de Linguagens e Artes da Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre. A abordagem dessa escrita é elaborada desde o conceito de transversalidade, conforme proposto por Félix Guattari, e pensado na chamada deste dossiê nos termos da "relação entre saberes heterogêneos enquanto heterogêneos numa experiência de 'transversalidade criativa'". Depois de acompanhar as pesquisas desses acadêmicos entre 2008 e 2018, inclusive em seus desdobramentos fora da universidade, nos campos do cinema ou da arte contemporânea, conclui-se pela especificidade dessa escrita elaborada pelos pesquisadores indígenas, em contraste com a concepção de linguagem, pesquisa e escrita com que a universidade se apresenta a eles.
O texto trata da importância da dança no processo de definição de procedimentos de pesquisa e esc... more O texto trata da importância da dança no processo de definição de procedimentos de pesquisa e escrita de acadêmicos da Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre-Campus Floresta. A partir do relato de três experiências de orientação e colaboração em pesquisas, no caso, duas monografias de conclusão de curso e um projeto de pesquisa, busco refletir sobre a relação entre regimes de conhecimento distintos e suas práticas de linguagem. Em contraste com o pensamento moderno, para o saber e as práticas indígenas o "corpo" ocupa lugar privilegiado, o que permite problematizar esse encontro de regimes de conhecimento e o modo como ele é elaborado por esses pesquisadores e suas comunidades em práticas de pesquisa e escrita. O texto busca contribuir para o debate em torno da revisão de pressupostos e paradigmas de herança moderna que fecham a Universidade e seus procedimentos para outras concepções de conhecimento e suas práticas. Palavras-chave: Pesquisadores indígenas. Corporalidade. Dança. Regimes de conhecimento.
Huni meka, the songs of nixi pae (ayahuasca), are in the language of the anaconda; the phrase is ... more Huni meka, the songs of nixi pae (ayahuasca), are in the language of the anaconda; the phrase is from Ibã Huni Kuin. This music is translated into the visionary art of the Mahku – Huni Kuin Artist Movement. For the past few decades, Ibã has registered and transcribed the ritual songs and knowledge of his father, Tuin Huni Kuin, and other elders. The huni meka songs, studied by Ibã Huni Kuin, are performed during the nixi pae ceremonies. The performance of the songs stimulates the visions the participants have after drinking the beverage. We understand, therefore, that the songs also create a visual language, composed of images that not are not bound by narrative, as the songs don’t tell stories; it is these song-images that are transformed into drawings, with his son, the teacher Bane Huni Kuin.
Eutomia - Revista de Literatura e Linguística, 2019
Resumo: Este artigo parte da noção de "fala da terra", desenvolvida em pesquisa por acadêmicos da... more Resumo: Este artigo parte da noção de "fala da terra", desenvolvida em pesquisa por acadêmicos da Licenciatura indígena da Universidade Federal do Acre, para refletir sobre a noção de escutar a terra. A ideia de escutar a terra (ou "escuta poética", Prigogine e Stengers, 1991) aparecerá em áreas diversas do pensamento ocidental da segunda metade do século XX, em obras que já problematizam a crise ecológica provocada pela modernidade e pensam como a ciência modela a relação do humano com o planeta e demais seres. Nesse processo, interessa-nos o papel daquilo que pode ser entendido como linguagem, articulado ao papel dos povos extramodernos, nessa tarefa de repensar a universidade e suas práticas na atualidade. Palavras-chave: Pesquisadores indígenas; fala da terra; escuta; mito.
Abstract: This article starts with the notion of "speaking of the earth", developed in research by indigenous academics of the Federal University of Acre, to reflect on the notion of listening to the earth. The idea of listening to the earth or "poetic listening" (PRIGOGINE & STENGERS, 1991) will appear in different areas of Western thought in the second half of the 20 th century, in works that already problematize the ecological crisis provoked by modernity and think how science models the relationship of the human with the planet and other beings. In this process, we are interested in the role of what can be understood as language, articulated with the role of extra-modern peoples, in this task of rethinking the university and its practices today.
GIS – Gesto, Imagem, Som – Revista de Antropologia, 2017
The article presented is a joint work of the authors cited above. The drawings presented are prod... more The article presented is a joint work of the authors cited above. The drawings presented are products of MAHKU – Huni Kuin Artists Movement inspired from the huni meka songs. The nixi pae (ayahuasca) songs are the motive for the commentary of Ibã Huni Kuin and his way of " translation " of the language of songs, which he calls " put in the sense " (pôr ou colocar no sentido). In the first part we make a brief presentation of the Ibã and collective Huni Kuin artists research and the trajectory of MAHKU, portrayed in the audiovisual essay The nixi pae's dream (Dir. Amilton Mattos, 2015).
O trabalho parte de uma retomada das experiências iniciais de pesquisa de Ibã Huni Kuin, vistas a... more O trabalho parte de uma retomada das experiências iniciais de pesquisa de Ibã Huni Kuin, vistas a partir da noção de transversalidade, levantando a hipótese de que suas pesquisas na Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre, desde 2009, resultariam, em parte, de um desdobramento dessa relação com os saberes não-indígenas marcada, ao mesmo tempo, pela apropriação e pela diferença. Na universidade, a pesquisa se desdobrou em outras linguagens, como o desenho e o vídeo, e integrou um grupo de pesquisadores artistas huni kuin. As atividades do grupo de pesquisa levaram à criação da associação Movimento dos Artistas Huni Kuin – Mahku. Aqui a apresentação tem por foco as linguagens adotadas pelo grupo de pesquisa e pelo coletivo de artistas para desenvolver suas atividades de pesquisa, que denominei aqui escritas. Para a ideia de transversalidade que quero apresentar, as escritas ou agenciamentos permitiram ao grupo tanto tratar e produzir conhecimentos tradicionais entre os próprios huni kuin, quanto se apropriar da universidade para constituir um ponto de vista institucional simétrico, o Centro Mahku Independente.
