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Língua somali

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Somali

af Soomaali

Falado(a) em: Somália, Etiópia, Djibuti, Quênia significantes comunidades na Europa, América do Norte, e Iémen.
Total de falantes: 15 000 000
Posição: 49ª mais falada
Família: Afro-asiática
 Cuxita
  Oriental
   Somali
Escrita: Alfabeto latino
Códigos de língua
ISO 639-1: so
ISO 639-2: som

A língua somali é falada na Somália, Etiópia, Quênia e Djibuti. Faz parte do subgrupo cuxítico da família das línguas afro-asiáticas. Suas línguas mais próximas são as línguas afar e oromo. Dentre as línguas cuxíticas é a mais bem documentada, com estudos acadêmicos desde 1900.

As estimativas quanto à quantidade de falantes variam muito: A falta de censo estatístico na terra pátria (Somália) e uma grande quantidade de expatriados refugiados torna impossível avaliar corretamente a quantidade de falantes de somali. Estimativas plausíveis ficam entre 10 a 16 milhões no mundo, sendo que cerca de meio milhão têm o somali com segunda língua.

Uma fonte estima que haja 7,78 milhões de falantes de Somali na Somália e mais 4,87 milhões em outros países.[1] A "Dutch Universiteitsbibliotheek Utrecht" (Biblioteca Universitária Holandesa de Utrecht) avalia os falantes de somali em 10 a 15 milhões.[2]

Distribuição geográfica

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Mapa da Somália

A língua Somali é falada na Somália, Djibuti, Etiópia, Iémen, Quênia e na diáspora somali.

Mapa da Distribuição da Língua Somali

Antes do período colonial, os somalis letrados e os religiosos escreviam, ou em alfabeto árabe, ou simplesmente transliteravam "ad hoc" do somali para a escrita árabe. Uma carta de Sayyid Mohammed Abdullah Hassan (líder religioso e nacionalista da Somália a um intelectual, que foi de conhecimento das autoridades coloniais, foi escrita em Árabe. O Qur'an (Corão) era ensinado em toda a Somália, ficando as crianças expostas ao alfabeto árabe desde cedo. Conforme materiais descobertos em 1940, muitas inscrições em túmulos e cartas antigas mostram que, a exemplo do que ocorre hoje em urdu e um persa (farsi), a língua era escrita em alfabeto árabe. Porém, não havia uma codificação padronizada para esse uso e não se sabe exatamente acerca da extensão desse uso.

Nos anos 1920 houve diversas tentativas para uma padronização escrita para esta língua, sendo que em 1972 foram distribuídos panfletos ao público de uma partida de futebol num estádio de Mogadíscio (10 de outubro) definindo padronizações.

Os primeiros dicionários compreensivos foram produzidos em 1976, os Qaamuus kooban ee af Soomaali ah e Qaamuuska Af-Soomaaliga. Dos servidores públicos foi exigida a aprovação em exames de proficiência linguística somali. Em campanha de alfabetização rural, estudantes eram enviados a áreas rurais para ensinar a nova escrita. Assim, conforme relatórios, por volta de 1978, a maioria dos somalis eram alfabetizados, no mais rápido desenvolvimento de alfabetização ocorrido na história da África. Porém, mais recentemente, com a falência de um governo central e o fim do estado de direito na Somália depois da guerra civil, houve significativa queda no índice de alfabetização e uma estagnação no desenvolvimento do idioma somali.

Situação oficial

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Em 1972, o então presidente, Siad Barre, decretou o Somali como língua nacional e oficial da Somália, na sua forma padrão com o uso do alfabeto latino. Como o país esteve sob domínio de diversos países europeus com línguas diferentes, durante a transição para a independência foram usadas essas línguas pelo governo, em especial na educação profissional onde o inglês se mostrou importante. Até à decisão de Siad Barre, o uso da escrita do somali era uma questão complexa e causava polêmicas. Numa única ocasião em que o único jornal de Mogadício, "Corriere della Somalia", que normalmente apresentava três páginas em italiano e uma em árabe, apresentou uma página em somali escrita em letras latinas, houve ruidosos protestos contra o uso de um "alfabeto infiel". Desde o colapso do governo central do país na Guerra Civil Somali nos anos 90, o somali ficou como língua oficial do país e dos governos regionais como Somalilândia e Puntlândia.

