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Osmundastrum

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaOsmundastrum
Osmundastrum cinnamomeum
Ocorrência: Noriano–Holoceno
Fronde com esporos em desenvolvimento e várias frondes estéreis no final da primavera
Fronde com esporos em desenvolvimento e várias frondes estéreis no final da primavera
Estado de conservação
G5 [1]
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Polypodiophyta
Clado: Tracheophyta
Classe: Polypodiopsida
Ordem: Osmundales
Família: Osmundaceae
Género: Osmundastrum
(C.Presl) C.Presl
Espécie-tipo
Osmundastrum cinnamomeum
(von Linné 1753) Presl 1848
Espécies
Sinónimos
Grande plano de uma fronde fértil (com esporos maduros), com o aspeto que justifica o nome de feto-canela.

Osmundastrum é um género monotípico de fetos leptosporangiados, da família Osmundaceae, cuja única espécie extante é Osmundastrum cinnamomeum, o feto-canela. A espécie é nativa das Américas e do leste da Ásia, ocorrendo em pântanos, charcos e bosques húmidos.[5][6] O registo fóssil do género estende-se até ao Triássico. Os fetos-canela não produzem canela, o seu nome comum deve-se apenas à cor das frondes férteis quando maduras.

A espécie Osmundastrum cinnamomeum é uma planta herbácea, caducifólia que produz frondes férteis e estéreis separadas, com elevado dimorfismo. As frondes estéreis são largas, {com 30-150 cm de altura e 15-20 cm de largura, pinadas, com pínulas com 5-10 cm de comprimento e 2-2,5 cm de largura, profundamente lobadas (de modo que as frondes são quase, mas não totalmente, bipinadas). As frondes férteis que contêm esporos são erectas e mais curtas, com 20-45 cm de altura, que se tornam cor de canela na maturação, o que dá o nome à espécie. As folhas férteis aparecem primeiro; a sua cor verde torna-se lentamente castanha à medida que a estação avança e os esporos são largados. Os caules portadores de esporos persistem depois das frondes estéreis serem mortas pela geada, até à estação seguinte. Os esporos devem desenvolver-se dentro de algumas semanas ou falham.

O feto Osmundastrum cinnamomeum forma enormes colónias clonais em zonas pantanosas. Estes fetos formam massas radiculares maciças, com raízes densamente emaranhadas e rijas. Esta massa de raízes é um excelente substrato para muitas plantas epífitas. As massas radiculares são muitas vezes recolhidas como fibra de osmunda (ou osmundina) e usados em horticultura, especialmente na propagação e crescimento de orquídeas.

Distribuição

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Na América do Norte, ocorre do sul do Labrador, para oeste até ao Ontário, e para sul desde o leste dos Estados Unidos até ao leste do México e Índias Ocidentais. Na América do Sul, ocorre para oeste até ao Peru e para sul até ao Paraguai. Na Ásia, ocorre do sudeste da Sibéria para sul, passando pelo Japão, Coreia, China e Taiwan, até Myanmar, Tailândia e Vietname. O género Osmundastrum cinnamomeum tem um registo fóssil que se estende até ao Cretáceo Superior da América do Norte, há cerca de 70 milhões de anos, o que faz dele uma das mais antigas espécies de plantas vivas.[7][8] Os registos fósseis do género estendem-se até ao Triássico.

Taxonomia e filogenia

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Tradicionalmente, esta espécie tem sido classificada como Osmunda cinnamomea L.. No entanto, evidências genéticas e morfológicas recentes (Metzgar et al. 2008; Jud et al. 2008) demonstram claramente que ao feto-canela é uma espécie irmã de todo o resto das Osmundaceae extantes. Cladisticamente, é necessário então incluir todas as espécies de Osmundaceae, incluindo Todea e Leptopteris, no género Osmunda, ou então é necessário segregar o género Osmundastrum. O. cinnamomeum é a única espécie extante do género,[9] embora seja possível que alguns fósseis adicionais devam ser atribuídos a Osmundastrum.[10]

Anteriormente, alguns autores incluíam a espécie Osmunda claytoniana no género ou secção Osmundastrum, devido às suas aparentes semelhanças morfológicas grosseiras. No entanto, a morfologia detalhada e a análise genética provaram que aquela espécie é de facto um verdadeiro Osmunda. Isto é confirmado pelo facto de se saber que hibridiza com o feto-real-americano, Osmunda spectabilis, para produzir Osmunda × ruggii numa família em que os híbridos são raros, enquanto Osmundastrum cinnamomeum não tem híbridos conhecidos.

A espécie Osmundastrum cinnamomeum é considerado um fóssil vivo porque foi identificada como presente no registo geológico desde há 75 milhões de anos atrás.[10] O membro mais antigo do género é a espécie O. indentatum, do Triássico da Tasmânia, Austrália.[11]

As populações asiáticas e americanas do feto-canela são geralmente consideradas como variedades de uma única espécie, mas alguns botânicos classificam-nas como espécies separadas.[9] O táxon asiático é, nessa aceção, designado por Osmundastrum asiaticum.

