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6 - Cupom Cambial

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Cupom Cambial

1. O que é?

O contrato futuro de cupom cambial é a taxa de juro obtida a partir da diferença entre
a taxa acumulada do depósito interbancário (DI) e a taxa de câmbio no período da
operação (PTAX 800 de venda). A negociação do contrato futuro de cupom cambial
iniciou-se em 1998 a fim de substituir o uso combinado dos contratos futuros de dólar
e de depósito interbancário de 1 dia pelos agentes do mercado.

Também conhecido como DDI – código na BMF&Bovespa – o cupom cambial é


principalmente utilizado por instituições do mercado financeiro, como bancos e
empresas. Ele representa o diferencial da taxa de juro interna e a variação cambial,
referindo-se ao mesmo período. Pode-se dizer então que o cupom cambial é uma taxa
de juros em dólar, ou se preferir, é a remuneração em reais dos dólares investidos no
Brasil, e quanto maior o cupom cambial, maior será a atratividade da entrada de
recursos na economia. Caso houver um aumento na taxa de juro ou valorização
cambial, a taxa do cupom cambial também aumentará.

Em outras palavras, o cupom cambial é um título cuja remuneração corresponde à


variação cambial acrescida de uma taxa. Essa taxa é chamada de cupom cambial e é
negociada na BMF&Bovespa. O cupom cambial é composto por dois componentes: a
taxa DI e o dólar. Ao comprar o cupom cambial, o investidor terá lucro se a taxa
acumulada do CDI for superior à taxa de crescimento da cotação do dólar, sendo
ambas no mesmo período da operação.

Existem dois tipos de cupom cambial:

1. Cupom Cambial Sujo – DDI – é calculado com base na PTAX de um dia anterior,
sendo contaminado pela variação cambial. A variação do dólar do dia útil anterior à
data da operação é utilizado, porém a variação na data do vencimento do contrato não
é utilizada.
2. Cupom Cambial Limpo – FRC – é retirado o efeito da variação cambial, isto é, é
substituído a PTAX do dia anterior à operação pela taxa do dólar spot.

2. Características

O cupom cambial possui algumas características peculiares, conforme a seguir:


Nomenclatura
A nomenclatura da negociação do cupom cambial será da seguinte forma:

1. Código de negociação do cupom cambial, isto é, “DDI”.

2. Letra correspondente ao mês de vencimento, conforme abaixo:

Mês Letra
Janeiro F
Abril J
Julho N
Outubro V

*Padrão internacional

3. Ano de vencimento.

Exemplo: Para negociar o cupom cambial com vencimento em Abril de 2014, teremos
o seguinte código:

DDI J 14
* Para negociar o cupom cambial limpo, alterar o código DDI para FRC.

Preço Unitário (PU)

O preço unitário do cupom cambial é multiplicado por 100.000 pontos e é expressa em


dólares dos EUA. Já a sua cotação é feita em taxa de juros, expressa em percentual ao
ano, com base 360 dias corridos, com até 3 casas decimais.

No vencimento do contrato, o preço unitário valerá 100.000 pontos. Como cada ponto
é igual a US$ 0,50, o PU no vencimento equivale a US$ 50.000,00. Logo, para saber o
PU da operação, basta trazer os 100.000 pontos a valor presente, considerando a taxa
do Cupom ao ano negociada, conforme fórmula a seguir:

PU = ____100.000____
(i * n/360)+1

Sendo:

i = taxa do cupom ao ano negociada

n = número de dias corridos até o vencimento do contrato.

Vale lembrar que a taxa de cupom e o PU são inversamente proporcionais, isto é, se a


taxa do cupom cambial aumentar, haverá uma queda no preço unitário. Portanto, uma
compra de taxa gera uma posição vendida em PU e vice-versa.