Os dialetos somalis se dividem em três grupos:

  • Norte-Central - forma a base do "somali padrão"
  • Benaadir - somali do litoral, falado na costa de Benadir desde Cadale até o sul de Marka, incluindo Mogadício e áreas interiores mais próximas, apresenta fonemas adicionais que não existem na língua "padrão".
  • Maay - Trata-se praticamente de uma outra língua com seus próprios dialetos, incompreensíveis para a maioria dos falantes de "somali padrão". É falada pelos clãs Digil e Mirifle (chamados também de Rahanweyn) que vivem no sul da Somália. Outras línguas desses grupos são Dabare, Garre, Tunni Central e Jiido, esta última a mais incomprensível de todas para os falantes de somali. Essas línguas dos Digil e Mirifle diferem do "somali padrão" por não apresentarem sons faringeais. A retroflexiva /ɖ/ é substituída por /r/ em alguns casos.

Há mais de uma escrita para a língua somali[3]:

Escrita Osmanya

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Equivalência entre os alfabetos Osmanya e Latino Somali

Alfabeto criado em torno de 1920 por Osman Yusuf Kenadid(Somali: Cismaan Yuusuf Keenadiid), irmão do Sultão de Obbia(Hobyo). A escrita, criada por ele, serviu como resposta a uma campanha nacional pela criação de uma escrita padronizada para o Somali. Sua invenção foi logo introduzida nas escolas do Sultanato, chegando a ser amplamente conhecida, bastante utilizada e com uma ampla quantidade de literatura logo produzida; porém dificilmente se difundiu entre a população, principalmente devido à forte competição com a escrita Árabe nas zonas rurais, em suas várias formas, e com outros alfabetos, especialmente a forma latina.

Em somali é denominada far soomaali (escrita somali) ou cismaanya. É escrita da esquerda para a direita. São 30 caracteres, representando com alta exatidão fonética os sons da língua, sendo 9 para sons vogais e 21 para sons consoantes. apresenta também 9 caracteres próprios para algarismos mais o "zero". O nome das letras se baseia no alfabeto árabe, as letras waw(𐒓) e ya(𐒕) são usadas para indicar as vogais longas uu e ii. Os tons da língua não são representados nessa escrita. Esses tons indicam número, gênero e caso gramatical.

Embora nos anos 70 uma boa quantidade de pessoas ainda a usasse para correspondência pessoal e contabilidade,[4] com o advento da escrita latina, favorecida e promovida no governo de Mohammed Siad Barre nos anos 70, o Osmanya deixou de ser corrente, entrando em agudo declínio. Alguns livros e revistas também foram publicados no alfabeto.

Escrita Borama

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A Escrita borama ou Gadabuursi foi criada em 1933 pelo Sheikh Abdurahman Sheikh Nuur, tendo sido usada somente pelos mais próximos do Sheikh's em Borama, no norte da Somália(Oeste do estado não reconhecido da Somalilândia). Por seu inventor e a vasta maioria dos seus falantes e sabedores serem do clã Gadabuursi, o alfabeto recebeu este nome também (Gadabuursi).

São 25 caracteres com aparência intermediária entre o alfabeto latino e o alfabeto árabe, sendo 6 vogais e 19 consoantes. Há ainda dois conjuntos de caracteres, um para vogais e um para consoantes. Embora não tão amplamente conhecido quanto o Osmanya, o Borama produziu um notável corpo de literatura, consistindo na maior parte de Qasiida(Poemas líricos, de origem Árabe).

