Cilinho
Informações pessoais | ||
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Nome completo | Otacílio Pires de Camargo | |
Data de nasc. | 9 de fevereiro de 1939 | |
Local de nasc. | Campinas, SP, Brasil | |
Morto em | 28 de novembro de 2019 (80 anos) | |
Local da morte | Campinas, SP, Brasil | |
Informações profissionais | ||
Período em atividade | 1969–2011 | |
Times/clubes que treinou | ||
1964 1966 1969–1970 1970 1972 1972–1973 1973–1974 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1981–1982 1982 1984–1986 1987 1987-1989 1989-1990 1991 1993 1994-1995 1996 1997 1999 2011–2012 |
Ponte Preta Ferroviária[1] Ponte Preta Mazembe Ponte Preta Portuguesa Sport[2] Ponte Preta[3] Paulista[4] Comercial-SP[5] Sport[2] XV de Jaú[6] Ponte Preta XV de Jaú Santos São Paulo Ponte Preta São Paulo Guarani Corinthians Portuguesa Bragantino XV de Jaú São José América-SP Rio Branco-SP |
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Otacílio Pires de Camargo, mais conhecido como Cilinho (Campinas[8], 9 de fevereiro de 1939 - Campinas, 28 de novembro de 2019), foi um futebolista[9] e técnico brasileiro de futebol, responsável pela descoberta de vários talentos. Foi ele quem dirigiu o time do São Paulo que, na década de 1980, foi denominado "Menudos do Morumbi",[10] nome este devido à baixa idade do grupo e ao sucesso do grupo musical porto-riquenho Menudo,[8] conquistando os Campeonatos Paulistas de 1985 e 1987 e montando a equipe campeã brasileira de 1986, dentro de um estilo de jogo veloz e ofensivo.
Carreira
[editar | editar código-fonte]O primeiro trabalho de Cilinho como treinador foi à frente de um time amador, o Gazeta Esportiva.[11] Seu trabalho ali chamou a atenção de um dirigente da Ponte Preta, que o convidou para comandar a equipa amadora do clube em 1964.[11] No ano seguinte, passou para o profissional, mas, sem sucesso na Segundona, deixou o clube.[11] Teve nova chance com a Ferroviária na Segundona de 1966 e montou o time que seria campeão, embora tenha deixado o clube no meio do segundo turno, por causa de divergências com a diretoria.[11] Teve nova divergência com dirigentes durante uma passagem pelo Noroeste, ao cobrar o atraso nos salários dos jogadores: "Como vou exigir dos jogadores, que há quase dois meses não veem a cor do dinheiro?"[11]
Teve uma nova passagem pela Ponte Preta e outra pelo XV de Piracicaba, antes de assumir o clube campineiro pela terceira vez, durante a fase preliminar do Campeonato Paulista de 1970, para substituir Zé Duarte.[11] Classificou o clube para a fase decisiva apenas no desempate, mas levou-o ao vice-campeonato estadual, depois de uma grande campanha.[11]
Portuguesa
[editar | editar código-fonte]A primeira chance de Cilinho em um clube grande foi na Portuguesa, que anunciou sua contratação em 23 de agosto de 1972.[12] Dirigentes do clube foram até Campinas alguns dias antes, após a derrota para o Santos que custou o emprego de Wilson Francisco Alves, e conversaram com o técnico, que aceitou a oferta ali, mesmo.[12] Alves só seria notificado três dias depois, porque comandaria o clube em um amistoso na quarta-feira.[12]
"Conhecido por muitas pessoas como 'macumbeiro', introdutor de alguns hábitos novos dentro do futebol (realização de conferências para jogadores nas concentrações, obrigando-os a ler livros para aumentar sua cultura), uma das primeiras atitudes de Cilinho ao chegar à Portuguesa deverá ser a colocação de uma tabuleta na porta do vestiário, com o lema 'Nunca se realizou nada de grande sem muito entusiasmo'", escreveu o jornal O Estado de S. Paulo, para descrever o técnico.[12] A primeira recomendação dele ao novo clube foi que apressasse as obras dos novos alojamentos, pois ele queria poder servir café da manhã aos jogadores no próprio clube.[13]
Osvaldo Teixeira Duarte, presidente da Portuguesa, falou sobre suas expectativas: "Não poderia exigir muita coisa para o campeonato nacional, porque ele terá pouco tempo para dar uma estrutura ao time. Mas vou lhe pedir que faça um esforço e procure conseguir bons resultados no Nacional, porque a Portuguesa começa a ter algum sucesso. Tenho certeza de que não nos faltam jogadores e vou dar o máximo de apoio ao seu trabalho. Ele é um moço que sabe trabalhar com os jogadores, impondo-se pela argumentação, e é a pessoa que nós esperávamos."[13]