É possível montar uma posição futura sintética em cupom cambial, fazendo as


seguintes operações:
– Para se proteger de uma alta do dólar e queda na taxa de juros (queda do cupom), o
investidor teria que comprar dólar futuro e vender DI futuro (vende taxa = ficar
comprado em PU)

– Para se proteger de uma queda do dólar e alta da taxa de juros (alta do cupom), o
investidor vende dólar futuro e compra DI futuro (compra taxa = ficar vendido em PU)

Vencimento

Os meses de vencimento correspondem aos quatro primeiros meses após o mês em


que a operação foi realizada e, a partir daí, os meses que se caracterizarem como início
de trimestre. O vencimento será no primeiro dia útil do mês de vencimento. Por
exemplo, em fevereiro, poderão ser negociados contratos com vencimentos em
março, abril, maio, junho, julho, outubro e janeiro do ano seguinte. Dessa forma, os
vencimentos ficam iguais aos vencimentos dos contratos futuros de DI, incentivando o
alongamento dos vencimentos do cupom cambial sem inviabilizar sua negociação para
vencimentos curtos.

Day trade

É possível realizar day trade (compra e venda no mesmo dia da mesma quantidade de
contrato para o mesmo vencimento) de cupom cambial. A liquidação financeira dessa
operação será realizada no dia útil seguinte.

Ajuste diário

O ajuste diário nada mais é do que um mecanismo utilizado pela BMF&Bovespa para
equalizar as contas dos investidores. Como os contratos futuros variam de preço todo
dia, gerando assim um débito ou crédito, os investidores são atualizados diariamente
sobre suas posições, ganhando ou perdendo conforme os preços oscilam, isto é, os
investidores recebem seus lucros e pagam seus prejuízos diariamente. Esse mecanismo
é utilizado como forma de proteção contra possíveis inadimplências por parte dos
investidores.

No contrato de cupom cambial, existe esse ajuste diário. Ele terá que obedecer os
seguintes critérios:

1. Inversão da natureza das posições:

Quando as operações de compra e venda forem contratadas originalmente em taxa,


serão transformadas em preço unitário de venda e compra, respectivamente.

2. Apuração do ajuste diário:

Depois que as operações forem transformadas em PU, elas serão ajustadas com base
no preço de ajuste do dia, determinado segundo regras estabelecidas pela própria
Bolsa, sempre com movimentação financeira no dia útil subsequente.
Margem de garantia

A margem de garantia é um valor depositado em dinheiro ou títulos que servirá para


cobrir uma possível inadimplência do investidor em alguma chamada de ajuste diário.
Normalmente para se operar um futuro na bolsa, o investidor é obrigado a depositar
margem de garantia para mitigar o risco de credito. Essa margem é estipulada pela
Bolsa, de acordo com critérios de apuração de margem para os contratos futuros.

Os ativos aceitos como margem de garantia podem ser dinheiro, ouro, títulos públicos
federais, títulos privados, cartas de fianças, ações e cotas de fundos fechados de
investimento em ações.

Custos operacionais

Basicamente, há 2 tipos de custos operacionais ao negociar o cupom cambial. São eles:

Corretagem – Podendo variar para cada corretora. Entretanto, a grande maioria se


utiliza da taxa operacional básica, estipulada pela própria Bovespa. Nesse caso, os
custos serão de 4% para operações normais e 2% para day trade, sendo pela diferença
entre o PU de ajuste (dia anterior) corrigido e o valor teórico do resgate.
Taxas da Bolsa – São cobradas taxas de emolumentos, taxas de registro e de
permanência, calculador pela própria BM&F. Além disso, há a incidência do imposto
sobre serviço – ISS sobre a operação.

Liquidação

Na data de vencimento, as posições em aberto, após o último ajuste, serão liquidadas


financeiramente pela Bolsa, mediante o registro de operação de natureza inversa à da
posição, na mesma quantidade de contratos, pela cotação de 100.000 pontos.

Contrato FRC

Para acabar com a distorção da variação cambial calculada no dia anterior ao da


operação (cupom sujo), foi lançado em 31/01/2001 uma alternativa a essa operação, o
chamado cupom limpo. O cupom cambial limpo é calculado sem a variação cambial do
dia anterior ao da operação, isto é, ele utiliza o dólar spot do dia da operação.

O FRC – Forward Rate Agreement – como é chamado esse contrato, permite que os
investidores possam negociar o cupom cambial para qualquer vencimento entre o
primeiro vencimento do contrato futuro de cupom cambial (DDI) e um vencimento
posterior, possuindo um código próprio, valendo as mesmas regras para os outros
contratos financeiros futuros.

