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Extrativismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Extrativismo significa resumidamente todas as atividades de coleta de produtos naturais, sejam estes produtos de origem animal, vegetal ou mineral. É a mais antiga atividade humana, antecedendo a agricultura, a pecuária e a indústria. Praticada por todas as sociedades.

Até o início do século XIX o conceito de extrativismo baseava-se nas ideias dos Naturalistas, nas grandes descobertas científicas, nas grandes viagens, enfim, na "mãe natureza" e na riqueza nela contida, pensamento que foi reforçado pela Revolução Industrial e criticado por Karl Marx, que entendia que nas sociedades capitalistas os recursos naturais se tornavam produtos e passaram a ser chamados de matérias-primas, tidas como inesgotáveis e seu consumo controlável pelo homem.

Já no século XX com o avanço das tecnologias e do crescimento populacional, o homem começou a perceber que esta matéria-prima oriunda dos recursos naturais eram esgotáveis. Desta maneira surgiram novas ideias com relação a sustentabilidade dos ecossistemas, as quais foram colocadas em prática através dos chamados projetos de desenvolvimento sustentável.

Extrativismo predatório

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Extrativismo predatório é a retirada indiscriminada de recursos da natureza, podendo ser recursos minerais, animais ou vegetais.Em geral tiram-se as riquezas do local sem se preocupar se elas se reconstituirão, e em determinado momento esta riqueza deixa de existir. Este extrativismo provoca desequilíbrio no ecossistema e impactos por vezes irreversíveis, como o assoreamento de rios e lagos, deterioração do ambiente, destruição das margens dos rios, contaminação da fauna, destruição da cobertura vegetal etc. No caso do extrativismo mineral, como o garimpo, contamina as águas com aplicação de mercúrio e outros detritos.Os danos gerados nas áreas onde são desenvolvidas a mineração ou garimpagem são irreversíveis.

O extrativismo praticado pelos nativos das Américas

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Quando consideramos a imensa área geográfica das Américas e as inúmeras tribos que nelas habitavam, deduzimos que era de alguns milhares a quantidade das plantas utilizadas como alimento, bebida, medicamento, alucinógeno, fibra, corante, vasilhame, fertilizante, combustível, veneno, incenso, lubrificante, joia, instrumento musical, arma, conservante, ferramenta, brinquedo, impermeabilizante e outros. Igualmente, a fauna ricamente diversificada oferecia ampla fartura de alimentos, bem como de matérias primas para vestimentas, armas e utensílios.[1]

Quando se procura dados sobre a Etnobotânica dos povos indígenas das Américas, ou seja, as suas interações com as plantas e o emprego dos vegetais em suas vidas, bem como da Etnozoologia, que compreende o papel dos animais na vida e folclore dos mesmos povos, verifica-se que há relativamente poucas informações sobre os povos da América do Sul e América Central se comparadas com as da América do Norte. A esmagadora diversidade botânica e animal do sul e centro das Américas quando confrontada com a do norte parece contradizer estes dados. Em outras palavras, era de se esperar que os povos do sul e do centro fizessem uso de maior variedade de plantas e animais do que os do norte. É provável que seja este o caso e se há menos informações sobre a Etnobotânica e a Etnozoologia relativa aos povos do sul e centro é porque mais pesquisadores do norte se dedicaram e se dedicam a estes estudos relacionados a tribos norte-americanas.[1]

As dez plantas mais usadas como alimento pelos índios norte-americanos eram: common chockcherry (Prunus virginiana), banana yucca (Yucca baccata), corn (milho) (Zea mays), saskatoon serviceberry (Amelanchier alnifolia), honey mesquite (Prosopis glandulosa), American red raspberry(Rubus idaeus), saguaro (cacto saguaro) (Carnegia gigantea), salmonberry (Rubus spectabilis), timbleberry (Rubus parviflorus) e broadleaf cattail (Typha latifólia).[2] Para os indígenas da Califórnia tinha especial importância o acorn (bolota), fruto do carvalho (Quercus spp.).[3]

Na América do Sul e América Central as plantas mais usadas como alimento pelos índios eram:milho (Zea mays), macaxeira ou mandioca-doce (Manihot utilíssima) mandioca (Manihot esculenta), moriche (Mauritia flexuosa L.), agave ou piteira (Agave spp.), algaroba (Prosopis spp.), castanha-do-pará (Bertholletia excelsa), o caju (Anacardino ocidentalize).[4][5][6][7][8][9]

Seguem listas dos produtos naturais que os ameríndios faziam uso. Primeiro vem o nome do produto, seguido pelo nome dos nativos que o utilizam e respectivas regiões por eles habitadas:

Bolota, fruto do carvalho. Suas sementes serviam de alimento para os nativos
Mistol (Zisyphus mistol Gr.), fruto apreciado por nativos da Argentina
Diversos tipos de bagas

Bagas são em linguagem comum, mas não em botânica, todo fruto pequeno e doce como amora, ameixa, morango, groselha, framboesa, mirtilo e outros.[1] Na lista abaixo, quando a espécie da baga não for especificada, será indicada apenas como baga.