Após o primeiro treino, Cilinho deu seu diagnóstico sobre o time: "Não há versatilidade no futebol da equipe."[14] Em seguida, vaticinou seu prognóstico para o jogo contra o Corinthians, o último do clube no Campeonato Paulista: "Nós podemos ganhar, se houver muito empenho de todos os jogadores, mas será uma vitória estranha, porque o time está completamente desestruturado."[14] Mesmo "desestruturada", a Portuguesa venceu por 1 a 0.[15]
Às vésperas da estreia no Brasileiro, O Estado considerava que os pedidos de reforços do técnico estavam sendo atendidos: "Em pouco mais de dez dias, Cilinho já alcançou todas as condições favoráveis para armar um esquema de trabalho."[16] As contratações fizeram a frequência da torcida aumentar nos treinamentos do time.[16] A partida de estreia, contudo, foi interrompida no intervalo, devido às fortes chuvas em Porto Alegre, local do confronto contra o Internacional.[17] Sem abertura de contagem, a partida foi adiada e teria de ser jogada por inteiro novamente.[17] Cilinho gostou do pouco que viu: "Fizemos uma excelente partida, apesar do campo inteiramente encharcado."[18]
Em março de 1973, na terceira rodada do Campeonato Paulista, a Portuguesa empatou com a Ferroviária, no Canindé, por 2 a 2, depois de estar vencendo por 2 a 0.[19] O resultado aumentou a decepção pelo mau início no torneio (uma vitória, um empate e uma derrota em três jogos) e, após o jogo, parte da torcida pediu a demissão de Cilinho, na frente do acesso aos vestiários.[19] A diretoria não aguentou a pressão e demitiu o técnico, apesar de Duarte garantir ter sido contra a decisão: "Eu estava apreciando o trabalho do Cilinho, que qualifico de extraordinário. Ele fez um trabalho de base e, ultimamente, estava, mesmo, comandando uma equipe que eu chamo de suporte para o futebol, representada por médicos, preparadores físicos e massagistas. Mas a torcida não entendeu assim e exigiu a sua saída."[20]
O presidente explicou por que a pressão da torcida foi tão determinante: "Depois do jogo contra a Ferroviária, centenas de torcedores ficaram em frente aos vestiários pedindo a queda de Cilinho e, por isso, creio que não poderíamos segurá-lo. Se o segurássemos, correríamos o risco de fazer do Canindé uma verdadeira praça de guerra e de perdermos o apoio desses associados. Na fase em que estamos, não podemos perder o apoio de ninguém."[20]
XV de Jaú
[editar | editar código-fonte]Cilinho teve três passagens pelo XV de Jaú, sendo contratado em 1978, 1981 e 1996. As duas primeiras passagens só não foram uma única porque ele aceitou treinar a Ponte Preta em 1979. Na segunda passagem, ajudou a levar o clube, pela primeira vez, ao Campeonato Brasileiro, classificado devido à boa campanha no Campeonato Paulista de 1981. Nessa campanha, o técnico chegou a recusar um convite para treinar o São Paulo, que tinha demitido Carlos Alberto Silva.[9] "Existem coisas mais importantes do que dinheiro e projeção", explicou. "Particularmente, por uma questão de temperamento, sempre firmo os meus contratos verbalmente. É um problema de ética pessoal. Depois, o que considero de grande importância, respeito muito o aspecto ético e moral, em tudo aquilo que assumo. E eu tenho um compromisso nesse nível com os dirigentes do XV de Jaú. Pretendo cumpri-lo até o fim."[9]
Morte
[editar | editar código-fonte]Cilinho morreu em 28 de novembro de 2019, em sua casa, na cidade de Campinas.[21] O ex-técnico havia sofrido um AVC em 2018 e desde então fazia acompanhamento médico.[22]
Títulos
[editar | editar código-fonte]- São Paulo
- ↑ Ari Borges (8 de novembro de 1985). «Uma jogada de risco». Placar (807). São Paulo: Editora Abril. 8 páginas. ISSN 0104-1762
- ↑ a b Lenivaldo Aragão (11 de fevereiro de 1977). «A primeira impressão é que fica?». Placar (355). São Paulo: Editora Abril. 19 páginas. ISSN 0104-1762
- ↑ Sérgio Martins (9 de março de 1979). «Nem velha nem nova, é a Macaca forte». Placar (463). São Paulo: Editora Abril. pp. 33–36. ISSN 0104-1762