Etnobotânica

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De acordo com a Native American Ethnobotany Database, o feto-canela tem sido historicamente utilizado pelas tribos das primeiras nações (especialmente Abnaki e Menominee) como fonte de alimento. As tribos Iroquois e Cherokees utilizavam o feto para uma grande variedade de fins medicinais, incluindo como remédio para a constipação, ajuda ginecológica, ajuda venérea e como remédio para picadas de cobra.[12]

  1. «NatureServe Explorer 2.0 - Osmunda cinnamomea Cinnamon Fern». explorer.natureserve.org. Consultado em 9 outubro 2020 
  2. Bazhenova, N. V.; Bazhenov, A. V. (2019). «Stems of a New Osmundaceous Fern from the Middle Jurassic of Kursk Region, European Russia». Paleontological Journal. 53 (5): 540–550. Bibcode:2019PalJ...53..540B. doi:10.1134/S0031030119050034. Consultado em 9 novembro 2021 
  3. a b Bomfleur, B.; Grimm, G. W.; McLoughlin, S. (2017). «The fossil Osmundales (royal ferns)—a phylogenetic network analysis, revised taxonomy, and evolutionary classification of anatomically preserved trunks and rhizomes». PeerJ. 5: e3433. PMC 5508817Acessível livremente. PMID 28713650. doi:10.7717/peerj.3433Acessível livremente 
  4. Benjamin Bomfleur; Guido W. Grimm; Stephen McLoughlin (2017). «The fossil Osmundales (Royal Ferns)—a phylogenetic network analysis, revised taxonomy, and evolutionary classification of anatomically preserved trunks and rhizomes». PeerJ. 5: e3433. PMC 5508817Acessível livremente. PMID 28713650. doi:10.7717/peerj.3433Acessível livremente 
  5. Serbet, Rudolph; Rothwell, Gar W. (Março 1999). «Osmunda cinnamomea (Osmundaceae) in the Upper Cretaceous of Western North America: Additional Evidence for Exceptional Species Longevity among Filicalean Ferns». International Journal of Plant Sciences (em inglês). 160 (2): 425–433. ISSN 1058-5893. doi:10.1086/314134 
  6. Rothwell, Gar W.; Stockey, Ruth A.; Smith, Selena Y. (dezembro 2020). «Revisiting the Late Cretaceous Parataxodium wigginsii flora from the North Slope of Alaska, a high-latitude temperate forest». Cretaceous Research (em inglês). 116. 104592 páginas. Bibcode:2020CrRes.11604592R. doi:10.1016/j.cretres.2020.104592 
  7. Serbet, Rudolph; Rothwell, Gar W. (Março 1999). «Osmunda cinnamomea (Osmundaceae) in the Upper Cretaceous of Western North America: Additional Evidence for Exceptional Species Longevity among Filicalean Ferns». International Journal of Plant Sciences (em inglês). 160 (2): 425–433. ISSN 1058-5893. doi:10.1086/314134 
  8. Rothwell, Gar W.; Stockey, Ruth A.; Smith, Selena Y. (dezembro 2020). «Revisiting the Late Cretaceous Parataxodium wigginsii flora from the North Slope of Alaska, a high-latitude temperate forest». Cretaceous Research (em inglês). 116. 104592 páginas. Bibcode:2020CrRes.11604592R. doi:10.1016/j.cretres.2020.104592 
  9. a b Alan S. Weakley (Abril 2008). «Flora of the Carolinas, Virginia, and Georgia, and Surrounding Areas» 
  10. a b Jud, Nathan, Gar W. Rothwell, and Ruth A. Stockey (2008). «Todea from the Lower Cretaceous of western North America: implications for the phylogeny, systematics, and evolution of modern Osmundaceae». American Journal of Botany. 95 (3): 330–339. PMID 21632358. doi:10.3732/ajb.95.3.330Acessível livremente 
  11. Bomfleur, Benjamin; Grimm, Guido W.; McLoughlin, Stephen (11 de julho de 2017). «The fossil Osmundales (Royal Ferns)—a phylogenetic network analysis, revised taxonomy, and evolutionary classification of anatomically preserved trunks and rhizomes». PeerJ (em inglês). 5: e3433. ISSN 2167-8359. PMC 5508817Acessível livremente. PMID 28713650. doi:10.7717/peerj.3433Acessível livremente 
  12. Native American Ethnobotany Database.
  • Metzgar, Jordan S., Judith E. Skog, Elizabeth A. Zimmer, and Kathleen M. Pryer (2008). "The Paraphyly of Osmunda is Confirmed by Phylogenetic Analyses of Seven Plastid Loci." Systematic Botany, 33(1): pp. 31–36.
  • Serbet, Rudolf, and Gar W. Rothwell (1999). "Osmunda cinnamomea (Osmundaceae) in the Upper Cretaceous of western North America: Additional evidence for exceptional species longevity among filicalean ferns." International Journal of Plant Sciences, 160: 425–433.

Ligações externas

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O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Osmundastrum