Papers by Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack
Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea, 2024
O Antropoceno configura uma época de crise de dimensões ambientais, climáticas, econômicas, socia... more O Antropoceno configura uma época de crise de dimensões ambientais, climáticas, econômicas, sociais, políticas e epistemológicas, que envolvem não apenas a humanidade, mas o próprio planeta Terra em seu conjunto. Embora a iminência da não existência de um mundo em devir nos traga angústias e anseios, esta também é uma oportunidade para pensarmos outros futuros possíveis e caminhos que podem ser (ou já vêm sendo) trilhados para alcançá-los. Partimos da hipótese de que a imaginação de novos projetos estéticos-éticos- políticos no Antropoceno é indissociável do diálogo com as vozes da terra, suas políticas de ancestralidade e epistemes experimentadas cotidianamente no calor da vida. Nesse sentido, com base em pesquisa bibliográfica, o artigo pretende analisar reflexões de pensadores indígenas e quilombolas que nos possibilitam fugir da cegueira antropocêntrica do mundo moderno e compreender outras formas de lidar com o tempo, outros saberes e outras enunciações, garantindo assim novas perspectivas para nossa sobrevivência no Antropoceno.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Maracanan, 2024
Este artigo busca explorar o potencial dos conceitos de cosmohistória e cosmopolítica de promover... more Este artigo busca explorar o potencial dos conceitos de cosmohistória e cosmopolítica de promover uma escrita da História da América colonial atenta aos silenciamentos impostos pela modernidade ocidental. Partimos da hipótese de que o regime de historicidade cosmohistórico, proposto pelo historiador mexicano Federico Navarrete Linares, em diálogo com a proposta cosmopolítica da filósofa belga Isabelle Stengers, configura uma alternativa teórico-metodológica para pensar a existência de outras narrativas históricas e conferir agência a ontologias comumente invisibilizadas, entre elas as ameríndias. Para possibilitar essa compreensão, nosso argumento será dividido em dois momentos. No primeiro, a partir de um breve estudo de caso dos parlamentoshispano-mapuche no período colonial, faremos um exercício de interpretação da documentação à luz da cosmohistória e da cosmopolítica, de modo a comprovar que o fluxo de interação entre colonizadores espanhóis e indígenas mapuche transcende a relação unidirecional de dominação. No segundo, apresentaremos as vantagens heurísticas da perspectiva cosmohistórica e cosmopolítica, assim como sua capacidade de promoção de relações mais dialógicas e simétricas entre mundos históricos distintos.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Topoi, 2023
Para além dos aspectos climáticos e ambientais, o Antropoceno confi gura também uma
época de esgo... more Para além dos aspectos climáticos e ambientais, o Antropoceno confi gura também uma
época de esgotamento dos modelos clássicos de imaginação política do Ocidente. O objetivo
do presente artigo é apresentar um panorama da produção intelectual contemporânea sobre
o Antropoceno e as Ciências Humanas e, nessa perspectiva, analisar as potencialidades do
regime de historicidade cosmo-histórico para a produção de uma história mais centrífuga,
múltipla e atenta aos silenciamentos impostos pela modernidade ocidental. Nesse sentido,
corroboramos o argumento de que a Cosmo-história é capaz não apenas de dar voz a outras
subjetividades, mas de incorporar princípios epistemológicos não antropocêntricos à sua
prática metodológica, confi gurando uma teoria simétrica da história, que reconhece uma
pluralidade irredutível de experiências de historicidade enquanto parte ativa da produção do
conhecimento.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista TransVersos, Aug 25, 2022
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista TransVersos, Aug 25, 2022
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Eletrônica da ANPHLAC
Na experiência histórica chilena, o Wallmapu era comumente descrito pelas autoridades criollas co... more Na experiência histórica chilena, o Wallmapu era comumente descrito pelas autoridades criollas como uma região situada "à margem da civilização", já que no século XIX, constituía um espaço de exercício de soberania de grupos mapuche. O objetivo deste artigo é analisar as respostas elaboradas pelos mapuche diante dos movimentos expansionistas que pretendiam incorporar o Wallmapu à órbita do poder estatal chileno, ressaltando o papel dos indígenas como sujeitos capazes de se adaptar e resistir às políticas criollas.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Propostas para o Buen Vivir: a luta mapuche pela construção de um Estado plurinacional no Chile, 2022
