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Bienal B

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Logotipo da Bienal B

A Bienal B foi uma mostra independente de arte, realizada em Porto Alegre, no Brasil, paralelamente à Bienal do Mercosul. O projeto realizou edições em 2007, 2009 e 2010, e deixou uma marca significativa no circuito artístico da cidade, recebendo apoio de muitas instituições e espaços culturais e reunindo grande número de artistas. A segunda edição foi contemplada com o Prêmio Açorianos.

A 1ª edição foi organizada em 2007 por um coletivo de artistas locais, paralelamente à 6ª Bienal do Mercosul, buscando ampliar o campo artístico e integrar o sistema de artes com o público. Outro motivo para sua criação foi dar visibilidade aos artistas locais, que não tiveram nenhuma representação nesta edição da Bienal do Mercosul.[1][2] Contudo, não houve uma intenção de fazer uma oposição à Bienal do Mercosul, nem de romper com o sistema de artes, mas sim de enriquecê-lo.[2] Segundo a divulgação oficial,

"A Bienal B pretende apenas ser um mecanismo de movimentação artística a endossar a atmosfera artística que uma Bienal do Mercosul propicia, promovendo a ampliação das articulações entre arte e sistema das artes e o público. [...] Estamos nos colocando ao lado e não em contraponto à Bienal do Mercosul, que já tem destaque no cenário artístico do país. Para isso, devemos refletir nossos papéis e nossos espaços. Se não temos espaços na outra Bienal, vamos aproveitar e fazer os nossos".[2]
Exposição de fotografias na Casa de Cultura Mário Quintana, parte das atividades da 1ª Bienal B

Não havia um local determinado para a mostra, que ocorreu de maneira dispersa em vários espaços da cidade, contando com apoio de várias instituições e espaços culturais,[1] como a Casa de Cultura Mário Quintana, o Memorial do Ministério Público, o SESC Alberto Bins, o StudioClio, o Espaço Cultural Rotta Ely, a Galeria Subterrânea, o Arquivo Público do Rio Grande do Sul e a Associação Chico Lisboa, entre outros.[3]

A 1ª edição foi um dos principais eventos paralelos da Bienal do Mercosul e chamou grande atenção da mídia. Participaram 313 artistas, que expuseram em 40 espaços e fizeram diversas intervenções nas ruas da cidade.[2][4] Também foram programadas oficinas de arte, ações educativas e debates com o público.[2][3] Sua campanha publicitária usou o slogan "Outras Perspectivas" para enfatizar sua proposta de abrir uma discussão sobre o sistema de artes e apresentar uma nova visão de mundo através da arte contemporânea.[5] A campanha foi premiada com o Prêmio Profissionais do Ano Região Sul, oferecido pela Rede Globo.[6]

A idealizadora Gaby Benedict, a segunda pessoa da esquerda para a direita, na abertura da seção fotográfica na Casa de Cultura

A mostra se caracterizou pela sua estrutura colaborativa, informal e des-hierarquizada, não havia uma curadoria formal, todos os artistas que apresentaram currículo e portfólio comprovando sua carreira puderam participar, embora houvesse uma comissão encarregada de "articular conceitos", selecionar as obras propostas e determinar onde seriam expostas.[2] Nas palavras de Gaby Benedict, a principal idealizadora do projeto,[2] a seleção foi realizada "por uma comissão qualificada que seleciona propostas realmente capazes de mostrar ao público uma unidade artística original, um conceito poético, e bem menos comprometidos com a noção de estética pela estética".[7] Segundo a crítica Bianca Knaak, foi um evento "organizado de forma surpreendentemente inclusiva e intensiva".[4]

A 2ª edição em 2009 contou com a participação de 266 artistas, que expuseram obras em 38 locais,[8] entre eles a Galeria Arte&Fato, as sedes regionais do IPHAN e do IAB, o Espaço Cultural Rotta Ely e a Galeria Subterrânea. Ao mesmo tempo, foi organizado na Unisinos o 1º Fórum de Ações Pedagógicas em Instituições Culturais,[1] além de ações educativas e cursos para o público.[9] Esta edição foi distinguida com o Prêmio Açorianos na categoria Destaque em Projeto Alternativo de Produção Plástica.[10][11]

A 3ª e última edição ocorreu em 2010, exibindo em cerca de 30 espaços as obras de cerca de 250 artistas. Esta edição recebeu algumas críticas por ter adotado o sistema de edital para seleção, introduzindo várias exigências que aproximaram o evento do modelo dos salões convencionais. Além disso, embora o projeto tivesse sido aprovado na Lei Rouanet, a captação de financiamento fracassou.[12]

Apesar de o projeto ter realizado apenas três edições, segundo André Venzon, diretor do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, a Bienal B foi um dos eventos importantes que surgiram no estado recentemente no campo das artes visuais.[13] A pesquisadora Dânia Moreira expressou a mesma opinião, e escrevendo enquanto a 3ª edição estava em andamento, com perspectivas incertas de continuidade, disse que "o certo é que [a Bienal B] marcou de alguma forma a cena das artes em Porto Alegre e tem reunido um grande número de artistas".[12] Para o pesquisador Tiago Balem, o evento "agitou o circuito artístico da cidade".[9]

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Referências
  1. a b c Mendonça, Vera Rodrigues de. Comunicação estética na arte contemporânea: mediação e institucionalidade. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2010, pp. 157-158
  2. a b c d e f g Guimarães, Rosana Córdova & Costa, Camila Furlan da. "Bienal B: um olhar a partir da Análise Crítica do Discurso". In: XXXIII Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. São Paulo, 2009
  3. a b "Uma Bienal Independente". Associação Cultural Itália-Porto Alegre Onlus, agosto de 2007
  4. a b Knaak, Bianca. "Entre intenções, maturações e recordações: as Bienais de Artes Visuais do Mercosul e a cidade de Porto Alegre". In: Panorama Crítico, 2010 (4)
  5. "Campanha da Bienal B transforma 'senador' em 'desonra'." Coletiva, 14 de setembro de 2007
  6. "Profissionais do Ano anuncia vencedores na Região Sul". Acontecendo Aqui, 7 de agosto de 2008
  7. Benedyct, Gaby. "Cow Parade e Bienal B". Nonada, 14 de outubro de 2010
  8. "O Lado B da Bienal". Jornal da Universidade, novembro de 2009, p. 9
  9. a b Balem, Tiago. Rede de museus em Porto Alegre: um estudo de caso em design territorial. Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2010, p. 95
  10. "Vencedores do Açorianos de Artes Plásticas recebem homenagem". Jornal do Comércio, 9 de maio de 2010
  11. "Concurso 6/09. Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Vencedores". Diário Oficial de Porto Alegre, 12 de maio de 2010, p. 14
  12. a b Moreira, Dânia Maria de Castro. Sobre o lugar expositivo : um olhar crítico sobre os espaços de exposição de arte contemporânea em Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010, pp. 84; 107-108
  13. Venzon, André. "MACRS recebe doação de 105 obras contemporâneas". Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Cultura, 21 de outubro de 2011

Ligações externas

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