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Interpretação de Desenho Técnico

Este documento apresenta informações sobre desenho técnico mecânico e arquitetônico, incluindo suas peculiaridades e normas. Também discute os instrumentos utilizados para desenho técnico à mão livre e técnicas de construção geométrica e planificação.

Enviado por

finchcutsyt
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Interpretação de Desenho Técnico

Este documento apresenta informações sobre desenho técnico mecânico e arquitetônico, incluindo suas peculiaridades e normas. Também discute os instrumentos utilizados para desenho técnico à mão livre e técnicas de construção geométrica e planificação.

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Interpretação de

Desenho Técnico
Unidade 2
Utilizando o Desenho Técnico na Prática
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANDREW SCHAEDLER
GISELLY SANTOS MENDES
AUTORIA
Andrew Schaedler
Olá. Sou formado em Engenharia Mecânica, com experiência
técnico-profissional de mais de oito anos na área de Engenharia de
Processos e Usinagem de Precisão. Passei por empresas como a TDK,
multinacional japonesa produtora de componentes eletrônicos, John
Deere, multinacional americana produtora de equipamentos agrícolas,
e hoje sou sócio-proprietário de uma metalúrgica especializada em
usinagem de precisão que atende a empresas de grande porte do ramo
automotivo. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte conosco!

Giselly Santos Mendes


Olá. Sou mestre em Qualidade Ambiental pela Universidade
FEEVALE/RS e graduada em Tecnologia de Polímeros com ênfase em
Gestão da Qualidade e Administração de Empresas. Possuo experiência na
área da garantia da qualidade, em auditorias internas, processos industriais,
materiais poliméricos, ensaios mecânicos e sistemas de gestão ISO 9001,
ISO 14001. Atuo na iniciação científica e no aperfeiçoamento acadêmico
nas temáticas de inovação, gestão do conhecimento organizacional,
gestão ambiental, sustentabilidade e inovação ambiental.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Desenho técnico mecânico e arquitetônico.....................................12

Desenho técnico mecânico...................................................................................................... 12

Desenho técnico arquitetônico.............................................................................................. 15

Plantas................................................................................................................................... 15

Fachadas............................................................................................................................. 19

Corte ou secção............................................................................................................ 20

Perspectiva........................................................................................................................ 21

Normalização de desenho técnico...................................................... 22

Por que criar normas?................................................................................................................... 22

Normalização do desenho técnico arquitetônico....................................................25

Normalização e desenho técnico mecânico ..............................................................28

Instrumentos de desenho técnico........................................................31

Instrumentos para desenho técnico à mão livre...................................................... 31

Lápis........................................................................................................................................ 31

Caneta...................................................................................................................................33

Réguas paralelas e “T”...............................................................................................34

Esquadros...........................................................................................................................34

Transferidor e gabaritos........................................................................................... 36

Pranchetas.........................................................................................................................37

Cuidado com os instrumentos de desenho................................................................ 38


Construção geométrica e planificação.............................................. 40

Construção geométrica.............................................................................................................. 40

Divisão de segmentos............................................................................................... 41

Bissetriz................................................................................................................................ 41

Concordâncias................................................................................................................42

Traçado básico de elipse e ovais......................................................................43

Planificação.......................................................................................................................................... 46
Interpretação de Desenho Técnico 9

02
UNIDADE
10 Interpretação de Desenho Técnico

INTRODUÇÃO
Veremos nesta unidade como diferenciar desenhos técnicos de
origem mecânica e arquitetônica. Entenderemos suas peculiaridades e as
normas que os regem, assim estando apto a lermos e entendermos esses
dois tipos de desenho técnico.

É bastante comum as áreas técnicas de trabalho utilizarem normas


e regras e procedimentos de padronização. Na área de conhecimento de
desenho técnico não seria diferente. No Brasil, a profissão de projetista ou
desenhista é normatizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).

A normatização da ABNT está associada com a International


Organization for Standartization – Organização Internacional de
Normalização (ISO), isso facilita e agiliza o trabalho dos profissionais da
área de desenho técnico, além de padronizar a linguagem no âmbito
mundial.

Os procedimentos padrões criam caminhos já estudados e


trilhados por inúmeros profissionais. Dessa forma, garante a qualidade e o
profissionalismo nas execuções das atividades.

Sabemos que a padronização é essencial para métodos produtivos


do mundo todo, por isso, neste capitulo veremos como a padronização
atua na área de conhecimento de desenho técnico.

Também veremos nessa unidade quais são os instrumentos


utilizados para produção de desenho técnico, entenderemos sua utilização
e as técnicas necessárias para sua aplicação. Começaremos a entrar na
parte de execução dos desenhos aprendendo como é feita a construção
das formas geométricas como quadrado, triangulo entre outros. Depois
passaremos para a planificação de desenhos e sua aplicação.

Bastante conteúdo não é mesmo? Então, vamos em frente!


Interpretação de Desenho Técnico 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Diferenciar desenhos técnico, mecânico e arquitetônico;

2. Compreender e identificar a normalização de desenhos técnicos;

3. Identificar os instrumentos de desenho técnico;

4. Entender a construção geométrica e a planificação de desenhos


técnicos.

Ficou curioso? Está pronto para entrar no aprendizado dessa área


de conhecimento? Gosto de pensar que cada área de conhecimento que
dominamos muda a forma como vemos o mundo! Vamos em frente.
12 Interpretação de Desenho Técnico

Desenho técnico mecânico e arquitetônico

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos compreender as diferenças


entre o desenho técnico mecânico e o desenho técnico
arquitetônico. O desenho técnico mecânico é usado
em larga escala pela indústria, já o desenho técnico
arquitetônico é usado em larga escala pela construção civil.
Vamos aprender suas diferenças e ver alguns exemplos
de aplicação. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então, vamos lá.

