Drusila (irmã de Calígula)
Júlia Drusila | |
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Busto de Júlia Drusila. | |
Consorte | Lúcio Cássio Longino Marco Emílio Lépido |
Nascimento | c. 16 de setembro de 16 |
Abitárvio (Coblença, na Alemanha) | |
Morte | 10 de junho de 38 (21 anos) |
Roma | |
Nome completo | Julia Drusilla |
Dinastia | Júlio-claudiana |
Pai | Germânico |
Mãe | Agripina Maior |
Júlia Drusila (em latim: Julia Drusilla[1] Abitárvio, c. 16 de setembro de 16 — Roma, 10 de junho de 38) foi uma das filhas de Germânico com Agripina Maior e irmã do imperador romano Calígula. Além dele, Drusila teve também duas irmãs, Júlia Lívila e Agripina Menor, e quatro irmãos, Tibério e Caio Júlio, que morreram jovens, Nero e Druso César. Ela também era bisneta de Augusto, sobrinha-neta de Tibério, sobrinha de Cláudio e tia de Nero.
História
[editar | editar código-fonte]Drusila nasceu em Abitárvio (Coblença, na Alemanha). Depois da morte do pai, ela e seus irmãos foram levados de volta para Roma pela mãe e criados com a ajuda da avó paterna, Antônia Menor. Em 33, Drusila foi casada com Lúcio Cássio Longino, um amigo do imperador Tibério.[2] Porém, depois que Calígula se tornou imperador, em 37, ele ordenou que ela se divorciasse para que ela pudesse se casar com seu amigo Marco Emílio Lépido.[3] Durante uma enfermidade no mesmo ano, Calígula mudou seu testamento para incluir Drusila como sua herdeira,[4] o que fez dela a primeira romana na história a ser nomeada herdeira num testamento imperial. O ato foi provavelmente uma tentativa de manter a Dinastia júlio-claudiana no poder através dos filhos que ela viesse a ter, deixando o marido, amigo de Calígula, no poder enquanto isso.[5] Porém, o imperador se recuperou e, no ano seguinte, Drusila morreu com apenas vinte e dois anos de idade.[3][6] Calígula ficou arrasado e deificou a irmã, consagrando-a com título de "Panthea" ("deusa de tudo") e lamentando publicamente sua morte como se fosse o viúvo.[4][7]
Reputação
[editar | editar código-fonte]Drusila era, segundo os relatos, a favorita de Calígula. Havia rumores já na época de que ela seria também a sua amante e que assim ela teria conseguido tanta influência sobre o irmão. Ainda que as atividades dos dois possam ter parecido incestuosas na época, não se sabe se os dois de fato eram ou não amantes. A própria Drusila tinha uma má reputação por conta da relação próxima e chegou a ser comparada a uma prostituta por acadêmicos posteriores, que tentavam desacreditar Calígula.[8]
Alguns historiadores sugerem que Calígula teria outras motivações além do desejo ou do amor ao perseguir essas relações com as irmãs. É possível que ele estivesse deliberadamente copiando o padrão dos monarcas helênicos da Dinastia ptolemaica do Egito Antigo, na qual os casamentos entre irmãos que reinavam conjuntamente eram uma tradição e não um escândalo sexual. Esta explicação já foi também utilizada para explicar por que seu despotismo era aparentemente mais evidente para seus contemporâneos do que o de Augusto ou Tibério.
A fonte de muitos dos rumores sobre Calígula e Drusila podem ser derivados dos hábitos relativos aos jantares formais dos romanos.[8] Era costumeiro nas casas patrícias que o anfitrião e a anfitriã de um jantar (ou, em outras palavras, o marido e a mulher donos da casa) detivessem uma posição de honra num banquete em sua casa. No caso de um jovem solteiro ser o anfitrião (caso de Calígula), a posição feminina de honra era ocupada por uma de suas irmãs (Agripina Menor, Drusila ou Júlia Lívila), que se revezavam no posto de honra. Calígula aparentemente rompeu com a tradição ao destinar o posto exclusivamente para Drusila. De certa forma, Calígula estaria, ao fazê-lo, publicamente declarando a irmã como sua esposa, a mulher da casa, mesmo ele sendo casado com Lolia Paulina.
Outra explicação possível é que a acusação de incesto era frequentemente lançada contra tiranos, geralmente envolvendo a mãe. No caso de Calígula, como ela não estava disponível para isso, a irmã terminou envolvida.
Morte
[editar | editar código-fonte]Drusila morreu em 10 de junho de 38, provavelmente de uma "febre" que grassava em Roma na época. Diz-se que Calígula não saiu do seu lado e, depois que ela morreu, não deixou que ninguém levasse o corpo.
O imperador ficou muito abalado com a perda da irmã. Ele enterrou Drusila com honras de augusta, se portou como um viúvo e fez com o senado a deificasse como uma representação da deusa romana Vênus (a grega Afrodite). Drusila foi também consagrada como "Panthea" ("deusa de tudo"), provavelmente no aniversário de nascimento de Augusto.[8]
Um ano depois, Calígula batizou sua única filha conhecida, Júlia, em homenagem a sua irmã favorita. Enquanto isso, o marido viúvo de Drusila, Marco Emílio Lépido, teria, segundo relatos, se tornado amante das irmãs dela, Júlia Lívila e Agripina, numa tentativa de conseguir o apoio delas na sucessão de Calígula. A conspiração foi descoberta pelo imperador no outono, quando ele estava na Germânia Superior. Lépido foi rapidamente executado e Lívila e Agripina foram exiladas para as ilhas Pontinas.
Árvore genealógica
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- ↑ E. Groag, A. Stein, L. Petersen - e.a. (edd.), Prosopographia Imperii Romani saeculi I, II et III (PIR), Berlin, 1933 - I 664
- ↑ Suetônio. «21». Vidas dos Doze Césares. Vida de Calígula (em inglês). [S.l.: s.n.]
- ↑ a b Dião Cássio, 59.11.1
- ↑ a b Suetônio. «24». Vidas dos Doze Césares. Vida de Calígula (em inglês). [S.l.: s.n.]
- ↑ Susan Wood, Diva Drusilla Panthea and the Sisters of Caligula, American Journal of Archaeology, Vol. 99, No. 3 (July 1995), pp.459
- ↑ Suetônio. «24.2». Vidas dos Doze Césares. Vida de Calígula (em inglês). [S.l.: s.n.]
- ↑ Cassius Dio, 59.11.1-5
- ↑ a b c Susan Wood, Diva Drusilla Panthea and the Sisters of Caligula, American Journal of Archaeology, Vol. 99, No. 3 (July , 1995), pp. 457-482