GIS – Gesto, Imagem, Som – Revista de Antropologia, 2017
O presente artigo resulta de uma composição dos autores. Os desenhos realizados pelos MAHKU – Mov... more O presente artigo resulta de uma composição dos autores. Os desenhos realizados pelos MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin – a partir dos cantos huni meka, cantos do nixi pae (ayahuasca), são motivos para o comentário de Ibã Huni Kuin e sua forma de tradução da linguagem dos cantos que ele denomina “pôr (ou colocar) no sentido”. Na primeira parte, faz-se uma breve apresentação da trajetória do Mahku, retratada no ensaio audiovisual O sonho do nixi pae (2015), do trabalho de pesquisa de Ibã e do coletivo de artistas Huni Kuin dentro e fora da universidade...
Resumo: O texto trata dos Laboratórios de Arte e Percepção (LAP), visando situa-los entre outras ... more Resumo: O texto trata dos Laboratórios de Arte e Percepção (LAP), visando situa-los entre outras práticas do MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin como máquinas de visão. Máquinas de visão é o conceito de que lanço mão para uma compreensão das práticas visionárias do MAHKU, tais como desenhos, pinturas, murais e práticas de criação coletivas (LAP), em continuidade com diversas práticas que caracterizam os huni kuin como um povo que valoriza as experiências visuais liminais e os processos de transformação visual em suas práticas de conhecimento e corporalidade, tais como nixi pae (ayahuasca), cantos, danças, kene (grafismo), sonhos entre outras. Os LAP são a principal atividade desenvolvida pelo coletivo MAHKU visando o intercâmbio de saberes entre seu centro de pesquisas, o Centro MAHKU Independente, e instituições não-indígenas como universidades, museus e escolas de arte. Abstract: The text presents the Laboratories of Art and Perception (LAP). The aim is to place them alongside other practices of the MAHKU-Movement of Huni Kuin Artists as vision machines. Vision machines is the concept I use for an understanding of the visionary practices of MAHKU, such as drawings, paintings, murals and collective creation practices (LAP), in continuity with various practices that characterize the huni kuin as a people who value the liminal visual experiences and processes of visual transformation in their practices of knowledge and corporeality, such as nixi pae (ayahuasca), songs, dances, kene (graphics), dreams among others. The LAP are the main activity developed by the MAHKU collective aiming at the exchange of knowledge between its research center, the MAHKU Independent Center, and non-indigenous institutions such as universities, museums and art schools.
RESUMO: O presente artigo parte da noção de cosmopolítica, no sentido que lhe dá Isabelle Stenger... more RESUMO: O presente artigo parte da noção de cosmopolítica, no sentido que lhe dá Isabelle Stengers, para descrever e comentar os processos de transformação das imagens no trabalho do coletivo MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin. Tal como nas práticas de conhecimento descritas por Stengers, no contexto apresentado a noção de política também parece insuficiente. Visando apontar uma saída para o impasse, apropria-se da prática da escrita de Gilles Deleuze, especificamente o conceito de entre, para tratar das transformações das imagens como transformações daqueles entre os quais as imagens se escrevem e, finalmente, voltando à cosmopolítica, apontar para a experiência MAHKU como uma prática própria a uma metafísica canibal.
PALAVRAS-CHAVE: Escrever-entre. Movimento dos Artistas Huni Kuin. Metafísica canibal.
Between images, bodies and earth: transformations of MAHKU – Huni Kuin Artists Movement
ABSTRACT: This article begins with the notion of cosmopolitics, in the sense given by Isabelle Stengers, to describe and comment on the processes of transformation of images in the work of the collective MAHKU-Huni Kuin Artists Movement. As in the practices of knowledge described by Stengers, in the context presented the notion of politics also seems insufficient. To get out of the impasse, we steal Gilles Deleuze's writing practice, specifically the concept of between, to think of the transformations of the images as transformations of those among which the images are written and, finally, returning to cosmopolitics, to point to the MAHKU experience as a practice proper to a cannibal metaphysics.
Tomando como ponto de partida os comentários de dois filmes, O sonho do nixi pae – O Movimento do... more Tomando como ponto de partida os comentários de dois filmes, O sonho do nixi pae – O Movimento dos Artistas Huni Kuin (Amilton Mattos, 2015) e Nixpu pima – Rito de passagem Huni Kuin (Pãteani Huni Kuin, 2015), o artigo trata dos desafios colocados pelo contexto de Universidades amazônicas em que os povos indígenas já não são objeto de conhecimento e sim passam a se utilizar dos recursos da investigação acadêmica para inventar novos espaços, novas composições, novas linguagens para seguirem praticando seus saberes menores e indisciplinados. Procura mostrar assim que a autonomia conceitual dos povos amazônicos, isto é, a sua autonomia de pensamento, tem se dado pela afirmação de suas próprias formas de investigar, de dar sentido à pesquisa, de inventar novos devires. A prática da produção de conhecimentos coletivos e a constituição de grupos de pesquisadores-artistas indígenas aponta novos campos de força para instituições de ensino, superior ou não, que parecem cada vez mais distantes da realidade amazônica. Nesses coletivos apresentados aqui, que estão dentro e fora da academia, a produção de conhecimento se dá enquanto agenciamento maquínico, em que o saber minoritário toma o majoritário como condição de afirmação da diferença, possibilidade de devir, e não espera dele a distribuição dos direitos que lhe caberia. Os velhos conhecimentos huni kuin dos rituais, dos cantos da ayahuasca se associam à arte e ao audiovisual para comporem máquinas, agenciamentos maquínicos que não servem para serem lidos ou interpretados, mas para engajar a própria Universidade em seus devires-huni kuin.
Resumo: Neste artigo, ensaiamos uma primeira reflexão sobre os conhecimentos e práticas de cultiv... more Resumo: Neste artigo, ensaiamos uma primeira reflexão sobre os conhecimentos e práticas de cultivo agroecológicas de moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá (no extremo oeste do Estado do Acre). Os plantios, como são localmente designados esses experimentos, são abordados como uma experiência criativa de constituição de territórios de subjetivação nos quais processos de diferenciação são estabelecidos frente aos processos majoritários em curso, associados principalmente ao aumento da atividade agropecuária, e linhas de fuga são traçadas reforçando uma outra maneira de produzir subjetividades e conhecimento, como também a própria " Reserva ". Exploramos a hipótese de que os plantios devem ser, portanto, conceituados dentro do regime de conhecimento local e, enquanto parte deste sistema, são uma sólida alternativa ao desmatamento na região. Recebido em 22 de Maio de 2012. Aceito em 29 de Maio de 2012.
