Fermentelos
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Freguesia | ||||
A Pateira de Fermentelos | ||||
Símbolos | ||||
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Localização | ||||
Localização no município de Águeda | ||||
Localização de Fermentelos em Portugal | ||||
Coordenadas | 40° 34′ 00″ N, 8° 31′ 00″ O | |||
Região | Centro | |||
Sub-região | Região de Aveiro | |||
Distrito | Aveiro | |||
Município | Águeda | |||
Código | 010109 | |||
Administração | ||||
Tipo | Junta de freguesia | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 8,58 km² | |||
População total (2021) | 3 028 hab. | |||
Densidade | 352,9 hab./km² | |||
Código postal | 3750 | |||
Outras informações | ||||
Orago | Santo André | |||
Sítio | www.jf-fermentelos.com |
Fermentelos é uma vila portuguesa sede da Freguesia de Fermentelos do Município de Águeda, freguesia com 8,58 km² de área[1] e 3028 habitantes (censo de 2021)[2], tendo, por isso, uma densidade populacional de 352,9 hab./km².
Localizada na extremidade sudoeste do município, a freguesia de Fermentelos tem como vizinhas as freguesias de Óis da Ribeira a nordeste e de Espinhel a leste, e os municípios de Oliveira do Bairro a sul e de Aveiro a noroeste.
Aldeia até 1928, a povoação de Fermentelos foi elevada à categoria de vila nesse ano pelo Decreto n.º 15456, de 5 de Maio.[3][4]
Demografia
[editar | editar código-fonte]Nota: Por decreto de 21 de novembro de 1895 deixou de pertencer ao concelho de Oliveira do Bairro, para integrar o de Águeda. A sede de freguesia foi elevada à categoria de vila por decreto nº 15.456, de 15 de maio de 1928.
A população registada nos censos foi:[2]
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Distribuição da População por Grupos Etários[6] | ||||
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Ano | 0-14 Anos | 15-24 Anos | 25-64 Anos | > 65 Anos |
2001 | 479 | 460 | 1639 | 570 |
2011 | 507 | 308 | 1762 | 681 |
2021 | 360 | 308 | 1595 | 765 |
História
[editar | editar código-fonte]Lenda
[editar | editar código-fonte]Uma lenda popular fala-nos de três irmãos, que se tinham perdido no nevoeiro, enquanto navegavam no rio Cértima guiando-se até encontrarem a Pateira. Impressionados pela beleza do local, decidiram permanecer no local e pescarem, vendo a pesca às populações vizinhas. Os três irmãos (André, Domingos e Tomé) tentaram então dar um nome ao local, começando a discutir. O mais novo e impulsivo sugeriu Ferment e rapidamente entrou em conflito com os outros dois, dando lugar a um duelo que separou os três irmãos para sempre. Do português arcaico ferment+duelo (tello) surgiu o nome Fermentelos.[7]
Época Medieval
[editar | editar código-fonte]A primeira aparição do nome Fermentelos, como povoação (1050) veio de inventários de Gonçalo Viegas e de sua esposa Flâmula, que trabalhavam no sentido de identificaram a vila e suas pessoas.[8] Em 1077, um inventario semelhante surgiu, mas desta vez continha as terras de Paio Gonçalves. Nesta altura aparece uma referência a uma povoação denominada de Faramontanellos situada nas margens do rio Cértima, aparecendo no documento 549 na Diplomata et Charte.[7]
Desde das referências mais primordiais, caçadores a cavalo aparecem sempre, que pagavam o donatário, uma taxa para caçar em terras designadas para essa mesma actividade, que eram conhecidos como Foramontanos.[7] Durante os inquéritos do rei D. Afonso II's em 1220, o nome local evoluiu para Foramontaelos, cujo significado dos radicais era fora+monte (provavelmente montaria, monteiro),que tinha o seu significado explícito e literal na frase "caçadores montados nas costas de um cavalo".[7] Em terras de pequenas dimensões, ou com falta de jogos (de caça), as áreas eram referidas como Foramontanelos. Estes adjectivos evoluíram para nomes, Foramontões e Foramontanelos, Aparecendo finalmente em documentos, como o foral Manuelino.[7]
Os inquéritos do rei identificaram uma grande qualidade, bem como quantidade, de bens cultiváveis, contudo não havia referência a habitantes, mesmo quando populações vizinhas floriam com população. "Foramontaelos era uma vila e toda real"; era, de facto, uma terra d'El Rei que produzia trigo, vinho, galinhas, ovos, queijo e manteiga, mas pouco se conhecia se os habitantes se limitavam a cultivar ou se residiam dentro dos limites territoriais.[7]
