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Apostila - Segundo Reinado

O documento resume o período do Segundo Reinado no Brasil (1840-1889) através de quatro seções principais: 1) a consolidação política e territorial do Brasil nos anos 1840-1850 através do fortalecimento do centralismo monárquico; 2) os esforços para construir uma identidade nacional brasileira durante este período; 3) a lógica política dominada pelos partidos Conservador e Liberal e as tentativas de estabilização através do parlamentarismo; 4) as medidas econômicas como a Tarifa Alves Branco de

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Apostila - Segundo Reinado

O documento resume o período do Segundo Reinado no Brasil (1840-1889) através de quatro seções principais: 1) a consolidação política e territorial do Brasil nos anos 1840-1850 através do fortalecimento do centralismo monárquico; 2) os esforços para construir uma identidade nacional brasileira durante este período; 3) a lógica política dominada pelos partidos Conservador e Liberal e as tentativas de estabilização através do parlamentarismo; 4) as medidas econômicas como a Tarifa Alves Branco de

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O SEGUNDO REINADO (1840 – 1889)

Gabriel Léccas

Durante o Período Regencial, o Brasil viveu o apogeu da instabilidade política e da


ameaça à integridade do território nacional. Nesse contexto, destacaram-se na cena po-
lítica os ideais de separatismo, muitas vezes em importantes áreas do país.
Assim, o Partido Liberal defendeu a antecipação da maioridade de Dom Pedro II,
que subiu ao trono ainda jovem com a missão de centralizar o poder e debelar as tensões
centrífugas que dominaram as Regências. Iniciava-se o Segundo Reinado.

I. CARACTERIZAÇÃO GERAL_______________________________________
Em linhas gerais, pode-se caracterizar o Segundo Reinado, importante período da His-
tória do Brasil, a partir dos seguintes raciocínios:

 Marcado pela supremacia política da aristocracia rural (a “boa sociedade”), so-


bretudo dos elementos conservadores (“Tempo Saquarema”);
 Durante o período, buscou-se a consolidação do Brasil em diversos níveis (territori-
al, econômico, ideológico, territorial);
 Houve, ainda, intensas tentativas de modernização implantadas pelo governo, objeti-
vando a maior aproximação em relação às nações europeias, ditas civilizadas.
Contudo, tais tentativas chocaram-se com as estruturas arcaicas sobre as quais o
país encontrava-se instalado;
 Ao mesmo tempo em que havia relações diplomáticas com a Europa visando à
aproximação, adotou-se forte postura intervencionista na América do Sul.

II. A CONSOLIDAÇÃO (1840 – 1850)_ ______________________ _

Período marcado pela tentativa de afirmação e consolidação da Ordem Imperial, o


que consistia na promoção da estabilidade política por meio do esmagamento das tendên-
cias descentralizadoras do Período Regencial, reforçando, com isso, o poder imperial.

1. Antecedentes

1.1 – O PERÍODO REGENCIAL (1831 – 1840)

A – PROBLEMAS:

 Instabilidade política;
 Ameaças à integridade do território;
 Rebeliões regenciais: luta entre Ordem e Desordem.

B – SOLUÇÃO:

 Golpe da Maioridade: Restauração do Poder Moderador, da ordem monárquica e


reforço da estabilidade política pelo centralismo (considerar a legitimidade do
governo imperial).
2. Aspectos ideológicos e culturais

2.1 – A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL

A – O ROMANTISMO (NACIONALISMO INDIANISTA):

 Busca da construção de uma identidade sob forte influência do modelo nacionalista


europeu;
 Valorização do indígena como elemento essencial da nacionalidade brasileira (o
europeu estaria associado à opressão colonizadora e o negro, à inferioridade
racial);
 Intensa valorização da natureza tropical;
 Destacam-se, nesse contexto, as obras de José de Alencar.

B – OBJETIVOS:

 Promover maior coesão social, identificando os brasileiros como membros de uma


só nação, visando ao alcance da estabilidade política.

C – MEDIDAS IMPORTANTES (REGÊNCIA DE ARAÚJO LIMA):

 Fundação do Colégio Pedro II (1837);


 Fundação do IHGB (1838);
 Fundação do Arquivo Nacional (1838);
 Composição das primeiras obras de História e Geografia para uso em escolas.