O título devora conceitos que vêm sendo elaborados ao longo de anos por Ibã Huni Kuin: política d... more O título devora conceitos que vêm sendo elaborados ao longo de anos por Ibã Huni Kuin: política dos artistas e pedagogia huni kuin. A natureza deste texto, assim como do filme O sonho do nixi pae, não é explicar, interpretar, mas de experimentação e bricolagem. Não se trata de compreender, mas de compor, de colocar os textos um ao lado do outro, como as imagens dos cantos huni meka: nai mãpu yubekã (céu pássaro jiboia). Parataxe, bricolagem.
Sobre o título: tanto o título da mesa, como de minha fala devoram conceitos que vem sendo elabor... more Sobre o título: tanto o título da mesa, como de minha fala devoram conceitos que vem sendo elaborados ao longo dos anos por Ibã: política dos artistas e pedagogia huni kuin. A natureza deste texto assim como do filme não é explicar, interpretar, mas de experimentação e bricolagem. Não se trata de compreender mas de colocar os textos um ao lado do outro, como as imagens dos cantos huni meka: nai mãpu yubekã. Parataxe, bricolagem.
Essa tese se concentra na descrição e análise de alguns processos e práticas de escrita de pesqui... more Essa tese se concentra na descrição e análise de alguns processos e práticas de escrita de pesquisas de acadêmicos da Licenciatura indígena da Universidade Federal do Acre - UFAC, Campus Floresta. Esses processos e práticas de escrita apontam para uma concepção de linguagem distinta daquela com que esses acadêmicos e seus povos têm contato na Universidade. Essa concepção de linguagem e seu regime de escrita, conforme apontaram os próprios acadêmicos e suas comunidades, é marcada por uma concepção de terra específica das práticas de conhecimento desses povos, práticas que, por sua vez, refletem sua cosmologia. A tese busca descrever a natureza e a dinâmica relacional desses diferentes regimes de terra-linguagem ao longo de processos de pesquisa e no tráfego entre instituições como a Universidade e essas comunidades.
Licenciaturas indígenas, Pesquisadores indígenas, Regimes de inscrição, Huni Kuin, Escrita.
Amilton Mattos é pesquisador e professor na Licenciatura indígena da Universidade Federal do Acre... more Amilton Mattos é pesquisador e professor na Licenciatura indígena da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, desde 2008, na área de Linguagens e Artes, onde acompanha as pesquisas de acadêmicos indígenas de mais de uma dezena de povos. Coordena o LABI – Laboratório de Imagem e om da UFAC – Floresta, onde realiza trabalhos em audiovisual junto a esses acadêmicos e suas comunidades.
REVISTA DE CIÊNCIAS DA ARTE N.º14 | SET'2023 | ARTE E MOBILIDADE Convocarte – Revista de Ciências da Arte N.º14, Setembro de 2023
Tema do Dossier Temático: Arte e Mobilidade: Eppur si muove! – a deslocação entre objetos culturais
Ideia e Coordenação Científica Geral: Fernando Rosa Dias
Coordenação Executiva Bruna Lobo, Diogo Freitas Costa e Jamila Pontes
Versão digital gratuita convocarte.belasartes.ulisboa.pt Versão impressa loja.belasartes.ulisboa.pt
Dos bastidores eu vejo o mundo: cenografia, figurino, maquiagem e mais, 2023
Foi por obra do acaso ‒ ou talvez uma daquelas reuniões que precisam acontecer ‒ que nos encontr... more Foi por obra do acaso ‒ ou talvez uma daquelas reuniões que precisam acontecer ‒ que nos encontramos com o professor da área de Linguagens e Artes da Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre, Amilton Pelegrino de Mattos...
Dos bastidores eu vejo o mundo: cenografia, figurino, maquiagem e mais Volume VIII Edição Especial: Teatralidades Indígena
Organização: Fausto Viana, Carolina Bassi de Moura, Maria Eduarda Borges e Amilton Pelegrino de Mattos
Dos bastidores eu vejo o mundo [recurso eletrônico] : cenografia, figurino, maquiagem e mais : vol. VIII : edição especial teatralidades indígenas / organização Fausto Viana [et al.] – São Paulo : ECA-USP, 2023. PDF (483 p.) : il. color. ISBN 978-65-88640-90-6
O Sonho do Nixi Pae - Mahku - Movimento dos Artistas Huni Kuin, 2015
O filme faz parte do processo de constituição do MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin. O MAHK... more O filme faz parte do processo de constituição do MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin. O MAHKU foi sonhado por Ibã Huni Kuin a partir de suas atividades como txana (mestre dos cantos) e professor indígena, bem como de suas pesquisas de musicologia huni kuin na Universidade Federal do Acre desde 2009. A obra trata da descoberta de novas possibilidades de pesquisar o huni meka, canto do nixi pae. Nixi pae é nome que os huni kuin dão à ayahuasca, bebida cerimonial que proporciona visões. O que vemos no filme é a constituição do grupo de artistas que busca traduzir nas artes visuais do desenho, da pintura, da arte eletrônica, do videoarte etc a poesia dos cantos tradicionais do povo huni kuin.
O sonho do nixi pae, 2015, 30 min.
Direção: Amilton Pelegrino de Mattos.
Pesquisa: Ibã Huni Kuin.
Exibido no Festival Internacional de Filme Etnográfico de Recife. Festival de Cinema Serra do Cipó, Suriclube (UFSB), Cinemateca de Curitiba, FLACSO – Cine (Equador), USACH (Chile).
Filme de Panteani Huni Kuin.
Nixpu pima realizado pela aldeia Flor da mata, 2015.
Pesquisa: Ten... more Filme de Panteani Huni Kuin.
Nixpu pima realizado pela aldeia Flor da mata, 2015.
Pesquisa: Tene Huni Kuin.
Edição Amilton Mattos.
O filme apresenta a pesquisa desenvolvida pelo professor-pesquisador Ibã Huni Kuin (Isaias Sales)... more O filme apresenta a pesquisa desenvolvida pelo professor-pesquisador Ibã Huni Kuin (Isaias Sales) do povo Huni Kuin em torno dos Huni Meka, como são conhecidos os cantos do cipó (ayahuasca). Assiste-se ao surgimento do Movimento dos Artistas Huni Kuin – MAHKU no I Encontro de Artistas-Desenhistas Huni Kuin do Rio Jordão (2011) e a preparação do coletivo para a participação na exposição Histoires de Voir em 2012 na Fundação Cartier para a Arte Contemporânea, em Paris, França.