Mata Real
[editar | editar código-fonte]O Rei D. Manuel I de Portugal agregou Formentelos no, agora extinto município de Óis da Ribeira a 2 de junho de 1516, aquando da criação do seu foral. A área de Formentelos era designada como Mata Real de Perrães, Paradela, e Louredo, e era vizinha directa das terras ocupadas pelos Bispos de Coimbra e do Convento da Lourã. No final do século XV, o Rei foi obrigado a dar ao governador de Aveiro Anrique de Almeida a protecção da Mata de Perrães, de modo a proteger as terras de vagabundos que roubavam veados e utilizavam as terras para criar porcos.[9] Em 1626, Lourenço de Almeida Alcoforado, filho da sobrinha de Anrique de Almeida, que era o herdeiro dos privilégios reais sobre a Mata de Perrães, vendeu-os a Diogo de Teles Castel-Branco a 17 de Abril de 1626, Na presença do notário Belchior Correia de Vasconcelos.[7]
Em 1672 uma planta formal da Mata Real foi empreendida pelo Rei, concluindo que a terra designada como Terra d'El Rei tinha diminuido consideravelmente; devendo-se à necessidade de examinar os domínios reais por barco, determinou-se que uma parcela passou a integrar a Pateira de Fermentelos.[7]~
Era Moderna
[editar | editar código-fonte]O Protectorado de Fermentelos continuou a ser da responsabilidade da família de Diogo de Teles desde 1626, até meados do século XIX. Depois a Casa do Atalho, que sempre fora responsável pela justiça, resolvendo disputas de propriedade e recolhendo rendas toma o cargo de juiz de fora. Durante as Guerras Liberais, o protectorado é herdado por uma nobre, cujo marido era partidário de D. Miguel I de Portugal. Mesmo depois dos conflitos de 1822 e 1834, ela apoiou as forças absolutistas e os seus interesses locais, esquecendo-se das rendas destes rebeldes absolutistas.[7]
Até 1832, Fermentelos foi governado por nobres sob os auspícios do Juiz do Exterior, um titular cerimonial que administrou várias terras de monarcas. Fermentelos tornou-se numa paróquia independente a 16 de maio de 1832, as leis (até ao momento utilizadas) foram abolidas e o sistema de paróquias, municípios e distritos foram instituídos, facto que eliminou muitos dos títulos honoríficos associados com as classes dominantes, incluindo os juízes de fora os governadores locais.
Património
[editar | editar código-fonte]- Cruzeiro
- Igreja Matriz (reconstrução no ano de 1911)
- Capela de N. Sr.ª da Saúde (Febres)
- Capela de St.º Inácio.
- Pateira de Fermentelos, a maior lagoa de água doce da Península Ibérica e a segunda maior da Europa.
- Casa-Museu João Tomás Nunes
Fontes
[editar | editar código-fonte]- Laranjeira, Célia (2008). Pateira de Fermentelos: Paisagem a proteger. Águeda, Portugal: Câmara Municipal de Águeda
- Leite, António Martins Costa (4 de setembro de 2010). «Paróquia de Fermentelos: Arciprestado de Oliveira do Bairro - Diocese de Aveiro». Paróquia de Fermentelos - Fermentelos, Portugal. Fermentelos.diocaveiro.net. Consultado em 31 de outubro de 2010
- Oliveira, Victor de (1979). A Pateira e suas gentes : Recordar é viver. Águeda, Portugal: Câmara Municipal de Águeda
- Soares de Sousa Baptista, Augusto (1950). Considerações sobre a Cidade Luso-Romana de Vacca, o Julgado e o Burgo de Vouga. XVl. Aveiro, Portugal: Arquivo do Distrito de Aveiro
- ↑ «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013
- ↑ a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos»
- ↑ «Decreto n.º 15456 de 5 de Maio» (PDF). Diário da República
- ↑ «Decreto n.º 15456, de 11 de maio». diariodarepublica.pt. Consultado em 28 de novembro de 2023
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022
- ↑ a b c d e f g h i Augusto Soares de Sousa Baptista (1950)
- ↑ Dr. Sousa Baptista (1950) indicou que a referência de uma vila provavelmente apenas indiciava uma pequena povoação, ou terras senhoriais cultivadas pelos servos locais.
- ↑ O governador recebia como pagamento 250 réis e seis galinhas, pagas no dia de São João. O documento foi assinado em Muge Salvaterra de Magos no dia 15 de Novembro de 1496.