3. Aspectos políticos

3.1 – INTENSIFICAÇÃO DO CENTRALISMO MONÁRQUICO

A – PRINCIPAIS MEDIDAS:

 Restauração do Poder Moderador (1840);


 Restauração do Conselho de Estado (1841);
 Fim do poder dos Juízes de Paz com a reforma do Código de Processo Criminal
(1841);
 Elevação do censo eleitoral com a Reforma Eleitoral (1846);
 Subordinação da Guarda Nacional ao Ministério da Justiça (1850).

3.2 – OS PARTIDOS POLÍTICOS

A – O PARTIDO CONSERVADOR (SAQUAREMAS):

 Composto pela aristocracia rural das áreas tradicionais (Vale do Paraíba, Per-
nambuco, Bahia); grandes comerciantes e burocratas do Estado Imperial;
 Defendiam o centralismo político, um forte aparato policial, o fortalecimento do
Poder Executivo e a estabilidade do Poder Judiciário.
B – O PARTIDO LIBERAL (LUZIAS):

 Composto pela aristocracia rural das áreas mais novas; por profissionais libe-
rais e por elementos das camadas urbanas;
 Defendiam o fortalecimento do Poder Legislativo, a redução da ação da polícia,
a eleição de magistrados e de agentes judiciais e certo grau de descentraliza-
ção.

OBS.: Ambos os Partidos eram defensores da escravidão, da ordem latifundiária, da


agroexportação, de uma rígida hierarquia social e da monarquia de baixa representa-
tividade (voto censitário). Circulava no Brasil, portanto, a seguinte frase: “Nada mais
conservador do que um liberal no poder”, visto que, como elementos integrantes da
aristocracia rural, possuíam projetos muito semelhantes.

3.3 – LÓGICA POLÍTICA

A – CARACTERÍSTICAS GERAIS:

 Como parte do Poder Executivo, existia um Ministério a ser escolhido pelo Impera-
dor, constituído pelo Partido Liberal ou pelo Partido Conservador;
 Câmara dos Deputados escolhida pela população (voto censitário) e Senado vitalí-
cio como o Poder Legislativo, este último com reduzida expressão política;
 Imperador como chefe do Poder Executivo e detentor do Poder Moderador.

B – IMPLICAÇÕES:

 Fraudes eleitorais, uma vez que era interessante que o partido escolhido pelo Impe-
rador para compor o Ministério possuísse maioria na Câmara;
 Hipertrofia dos poderes imperiais, de modo a reforçar o centralismo monárqui-
co;
 Dificuldades nas tentativas de promoção da estabilidade política, visto que era cons-
tante a alteração da composição partidária dos Ministérios entre liberais e con-
servadores e a anulação de pleitos eleitorais, em decorrência de fraudes e demais
problemas políticos envolvendo luzias e saquaremas.

OBS.: Como exemplo dessas implicações problemáticas, podemos citar as eleições do cace-
te e seus desdobramentos. Eleito o primeiro Ministério, liberal (Ministério dos Irmãos),
houve fraude de modo a se formar uma Câmara de maioria liberal (por meio de violência,
daí o nome “do cacete”). O Imperador, ao descobrir a fraude, dissolveu o Ministério e as
eleições, convocando os conservadores para ocupar o órgão. Estouraram, nesse contexto, os
Levantes Liberais de 1842, em Sorocaba e Barbacena, duramente reprimidos pelo governo
imperial, já muito ocupado com o desenrolar da Farroupilha, só findada em 1845.

3.4 – O PARLAMENTARISMO: PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS (1847)

A – RAZÕES PARA A ADOÇÃO DO MODELO:

 Busca de promover maior estabilidade política, como tentativa de amenização dos


problemas políticos gerados como implicação da política do período;
 Maior aproximação das Nações europeias, ditas civilizadas;
 Tentativa de redução do o poder dos saquaremas (alternância de partidos).

B – ETAPAS DO FUNCIONAMENTO DO MODELO BRASILEIRO:

 Escolha do presidente de Conselho de Ministros entre o Partido Liberal ou o Partido


Conservador, feita pelo Imperador;
 Seleção dos ministros feita pelo presidente do Conselho – membros do mesmo parti-
do – para posterior aprovação imperial;
 Convocação de eleições censitárias pelo presidente do Conselho de Ministros para a
composição da Câmara de Deputados (em casos de fim da legislatura ou de dis-
solução da Câmara).

OBS.: O Imperador era o elemento central do Parlamentarismo brasileiro, pois era o


chefe do Poder Executivo e detentor do Poder Moderador (chefe de Estado e de
governo). Dizia-se, por isso, à época no Brasil: “o rei reina, governa e administra”.