Desenho técnico mecânico


O desenho mecânico é utilizado para projetar peças, componentes,
produtos ou sistemas de natureza mecânica. Projetos de vários elementos
de máquina, como eixos, rolamentos, embreagens, engrenagens e
fixadores, caem no escopo do projeto mecânico.
Figura 1 – Projeto mecânico de uma peça

Fonte: Pixabay
Interpretação de Desenho Técnico 13

Numerosos critérios foram propostos em processos de projeto


mecânico. Alguns de projeto primários incluem funções, segurança,
confiabilidade, capacidade de fabricação, peso, tamanho, desgaste,
manutenção e responsabilidade. Em geral, um problema de projeto
mecânico deve ser formulado com declarações claras e completas de
funções, especificações e critérios de avaliação:

• As funções são especificadas para o que um produto pode cumprir


e geralmente são descritas por declarações não quantitativas.
As funções do produto, por exemplo, são: carregar energia em
eletrônicos (carregador); limpar pisos (vácuo); transportar objetos
(plataforma móvel) ou suportar cargas (estrutura).

• As especificações são requisitos detalhados descritos por


declarações quantitativas. As especificações do produto podem
ser definidas em termos de tamanho, peso, precisão, volume de
trabalho, velocidade ou capacidade de carga. Elas se transformam
em restrições de design nos processos de solução de problemas.

• Os critérios de avaliação são as declarações de características


qualitativas desejáveis. Eles são tratados como objetivos de
design para otimizar as soluções nos processos de resolução de
problemas. Os critérios de avaliação são definidos para maximizar
os benefícios e minimizar as desvantagens dos projetos mecânicos.

Embora os números e as prioridades das especificações e critérios


variem de um projeto de produto para outro, algumas considerações
de design comuns são aplicáveis ​​a qualquer sistema mecânico, como a
capacidade de carga, deformação, estabilidade e durabilidade.

A dependência desses critérios de avaliação em variáveis ​​de projeto


deve ser modelada e analisada para otimizar produtos.
14 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 2 – Desenho de projeto mecânico

Vista frontal sem corte Vista frontal com corte

Fonte: Adaptado de Senai-SP (2015).

Durante a maior parte da história, a disciplina de desenho técnico


mecânico exigia conhecimento de apenas peças mecânicas e conjuntos.
Mas, no início do século XX, os componentes elétricos foram introduzidos
em dispositivos mecânicos. Então, durante a Segunda Guerra Mundial,
na década de 1940, os sistemas de controle eletrônico passaram a fazer
parte dessa área de conhecimento. Desde essa mudança, os profissionais
da área de desenho técnico, muitas vezes, tiveram de escolher entre
sistemas puramente mecânicos e sistemas que eram uma mistura
de componentes mecânicos e sistemas eletrônicos. Esses sistemas
eletrônicos surgiram e evoluíram desde funções e lógicas muito simples
até a incorporação de computadores e lógicas complexas.

Muitos produtos eletromecânicos agora incluem microprocessa-


dores. Considere, por exemplo, câmeras, copiadoras de escritório, carros
e quase tudo o mais. Sistemas que possuem mecânica, componentes
eletrônicos e de software são frequentemente chamados de dispositivos
mecatrônicos. O que torna o design desses dispositivos difícil é a necessi-
dade de domínio e conhecimento do processo em diferentes disciplinas
sobrepostas, mas claramente diferentes.
Interpretação de Desenho Técnico 15

Não importa o quanto os eletrônicos ou dispositivos centrados


em computador evoluam, quase todos os produtos requerem funções
mecânicas e uma interface mecânica com humanos. Além disso, todos
os produtos requerem maquinário mecânico para sua fabricação e
montagem, bem como para seus componentes mecânicos de alojamento.
Assim, não importa o quão “inteligentes” os produtos se tornem, sempre
haverá a necessidade do conhecimento em desenho técnico mecânico.

Desenho técnico arquitetônico


O desenho de arquitetura é a representação geométrica das
diferentes projeções, vistas ou seções de um edifício ou parte dele. As
convenções para uniformizar, facilitar a leitura do desenho e executar a
obra estão relacionadas a seguir:

• Plantas.

• Corte ou seção.

• Fachada.

• Detalhe.

• Perspectiva.

Plantas
As plantas são a representação gráfica e detalhada de um projeto
arquitetônico. Elas possuem escalas determinadas e podem ser de quatro
tipos, os quais veremos a seguir.

• Planta de situação

A planta de situação deve conter informações completas sobre a


localização do terreno. Essas informações são: terrenos vizinhos (lote/
quadra), vias de acesso, orientação (norte), curvas de nível, contorno e
dimensões do terreno, construções existentes ou demolições futuras,
cotas de afastamento em relação às esquinas existentes, escala.
16 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 3 – Planta de situação sem escala

a
Rua Nova Fátima

bar
Bár 41,00

hão
nta

ra n
Sa

Ma
Av.

Ru a
Rua Manaus

Fonte: Adaptado de Andrade (2016).

Podemos observar um desenho de uma planta de situação em


que aparece o desenho do terreno (retângulo com hachuras), no meio
da quadra a 41 metros da Av. Santa Bárbara, com a frente do terreno
localizada para a rua Nova Fátima.

• Planta de localização

A planta de localização indica a posição da construção no terreno


e contém as seguintes informações: orientação (norte), indicação das vias
de acesso, internas, estacionamento, áreas cobertas, platôs e taludes,
perímetro do terreno, marcos topográficos, cotas gerais e níveis principais,
indicação dos limites externos das edificações, recuos e afastamentos.
Interpretação de Desenho Técnico 17

Figura 4 – Planta de localização

Fonte: Adaptado de Andrade (2016).

Na figura, conseguimos observar o exemplo de uma planta de


localização, mostrando o telhado da casa, uma vaga para estacionamento,
uma piscina nos fundos da casa e a entrada para pedestres.

• Planta de cobertura

A planta de cobertura define o telhado ou o fechamento da parte


superior do edifício.
18 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 5 – Planta de cobertura

Fonte: Adaptado de Andrade (2016).

