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Introduction Os economistas desejam ser capazes de explicar 99% de todos os fenômenos econômicos com três leis. Isso é o que os físicos podem fazer. Na verdade, temos 99 leis que explicam talvez 3% de todos os fenômenos. O IPE é um campo... more
Introduction Os economistas desejam ser capazes de explicar 99% de todos os fenômenos econômicos com três leis. Isso é o que os físicos podem fazer. Na verdade, temos 99 leis que explicam talvez 3% de todos os fenômenos. O IPE é um campo de pesquisa tão vasto que se pode exigir uma boa dose de ingenuidade para tentar teorizá-lo. Há tantos atores (estados, organizações internacionais, multinacionais, organizações não-governamentais, movimentos sociais, mercados, finanças internacionais, sem mencionar bilhões de indivíduos), com sua própria história, identidade, capacidades e lógicas, que parece ilusório acreditar que poderíamos um dia formular uma teoria satisfatória. Paradoxalmente, é essa falta de significado facilmente compreensível que torna necessários esforços de teorização. Tentar pensar em IPE sem ferramentas teóricas parece ainda mais ingênuo que a alternativa. De acordo com os teóricos das relações internacionais John Baylis, Steve Smith e Patricia Owen, "uma teoria é um tipo de dispositivo simplificador que permite que você decida quais fatos são importantes e quais não". [...]Uma teoria é uma ferramenta que é usada para identificar variáveis importantes e hierarquizá-las para análise e compreensão. Os "fatos" não falam por si mesmos; o que encontramos depende de como chegamos a selecionar os eventos e tendências que consideramos importantes e descartar outros que parecem mais triviais. Uma vez que selecionamos alguns fatos importantes em detrimento de outros, criando uma hierarquia entre eles, estamos teorizando. Quanto mais nossa teoria é simplificada, mais ela explica eventos vastos e importantes com apenas algumas variáveis e quanto mais subimos na escada da abstração teórica. Segundo alguns teóricos, o objetivo final é explicar algo grande com algo pequeno. Dado que todas as pesquisas nas ciências sociais envolvem trabalhos de teorização, ainda que fracos, é preferível explicitar a abordagem teórica ao discutir um assunto tão vasto quanto o IPE. Ser explícito representa um elemento fundamental no empreendimento teórico. Quanto mais uma teoria é exposta de maneira simples e clara, mais fácil é contestá-la durante os debates acadêmicos e revisá-la, se necessário. Existe uma razão mais prática para estudar teorias. [...] Aprender teoria para se tornar especialista em um campo de estudo equivale a aprender figuras obrigatórias na patinação artística das Olimpíadas. É impossível ser identificado como uma especialidade e ser contratado em uma universidade sem conhecimento mínimo dos principais debates teóricos, especialmente no IPE.