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Liberália

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A Liberália foi um festival da Roma Antiga, realizado no dia 17 de março do calendário da época[1]. O festival celebrava o Deus Liber[desambiguação necessária] e marcava a passagem de um jovem romano para a vida adulta. O deus era considerado a divindade da fertilidade dos campos e da fecundidade dos animais, e seu símbolo é o falo[2]. Diferente de outros festivais da época, o sacrifício oferecido na Liberália não era animal, mas sim a toga praetexta, a bulla e bolos de mel que eram feitos e oferecidos ao deus. O nome do festival possui interpretações controversas, onde alguns estudiosos afirmam que sua origem deriva da toga libera, enquanto outros cogitam que, na verdade, se origine do deus Liber.[3]

O que era um Festival Romano?

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Os festivais na Roma Antiga tinham uma grande importância à expansão e continuidade da cultura do Império. Através dos festivais uma vasta rede de relações sociais e sentimento de proteção divina eram dissipados entre a população de Roma, que abraçava a tradição. [4]

A origem do nome Liberália

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O nome Liberália é derivado do nome do deus Liber, que é considerado a versão romana de Dionísio. No entanto, as fontes não são conclusivas sobre isso. Existe a teoria de que o festival possa ter tomado este nome por conta da toga libera, vestimenta que os jovens romanos deveriam usar no dia do festival. [5]

O festival Liberália gera bastante discussão entre os estudiosos, uma vez que alguns afirmam ser Liber o nome latino de Dionísio. O pesquisador Jean Toutain ressaltou que o festival não tem nada em comum com as festas dionisíacas, o que traz dúvidas em relação ao festival ter sido de fato dedicado ao deus grego.[6]

Liber é uma antiga divindade itálica, representada por um falo, que simbolizava a fertilidade e cuja tarefa era proteger as plantações.[7] Era considerado uma divindade agrária, cujo nome aparece nas inscrições arcaicas de Latium. Alguns estudiosos o incluem entre os Dei Consentes (Deuses Harmoniosos), grupo dos principais deuses e deusas romanos.[8]

Em Roma, Liber era venerado como um dos integrantes da Tríade Plebeia (Ceres, Liber e Libera), cuja composição acredita-se ter se dado por razões ideológicas, servindo como um contrapeso para a tríade patrícia capitolina. A divindade principal deste grupo foi sempre Ceres, que indiretamente contribuiu para a marginalização do culto de Liber em Roma.[9]

O principal fator que levava Liber a ser assimilado com Dionísio era sua ligação com o vinho. Liber era a divindade responsável por uma etapa da produção, a fase de pressionar as uvas, cujo produto resultante ainda não era o vinho, outras etapas eram necessárias até o produto final.[9] Além disso, era Jove, outra divindade romana, considerado patrono do vinho italiano, fato que reitera as divergências em relação à conexão de Liber com Dionísio.[10] No entanto, ao final do terceiro e início do século II a.C., alguns autores latinos foram adaptando textos literários gregos para a realidades romana, e eles acabaram por negar a ligação de Dionísio com Jove, uma vez que Liber era a única divindade nativa cujas competências condiziam com as do deus grego. [11]

Fontes literárias falam de Liber e da Liberália, mas o templo da tríade plebeia estava no monte Aventino, em Roma, e rituais realizados lá não tinham relação com o festival de março. Os poucos fragmentos existentes de calendários epigráficos confirmam que Liber era venerado juntamente com Ceres no dia 19 de abril, no Cerialia; portanto, há controvérsias em relação à presunção de que ele fora homenageado também em 17 de Março. [11]

Como acontecia a Liberália

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Durante a primeira fase do ritual, o efebo tinha sua genitália inspecionada, seu cabelo cortado e sua barba feita, os resquícios eram guardados em um compartimento para, assim como a toga praetexta e a bulla, serem ofertados pelo jovem aos deuses Lares de sua casa.[12]

“Não é de se estranhar que, na própria execução do ritual do tirocinium fori, havia a inspeção dos órgãos genitais dos rapazes.[13]

A seguir, ele vestia a toga virilis, que o assinalava como homem e cidadão ativo.

“Após este ato, os adulescentis eram conduzidos publicamente por seus pais ou

tutores ao forum romanum, trajando pela primeira vez a toga virilis[13]

Representação de um jovem romano vestindo uma toga praetexta e uma bulla em torno de seu pescoço

A bulla era um amuleto que os garotos romanos usavam durante a infância, servia como símbolo de proteção e afirmava o status de liberdade da criança, além de que, mostrava aos outros que seu pai e/ou ancestral paterno ocupara cargos de magistrado - tal qual cônsul, pretor e edil - ou que tinha recursos para servir na cavalaria.[14]

"A bulla era um símbolo apotropaico, ou seja, um instrumento de proteção contra os ‘maus espíritos."[15]

Esses amuletos eram constituídos de materiais preciosos, como ouro, prata – bronze e couro, para os menos afortunados – usavam-se também encantos e perfumes, que convinham para deixá-los mais forte contra os maus olhados e maldições que pudessem acometer crianças; assim acreditavam que reforçava sua efetividade na proteção dos menores, portanto, espécie de tradição demonstra a crença romana na magia, bem como a prática.[14]

Os romanos acreditavam que as crianças eram mais propensas aos males do mundo, provavelmente por conta do alto índice de mortalidade infantil da época. Grande parte das crianças não chegou à fase adulta, já que eram menos eficazes em combater doenças pois não haviam desenvolvido forte imunidade ainda, esses fatores contribuíram para a visão de que as crianças eram especialmente vulneráveis e precisavam de proteção.[16]

A bulla, hoje em dia, serve como um grande exemplo da preocupação que os romanos tinham com suas crianças.