• Planta de edificação

A planta de edificação é a seção que se obtém fazendo passar um


plano de seção ao piso de maneira que corte as portas, janelas, paredes
etc. Dessa forma, todas as particularidades da construção ficam bem
assinaladas.

Na Figura 6, temos um exemplo de planta de edificação. Nela são


demonstrados todos os cômodos da casa e uma sugestão de organização
de móveis para os cômodos. Podemos identificar as portas e janelas da
casa, assim como a entrada e o local para um veículo.
Interpretação de Desenho Técnico 19

Figura 6 – Representação de planta de edificação

Fonte: Adaptado de Andrade (2016).

Fachadas
Fachada é a representação gráfica das características externas da
construção. Vamos ver um exemplo de fachada frontal.
20 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 7 – Fachada de uma edificação

Fonte: Adaptado de Andrade (2016).

Corte ou secção
Corte ou secção é um seccionamento feito no prédio por um plano
vertical, perpendicular ao piso, para mostrar os detalhes internos da
obra, como janelas, paredes, peitoris, vergas e telhados. O corte pode ser
transversal ou longitudinal. O transversal é feito no sentido da largura do
edifício. Vamos ver um exemplo.
Figura 8 – Corte transversal em um desenho arquitetônico
Interpretação de Desenho Técnico 21

Fonte: Adaptado de Andrade (2016).

Perspectiva
A perspectiva permite que o empreendedor e o usuário vejam como
a obra ficará depois de pronta. Ela consegue reunir as três dimensões em
um mesmo desenho: altura, largura e profundidade.

RESUMINDO:

E então? Muito interessante como a área de conhecimento


técnico possui dois tópicos bem distintos, não é mesmo?
Tanto o desenho técnico como o arquitetônico possuem
suas caracterizações, simbologia e aplicações bem
diferentes. Provavelmente, um profissional de desenho
técnico mecânico não estará habilitado para realizar um
trabalho de desenho técnico arquitetônico e vice-versa.
É interessante olhar à nossa volta e ver máquinas,
eletrodomésticos, edifícios e casas, e pensar que, em
algum momento, todos esses itens estiveram desenhados
em um papel ou software de desenho.
Quase todas as máquinas que utilizamos foram pensadas
e projetadas a partir de profissionais da área de desenho
técnico, assim como as casas e os prédios em que
moramos.
Continua curioso para aprender ainda mais sobre essa área
de conhecimento tão fantástica que é o desenho técnico?
Então, vamos em frente!
22 Interpretação de Desenho Técnico

Normalização de desenho técnico

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos aprender sobre as normas que


regem a área de desenho técnico mecânico e arquitetônico.
Iremos conhecer os órgãos responsáveis por escrevê-las e
fiscalizá-las. Também entenderemos a importância dessas
normas para a utilização dessa área de conhecimento que
é o desenho técnico. Curioso? Ótimo, vamos em frente!

Por que criar normas?


As normas são criadas para prevenir problemas existentes ou
potenciais, além de padronizar atividades repetitivas, criando uma
linguagem comum e sempre buscando atingir um grau de excelência
dentro do campo ao qual as normas são direcionadas.
A normalização é, assim, o processo de formulação e
aplicação de regras para a solução ou prevenção de
problemas, com a cooperação de todos os interessados,
e, em particular, para a promoção da economia global. No
estabelecimento dessas regras recorre-se à tecnologia
como o instrumento para estabelecer, de forma objetiva
e neutra, as condições que possibilitem que o produto,
projeto, processo, sistema, pessoa, bem ou serviço
atendam às finalidades a que se destinam, sem se esquecer
dos aspectos de segurança. (ABNT, 2020, on-line)

Norma é o documento criado e aprovado, por consenso, por


um órgão ou grupo responsável reconhecido, por meio do qual são
fornecidas regras, diretrizes ou características mínimas para a execução
das atividades ou para seus resultados, tendo como objetivo a obtenção
de alto grau de ordenação em um dado contexto.

A norma é voluntária, mas, quase sempre, é utilizada, pois representa


o consenso sobre o estado da arte de determinado assunto, obtido entre
especialistas das partes interessadas (ABNT, 2020).
Interpretação de Desenho Técnico 23

A utilização e a aceitação das normas ajudam no desenvolvimento


de inúmeras atividades. Vamos ver alguns exemplos:

• Possibilitam que o desenvolvimento, a fabricação e o fornecimento


de produtos e serviços sejam mais eficientes, mais seguros.

• Facilitam o comércio entre países deixando a competição mais


justa.

• Possibilitam que os governos tenham uma base técnica para saúde,


segurança e legislação ambiental, e avaliação da conformidade.

• Facilitam o compartilhamento de avanços tecnológicos e as boas


práticas de gestão.

• Tornam a vida mais simples provendo soluções para problemas


comuns.

As normas garantem que características desejáveis de produtos


e serviços, como qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência,
intercambialidade, além de respeito ao meio ambiente, sejam atendidas.

Quando os produtos e serviços atendem às nossas expectativas,


passamos a tomar essa situação como certa e perdemos a consciência
do papel que as normas possuem. Quando produtos, sistemas, máquinas
e dispositivos trabalham conforme o esperado e com segurança,
normalmente é porque eles atendem às normas. Estas possuem um
enorme impacto positivo em diversos aspectos de nossas vidas. Quando
elas estão ausentes, logo notamos (ABNT, 2020).

O que é a ABNT?

A ABNT é o Foro Nacional de Normalização por reconhecimento da


sociedade brasileira desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, e
confirmado pelo governo federal por meio de diversos instrumentos legais.

Entidade privada e sem fins lucrativos, a ABNT é membro fundador


da ISO (International Organization for Standardization – Organização
Internacional de Normalização), da Copant (Comisión Panamericana de
Normas Técnicas) e da AMN (Asociación Mercosur de Normalización –
Associação Mercosul de Normalização. Desde a sua fundação, é também
24 Interpretação de Desenho Técnico

membro da IEC (International Electrotechnical Commission – Comissão


Eletrotécnica Internacional).