Festivais: Prêmio Pierre Verger (2014)
Direção e edição: Amilton Pelegrino de Mattos
Pesquisa e execução dos cantos: Ibã Sales Huni Kuin
Arte visual: Mahku – Movimento dos Artistas Huni Kuin
Produção: LABI – Floresta (UFAC-Floresta)
Ano: 2012
Duração: 43 min.
A partir de uma reflexão epistemológica e político-pedagógica centrada em experiências de campo, ... more A partir de uma reflexão epistemológica e político-pedagógica centrada em experiências de campo, o texto se propõe pensar a escrita da pesquisa indígena com base em alguns trabalhos de acadêmicos da habilitação de Linguagens e Artes da Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre. A abordagem dessa escrita é elaborada desde o conceito de transversalidade, conforme proposto por Félix Guattari, e pensado na chamada deste dossiê nos termos da "relação entre saberes heterogêneos enquanto heterogêneos numa experiência de 'transversalidade criativa'". Depois de acompanhar as pesquisas desses acadêmicos entre 2008 e 2018, inclusive em seus desdobramentos fora da universidade, nos campos do cinema ou da arte contemporânea, conclui-se pela especificidade dessa escrita elaborada pelos pesquisadores indígenas, em contraste com a concepção de linguagem, pesquisa e escrita com que a universidade se apresenta a eles.
O texto trata da importância da dança no processo de definição de procedimentos de pesquisa e esc... more O texto trata da importância da dança no processo de definição de procedimentos de pesquisa e escrita de acadêmicos da Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre-Campus Floresta. A partir do relato de três experiências de orientação e colaboração em pesquisas, no caso, duas monografias de conclusão de curso e um projeto de pesquisa, busco refletir sobre a relação entre regimes de conhecimento distintos e suas práticas de linguagem. Em contraste com o pensamento moderno, para o saber e as práticas indígenas o "corpo" ocupa lugar privilegiado, o que permite problematizar esse encontro de regimes de conhecimento e o modo como ele é elaborado por esses pesquisadores e suas comunidades em práticas de pesquisa e escrita. O texto busca contribuir para o debate em torno da revisão de pressupostos e paradigmas de herança moderna que fecham a Universidade e seus procedimentos para outras concepções de conhecimento e suas práticas. Palavras-chave: Pesquisadores indígenas. Corporalidade. Dança. Regimes de conhecimento.
Huni meka, the songs of nixi pae (ayahuasca), are in the language of the anaconda; the phrase is ... more Huni meka, the songs of nixi pae (ayahuasca), are in the language of the anaconda; the phrase is from Ibã Huni Kuin. This music is translated into the visionary art of the Mahku – Huni Kuin Artist Movement. For the past few decades, Ibã has registered and transcribed the ritual songs and knowledge of his father, Tuin Huni Kuin, and other elders. The huni meka songs, studied by Ibã Huni Kuin, are performed during the nixi pae ceremonies. The performance of the songs stimulates the visions the participants have after drinking the beverage. We understand, therefore, that the songs also create a visual language, composed of images that not are not bound by narrative, as the songs don’t tell stories; it is these song-images that are transformed into drawings, with his son, the teacher Bane Huni Kuin.
Eutomia - Revista de Literatura e Linguística, 2019
Resumo: Este artigo parte da noção de "fala da terra", desenvolvida em pesquisa por acadêmicos da... more Resumo: Este artigo parte da noção de "fala da terra", desenvolvida em pesquisa por acadêmicos da Licenciatura indígena da Universidade Federal do Acre, para refletir sobre a noção de escutar a terra. A ideia de escutar a terra (ou "escuta poética", Prigogine e Stengers, 1991) aparecerá em áreas diversas do pensamento ocidental da segunda metade do século XX, em obras que já problematizam a crise ecológica provocada pela modernidade e pensam como a ciência modela a relação do humano com o planeta e demais seres. Nesse processo, interessa-nos o papel daquilo que pode ser entendido como linguagem, articulado ao papel dos povos extramodernos, nessa tarefa de repensar a universidade e suas práticas na atualidade. Palavras-chave: Pesquisadores indígenas; fala da terra; escuta; mito.
Abstract: This article starts with the notion of "speaking of the earth", developed in research by indigenous academics of the Federal University of Acre, to reflect on the notion of listening to the earth. The idea of listening to the earth or "poetic listening" (PRIGOGINE & STENGERS, 1991) will appear in different areas of Western thought in the second half of the 20 th century, in works that already problematize the ecological crisis provoked by modernity and think how science models the relationship of the human with the planet and other beings. In this process, we are interested in the role of what can be understood as language, articulated with the role of extra-modern peoples, in this task of rethinking the university and its practices today.
GIS – Gesto, Imagem, Som – Revista de Antropologia, 2017
The article presented is a joint work of the authors cited above. The drawings presented are prod... more The article presented is a joint work of the authors cited above. The drawings presented are products of MAHKU – Huni Kuin Artists Movement inspired from the huni meka songs. The nixi pae (ayahuasca) songs are the motive for the commentary of Ibã Huni Kuin and his way of " translation " of the language of songs, which he calls " put in the sense " (pôr ou colocar no sentido). In the first part we make a brief presentation of the Ibã and collective Huni Kuin artists research and the trajectory of MAHKU, portrayed in the audiovisual essay The nixi pae's dream (Dir. Amilton Mattos, 2015).
O trabalho parte de uma retomada das experiências iniciais de pesquisa de Ibã Huni Kuin, vistas a... more O trabalho parte de uma retomada das experiências iniciais de pesquisa de Ibã Huni Kuin, vistas a partir da noção de transversalidade, levantando a hipótese de que suas pesquisas na Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre, desde 2009, resultariam, em parte, de um desdobramento dessa relação com os saberes não-indígenas marcada, ao mesmo tempo, pela apropriação e pela diferença. Na universidade, a pesquisa se desdobrou em outras linguagens, como o desenho e o vídeo, e integrou um grupo de pesquisadores artistas huni kuin. As atividades do grupo de pesquisa levaram à criação da associação Movimento dos Artistas Huni Kuin – Mahku. Aqui a apresentação tem por foco as linguagens adotadas pelo grupo de pesquisa e pelo coletivo de artistas para desenvolver suas atividades de pesquisa, que denominei aqui escritas. Para a ideia de transversalidade que quero apresentar, as escritas ou agenciamentos permitiram ao grupo tanto tratar e produzir conhecimentos tradicionais entre os próprios huni kuin, quanto se apropriar da universidade para constituir um ponto de vista institucional simétrico, o Centro Mahku Independente.