- ↑ «A estréia de Cilinho, arma do Paulista». Folha de S. Paulo (16 840). São Paulo: Empresa Folha da Manhã S.A. 20 de abril de 1975. 33 páginas. ISSN 1414-5723
- ↑ «Cilinho pode cair se perder». Folha de S. Paulo (17 258). São Paulo: Empresa Folha da Manhã. 13 de junho de 1976. 34 páginas. ISSN 4145723 Verifique
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(ajuda). Consultado em 2 de maio de 2017 - ↑ Sérgio Martins (27 de julho de 1979). «Marolla quer voar do Jaú». Placar (483). São Paulo: Editora Abril. pp. 22C. ISSN 0104-1762
- ↑ Nelson Urt (24 de agosto de 1987). «Cai a tradição». Placar (899). São Paulo: Editora Abril. pp. 43–45. ISSN 0104-1762
- ↑ a b Enciclopédia do Futebol Brasileiro Lance. [S.l.]: Areté Editorial. 2001. 423 páginas. 8588651017
- ↑ a b c «Cilinho explica sua decisão». Folha de S. Paulo (19 080). São Paulo: Empresa Folha da Manhã. 29 de junho de 1981. 15 páginas. ISSN 1414-5723. Consultado em 25 de janeiro de 2017
- ↑ «Cilinho». Futpédia. Consultado em 17 de junho de 2009
- ↑ a b c d e f g «Como é o novo técnico». S.A. O Estado de São Paulo. Jornal da Tarde (5 128): 25. 25 de agosto de 1982. ISSN 1516‐294X Verifique
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(ajuda) - ↑ a b c d «Cilinho começa na lusa (sic) amanhã». O Estado de S. Paulo (29 877). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 24 de agosto de 1972. 38 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ a b «Cilinho só quer apoio para melhorar a Lusa». O Estado de S. Paulo (29 878). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 25 de agosto de 1972. 22 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ a b «Cilinho assume e mostra falhas». O Estado de S. Paulo (29 879). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 26 de agosto de 1972. 16 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ «Duque perde primeira na estréia (sic) de Cilinho». O Estado de S. Paulo (29 881). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 29 de agosto de 1972. 26 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ a b «Portuguesa quis contratar Riva». O Estado de S. Paulo (29 889). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 7 de setembro de 1972. 62 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ a b «Chuva interrompe a 1.a partida do campeonato». O Estado de S. Paulo (29 892). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 10 de setembro de 1972. 42 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ «Cilinho exigirá cautela amanhã». O Estado de S. Paulo (29 893). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 12 de setembro de 1972. 36 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ a b «Lusa empata e Cilinho é acusado». O Estado de S. Paulo (30 057). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 25 de março de 1973. 52 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ a b «Cilinho cai, Lusa procura técnico». O Estado de S. Paulo (30 058). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 27 de março de 1973. 28 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ Morre Cilinho, ex-técnico de São Paulo, Corinthians, Ponte Preta, Portuguesa, Santos e Guarani Site Globo Esporte - acessado em 28 de novembro de 2019
- ↑ «Morre aos 80 anos o ex-tecnico Cilinho, campeão pelo São Paulo». Folha de S. Paulo. Consultado em 29 de novembro de 2019
- Mortos em 2019
- Naturais de Campinas
- Treinadores de futebol do estado de São Paulo
- Treinadores da Associação Ferroviária de Esportes
- Treinadores da Associação Atlética Ponte Preta
- Treinadores da Associação Portuguesa de Desportos
- Treinadores do Sport Club do Recife
- Treinadores do Paulista Futebol Clube
- Treinadores do Esporte Clube XV de Novembro (Jaú)
- Treinadores do Santos Futebol Clube
- Treinadores do São Paulo Futebol Clube
- Treinadores do Guarani Futebol Clube
- Treinadores de futebol do Sport Club Corinthians Paulista
- Treinadores do Red Bull Bragantino
- Treinadores do São José Esporte Clube
- Treinadores do América Futebol Clube (São José do Rio Preto)
- Treinadores do Rio Branco Esporte Clube