A ABNT é responsável pelas Normas Brasileiras (ABNT/NBR), que


são elaboradas por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de
Normalização Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais
(ABNT/CEE).

Desde 1950, a ABNT atua também na avaliação da conformidade e


dispõe de programas para a certificação de produtos, sistemas e rotulagem
ambiental. Essa atividade está fundamentada em guias e princípios
técnicos internacionalmente aceitos e alicerçada em uma estrutura
técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo credibilidade, ética e
reconhecimento dos serviços prestados.

Trabalhando em sintonia com governos e com a sociedade, a


ABNT contribui para a implementação de políticas públicas, promove o
desenvolvimento de mercados, a defesa dos consumidores e a segurança
de todos os cidadãos.

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre ABNT, clique aqui.

O objetivo da normalização é estabelecer soluções, por consenso


das partes interessadas, para assuntos que se repetem em uma atividade.
Dessa forma, a normalização torna-se uma ferramenta poderosa na
autodisciplina dos agentes ativos dos mercados, pois simplifica assuntos
e deixa claro ao legislador se existe a necessidade de regulamentação
específica em matérias não cobertas por normas.

As normas são consideradas referências idôneas do mercado ao qual


se destinam. Desse modo, são usadas em processos de regulamentação,
de acreditação, de certificação, de metrologia, de informação técnica, e
nas relações comerciais cliente–fornecedor.

Segundo a ABNT ISO/IEC Guia 2:2006 e conforme a Figura 9 a seguir,


são objetivos da normalização: segurança, proteção do produto, controle
Interpretação de Desenho Técnico 25

da variedade, proteção do meio ambiente, intercambialidade, eliminação


de barreiras técnicas e comerciais, compatibilidade e comunicação.
Figura 9 – Objetivos da normalização

Segurança
Comuni- Proteção
cação do produto

Compatibi- Objetivos da Controle da


lidade normalização variedade

Eliminação Proteção
de barreiras
técnicas e
do meio
comerciais Intercam- ambiente
bialidade

Fonte: ABNT (2021, on-line).

Normalização do desenho técnico


arquitetônico
A expressão “linguagem arquitetônica” representa uma composição
ordenada que tenha um significado claro de seus elementos, como forma,
função, estrutura, cor, textura, luz e sombra. Os arquitetos não pretendem
passar mensagens concretas, traduzíveis em palavras, mediante domínio
da gramática e da sintaxe das formas e do espaço. Ao contrário, querem
transmitir com a obra deles uma determinada experiência abstrata.
26 Interpretação de Desenho Técnico

O desenho arquitetônico é utilizado para a execução e representação


de projetos de arquitetura. Ele funciona como uma linguagem estabelecida
entre o desenhista ou projetista e o leitor do projeto. Dessa forma, o
entendimento do desenho necessita de treinamento. De acordo com a
NBR 13532 (ABNT, 1995), as etapas de execução da atividade técnica do
projeto de arquitetura são as seguintes:

• levantamento de dados para arquitetura.

• programa de necessidades de arquitetura.

• estudo de viabilidade de arquitetura.

• estudo preliminar de arquitetura.

• anteprojeto de arquitetura ou de pré-execução.

• projeto legal de arquitetura.

• projeto básico de arquitetura.

• projeto para execução de arquitetura.

• projeto as built (como construído).

Para a execução de projetos arquitetônicos, os profissionais da


área precisam estudar o local e as necessidades do cliente antes. Assim,
poderão criar um projeto que atenda a todos os requisitos. Chamamos de
levantamento de dados para a arquitetura essa fase de análise. Trata-se
de uma visita prévia ao local da obra, para que o arquiteto veja o terreno e
o entorno (vizinhança). Nessa fase, são anotadas as dimensões de prédios
existentes que venham a ser aproveitados (ampliações e reformas),
criando uma planta que sirva de base para o futuro estudo.

As seguintes informações técnicas que devem ser produzidas são:

• Informações que serão utilizadas na concepção arquitetônica


da edificação e nos serviços de obra, como nome, número e
dimensões, gabaritos, áreas úteis e construídas dos ambientes,
devida distinção entre os ambientes a construir, a ampliar, a reduzir
e a recuperar, características, exigências.
Interpretação de Desenho Técnico 27

• Características funcionais de cada ambiente, por exemplo,


ocupação, capacidade, movimentos, fluxos e períodos.

• Características, dimensões e serviços dos equipamentos e


mobiliário.

• Exigências ambientais.

• Instalações especiais, elétricas, mecânicas, hidráulicas e sanitárias.

Além do estudo de dados para a arquitetura, também é realizado


o estudo de viabilidade de arquitetura. Nessa fase, o profissional mostra
se o projeto que está sendo criado será possível de ser executado ou
necessitará de algumas mudanças para sair do papel. Nessa etapa, serão
criadas as seguintes informações técnicas:

• Metodologia empregada.

• Soluções alternativas (físicas e jurídico-legais).

• Conclusões e recomendações.

Além disso, devem ser apresentados os seguintes documentos


técnicos:

• Desenhos – esquemas gráficos, diagramas e histogramas (escalas


convenientes).

• Texto – relatório.

• Outros meios de representação.

• Desenhos, sendo eles planta geral de implantação, plantas dos


pavimentos, planta da cobertura, cortes longitudinais e cortes
transversais; fachadas e detalhes construtivos quando necessário.

Nessa etapa, as informações são sucintas, porém, suficientes para


a caracterização geral do projeto, incluindo indicações de funções, usos,
formas, dimensões e localizações dos ambientes da edificação, assim
como outras exigências solicitadas.

As informações devem ser suficientes para a caracterização espe-


cífica dos elementos construtivos e de seus componentes principais, in-
cluindo indicações das tecnologias recomendadas, informações relativas
28 Interpretação de Desenho Técnico

a soluções especiais, vantagens e desvantagens, de modo a facilitar a


seleção de materiais (ANDRADE, 2016).
Figura 10 – Estudo preliminar de um projeto arquitetônico

Fonte: Adaptado de Andrade (2018).