GIS – Gesto, Imagem, Som – Revista de Antropologia, 2017
O presente artigo resulta de uma composição dos autores. Os desenhos realizados pelos MAHKU – Mov... more O presente artigo resulta de uma composição dos autores. Os desenhos realizados pelos MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin – a partir dos cantos huni meka, cantos do nixi pae (ayahuasca), são motivos para o comentário de Ibã Huni Kuin e sua forma de tradução da linguagem dos cantos que ele denomina “pôr (ou colocar) no sentido”. Na primeira parte, faz-se uma breve apresentação da trajetória do Mahku, retratada no ensaio audiovisual O sonho do nixi pae (2015), do trabalho de pesquisa de Ibã e do coletivo de artistas Huni Kuin dentro e fora da universidade...
Resumo: O texto trata dos Laboratórios de Arte e Percepção (LAP), visando situa-los entre outras ... more Resumo: O texto trata dos Laboratórios de Arte e Percepção (LAP), visando situa-los entre outras práticas do MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin como máquinas de visão. Máquinas de visão é o conceito de que lanço mão para uma compreensão das práticas visionárias do MAHKU, tais como desenhos, pinturas, murais e práticas de criação coletivas (LAP), em continuidade com diversas práticas que caracterizam os huni kuin como um povo que valoriza as experiências visuais liminais e os processos de transformação visual em suas práticas de conhecimento e corporalidade, tais como nixi pae (ayahuasca), cantos, danças, kene (grafismo), sonhos entre outras. Os LAP são a principal atividade desenvolvida pelo coletivo MAHKU visando o intercâmbio de saberes entre seu centro de pesquisas, o Centro MAHKU Independente, e instituições não-indígenas como universidades, museus e escolas de arte. Abstract: The text presents the Laboratories of Art and Perception (LAP). The aim is to place them alongside other practices of the MAHKU-Movement of Huni Kuin Artists as vision machines. Vision machines is the concept I use for an understanding of the visionary practices of MAHKU, such as drawings, paintings, murals and collective creation practices (LAP), in continuity with various practices that characterize the huni kuin as a people who value the liminal visual experiences and processes of visual transformation in their practices of knowledge and corporeality, such as nixi pae (ayahuasca), songs, dances, kene (graphics), dreams among others. The LAP are the main activity developed by the MAHKU collective aiming at the exchange of knowledge between its research center, the MAHKU Independent Center, and non-indigenous institutions such as universities, museums and art schools.
RESUMO: O presente artigo parte da noção de cosmopolítica, no sentido que lhe dá Isabelle Stenger... more RESUMO: O presente artigo parte da noção de cosmopolítica, no sentido que lhe dá Isabelle Stengers, para descrever e comentar os processos de transformação das imagens no trabalho do coletivo MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin. Tal como nas práticas de conhecimento descritas por Stengers, no contexto apresentado a noção de política também parece insuficiente. Visando apontar uma saída para o impasse, apropria-se da prática da escrita de Gilles Deleuze, especificamente o conceito de entre, para tratar das transformações das imagens como transformações daqueles entre os quais as imagens se escrevem e, finalmente, voltando à cosmopolítica, apontar para a experiência MAHKU como uma prática própria a uma metafísica canibal.
PALAVRAS-CHAVE: Escrever-entre. Movimento dos Artistas Huni Kuin. Metafísica canibal.
Between images, bodies and earth: transformations of MAHKU – Huni Kuin Artists Movement
ABSTRACT: This article begins with the notion of cosmopolitics, in the sense given by Isabelle Stengers, to describe and comment on the processes of transformation of images in the work of the collective MAHKU-Huni Kuin Artists Movement. As in the practices of knowledge described by Stengers, in the context presented the notion of politics also seems insufficient. To get out of the impasse, we steal Gilles Deleuze's writing practice, specifically the concept of between, to think of the transformations of the images as transformations of those among which the images are written and, finally, returning to cosmopolitics, to point to the MAHKU experience as a practice proper to a cannibal metaphysics.
Tomando como ponto de partida os comentários de dois filmes, O sonho do nixi pae – O Movimento do... more Tomando como ponto de partida os comentários de dois filmes, O sonho do nixi pae – O Movimento dos Artistas Huni Kuin (Amilton Mattos, 2015) e Nixpu pima – Rito de passagem Huni Kuin (Pãteani Huni Kuin, 2015), o artigo trata dos desafios colocados pelo contexto de Universidades amazônicas em que os povos indígenas já não são objeto de conhecimento e sim passam a se utilizar dos recursos da investigação acadêmica para inventar novos espaços, novas composições, novas linguagens para seguirem praticando seus saberes menores e indisciplinados. Procura mostrar assim que a autonomia conceitual dos povos amazônicos, isto é, a sua autonomia de pensamento, tem se dado pela afirmação de suas próprias formas de investigar, de dar sentido à pesquisa, de inventar novos devires. A prática da produção de conhecimentos coletivos e a constituição de grupos de pesquisadores-artistas indígenas aponta novos campos de força para instituições de ensino, superior ou não, que parecem cada vez mais distantes da realidade amazônica. Nesses coletivos apresentados aqui, que estão dentro e fora da academia, a produção de conhecimento se dá enquanto agenciamento maquínico, em que o saber minoritário toma o majoritário como condição de afirmação da diferença, possibilidade de devir, e não espera dele a distribuição dos direitos que lhe caberia. Os velhos conhecimentos huni kuin dos rituais, dos cantos da ayahuasca se associam à arte e ao audiovisual para comporem máquinas, agenciamentos maquínicos que não servem para serem lidos ou interpretados, mas para engajar a própria Universidade em seus devires-huni kuin.
