Haplometra cylindracea
Haplometra cylindracea | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Haplometra cylindracea (Zeder, 1800) |
Haplometra cylindracea é um platelminto parasita da classe Trematoda que se aloja no pulmão de rãs. Infecta indivíduos dos gêneros Rana, Bufo e Bombina.[1]
Foi classificada como Distoma cylindraceum por Zeder em 1800 e depois reclassificada por Looss em 1899.[2]
Morfologia
[editar | editar código-fonte]O verme adulto é alongado, cilíndrico e mede aproximadamente 10 mm de comprimento, apesar de indivíduos com até 20 mm já terem sido descritos. Seu corpo é branco leitoso e opaco. A ventosa ventral é menor do que a ventosa oral. A faringe é pequena, o esôfago tem comprimento médio, e a ceca é longa. O intestino é bifurcado. Os testículos são esféricos, um localizado atrás do outro, e ficam na região mais afastada da cabeça, e o ovário é anterior aos testículos. O poro genital é localizado na região média, perto da ventosa ventral.[3][4]
Ciclo de vida
[editar | editar código-fonte]Os ovos são eliminados nas fezes da rã, e se tornam marrons escuros em contato com o ar, devido às proteínas em sua composição, e só vão ecolidr quando ingeridos por um molusco adequado, que se torna seu hospedeiro intermediário. As espécies de molusco afetadas são os caramujos Lymnaea truncatula,[5]L. ovata, L. palustris, L. stagnalis, e Radix auricula.[1] Dentro do molusco, os miracídios se alojam no hepatopâncreas do hospedeiro, onde se desenvolvem em esporocistos. Os esporocistos se transformam em cercárias do tipo xifidocerária.
Antigamente, acreditava-se que o ciclo de vida envolvida dois hospedeiros intermediários. De acordo com livros das décadas de 1960 e 70, após o desenvolvimento no molusco, as cercárias infectariam um besouro aquático, que seria posteriormente predado por uma rã, e assim os vermes passariam para o seu hospedeiro definitivo.[3] No entanto, livros mais recentes trazem a informação de que este besouro não participa do ciclo de vida do verme, e as cercárias penetram diretamente a rã adulta.[1] As espécies afetadas são Rana tavesensis,[2] Pelophylax kl. esculentus,[4] Bufo bufo, Rana esculenta, R. arvalis, R. dalmatina, R. ridibunda, R. macrocnemis (por vezes tida como sinônimo de R. holtzi), R. temporaria,[6] R. camerani, Bombina bombina e B. variegata.[7]
Dentro da rã, as cercárias se encistam na boca e na região antero-ventral, de onde, após 3 ou 4 dias, saem as metacercárias em direção ao pulmão, onde vai ocorrer a reprodução sexuada. Os ovos passam para a glote da rã, são engolidos e eliminados nas fezes, e o ciclo recomeça.
Distribuição e prevalência
[editar | editar código-fonte]Haplometra cylindracea ocorre na Europa, no norte da Ásia e até na Sibéria, frequentemente em altitudes entre 1600 metros e 2600, com indícios de que quanto menor a altitude, menor a porcentagem de rãs infestadas pelos vermes. Em uma população de Rana macrocnemis no Cáucaso, acima de 2000 m, 66% das rãs estavam infetadas com vermes, e essa número ficava cada vez menor a medida que a altitude diminuía.[2]
Um estudo com rãs-comuns (Rana temporaria) do sul da Inglaterra revelou que 32% dos espécimes estavam contaminados com Haplometra cylindracea, com 3,9 vermes por rã, em média, e outro estudo com rãs de Leningrado, Rússia, mostrou uma contaminação de 41%, com 2,5 vermes por rã.[8]
Conservação in vivo
[editar | editar código-fonte]Vários métodos já foram experimentados para a conservação de indivíduos vivos. Na década de 50, as técnicas da época permitiam manter os indivíduos vivos em média por 70 dias,[9] enquanto atualmente é possível armazená-los por até 88 dias, o que provavelmente é uma diferença significativa.[8]
Em espécimes recém-mortos, o glicogênio é armazenado principalmente no parênquima e nos músculos, com pequenas quantidades no ovários, testículos, canais excretores e subcutícula, como em outros trematódios.[8]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- P. Vignoles, G. Dreyfuss e D. Rondelaud. «Haplometra cylindracea (Zeder, 1800) (Trematoda: Plagiorchiidae): variation in the dates of cercarial shedding for overwintering Galba truncatula»
- ↑ a b c J. D. Smyth. Introduction to Animal Parasitology (em inglês) 3ª ed. [S.l.: s.n.] p. 219
- ↑ a b c «First data on the helminth fauna of a locally distributed mountain frog, "Tavas frog" Rana tavasensis Baran & Atatür, 1986 (Anura: Ranidae), from the inner-west Anatolian region of Turkey» (PDF). Turkish Journal of Zoology 36, 496-502. 2012
- ↑ a b David G. Baker. Flynn's Parasites of Laboratory Animals (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 138
- ↑ a b Ben Dawes (1968). The Trematoda: With Special Reference to British and Other European Forms. (em inglês). [S.l.]: Cambridge
- ↑ A. MOUKRIMI; et al. «Haplometra cylindracea (Trematoda: Plagiorchiidae) in Lymnaea truncatula: Cercarial shedding during single or dual infections with other digenean species». Research and Reviews in Parasitology, 53 (1-2): 57-61 (1993). Asociación de Parasitólogos Españoles
- ↑ H. S. Yildirimhan, C. R. Bursey, S. R. Goldberg (2006). «Helminth Parasites of the Taurus Frog, Rana holtzi, and the Uludag Frog, Rana macrocnemis, with Remarks on the Helminth Community of Turkish Anurans». Comparative Parasitology, 73(2):237-248 (em inglês). The Helminthological Society of Washington
- ↑ Serdar Düşen (2007). «Helminths of the Two Mountain Frogs, Banded Frog, Rana camerani Boulenger, 1886 and Uludağ Frog Rana macrocnemis Boulenger, 1885 (Anura: Ranidae), Collected from the Antalya Province» (PDF). Türkiye Parazitoloji Dergisi, 31 (1): 84-88 (em inglês). Turkish Society for Parasitology
- ↑ a b c Ralph Muller. «Glycogen Metabolism in the Frog Lung Fluke, Haplometra cylindracea (Zeder 1800)». The Journal of Parasitology Vol. 52, No. 1 (Feb., 1966). The American Society of Parasitologists. p. 50-53
- ↑ Ben Dawes e Ralph Muller (30 de novembro de 1957). «Maintenance in vitro of Haplometra cylindracea». Nature (em inglês). 180 (4596). 1217 páginas