Normalização e desenho técnico mecânico


O órgão responsável pela normalização técnica no Brasil é
a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O objetivo de
existirem normas é a padronização, ou seja, evitar que cada um utilize
representações/símbolos diferentes. Assim, busca-se que todos utilizem
a mesma linguagem, evitando-se dúvidas e erros de interpretações. Os
profissionais técnicos devem identificar, de forma clara, a importância e
os benefícios do uso da normalização. Com base nas recomendações da
ABNT, podemos relacionar a uniformização da produção, a redução do
consumo e o aumento da produtividade, entre outros benefícios (ALVES
et al., 2018).

As normas da ABNT podem ser adquiridas no próprio site do órgão.


Vamos ver agora a nomenclatura das normas técnicas mais utilizadas
para desenho técnico mecânico.
Interpretação de Desenho Técnico 29

Tabela 1 – Normas para desenho técnico

Código Título

NBR 6158 Sistemas de tolerâncias e ajustes

NBR 8196 Desenho técnico – Emprego de escalas

Execução de caractere para escrita em desenho técnico –


NBR 8402
Procedimento

Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas –


NBR 8403
Larguras das linhas – Procedimento

Indicação do estado de superfícies em desenhos técnicos –


NBR 8404
Procedimento

Representação convencional de partes roscadas em


NBR 8993
desenhos técnicos – Procedimento

Princípios gerais de representação em desenho técnico –


NBR 10067
Procedimento

NBR 10068 Folha de desenho – Leiaute e dimensões - Padronização

NBR 100126 Cotagem em desenho técnico – Procedimento

NBR 10582 Apresentação da folha para desenho técnico – Procedimento

Representação simplificada de furos de centro em desenho


NBR 12288
técnico – Procedimento

Representação de área de corte por meio de hachuras em


NBR 12298
desenho técnico – Procedimento

NBR 13142 Desenho técnico – Dobra de cópia

NBR 13273 Desenho técnico – Referência a itens

Fonte: Adaptado de Alves et al. (2015).

Bastante coisa, não é mesmo? O legal de ter essas normas em mãos


é que elas apontam o caminho a seguir, padronizam a comunicação entre
profissionais e diminuem a incidência de erros e retrabalhos.
30 Interpretação de Desenho Técnico

RESUMINDO:

E aí? Como está a construção da sua base de conhecimento


em desenho técnico? Com certeza muito mais firme após
esses conteúdos que vimos, não é mesmo? Neste capítulo,
conhecemos o que é a ABNT, entendemos o porquê e os
objetivos de existirem as normas, para que elas servem e
como as normas ajudam no processo de criação de projetos
utilizando desenho técnico. Após os conhecimentos
obtidos neste capítulo, conseguimos imaginar como seria
para um profissional da área de desenho técnico trabalhar
em um mundo sem normas, seria uma bagunça, não é? Foi
possível entender a diferença entre a normatização das duas
áreas que estamos aprendendo sobre desenho técnico,
sendo elas, desenho técnico mecânico e arquitetônico. E
aí, preparado para aprender mais? Então, vamos seguir em
frente ampliando nossos conhecimentos sobre essa área
tão presente em nosso dia a dia: o desenho técnico.
Interpretação de Desenho Técnico 31

Instrumentos de desenho técnico

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos aprender sobre o material


utilizado para desenho técnico feito à mão livre. Veremos
ferramentas que facilitam a criação de figuras geométricas.
Aprenderemos como utilizar algumas dessas ferramentas
e também entenderemos um pouco sobre os softwares de
desenho técnico, que revolucionaram a profissão.

Instrumentos para desenho técnico à mão


livre
Na forma manual, ou seja, sem ajuda de programas computadori-
zados, podem ser utilizados diversos materiais para elaboração dos de-
senhos, como papel, lapiseiras, lápis, borracha, réguas, compassos, es-
quadros, régua “T”, transferidor, régua paralela, régua flexível, pranchetas,
entre outros. O conhecimento desses materiais, bem como os cuidados a
serem tomados com eles são fundamentais para a qualidade do trabalho.
Agora vamos conhecer e aprender mais sobre esses materiais (ALVES et
al., 2018).

Lápis
O lápis provavelmente é o material mais básico, conhecido e usado
para a prática do desenho. Existem diversos tipos e modelos hoje em
dia, entretanto, o mais indicado para o desenho técnico é o lápis comum
de madeira e grafite de formato sextavado, pois permite mais controle e
firmeza ao ser utilizado. A ponta do grafite deve estar uniforme e afiada,
já que a qualidade do traçado está diretamente ligada à afiação da ponta
do lápis.

Os lápis de desenho são classificados por letras, números, ou letras


e números, indicando, assim, o grau de dureza do grafite. Como exemplos
32 Interpretação de Desenho Técnico

de classificação por letras, podemos citar os lápis HB, H, B e os lápis nº 1,


2 ou 3 para a classificação numérica.

A classificação utilizando letras tem origem nas palavras em inglês


hard (H) para lápis duros e black ou bland (B) para os macios. O lápis HB é
um meio termo entre as duas classificações e, por isso, é conhecido como
um lápis genérico. Os lápis macios (B) variam de B até 9B, como podemos
ver na Figura 11, ficando mais macio e escuro na medida em que o número
aumenta. Os lápis duros (H) possuem a mesma lógica, variando de H até
9H e ficando mais claros e duros na medida em que o número aumenta.

É interessante observar que o mais comum é encontrarmos lápis


entre o 6H, sendo este mais duro e claro, e 6B, mais macio e escuro.
Figura 11 – Classificação de grafites para desenho

Fonte: Adaptado de Silva Júnior (2014).

Veremos a seguir que a classificação por números é mais simples e


direta do que a de letras.

Quanto aos números, temos três tipos (1, 2 e 3):

• Nº 1 – lápis macio e mais escuro, indicado para escurecer linhas


principais e desenhar esboço à mão livre.

• Nº 2 – lápis considerado médio, indicado para traçado em geral e


escrita.