Resumo: Neste artigo, ensaiamos uma primeira reflexão sobre os conhecimentos e práticas de cultiv... more Resumo: Neste artigo, ensaiamos uma primeira reflexão sobre os conhecimentos e práticas de cultivo agroecológicas de moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá (no extremo oeste do Estado do Acre). Os plantios, como são localmente designados esses experimentos, são abordados como uma experiência criativa de constituição de territórios de subjetivação nos quais processos de diferenciação são estabelecidos frente aos processos majoritários em curso, associados principalmente ao aumento da atividade agropecuária, e linhas de fuga são traçadas reforçando uma outra maneira de produzir subjetividades e conhecimento, como também a própria " Reserva ". Exploramos a hipótese de que os plantios devem ser, portanto, conceituados dentro do regime de conhecimento local e, enquanto parte deste sistema, são uma sólida alternativa ao desmatamento na região. Recebido em 22 de Maio de 2012. Aceito em 29 de Maio de 2012.
O título devora conceitos que vêm sendo elaborados ao longo de anos por Ibã Huni Kuin: política d... more O título devora conceitos que vêm sendo elaborados ao longo de anos por Ibã Huni Kuin: política dos artistas e pedagogia huni kuin. A natureza deste texto, assim como do filme O sonho do nixi pae, não é explicar, interpretar, mas de experimentação e bricolagem. Não se trata de compreender, mas de compor, de colocar os textos um ao lado do outro, como as imagens dos cantos huni meka: nai mãpu yubekã (céu pássaro jiboia). Parataxe, bricolagem.
Sobre o título: tanto o título da mesa, como de minha fala devoram conceitos que vem sendo elabor... more Sobre o título: tanto o título da mesa, como de minha fala devoram conceitos que vem sendo elaborados ao longo dos anos por Ibã: política dos artistas e pedagogia huni kuin. A natureza deste texto assim como do filme não é explicar, interpretar, mas de experimentação e bricolagem. Não se trata de compreender mas de colocar os textos um ao lado do outro, como as imagens dos cantos huni meka: nai mãpu yubekã. Parataxe, bricolagem.
Este texto consiste numa experiência de escrita que já vem se dando em outras mídias e por difere... more Este texto consiste numa experiência de escrita que já vem se dando em outras mídias e por diferentes autores. A isso chamamos MAHKU. Enfocamos aqui justamente essas articulações entre mídias e autorias diversas com a produção de conhecimento na relação entre pensamentos distintos.
Anais da 33ª Reunião Brasileira de Antropologia, 2022
A partir do acompanhamento de experiências de pesquisa e escrita de acadêmicos da Licenciatura in... more A partir do acompanhamento de experiências de pesquisa e escrita de acadêmicos da Licenciatura indígena da Ufac-Floresta e suas comunidades, busco problematizar uma visualidade própria de suas práticas de conhecimento. Essa visualidade, conforme proponho, baseia-se em uma outra concepção de terra ou mesmo em um outro regime de terra, consoante com tais práticas.
Esse trabalho se baseia em nossa atuação como professores e pesquisadores em licenciaturas indíge... more Esse trabalho se baseia em nossa atuação como professores e pesquisadores em licenciaturas indígenas. Nesse contexto, em que diferentes práticas de conhecimento são colocadas em relação, buscamos contrastar as concepções de linguagem implicadas nesse encontro entre diferentes regimes de conhecimento. Interessa-nos particularmente os regimes de terra em jogo.
Anais da VII Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia, 2021
Esta apresentação consiste em uma reflexão sobre a experiência de "encontro de saberes" baseada e... more Esta apresentação consiste em uma reflexão sobre a experiência de "encontro de saberes" baseada em nossa atuação como professores e pesquisadores em licenciaturas indígenas situadas na região norte do país (Amazonas e Acre). Desde a perspectiva das áreas e habilitações Linguagens e Artes (Licenciatura Indígena-Ufac-Campus Floresta) ou Letras e Artes (Curso de Formação de Professores Indígenas-FACED/Ufam) essa reflexão busca considerar o movimento e a articulação entre as atividades de sala de aula e as práticas de pesquisa desenvolvidas pelos acadêmicos junto às suas comunidades, incluindo as pesquisas monográficas que são requisito para a conclusão do percurso nessas licenciaturas.
Anais da React Reunião de Antropologia da Ciência e Tecnologia , 2017
O trabalho parte de uma retomada das experiências iniciais de pesquisa de Ibã Huni Kuin, vistas a... more O trabalho parte de uma retomada das experiências iniciais de pesquisa de Ibã Huni Kuin, vistas a partir da noção de transversalidade, levantando a hipótese de que suas pesquisas na Licenciatura Indígena da Universidade Federal do Acre, desde 2009, resultariam, em parte, de um desdobramento dessa relação com os saberes não-indígenas marcada, ao mesmo tempo, pela apropriação e pela diferença. Na universidade, a pesquisa se desdobrou em outras linguagens, como o desenho e o vídeo, e integrou um grupo de pesquisadores artistas huni kuin. As atividades do grupo de pesquisa levaram à criação da associação Movimento dos Artistas Huni Kuin –Mahku. Aqui a apresentação tem por foco as linguagens adotadas pelo grupo de pesquisa e pelo coletivo de artistas para desenvolver suas atividades de pesquisa, que denominei aqui escritas. Para a ideia de transversalidade que quero apresentar, as escritas ou agenciamentos permitiram ao grupo tanto tratar e produzir conhecimentos tradicionais entre os próprios huni kuin, quanto se apropriar da universidade para constituir um ponto de vista institucional simétrico, o Centro Mahku Independente.
Arte indígena contemporânea: experiência de uma residência artística, 2020
Antes que definir Ibã Huni Kuin e o Mahku - Movimento dos Artistas Huni Kuin no cenário da arte c... more Antes que definir Ibã Huni Kuin e o Mahku - Movimento dos Artistas Huni Kuin no cenário da arte contemporânea, busco apontar suas estratégias de diferenciação (por meio de uma dinâmica experimental de aproximação e afastamento) em um meio cuja relacionalidade é marcada por um tipo específico de predação, característico da ontologia naturalista e da política estatal dos modernos: a neutralização (e o controle) da diferença. Parece-me que tais estratégias de diferenciação, e sua dinâmica experimental, marcam o modo de se relacionar e de produzir conhecimento huni kuin de Ibã e do Mahku.