A experiência histórica chilena é marcada por relações conflituosas entre os mapuche e o poder es... more A experiência histórica chilena é marcada por relações conflituosas entre os mapuche e o poder estatal. Em diferentes contextos, a Araucania, região situada ao sul do Chile, foi alvo de movimentos expansionistas e de projetos modernizadores que pretendiam incorporá-la à órbita do poder público, civilizando os seus habitantes ou extinguindo-os se necessário. Entretanto, os mapuche transformaram a Araucania e a sua própria existência enquanto grupo étnico em parte de uma longa história de luta contra o colonialismo, o racismo, a repressão identitária e a ocupação ilegal dos territórios ancestrais. O artigo objetiva analisar a participação mapuche na Convenção Constitucional, implementada no Chile em 2021, pensando esse órgão político como espaço de resistência indígena e de elaboração de propostas para a construção de um novo país, plurinacional e intercultural.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O combate ao colonialismo interno consiste atualmente em uma das principais pautas da resistência... more O combate ao colonialismo interno consiste atualmente em uma das principais pautas da resistência indígena. Ao lançar luz sobre a permanência das estruturas coloniais de dominação, os setores indígenas das sociedades americanas relativizam os verdadeiros alcances obtidos pelas independências e pelo processo de formação dos Estados nacionais no continente. Nesse contexto, torna-se central a atuação do
intelectual indígena. Esse artigo busca promover um debate teórico acerca do conceito de intelectual, assim como pensar as contribuições historiográficas dos intelectuais indígenas, a partir da experiência da
Comunidad de Historia Mapuche, para a descolonização do pensamento e a superação da subalternização.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Eletrônica da ANPHLAC
Garantir o monopólio do poder coercitivo por meio dos exércitos nacionais foi pré-requisito para ... more Garantir o monopólio do poder coercitivo por meio dos exércitos nacionais foi pré-requisito para o reconhecimento dos Estados-Nação durante o século XIX nos âmbitos internos e externos. Na Argentina, a profissionalização das forças militares permitiu a centralização política de Buenos Aires e a ocupação definitiva da Patagônia após conflitos vitoriosos com as sociedades indígenas. A expansão da chamada “fronteira interna”, que marcava o limite entre a sociedade criolla e as indígenas, foi concomitante ao processo de definição dos limites internacionais, encerrando assim a consolidação do Estado argentino. No entanto, o aumento da capacidade do Estado em atuar em regiões afastadas como os desertos do sul esbarrou nas similares pretensões do Chile, que havia se afirmado no cenário internacional, após a experiência da Guerra do Pacífico, desencadeando uma corrida por tratados de limites.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Brasileira de História & Ciências Sociais
A ocupação das áreas indígenas do Pampa pelo Estado argentino foi derivada de um longo processo m... more A ocupação das áreas indígenas do Pampa pelo Estado argentino foi derivada de um longo processo marcado por conflitos e pela capacidade indígena de negociação e adaptação às diferentes realidades políticas do século XIX. Juan Manuel de Rosas, governador da província de Buenos Aires, colocou os tratados interétnicos como uma das principais formas de manutenção da paz na fronteira com os índios, quando não era possível a incorporação territorial pelos crioulos. Chamada de “Negócio Pacífico de Índios”, essa forma de negociação que mesclava diplomacia e conflito terminou por fortalecer alguns personagens indígenas, como o longko salinero Juan Calfulcurá, que soube habilmente conduzir o diálogo com os crioulos. Essa dinâmica de interações durou com maior ou menor intensidade até a década de 1870, quando a consolidação do Estado nacional na Argentina modificou a tônica das relações com os índios do Pampa, colocando o conflito como única via para a incorporação territorial.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Dissertação de Mestrado, 2012
