Geleira rochosa
Uma geleira rochosa é um acidente geográfico geomorfológico de cascalho rochoso angular congelado em gelo intersticial, que pode se projetar para fora e encosta abaixo de cones de tálus, geleiras ou morenas terminais de geleiras. Há dois tipos de geleiras rochosas: geleiras periglaciais, e geleiras derivadas de tálus. Possíveis formações de geleiras rochosas marcianas foram descobertas pela sonda espacial Mars Reconnaissance Orbiter.
Formação
[editar | editar código-fonte]Pouco é sabido acerca da formação das geleiras rochosas. Dois fatores conhecidos que podem estar presentes na criação de geleiras rochosas são a baixa velocidade do gelo e o permafrost. A maioria das geleiras rochosas são criadas pela recessão de geleiras cobertas por cascalho. Rochas glaciais são frequentemente encontradas em bacias de circo onde o cascalho rochoso despenca dos paredões íngremes e se acumula em geleiras rochosas.[1] Na medida em que as geleiras encolhem, suas composições mudam e o cascalho passa a se acumular sobre elas. Eventualmente, o gelo glacial é substituído por rochas de núcleo de gelo.[2] Com a execeção das rochas de núcleo de gelo, as geleiras rochosas constituem um processo periglacial. Isso significa que as geleiras rochosas são uma formação não-glacial associada à climas frios, particularmente a vários aspectos do solo congelado. A formação das geleiras rochosas periglaciais requer permafrost ao invés de gelo glacial. Ao invés disso, elas são causadas pelo congelamento contínuo ocorrendo dentro de um lóbulo de tálus.[3]
As geleiras rochosas podem ainda ser originárias de um movimento maciço ou um deslizamento de terra, processos que não requerem a presença de gelo e sugere uma origem catastrófica repentina com pouco movimento subsequente.
Movimento
[editar | editar código-fonte]Geleiras rochosas se movem encosta abaixo através da deformação do gelo em seu interior, fazendo com que suas superfícies se assemelhem àquela das geleiras. Algumas geleiras rochosas podem atingir até 3 km de cumprimento e possuir bancos de até 60 m de altura. Blocos na superfície podem medir até 8 m de diâmetro. Formações de fluxo na superfície da das geleiras rochosas podem se desenvolver a partir de:
- Deformação do núcleo de gelo
- Movimento da cobertura de cascalho ao longo da interface entre o cascalho e o gelo.
- Deformação de um período de avanço das geleiras.
- Mudanças no equilíbrio hidrológico.
O crescimento e a formação das geleiras rochosas é motivo de controvérsia, havendo três teorias principais para sua explicação:
- Origem no permafrost, que implica que as formações são relacionadas à ação do permafrost, e não à ação glacial;
- Origem no movimento maciço ou deslizamento de terra, processos que não requerem a presença de gelo e sugere uma origem catastrófica repentina com pouco movimento subsequente.
Geleiras rochosas podem se mover ou rastejar vagarosamente, dependendo em parte da quantidade de gelo presente.
Uso humano
[editar | editar código-fonte]Geleiras rochosas nos Andes Chilenos ajudam no abastecimento de água de grande parte do Chile, incluindo a capital Santiago. Operações de mineração nas altas montanhas tem levado à degradação e destruição de mais de duas geleiras rochosas. Várias minas de cobrede positam seus rejeitos em geleiras rochosas, resultando em um derretimento mais acelerado e maior velocidade do movimento dessas geleiras rochosas. A deposição de detritos rochosos nas geleiras rochosas pode levar à sua desestabilização. Em 2004, agricultores e ambientalistas promoveram uma mudança na lei determinando que novos projetos de mineração não poderiam mais causar danos ou alterar as geleiras rochosas no Chile.[4]
Galeria
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Geleira rochosa ativa, nos Alpes de Zillertal.
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Geleiras rochosas nos montes Wrangell St Elias, no Alasca.
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Geleira rochosa em Bettmerhorn, Alemanha.
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Vista da geleira rochosa de Laurichard no outono. O tálus lateral-frontal é claramente visível.
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Rimaia observável na base da geleira rochosa de Laurichard (Altos Alpes) no fim do verão de 2003 (essa crevassa possui de 3 a 5 metros de altura).
- ↑ Easterbrook, D. J (1999). Surface processes and landforms. [S.l.]: Prentice Hall. p. 405
- ↑ Gürgen, Gürcan, et al. "DEBRIS-COVERED GLACIERS AND ROCK GLACIERS." e-Journal of New World Sciences Academy (NWSA) 5.1 (2010): 32-45.
- ↑ *Process Geomorphology, 3rd Ed. [S.l.]: Wm. C Brown Communications, Inc. 1995. pp. 383–385
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(ajuda) - ↑ *Orlove, Ben (2008). Darkening Peaks: Glacier Retreat, Science, and Society. Berkeley: University of California Press. pp. 196–202
- Easterbrook, D. J (1999). Surface processes and landforms. [S.l.]: Prentice Hall. p. 405
- Glaciers & Glaciation. London: Arnold. 1998. pp. 257–259
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(ajuda)
- Orlove, Ben (2008). Darkening Peaks: Glacier Retreat, Science, and Society. Berkeley: University of California Press. pp. 196–202
- Process Geomorphology, 3rd Ed. [S.l.]: Wm. C Brown Communications, Inc. 1995. pp. 383–385
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(ajuda)
- Gürgen, Gürcan; et al. (2010). [academic search complete «Debris Covered Glaciers and Rock Glaciers»] Verifique valor
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(ajuda). e-Journal of New World Sciences Academy (NWSA). 5 (1): 32-45, 14 - Hausmann, H.; K. Krainer, E. Bruckl, W. Mostler (2007). «Internal structure and ice content of Reichenkar rock glacier (Stubai Alps, Austria) assessed by geophysical investigations» (PDF). Permafrost and Periglacial Processes. 18 (4): 351–367. doi:10.1002/ppp.601
- Whalley, W. Brian; Fethi Azizi (8 de março de 2003). «Rock glaciers and protalus landforms: Analogous forms and ice sources on Earth and Mars» (PDF). Journal of Geophysical Research. 108. 17 páginas. Bibcode:2003JGRE..108.8032W. doi:10.1029/2002JE001864
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Rock glacier», especificamente desta versão.