• Nº 3 – lápis duro e claro, indicado para traços firmes e claros.

Atualmente, as lapiseiras são mais utilizadas do que o lápis devido


à praticidade e comodidade, pois não precisamos apontá-las. Existem
diversos modelos e marcas, e as mais comuns utilizam grafites com
espessuras (diâmetros) de 0,3 mm, 0,5 mm, 0,7 mm e 0,9 mm.

O ideal é que a lapiseira tenha uma ponta de aço que envolva o


grafite, protegendo-o e evitando que ele quebre ao pressionarmos a
Interpretação de Desenho Técnico 33

lapiseira ao desenharmos. Os grafites utilizados pelas lapiseiras seguem a


classificação dos lápis citada anteriormente, ou seja, variam de H (duros)
até B (macios), sendo o HB um grafite bom tanto para desenhar como
para escrever as letras e os algarismos necessários ao desenho (SILVA
JÚNIOR, 2014).

Caneta
É um instrumento que foi largamente utilizado no passado, quando
ainda não havia a opção de impressão dos arquivos feitos em computador.
Os desenhos mais profissionais ou os desenhos definitivos em papel
vegetal eram feitos com o uso das canetas nanquim, que possibilitavam
diversas espessuras para traços e escritas. Na figura a seguir, podemos
ver diversos tipos de canetas nanquim, incluindo um estojo para canetas
que utilizam tintas coloridas.
Figura 12 – Canetas nanquim

Conjunto Conjunto
de canetas 0,1 de canetas
descartáveis nanquim
0,2
0,3
0,5
0,8

Fonte: Adaptado de Silva Júnior (2014).

Ainda é possível encontrar esse tipo de caneta no mercado, e alguns


desenhistas mais tradicionais utilizam esse instrumento para desenvolver
seus projetos. Hoje em dia, existem modelos nas diversas espessuras de
traço que são descartáveis, o que facilita o uso e a manutenção desse tipo
de caneta (SILVA JÚNIOR, 2014).
34 Interpretação de Desenho Técnico

Réguas paralelas e “T”


Existem duas réguas que se destacam no universo do desenho
técnico: a paralela e a “T”, que são próprias para isso. Sem elas, traçar
linhas paralelas e precisas seria mais difícil de executar.

A régua paralela é um instrumento adaptável à prancheta e funciona


por meio de um sistema de roldanas. Ela se desloca sobre a prancheta no
sentido vertical (para cima e para baixo), permitindo o traçado de linhas
horizontais paralelas.

A régua “T” é utilizada sobre a prancheta para traçado de linhas


horizontais ou em ângulo e serve também como base para o uso e
manuseio dos esquadros, como veremos adiante. É a mais comum, pois
pode ser transportada com facilidade, adapta-se às diversas pranchetas
e sua instalação é extremamente descomplicada (SILVA JÚNIOR, 2014).
Figura 13 – Réguas paralelas e “T”

Régua Paralela

Régua T

Fonte: Adaptado de Silva Júnior (2014).

Esquadros
Os esquadros são instrumentos de desenho que podem ser
utilizados tanto para fazer linhas retas verticais com o apoio das réguas
“T” ou paralela, como para desenhar ou construir os ângulos de 30°, 45°,
60° e 90°. Podemos, ainda, desenhar e construir outros ângulos pela
combinação dos esquadros que compõem o par de esquadros.
Interpretação de Desenho Técnico 35

Esse par de esquadros é também conhecido como um “jogo de


esquadros” e é composto por dois esquadros diferentes com os seguintes
ângulos: um de 45°/45°/90° e outro de 30°/60°/90°.

Assim como nas réguas, os esquadros podem ter ou não graduação


de medidas. Para o desenho técnico de edificações, é preferível que
utilizemos os esquadros sem graduação, pois as medidas serão lidas e
transferidas com o auxílio do escalímetro.
Figura 14 – Réguas paralela e “T”

Fonte: Adaptado de Silva Júnior (2014).

Um fato importante que devemos observar no momento de


adquirir esquadros é que a hipotenusa (o lado mais longo de um triângulo
retângulo) do esquadro de 45°/45°/90° tem a mesma dimensão que a do
cateto maior do esquadro de 30°/60°/90°.

Com esses instrumentos, é possível traçar linhas paralelas (verticais


e horizontais) e inclinadas em ângulos derivados de cada um dos cantos
dos referidos esquadros. Podemos, ainda, realizar uma composição
de ângulos, ou seja, “combinar” o par de esquadros, conforme iremos
observar a seguir (SILVA JÚNIOR, 2014).
36 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 15 – Composição de ângulos com par de esquadros

Fonte: Adaptado de Silva Júnior (2014).

Transferidor e gabaritos
Com o transferidor, é possível medir ângulos. Normalmente, são
fabricados em plástico ou acrílico transparente e em modelos de 180° e
360°. A leitura da medida dos ângulos é relativamente simples, veremos
na lição sobre desenho geométrico como usar os transferidores para
traçar e aferir medidas angulares.
Figura 16 – Transferidor 360°

Fonte: Adaptado de Silva Júnior (2014).

Os gabaritos são instrumentos facilitadores na vida do desenhista.


Eles possuem formas geométricas vazadas tal como moldes que
permitem a reprodução de figuras e símbolos nos desenhos.
Interpretação de Desenho Técnico 37

São feitos em plástico ou acrílico e existem diversos modelos


para auxiliar no desenho de instalações elétricas e hidráulicas, letras e
números, figuras básicas como quadrados, círculos, elipses, entre outros.
Figura 17 – Gabaritos

Fonte: Adaptado de Silva Júnior (2014).

O gabarito de círculos, por exemplo, é útil para o traçado de


pequenos círculos que são difíceis de fazer com compasso e, mesmo
que consigamos, ficam imprecisos e mal acabados (SILVA JÚNIOR, 2014).