Na década de 1870, o Estado argentino não havia ainda consolidado sua
jurisdição sobre a extensão... more Na década de 1870, o Estado argentino não havia ainda consolidado sua
jurisdição sobre a extensão territorial correspondente ao antigo Vice-Reinado do
Rio da Prata. Além de objeto de disputas limítrofes com outras Repúblicas, as
regiões chaquenha, pampeana e patagônica permaneciam sob o domínio efetivo de
diferentes grupos indígenas. Identificadas à ideia do Deserto, essas áreas constituíam alvo primordial de projetos de integração ao mundo da civilização e da modernidade. O objetivo desta dissertação é analisar as propostas políticas e as estratégias militares elaboradas pelos Ministros da Guerra e Marinha Adolfo Alsina e
Julio Argentino Roca e discutidas no Congresso Nacional argentino nos anos
1870, visando à territorialização da região austral e ao enfrentamento do "problema indígena". Busca-se interpretar as posições conflitantes de Alsina e Roca enquanto etapas complementares do processo de construção da Nação argentina e do
seu território correspondente. Nesse contexto, a delimitação do território nacional
através da ocupação estatal possibilitaria o monopólio do poder sobre toda a população que o habitava e a legitimação jurídica da aplicação desse poder, desassociando a Argentina da imagem do Deserto e da "selvageria" das populações nativas
e identificando-a assim ao conjunto das "Nações Civilizadas".
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Books by Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack
Los mundos del trabajo: sociabilidad, resistencias y vidas en movimiento, 2024
El objetivo de este capítulo es analizar lo que se identifica como tres momentos del movimiento m... more El objetivo de este capítulo es analizar lo que se identifica como tres momentos del movimiento mapuche en la época contemporánea en Chile, buscando pensar en términos de las transformaciones históricas de la lucha indígena y sus actores. Se parte de la hipótesis de que las distintas organizaciones indígenas, dependiendo del contexto histórico, establecieron diálogos o relaciones conflictivas, continuidades o rupturas, pero sus diversas formas de expresión fueron fundamentales para el fortalecimiento de la resistencia mapuche.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Trajetórias Americanas, v.1, 2022
A historiografia nacionalista relegou, via de regra, aos povos nativos da América o papel de víti... more A historiografia nacionalista relegou, via de regra, aos povos nativos da América o papel de vítimas de políticas assimilacionistas e de manipulações por parte dos hispanocriollos. No centro da análise de autores como Horacio Lara e Juan Carlos Walther, estava o conjunto de dispositivos legais criados com o objetivo de desarticular os espaços sociais e os territórios indígenas, de modo a reduzi-los ao controle estatal e a erradicar as diferenças culturais em relação aos “nacionais” de um dado país. Ao reforçar a vitória triunfal dos projetos que visavam ao extermínio físico e à eliminação dos sentimentos de comunhão étnica preexistentes às identidades nacionais, esta visão foi responsável por reproduzir discursos que buscavam negar sua superveniência enquanto alteridade.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Raça: trajetórias de um conceito, 2014
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Via Verita, 2018
Bookmarks Related papers MentionsView impact
História da América: percursos e investigações, 2019
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Papers by Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack
época de esgotamento dos modelos clássicos de imaginação política do Ocidente. O objetivo
do presente artigo é apresentar um panorama da produção intelectual contemporânea sobre
o Antropoceno e as Ciências Humanas e, nessa perspectiva, analisar as potencialidades do
regime de historicidade cosmo-histórico para a produção de uma história mais centrífuga,
múltipla e atenta aos silenciamentos impostos pela modernidade ocidental. Nesse sentido,
corroboramos o argumento de que a Cosmo-história é capaz não apenas de dar voz a outras
subjetividades, mas de incorporar princípios epistemológicos não antropocêntricos à sua
prática metodológica, confi gurando uma teoria simétrica da história, que reconhece uma
pluralidade irredutível de experiências de historicidade enquanto parte ativa da produção do
conhecimento.