Outra diferença desse tipo de contrato é que as operações FRC são transformadas em
duas operações: a primeira para o primeiro vencimento em DDI, a chamada ponta
curta. A segunda operação é sempre de natureza inversa, sendo o prazo idêntico ao
vencimento negociado no FRC, a chamada ponta longa. Esse tipo de operação, no
penúltimo dia de negociação, será gerada no segundo vencimento de DDI, mantendo-
se o vencimento até o penúltimo dia de negociação, quando o processo então se
repetirá.

3. Rentabilidade e Riscos

A rentabilidade e o risco de se investir no cupom cambial está relacionado com a


variação da cotação do dólar, positiva ou negativa, e da variação da taxa de juros no
Brasil. Quanto maior o risco da valorização do dólar, maior será o cupom cambial. Por
exemplo, se a taxa de juros no Brasil está em 15%, e o real se desvaloriza 5%, o cupom
cambial fica em 9,5% (juros compostos). Quanto maior a valorização do Real, menor
será o cupom cambial.

Como visto anteriormente, a rentabilidade e os riscos dessa operação vão depender


dos juros internos e da variação do dólar. Logo, não podemos determinar com
exatidão qual será o lucro. O que podemos fazer é nos basear nos fundamentos
macroeconômicos e tentar prever qual a trajetória dos juros e do dólar.

4. Tributação

A tributação do cupom cambial segue a mesma regra da tributação para renda


variável. Será tributado o imposto de renda a uma alíquota de 15% sobre a soma
algébrica dos ajustes diários (somente se for positiva) e apurada no encerramento da
posição. Há também a alíquota de 0,005% de imposto de renda retido na fonte sobre a
soma algébrica dos ajustes diários (se for positiva). Se esse valor for igual ou inferior a
R$ 1,00, fica dispensado a retenção desse imposto na fonte.

Para operações de day trade, a alíquota do imposto de renda é de 20%. Há também o


imposto de renda na fonte para operações de day trade, a uma alíquota de 1%, se for
positiva.

É permitido a dedução de todos os custos e despesas incorridos nas operações, como


taxas de corretagem e taxas cobradas pela BMF&Bovespa. É permitido também a
compensação de perdas incorridas com os ganhos líquidos auferidos no próprio mês
ou nos meses subsequentes, sendo a compensação válida somente para operações da
mesma espécie e modalidade operacional.

O recolhimento do imposto é de responsabilidade do próprio investidor, exceto


quando o imposto for direto na fonte e deverá ser apurado mensalmente e pago até o
último dia útil do mês subsequente ao da apuração, sob o código DARF 6015 para
pessoas físicas e 3317 para pessoas jurídicas.

5. Exemplo

Vamos dar um exemplo prático da negociação do cupom cambial com liquidação no


vencimento. Considere as informações a seguir:
Um investidor quer proteger-se contra uma alta no dólar e queda na taxa de juros no
Brasil. Para isso, ele deverá comprar o cupom cambial (ficar comprado em PU). De
acordo com as informações acima, podemos calcular o PU da operação que o
investidor vai comprar:

PU =100.000 / 4,5% * (44/360) +1 = 99.453,01

Para saber o referencial em dólares, basta multiplicar o PU por US$ 0,50. Temos então:

99.453,01 x 0,50 = US$ 49.726,50

Para saber a quantidade de contratos que o investidor comprou, basta dividir o valor
investido pelo valor referencial em dólares:

US$ 100.000,00 / 49.726,50 = 2 contratos

Podemos então calcular o PU no vencimento:

PU = 99.453,01 x ((1 + 0,085)30/252) / (1 + 0,28070) = 97.681,67

Para achar o valor do PU em dólares (lucro da operação), basta subtrair 100 mil (PU no
vencimento) pelo PU acumulado do investidor no vencimento e multiplicar pelo
número de contratos e pelo valor do contrato em dólar, isto é, US$ 0,50:

(100.000 – 97.681,67) x 0,50 x 2 = US$ 2.331,08 (lucro na operação)

6. Vantagens

▪ Possibilidade de rendimentos altos;


▪ É possível fazer estratégias de investimentos, principalmente hedge (proteção), se
protegendo contra a variação do dólar e da taxa de juros no Brasil.
7. Desvantagens

▪ Ajustes diários;
▪ Margem de garantia;
▪ Imposto de Renda;
▪ Investimento de alto risco.

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