Pranchetas
As pranchetas, também conhecidas como mesas para desenho,
são construídas com tampo de madeira (preferencialmente macia),
pés metálicos ou em madeira e revestidas com plástico apropriado,
normalmente nas cores verde ou azul, que proporcionam certo descanso
para os olhos do desenhista.

É muito importante observar que o conjunto de prancheta e banco


ou cadeira deve possibilitar ao desenhista uma postura correta dentro dos
parâmetros ergonômicos de conforto, pois as tarefas executadas pelos
desenhistas costumam durar muitas e muitas horas.

Atualmente, encontramos no mercado diversos modelos de


pranchetas, desde as mais tradicionais com pés e estrutura metálica até
as mais profissionais, que utilizam sistema de regulagem hidráulica para
inclinação e altura.
38 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 18 – Pranchetas

Fonte: Adaptado de Silva Júnior (2014, p. 23).

Existem, também, opções portáteis que combinam pranchetas


em tamanhos menores e maletas para guardar e transportar os diversos
instrumentos e materiais de desenho técnico (SILVA JÚNIOR, 2014).

Cuidado com os instrumentos de desenho


Antes da utilização dos instrumentos e do início de um trabalho de
desenho técnico, é preciso verificar alguns itens:

• As mãos devem estar limpas antes de manusear os instrumentos.

• Sempre limpar a mesa e os instrumentos antes de iniciar o trabalho.

• Utilizar lápis e lapiseiras bem apontados. Nunca apontar o lápis


sobre a mesa de trabalho, evitando-se manchas, borrões e marcas.

• A borracha deve ser utilizada o mínimo possível e as partículas


liberadas devem ser retiradas com uma flanela limpa. Nunca
remover as partículas com as mãos.

• Não utilizar a régua como guia no momento de cortar o papel com


o uso de estiletes.

• Deve-se evitar ao máximo apoiar-se sobre a folha.

• Nunca utilizar a escala como régua no momento de traçar as


linhas.

• Não guarde os instrumentos antes de limpá-los.


Interpretação de Desenho Técnico 39

Seguindo esses passos, você não terá problemas de conservação


ou na preparação inicial para os trabalhos.

RESUMINDO:

Neste capítulo, vimos a importância e facilidade que os


instrumentos de desenho técnico proporcionam para os
profissionais da área. Aprendemos sobre os diferentes tipos
de grafite para lápis ou lapiseiras. Vimos como funcionam
os esquadros e também entendemos a utilização de
gabaritos, como o gabarito de circunferências. Além disso,
também foi possível aprender sobre a conservação desses
instrumentos e a preparação inicial para o começo dos
trabalhos em desenho técnico. É verdade que, nos dias
de hoje, a maioria dos projetos são feitos em softwares
computacionais, os quais agilizam e facilitam o processo de
criação de desenhos técnicos. Porém, toda ideia começa
com um rabisco ou uma linha em um papel. É de suma
importância que o profissional de desenho técnico domine
a arte de desenhar com as mãos, assim terá um melhor
entendimento das técnicas utilizadas. Como estamos até
aqui? Bastante informação, não é mesmo? Mas ainda tem
mais, seguimos em frente!
40 Interpretação de Desenho Técnico

Construção geométrica e planificação

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos aprender sobre as formas


geométricas. Veremos como a sua formação é construída
a partir de formas simples e conhecidas. Entenderemos
como funciona a construção da ligação dessas formas.
Também veremos como executar a planificação de um
sólido geométrico e iremos acompanhar a planificação de
um prisma passo a passo.
Pronto? Vamos em frente!

Construção geométrica
Para a criação de desenhos, utilizam-se elementos geométricos
como pontos, linhas, planos, entre outros. O que é feito na criação de
desenhos geométricos é a concordância desses elementos, como a
tangente, perpendicularidade, entre outros. Vamos ver um exemplo para
facilitar nosso entendimento.
Figura 19 – Uso de concordâncias

Ponto
Arco tangente
Circunferências
concêntricas
Linhas Linha
paralelas

Fonte: Adaptado de Alves et al. (2018).

Na figura, vemos linhas, arcos e circunferências em concordância


entre si, constituindo, dessa forma, a imagem de uma peça mecânica.
Interpretação de Desenho Técnico 41

Divisão de segmentos
Aqui aprenderemos como dividir segmentos. Imagine uma reta r,
trace um arco com centro em A e de raio maior que a metade da reta.
Repita o procedimento para o ponto B, mantendo o mesmo raio. Conecte
as intersecções com uma reta. Esse ponto divide a reta em duas partes
iguais.
Figura 20 – (A) Obtenção dos arcos, (B) reta dividida em duas partes iguais

A B r A B r
C

(A) (B)
Fonte: Adaptado de Alves et al. (2018).

Para dividir em mais partes iguais, basta repetir o processo para


cada segmento AC e CB e assim por diante.

Bissetriz
A bissetriz divide um ângulo em duas partes iguais. Para traçar uma
bissetriz, pegue um ângulo e trace um arco de centro O para determinar
os pontos A e B. Trace um arco com centro em A e outro arco com
centro em B. Marque um ponto P na intersecção e, em seguida, trace
uma reta passando pelos pontos O e P. Assim teremos a bissetriz do
ângulo escolhido. Agora vamos ver o passo a passo da confecção de uma
bissetriz na figura a seguir:
42 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 21 – Construção de uma bissetriz

A A

0 0 0
B B
Ângulo qualquer Arco OAB Traçado de Arcos

A P A P

0 0
B B

Obtenção do ponto P. Obtenção da bissetriz


Fonte: Adaptado de Alves et al. (2018).

Divisão de segmento de reta em várias partes

Para entendermos a divisão do segmento de reta em várias partes,


vamos dividir o segmento AB em seis partes iguais. Analise a Figura 22.
Figura 22 – Divisão de um segmento de reta em partes iguais

1
5, B
3, 4,
1 , 2,
A
Fonte: Adaptado de Alves et al. (2018).