intelectual indígena. Esse artigo busca promover um debate teórico acerca do conceito de intelectual, assim como pensar as contribuições historiográficas dos intelectuais indígenas, a partir da experiência da
Comunidad de Historia Mapuche, para a descolonização do pensamento e a superação da subalternização.
jurisdição sobre a extensão territorial correspondente ao antigo Vice-Reinado do
Rio da Prata. Além de objeto de disputas limítrofes com outras Repúblicas, as
regiões chaquenha, pampeana e patagônica permaneciam sob o domínio efetivo de
diferentes grupos indígenas. Identificadas à ideia do Deserto, essas áreas constituíam alvo primordial de projetos de integração ao mundo da civilização e da modernidade. O objetivo desta dissertação é analisar as propostas políticas e as estratégias militares elaboradas pelos Ministros da Guerra e Marinha Adolfo Alsina e
Julio Argentino Roca e discutidas no Congresso Nacional argentino nos anos
1870, visando à territorialização da região austral e ao enfrentamento do "problema indígena". Busca-se interpretar as posições conflitantes de Alsina e Roca enquanto etapas complementares do processo de construção da Nação argentina e do
seu território correspondente. Nesse contexto, a delimitação do território nacional
através da ocupação estatal possibilitaria o monopólio do poder sobre toda a população que o habitava e a legitimação jurídica da aplicação desse poder, desassociando a Argentina da imagem do Deserto e da "selvageria" das populações nativas
e identificando-a assim ao conjunto das "Nações Civilizadas".
Books by Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack
época de esgotamento dos modelos clássicos de imaginação política do Ocidente. O objetivo
do presente artigo é apresentar um panorama da produção intelectual contemporânea sobre
o Antropoceno e as Ciências Humanas e, nessa perspectiva, analisar as potencialidades do
regime de historicidade cosmo-histórico para a produção de uma história mais centrífuga,
múltipla e atenta aos silenciamentos impostos pela modernidade ocidental. Nesse sentido,
corroboramos o argumento de que a Cosmo-história é capaz não apenas de dar voz a outras
subjetividades, mas de incorporar princípios epistemológicos não antropocêntricos à sua
prática metodológica, confi gurando uma teoria simétrica da história, que reconhece uma
pluralidade irredutível de experiências de historicidade enquanto parte ativa da produção do
conhecimento.
intelectual indígena. Esse artigo busca promover um debate teórico acerca do conceito de intelectual, assim como pensar as contribuições historiográficas dos intelectuais indígenas, a partir da experiência da
Comunidad de Historia Mapuche, para a descolonização do pensamento e a superação da subalternização.
jurisdição sobre a extensão territorial correspondente ao antigo Vice-Reinado do
Rio da Prata. Além de objeto de disputas limítrofes com outras Repúblicas, as
regiões chaquenha, pampeana e patagônica permaneciam sob o domínio efetivo de
diferentes grupos indígenas. Identificadas à ideia do Deserto, essas áreas constituíam alvo primordial de projetos de integração ao mundo da civilização e da modernidade. O objetivo desta dissertação é analisar as propostas políticas e as estratégias militares elaboradas pelos Ministros da Guerra e Marinha Adolfo Alsina e
Julio Argentino Roca e discutidas no Congresso Nacional argentino nos anos
1870, visando à territorialização da região austral e ao enfrentamento do "problema indígena". Busca-se interpretar as posições conflitantes de Alsina e Roca enquanto etapas complementares do processo de construção da Nação argentina e do
seu território correspondente. Nesse contexto, a delimitação do território nacional
através da ocupação estatal possibilitaria o monopólio do poder sobre toda a população que o habitava e a legitimação jurídica da aplicação desse poder, desassociando a Argentina da imagem do Deserto e da "selvageria" das populações nativas
e identificando-a assim ao conjunto das "Nações Civilizadas".