Aos Etruscos é creditada a tradição de usar a bulla, mais especificamente ao rei etrusco Tarquinius Priscus, que, segundo a lenda, presenteou seu filho mais novo com uma bulla e uma toga praetexta por sua valentia e heroísmo em batalha. Ademais, atribui-se também a Tarquinius Priscus a obrigatoriedade do uso da bulla para os meninos romanos nascidos livres, desde que seus pais ocupassem algum cargo de magistrado ou tivessem servido na cavalaria, então, a partir daquele momento, os jovens nascidos livres deveriam usar a bulla como um símbolo de posição social e proteção. [14]

Referências
  1. MUSIAL, Danuta (2013). Divinites of the roman liberalia. [S.l.]: Nicolaus Copernicus University. 95 páginas 
  2. MUSIAL, Danuta (2013). Divinities of Roman liberalia. [S.l.]: Nicolaus Copernicus University. pp. 95–96 
  3. MUSIAL, Danuta (2013). Divinities of Roman. [S.l.]: Nicolaus Copernicus University. pp. 595–96 
  4. BRANDT, J. Rasmus; Iddeng, Jon W. (2012). Greek and Roman Festivals. Estados Unidos da América: WILLIAM MORROW. pp. 1–2 
  5. MUSIAL, Danuta (2013). Divinities of Roman liberalia. [S.l.]: Nicolaus Copernicus University. 95 páginas 
  6. MUSIAL, Danura (2013). Divinities of Roman liberalia. [S.l.]: nicolaus copernicus university. 95 páginas 
  7. HACQUARD, Georges (1990). Dicionário de Mitologia Grega e Romana. [S.l.]: Hachette. 100 páginas 
  8. MUSIAL, Danuta (2013). divinities of roman liberalia. [S.l.]: Nicolau Copernicus. 95 páginas 
  9. a b MUSIAL, Danuta (2013). divinities of roman. [S.l.]: nicolau copernicus university. 95 páginas 
  10. MUSIAL, Danuta (2013). divinities of roman liberalia. [S.l.]: nicolau copernicus. 95 páginas 
  11. a b MUSIAL, Danuta (2013). divinities of roman liberalia. [S.l.]: nicolau copernicus university. 96 páginas 
  12. CAMPOS, CARLOS EDUARDO DA COSTA (2014). O FÓRUM ROMANUM E A FORMAÇÃO SOCIAL DO VIR BONUS: O CASO DE CAIO OTÁVIO. [S.l.]: Revista de Estudos Grecolatinos. 145 páginas 
  13. a b CAMPOS, Carlos Eduardo da Costa (2014). O FÓRUM ROMANUM E A FORMAÇÃO SOCIAL DO VIR BONUS: O CASO DE CAIO OTÁVIO. [S.l.]: Revista de Estudos Grecolatinos. 146 páginas 
  14. a b c TSCHEN-EMMONS, James B. (2014). Artifacts from Ancient Rome. [S.l.]: ABC-CLIO. 197 páginas 
  15. CAMPOS, Carlos Eduardo da Costa (2014). O FÓRUM ROMANUM E A FORMAÇÃO SOCIAL DO VIR BONUS: O CASO DE CAIO OTÁVIO. [S.l.]: Revista de Estudos Grecolatinos. 145 páginas 
  16. TSCHEN-EMMONS, James B. (2014). Artifacts from Ancient Rome. [S.l.]: ABC-CLIO. 198 páginas 
  • TSCHEN-EMMONS, James B. Artifacts from Ancient Rome. Santa Barbara, CA, EUA: ABC-CLIO, p. 197, 198-199, set. 2014. Disponível em <https://books.google.com.br/books?id=SziaBAAAQBAJ&pg=PA197&lpg=PA197&dq=bulla+from+the+house+of+the+menander+Pompeii&source=bl&ots=KagMXev3PX&sig=r2xax0-7E1IOgzBG0SHguKINMnw&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwj7e2bosbPAhVQlpAKHURjAPkQ6AEISzAN#v=onepage&q=bulla%20from%20the%20house%20of%20the%20menander%20Pompeii&f=false> Acesso em 28 out. 2016.
  • ROSA, Claudia Beltrão da. Tirocinium fori: o orador e a criação de "homens" no Forum romanum. Phoînix: Laboratório de História Antiga/UFRJ, ano 13, p. 55, 2007.
  • CAMPOS, Carlos Eduardo da Costa. Romanitas – Revista de Estudos Grecolatinos, n. 4, p. 145, 146, 2014. ISSN: 2318-9304.
  • HACQUARD, Georges. Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Lisboa: Hachette, 1990. p. 100. Disponível em: <http://pablo.deassis.net.br/wp-content/uploads/Dicionário-de-Mitologia-Grega-e-Romana-Georges-Hacquard.pdf>. Acesso em: 31 out. 2016.
  • MUSIAL, Danuta. Divinites of the roman liberalia. Toruń. Nicolaus Copernicus University, 2013. p.95-100