Concordâncias
Quando falamos de concordância, estamos nos referindo à ligação
entre geometrias. Podemos citar como exemplo a concordância entre
duas retas e um arco, a concordância entre circunferências ou entre retas.
Vamos ver um exemplo de concordância entre duas retas.
Interpretação de Desenho Técnico 43

Figura 23 – Concordância entre retas

B r r A
C r A O C
B
F r
E t
r r D
D

s
Fonte: Adaptado de Alves et al. (2018).

Traçado básico de elipse e ovais


Para entender esses traçados básicos, vamos analisar um exemplo
passo a passo:

• Primeiro passo: vamos iniciar traçando uma reta, a reta A, B. Com


centro no ponto médio C, trace uma circunferência de raio CA.

• Segundo passo: em seguida, vamos traçar uma reta perpendicular


passando pelo ponto médio C, até chegar ao ponto D.

• Terceiro passo: nosso próximo passo será traçar as retas AD e


DB e traçar um arco com centro em A e raio AB, obtendo, assim,
o ponto E.

• Quarto passo: prosseguimos traçando outro arco com centro em


B e raio AB, obtendo o ponto F.

• Quinto e sexto passos: para finalizar, vamos traçar uma


circunferência de centro D e raio DF. Assim, obtemos um traçado
oval. Veja na figura a seguir.
44 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 24 – Traçado oval passo a passo

Fonte: Adaptado de Alves et al. (2018).

Agora vamos ver o passo a passo para confeccionarmos uma elipse:

• Primeiro passo: trace uma reta AB dividida em quatro partes


iguais e trace um triângulo isóscele de comprimento.

• Segundo passo: trace duas circunferências de raio 1-2, uma com


centro em 1 e a outra com centro em 3.

• Terceiro passo: estenda as linhas 5-3 e 5-1, achando os pontos 6


e 7. Depois trace um arco com centro em 5 e raio 5-7.

• Quarto e quinto passo: com o mesmo raio, trace um arco com


centro em 4. Está pronta a elipse.
Interpretação de Desenho Técnico 45

Figura 25 – Traçado de uma elipse

Fonte: Adaptado de Alves et al. (2018).

Traçado básico de espirais

Para entendermos o traçado de espirais, vamos acompanhar juntos


um exemplo passo a passo:

Primeiro passo: trace uma circunferência no diâmetro escolhido.

Segundo passo: divida a circunferência em 8 partes iguais, e um de


seus raios divida em 6 partes iguais.

Terceiro passo: agora, vamos traçar cinco circunferências


concêntricas com os raios que passam pelos pontos que já foram
marcados.

Quarto passo: vamos marcar um ponto na intersecção de cada


circunferência com cada linha.

Quinto passo: para finalizar, vamos traçar uma curva que passa por
cada ponto. Está feita a nossa espiral.
46 Interpretação de Desenho Técnico

Figura 26 – Traçado de espiral passo a passo

Fonte: Adaptado de Alves et al. (2018).

Planificação
A planificação é uma representação em que todas as superfícies de
um modelo são desenhadas sobre o mesmo plano. As planificações são
constituídas por linhas contínuas e por linhas tracejadas.

As linhas contínuas representam os contornos, enquanto as


tracejadas representam os vértices nos quais ocorreu as dobras dos
modelos. Podemos ver, na Figura 27, o exemplo de um prisma retangular
que foi planificado.
Interpretação de Desenho Técnico 47

Figura 27 – Sólidos geométricos planificados

Prisma retangular Prisma retangular


em perspectiva sendo planificado

Planificação do prisma retangular

Fonte: Adaptado de CRUZ (2018).

Podemos ver na figura anterior um sólido geométrico sendo aberto


até sua forma planificada.

Para entendermos melhor como funciona a planificação, vamos


analisar, passo a passo, a de um prisma hexagonal.
Figura 28 – Prisma hexagonal

Fonte: Adaptado de Senai-SP (2015).


48 Interpretação de Desenho Técnico

Agora vamos ver a planificação desse prisma hexagonal em 5 fases.


Figura 29 – Planificação do prisma hexagonal, fases 1 a 3

Fonte: Adaptado de Senai-SP (2015).

Até a fase três, é possível visualizarmos a segmentação do hexágono


de base do prisma e o traçado dessas partes ao lado da figura.
Interpretação de Desenho Técnico 49

Figura 30 – Planificação do prisma hexagonal, fases 4 e 5

Fonte: Adaptado de Senai-SP (2015).

Na Figura 30, podemos acompanhar o desenho final da planificação


ligando os segmentos traçados na fase 3, assim concluído o processo de
planificação do prisma hexagonal.
50 Interpretação de Desenho Técnico

RESUMINDO:

Como está seu entendimento sobre desenho técnico até


agora? Acredito que já esteja vendo coisas diferentes, não
é mesmo? Pois bem, neste capítulo, vimos como criar
figuras geométricas. É interessante ver como as figuras
geométricas surgem de figuras mais simples, como
um triângulo ou circunferência, ligadas umas as outras.
Também aprendemos como fazer a divisão de segmentos,
a bissetriz, concordâncias e traçados básicos, ovais, de
elipse e espirais. Além disso, entendemos como fazer a
planificação de prismas geométricos e acompanhamos
o passo a passo da planificação do prisma geométrico
hexagonal. Aposto que o conhecimento que é o desenho
técnico não para de surpreender você, não é mesmo?
Ótimo! Então, vamos em frente!
Interpretação de Desenho Técnico 51

REFERÊNCIAS
ABNT. Conheça a ABNT, 2021. Disponível em: http://www.abnt.org.
br/abnt/conheca-a-abnt. Acesso em: 16 jul. 2021.

ALVES, E. C. C. et al. Desenho Técnico – Medidas e Representação.


Rio de Janeiro: Editora Érica, 2018.

ANDRADE, L. A. B. Desenho Técnico de Edificações. São Paulo:


Editora SENAI-SP, 2016.

SENAI-SP. Desenho técnico de edificações. São Paulo: Editora


Senai-SP, 2015.

SILVA JÚNIOR, E. E. Desenho Técnico. Brasília: Editora NT, 2014.

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