Sobre o título: tanto o título da mesa, como de minha fala devoram conceitos que vem sendo elabor... more Sobre o título: tanto o título da mesa, como de minha fala devoram conceitos que vem sendo elaborados ao longo dos anos por Ibã: política dos artistas e pedagogia huni kuin. A natureza deste texto assim como do filme não é explicar, interpretar, mas de experimentação e bricolagem. Não se trata de compreender mas de colocar os textos um ao lado do outro, como as imagens dos cantos huni meka: nai mãpu yubekã. Parataxe, bricolagem.
Arte indígena contemporânea: experiência de uma residência artística, 2020
É a arte que nos leva à Primeira Mostra Coletiva de Artistas Indígenas do Museu do... more É a arte que nos leva à Primeira Mostra Coletiva de Artistas Indígenas do Museu do Índio da UFU, e nos conduz às questões imagéticas, pois queremos que a imagem seja insistente e que nos leve de volta ao tempo em que o olhar nos imobilizava. E que esses pavores trocados das imagens petrificadas com pancadas de malho nos façam refletir sobre o tempo do tédio. Por serem de etnias diferentes, Naine Terena, do Mato Grosso; Ibã Huni Kuin, do Acre; Denilson Baniwa, do Amazonas, mas vivendo hoje no Rio de Janeiro; e Yermollay Caripoune, do Oiapoque, no Amapá, foram convidados pelo Museu do Índio para pensarem uma produção onde a reflexão sobre o corpo, a natureza, a sociedade e o universo mítico estivesse presente. Tal produção, talvez, seja uma noção de permissão para sonhar fornecida pelas experiências positivas e experimentações imaginativas na modelagem artística de cores e formas desses quatro artistas.
A fala da terra
Com o objetivo de relatar a experiência com o projeto A fal... more A fala da terra Com o objetivo de relatar a experiência com o projeto A fala da terra, desenvolvido em 2017 junto aos acadêmicos da Licenciatura Indígena da UFAC -Floresta, com a colaboração da professora Francesca Salla, inicio por um relato breve de experiências anteriores no curso que me conduziram a esse projeto.
Os percursos dessas autoras/autores, caminhantes de espaços/tempos outros, dizem mais que meros r... more Os percursos dessas autoras/autores, caminhantes de espaços/tempos outros, dizem mais que meros relatos de viagem: Ana Pizarro e Rocio Bulnes se deslocam de Santiago de Chile para Puerto Maldonado, passando por toda a região do alto Acre; Luiz Lopes sai de Lima para Quebec e desde aí para Rio Branco; Gersem Baniwa se desloca de São Gabriel da Cachoeira, no alto rio Negro, vai a Manaus e daí para o Acre; Edson Kayapó percorre metade do Brasil, de Macapá a Porto Seguro e, desde esse porto de entrada das armas e brasões do colonizador ibérico na Terra Brasilis, singra por quase quatro mil e quinhentos quilômetros até as beiras de barranco do Aquiry; Amilton Mattos se desloca de Cruzeiro do Sul, no vale do Juruá, com seus irmãos de caminhadas e das artes do canto/palavra/imagem: os Huni Kuin; Enilce Albergaria traduz a poética de Édouard Glissant, partilhando-a desde a Martinica até Juiz de Fora, nas Minas Gerais e daí à capital da acreania; Jones Goettert se desloca da Grande Dourados, no Mato Grosso do Sul, em um mergulho de cidadão das muitas fronteiras, dos muitos começos.
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Licenciaturas indígenas, Pesquisadores indígenas, Regimes de inscrição, Huni Kuin, Escrita.
na área de Linguagens e Artes, onde acompanha as pesquisas de
acadêmicos indígenas de mais de uma dezena de povos. Coordena o LABI – Laboratório de Imagem e om da UFAC – Floresta, onde
realiza trabalhos em audiovisual junto a esses acadêmicos e suas
comunidades.
REVISTA DE CIÊNCIAS DA ARTE N.º14 | SET'2023 | ARTE E MOBILIDADE
Convocarte – Revista de Ciências da Arte N.º14, Setembro de 2023
Tema do Dossier Temático: Arte e Mobilidade: Eppur si muove! – a deslocação entre objetos culturais
Ideia e Coordenação Científica Geral: Fernando Rosa Dias
Coordenação Executiva
Bruna Lobo, Diogo Freitas Costa e
Jamila Pontes
Versão digital gratuita
convocarte.belasartes.ulisboa.pt
Versão impressa
loja.belasartes.ulisboa.pt
Dos bastidores eu vejo o mundo: cenografia, figurino, maquiagem e mais Volume VIII
Edição Especial: Teatralidades Indígena
Organização: Fausto Viana, Carolina Bassi de Moura, Maria Eduarda Borges e Amilton Pelegrino de Mattos
Dos bastidores eu vejo o mundo [recurso eletrônico] : cenografia, figurino, maquiagem e mais : vol. VIII : edição especial teatralidades indígenas / organização Fausto Viana [et al.] – São Paulo : ECA-USP, 2023. PDF (483 p.) : il. color. ISBN 978-65-88640-90-6
O sonho do nixi pae, 2015, 30 min.
Direção: Amilton Pelegrino de Mattos.
Pesquisa: Ibã Huni Kuin.
Exibido no Festival Internacional de Filme Etnográfico de Recife. Festival de Cinema Serra do Cipó, Suriclube (UFSB), Cinemateca de Curitiba, FLACSO – Cine (Equador), USACH (Chile).
Nixpu pima realizado pela aldeia Flor da mata, 2015.
Pesquisa: Tene Huni Kuin.
Edição Amilton Mattos.
Festivais: Prêmio Pierre Verger (2014)
Direção e edição: Amilton Pelegrino de Mattos
Pesquisa e execução dos cantos: Ibã Sales Huni Kuin
Arte visual: Mahku – Movimento dos Artistas Huni Kuin
Produção: LABI – Floresta (UFAC-Floresta)
Ano: 2012
Duração: 43 min.
For the past few decades, Ibã has registered and transcribed the ritual songs and knowledge of his father, Tuin Huni Kuin, and other elders. The huni meka songs, studied by Ibã Huni Kuin, are performed during the nixi pae ceremonies. The performance of the songs stimulates the visions the participants have after drinking the beverage. We understand, therefore, that the songs also create a visual language, composed of images that not are not bound by narrative, as the songs don’t tell stories; it is these song-images that are transformed into drawings, with his son, the teacher Bane Huni Kuin.