Escrita Wadaad

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Tabuleta de pedra somali do século XIV(quatorze), em escrita árabe

É a adaptação tradicional do alfabeto árabe, existe desde o século XIII e foi implantada pelo Sheikh Yusuf al-Kowneyn para ajudar no ensino do Alcorão e familiarização com a língua árabe. Embora vários wadaads(religiosos somalis) e estudiosos locais tenham por séculos usado a escrita árabe para escrever em Somali, foi apenas no século XIX que o Sheikh Uways al-Barawi, do clã Tuuni aprimorou essa escrita para uso no dialeto Maay, falado no sul da Somália. O linguista Somali Muuse Xaaji Ismaaciil Galaal produziu radicais alterações na expressão da pronúncia da escrita árabe e introduziu novos símbolos para vogais nos anos 50.

Escrita Kaddare

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A Escrita kaddare foi inventada pelo Sheikh Hussein Sheikh Ahmed Kaddare em 1952. Era tido como uma transcrição de Somali foneticamente robusta e muito precisa ortograficamente pelas comissões técnicas que procuravam uma escrita padrão para o Somali. Duas características curiosas dessa escrita são o uso de Maiúsculas e Minúsculas(mais ou menos como no Português) - ausente nas outras escritas exceto a latina - e o fato de poder ser escrito sem levantar a caneta da folha (mais ou menos como uma escrita cursiva(de mão)).[5]

Ficheiro:Kaddarecon.gif
Kaddarecon

Alfabeto latino

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Criado na década de 60 por Shire Jama Ahmed, passou a ser a escrita oficial para o somali em 1972, durante o governo de Siad Barre. Essa escrita usa o alfabeto latino do inglês sem P, V e Z. Não há diacríticos, exceto o apóstrofo (') para representar o fonema "oclusivo glotal" (AFI:/ʔ/) (nunca é inicial). Há três dígrafos de consoantes: DH (AFI:/ᶑ/, /ɗ/), KH (AFI:/χ/), SH (AFI:/ʃ/). Não há marcação para os tons, nem distinção gráfica para vogais frontais ou posteriores. As vogais longas são indicadas pela duplicação gráfica (por exemplo: aa é o a longo; AFI:/æ:/, /ɑ:/). Letras maiúsculas são usadas no início de frases e em nomes próprios.

A língua somali é uma língua aglutinativa, usando marcadores para caso gramatical, gênero e número. As maiores diferenças de características entra a língua somali e a maioria das línguas indo-europeias incluem:

  • Diversas formas para os pronomes pessoais.
  • Partículas usadas para significar o "foco" de uma frase.
  • Significativo uso dos tons para indicar caso, gênero e número. O gênero muda entre a forma singular e plural.

O somali apresenta muitas palavras originárias do árabe, do persa e, mais recentemente, das línguas dos colonizadores, do inglês e do italiano. As palavras que vieram do árabe são principalmente as de fundo religioso (os somalis são sunitas em sua maioria), de vida pastoral e do dia a dia mais tradicional. Assim como nas palavras de origem árabe incorporadas às línguas indo-européias, essas palavras muitas vezes já incoporam o artigo "al". Ex.: Somali albaabka (a porta), do árabe الباب al baab. Um grande número de neologismos ligados ao governo e à educação surgiram para expressar conceitos depois que o somali se tornou a língua oficial da Somália.

Amostra de texto

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Aadanaha dhammaantiis wuxuu dhashaa isagoo xor ah kana siman xagga sharafta iyo xuquuqada Waxaa Alle (Ilaah) siiyay aqoon iyo wacyi, waana in qof la arkaa qofka kale ula dhaqmaa si walaaltinimo ah.

Tradução:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Eles são providos de razão e consciência e devem agir uns em relação aos outros num espírito de fraternidade. (Artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos)

Referências

Ligações externas

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