Taioba (Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott ),

Raiz, tubérculo e rizoma

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Tronco, casca e câmbio

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Frutos do mar

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Artrópodes e outros invertebrados

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Vespa (Marimbondo)

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Algumas tribos de índios incluíam a terra no cardápio. Para uma lista que incluía insetos crus ou assados, cobras, larvas, piolhos e alguns tipos de carne apodrecida,[4] macacos e homens, não é de todo estranho que a terra participasse desta lista.[1]

Não só povos das Américas tinham o hábito de comer terra, mas também os europeus, africanos e asiáticos. Trabalhadores de minas alemães ao invés de manteiga passavam argila no pão e mulheres de Portugal e Espanha gostavam de mascar argila, por elas chamadas de terras cheirosas.[39] A geofagia entre humanos foi documentada em 450 a.C. por Hipócrates.[76]

Sabe-se que em algumas circunstâncias tribos eram assoladas pela fome e tentavam se alimentar do que se achava ao seu redor. Alguns estudiosos acreditam que uma das opções era a terra e com o tempo foram se acostumando com esta escolha, que passou a fazer parte do cardápio.[1]

Outra maneira dos humanos aprenderem quais plantas e animais eram comestíveis foi observando do que animais se alimentavam. Alguns são herbívoros, outros carnívoros, outros onívoros (como o lobo-guará, o porco, a ema, o jabuti, etc.) e há ainda os geófagos, que se alimentam de terra, como o matapi (peixe), o jabuti, o mutum[4] e o jacundá-coroa (peixe).[8] Mesmo animais não necessariamente geófagos, às vezes ingerem terra para dela obter sais não disponíveis nas suas fontes alimentares usuais.[1]

Há locais na floresta chamados barreiros, resultantes de antigos depósitos de sal-gema, onde se pode observar uma grande variedade de animais chafurdando o barro. Lado a lado está a onça, o veado, a capivara, diversos pássaros, todos em busca do cloreto de sódio e outros sais. Na América do Norte este comportamento dos animais pode ser observado em várias regiões onde são vistos o bisão, alce, urso, coelho, esquilo, marmota e vários tipos de pássaros, além de animais domesticados como boi, ovelha e porcos.[77]

Os índios ficavam de tocaia nestes locais à espera de caça. Possivelmente observaram os animais ingerindo o barro e, consequentemente, fizeram o mesmo. Supostamente alguns gostaram e o incluíram em suas dietas. Vaqueiros do sudeste brasileiro chamavam a estes lugares de "lambedor", uma vez que o gado lambe a terra. Com a chuva, formam-se lagoas salinas de onde o sertanejo extraia o sal.[1]

Algumas tribos levavam o barro para suas aldeias, onde o usavam para fazer sopa de argila acrescida de pirarucu e mandioca. Os Tupinambá do Maranhão faziam bolas de terra e as ingeriam como se fosse fruto. Além de barro, ingeriam terra de cupinzeiros, areias e outros tipos de solos.[4]

Alguns nativos venezuelanos tinham o costume de ingerir terra e muitos europeus acreditavam que eles não ficavam doentes porque também ingeriam gordura de jacaré.[5]

Os Otomaco, da Venezuela, na época de escassez de pesca alimentavam- se majoritariamente de terra. Faziam provisões de bolinhos de terra, cada um com cerca de 10 cm de diâmetro, amontoados em forma de pirâmide com cerca de um metro de altura. Os bolinhos eram levemente assados e com isso obtinham uma crosta endurecida. Depois eram levemente umedecidos para serem comidos e aqueles índios chegavam a passar dois meses tendo em sua dieta apenas os bolinhos de terra. Quando a estação de pesca voltava,eles raspavam a crosta dos bolinhos e a adicionavam ao peixe para ingeri-lo. Indianistas, missionários e outras fontes atestaram que a saúde dos Otomaco era perfeita e nada indicava que a ingestão de terra provocava algum tipo de distúrbio.[4][46][39]

A ingestão de terra pelos Otomaco ocorria também durante um jogo com bola. Doze participantes de cada lado deveriam receber e rebater com o ombro direito a bola feita de borracha e, à medida que jogavam, iam comendo punhados de terra.[5]