Palavras-chave: Pesquisadores indígenas; fala da terra; escuta; mito.
Abstract: This article starts with the notion of "speaking of the earth", developed in research by indigenous academics of the Federal University of Acre, to reflect on the notion of listening to the earth. The idea of listening to the earth or "poetic listening" (PRIGOGINE & STENGERS, 1991) will appear in different areas of Western thought in the second half of the 20 th century, in works that already problematize the ecological crisis provoked by modernity and think how science models the relationship of the human with the planet and other beings. In this process, we are interested in the role of what can be understood as language, articulated with the role of extra-modern peoples, in this task of rethinking the university and its practices today.
PALAVRAS-CHAVE: Escrever-entre. Movimento dos Artistas Huni Kuin. Metafísica canibal.
Between images, bodies and earth: transformations of MAHKU – Huni Kuin Artists Movement
ABSTRACT: This article begins with the notion of cosmopolitics, in the sense given by Isabelle Stengers, to describe and comment on the processes of transformation of images in the work of the collective MAHKU-Huni Kuin Artists Movement. As in the practices of knowledge described by Stengers, in the context presented the notion of politics also seems insufficient. To get out of the impasse, we steal Gilles Deleuze's writing practice, specifically the concept of between, to think of the transformations of the images as transformations of those among which the images are written and, finally, returning to cosmopolitics, to point to the MAHKU experience as a practice proper to a cannibal metaphysics.
Licenciaturas indígenas, Pesquisadores indígenas, Regimes de inscrição, Huni Kuin, Escrita.
na área de Linguagens e Artes, onde acompanha as pesquisas de
acadêmicos indígenas de mais de uma dezena de povos. Coordena o LABI – Laboratório de Imagem e om da UFAC – Floresta, onde
realiza trabalhos em audiovisual junto a esses acadêmicos e suas
comunidades.
REVISTA DE CIÊNCIAS DA ARTE N.º14 | SET'2023 | ARTE E MOBILIDADE
Convocarte – Revista de Ciências da Arte N.º14, Setembro de 2023
Tema do Dossier Temático: Arte e Mobilidade: Eppur si muove! – a deslocação entre objetos culturais
Ideia e Coordenação Científica Geral: Fernando Rosa Dias
Coordenação Executiva
Bruna Lobo, Diogo Freitas Costa e
Jamila Pontes
Versão digital gratuita
convocarte.belasartes.ulisboa.pt
Versão impressa
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Dos bastidores eu vejo o mundo: cenografia, figurino, maquiagem e mais Volume VIII
Edição Especial: Teatralidades Indígena
Organização: Fausto Viana, Carolina Bassi de Moura, Maria Eduarda Borges e Amilton Pelegrino de Mattos
Dos bastidores eu vejo o mundo [recurso eletrônico] : cenografia, figurino, maquiagem e mais : vol. VIII : edição especial teatralidades indígenas / organização Fausto Viana [et al.] – São Paulo : ECA-USP, 2023. PDF (483 p.) : il. color. ISBN 978-65-88640-90-6
O sonho do nixi pae, 2015, 30 min.
Direção: Amilton Pelegrino de Mattos.
Pesquisa: Ibã Huni Kuin.
Exibido no Festival Internacional de Filme Etnográfico de Recife. Festival de Cinema Serra do Cipó, Suriclube (UFSB), Cinemateca de Curitiba, FLACSO – Cine (Equador), USACH (Chile).
Nixpu pima realizado pela aldeia Flor da mata, 2015.
Pesquisa: Tene Huni Kuin.
Edição Amilton Mattos.
Festivais: Prêmio Pierre Verger (2014)
Direção e edição: Amilton Pelegrino de Mattos
Pesquisa e execução dos cantos: Ibã Sales Huni Kuin
Arte visual: Mahku – Movimento dos Artistas Huni Kuin
Produção: LABI – Floresta (UFAC-Floresta)
Ano: 2012
Duração: 43 min.
For the past few decades, Ibã has registered and transcribed the ritual songs and knowledge of his father, Tuin Huni Kuin, and other elders. The huni meka songs, studied by Ibã Huni Kuin, are performed during the nixi pae ceremonies. The performance of the songs stimulates the visions the participants have after drinking the beverage. We understand, therefore, that the songs also create a visual language, composed of images that not are not bound by narrative, as the songs don’t tell stories; it is these song-images that are transformed into drawings, with his son, the teacher Bane Huni Kuin.
Palavras-chave: Pesquisadores indígenas; fala da terra; escuta; mito.
Abstract: This article starts with the notion of "speaking of the earth", developed in research by indigenous academics of the Federal University of Acre, to reflect on the notion of listening to the earth. The idea of listening to the earth or "poetic listening" (PRIGOGINE & STENGERS, 1991) will appear in different areas of Western thought in the second half of the 20 th century, in works that already problematize the ecological crisis provoked by modernity and think how science models the relationship of the human with the planet and other beings. In this process, we are interested in the role of what can be understood as language, articulated with the role of extra-modern peoples, in this task of rethinking the university and its practices today.
PALAVRAS-CHAVE: Escrever-entre. Movimento dos Artistas Huni Kuin. Metafísica canibal.
Between images, bodies and earth: transformations of MAHKU – Huni Kuin Artists Movement
ABSTRACT: This article begins with the notion of cosmopolitics, in the sense given by Isabelle Stengers, to describe and comment on the processes of transformation of images in the work of the collective MAHKU-Huni Kuin Artists Movement. As in the practices of knowledge described by Stengers, in the context presented the notion of politics also seems insufficient. To get out of the impasse, we steal Gilles Deleuze's writing practice, specifically the concept of between, to think of the transformations of the images as transformations of those among which the images are written and, finally, returning to cosmopolitics, to point to the MAHKU experience as a practice proper to a cannibal metaphysics.
Com o objetivo de relatar a experiência com o projeto A fala da terra, desenvolvido em 2017 junto aos acadêmicos da Licenciatura Indígena da UFAC -Floresta, com a colaboração da professora Francesca Salla, inicio por um relato breve de experiências anteriores no curso que me conduziram a esse projeto.