Os Otomaco faziam um singular pão de terra. Amassavam em forma de bola a argila ou barro especial que, devido à contínua ação da água, se achava deteriorado. A bola era colocada dentro de covas feitas à beira do rio. No centro da massa enterravam os grãos de milho, outros cereais ou frutas. Dias depois, quando o que fora incorporado estava fermentado, retiravam o conjunto, colocavam em um recipiente e o amassavam novamente, adicionando um pouco de água. Tudo era passado em peneira bem fina e recolhido em outro recipiente. A mistura era deixada em repouso e a terra e o amido decantavam. A água clara que ficara acima era misturada com gordura de tartaruga ou jacaré e tudo era adicionado à parte decantada e o conjunto mais uma vez amassado. Pães arredondados eram feitos com a massa e assados, resultando em uma textura macia. Quando não havia gordura os pães eram feitos apenas com a parte decantadas, mas depois de assados ficavam duros.[46]

Os Atsugewi da Califórnia (USA) faziam pães e biscoitos com massa de amêndoa de bolota (castanha do carvalho), água e terra. Eles eram envoltos em folhas de girassol e assados a noite toda em fornos de terra. Eram itens muitas vezes presentes em expedições de caça.[3]

Índias ceramistas das margens do Rio Magdalena, na Colômbia, comiam a argila que estava sendo usada para fazer potes e cuias. No Peru os nativos ingeriam a cal misturada com folhas de coca e era comum que os índios mensageiros levassem em suas viagens apenas este alimento. Os Guajiroe do Rio Hacha comiam a cal pura, sem nenhum acompanhamento.[39]

Tribos dos Andes, como os Quetchus, mergulhavam os alimentos em água com argila dissolvida antes de ingeri-los, alegando que este procedimento evitaria dores estomacais, disenteria e infecções alimentares. O resgate de prisioneiros era pago com argila e não com prata. Quando o Império Inca desintegrou-se, grupos fugiram para os Andes levando consigo não os tesouros em metais preciosos e sim lotes de argilas. A argila era tão importante para os índios que ela era seca e transportada para todo lugar que eles se dirigiam. Além de alimento, a argila era também usada como máscara pelos guerreiros, para pintar o corpo em danças cerimoniais e também para cobrir o corpo de mensageiros exaustos, aliviando-os da exaustão. Imersão na argila era prática comum para relaxamento corporal.[78]

Em Quito, os nativos de Tigua bebiam com água uma argila muito fina misturada à areia quartzosa que dava a aparência leitosa ao líquido e o nome dado à bebida era leite de argila.[39] Algumas tribos do Alto Xingu como os Nahuquá, os Mehinaku e os Aueto buscavam para beber água de charcos lodosos e barrentos ou de canais de água parada.

Em algumas tribos era costume usar argila como acompanhamento para pratos de mandioca e peixe como o pirarucu. Sertanistas relataram que durante a marcha pela floresta alguns guias indígenas paravam ao lado de cupinzeiros e deles removiam pedaços para comer. A argila cinza-esverdeada era a preferida por alguns nativos. Os Txukahamãi, que habitavam as regiões dos rios Xingu e Jarina, não gostavam de barro como a tabatinga, mas adoravam terra saibrosa, encontrada em cupinzeiros. De um modo geral, todo tipo de terra era ingerido pelos índios, incluída entre elas a areia da praia.[4]

Os Bororó bebiam água misturada com uma terra branca e os Mehinaku e os Bakairi de Mato Grosso preferiam para beber a água lodosa e barrenta. Meninos nativos do rio Negro mergulhavam em lagos e rios para comer o barro depositado no fundo, acreditando que ele curaria a febre. Constatou-se que índios atacados de verminoses e malária, com problemas no fígado e no baço, mesmo assim apresentavam quantidade satisfatória de hemoglobina no sangue, o que foi atribuído ao costume de ingerir terra com alta concentração de óxido de ferro e manganês.[4] Estes dois óxidos fazem parte de medicamentos receitados a portadores das duas moléstias e os índios instintivamente as combatiam ingerindo terra. Mesmo após entrarem em contato com missionários, as paredes de barro dos edifícios das missões tinham que ser reformadas três vezes por ano, visto que os índios as comiam. Nem os vasilhames de barro escapavam.[63][67]

Embora a ingestão de terra fosse comum entre os índios, alguns viajantes europeus às vezes associavam erroneamente este hábito como um ato de suicídio.[79]

Algumas tribos de índios norte-americanos ingeriam argila pura ou em combinação com outros alimentos, como batatas selvagens para minimizar o sabor acre deste vegetal.[80]

Os Bakairi do Xingu afirmavam que seus antepassados não conheciam o milho e nem a mandioca e se alimentavam de terra.[4]

Na Africa e muito comum o cultivo e a produção de uma fruta raríssima chamada Afonsusdromedalis [seu nome cientifico] E usada muito para a produção de oleos e produtos cosmeticos.

Referências
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