C – ETAPAS DO FUNCIONAMENTO DO MODELO INGLÊS:

 Realização de eleições para a composição da Câmara dos Comuns;


 Escolha do primeiro ministro entre os membros do partido vitorioso nas eleições
(geralmente, o chefe do partido);
 Escolha do Ministério realizada pelo primeiro ministro.

OBS.: O rei inglês era um simples chefe de Estado, visto que a maior autoridade do país é o
primeiro ministro. Desde a Revolução Gloriosa, dizia-se, portanto, na Inglaterra: “o rei
reina, mas não governa”. Conclui-se, pois, que o modelo brasileiro era um “parlamenta-
rismo às avessas”, visto que, além da diferença quanto à importância política do mo-
narca, a ordem das etapas do processo de composição do modelo (eleições do Legislativo e
escolha do Ministério) era alternada.

4. Aspectos econômicos

4.1 – A TARIFA ALVES BRANCO (1844)

Tarifa protecionista, instituía a elevação das taxas alfandegárias sobre os produ-


tos importados (30% para produtos sem similar nacional; 60% pra produtos com similar
nacional). Rompeu com a tradição livre-cambista que remontava aos períodos anteriores
(Período Joanino, Primeiro Reinado e Período Regencial).

A – RAZÕES PARA A APROVAÇÃO:

 Tentativa de recuperação do depauperado Tesouro Nacional;


 Alternativa para saldar as dívidas e compromissos do Império Brasileiro.

B – EFEITOS:

 Acumulação de capital, que, por sua vez, contribuiu para o crescimento da peque-
na indústria nacional;
 Descontentamento inglês, que culminou com a aprovação unilateral da Bill
Aberdeen (1845).
4.2 – BILL ABERDEEN (1845)

Lei inglesa de aprovação unilateral realizada pelo Parlamento, instituía a proibição


do tráfico de escravos no Atlântico, dando plenos poderes à Marinha britânica para o
apresamento de embarcações que apresentassem vestígios de tráfico de escravos,
visando ao fim desse processo econômico, prejudicial aos negócios britânicos na América.

A – RAZÕES PARA A APROVAÇÃO:

 Insatisfação britânica relativa ao aumento das taxas alfandegárias sobre seus pro-
dutos (protecionismo) no Brasil, pela Tarifa Alves Branco;
 Insatisfação britânica relativa à ineficácia das políticas governamentais de abolição
do tráfico negreiro adotadas nos anos anteriores, haja vista a assinatura do Tratado
de 1827, em que o governo brasileiro se comprometia em extingui-lo em três anos.

B – RAZÕES PARA O INTERESSE BRITÂNICO NA ABOLIÇÃO DO TRÁFICO:

 Eventual aumento do mercado consumidor brasileiro: A extinção do tráfico ne-


greiro intercontinental promoveria, gradativamente, a diminuição do número de es-
cravos no Brasil, o que implicaria a substituição da mão de obra escrava pela
mão de obra livre, aumentando, com isso o mercado consumidor brasileiro para os
produtos ingleses;
 Estabilidade da oferta de mão de obra e do mercado consumidor africanos: Ao
iniciar sua expansão imperialista pelo mundo, os ingleses estabeleceram um for-
te fluxo comercial com a África, enviando para a região um grande número de pro-
dutos industrializados. O tráfico negreiro intercontinental reduzia a população do
continente, o que acabaria por diminuir o mercado consumidor de seus países;
 Diminuição da concorrência na produção açucareira: A Inglaterra havia extingui-
do o tráfico de escravos para suas colônias nas Antilhas, produtoras de açúcar, o que
reduziu a mão de obra e tornou a produção mais cara. Se o Brasil mantivesse o
tráfico negreiro, sua mão de obra não seria reduzida e a produção açucareira seria
mais barata do que a inglesa e, consequentemente, o preço do açúcar brasileiro
seria mais baixo do que o produzido nas Antilhas inglesas (concorrência).

OBS.: É importante considerar que, com o tempo, a relevância da última razão apresentada
reduziu substancialmente em detrimento das duas outras, pois a produção açucareira brasi-
leira, durante o Segundo Reinado, já se encontrava em profunda crise.

C – EFEITOS DA APROVAÇÃO:

 Expressivo aumento da compra de escravos por fazendeiros que temiam a abolição


do tráfico (poupança escrava);
 Carestia do preço do escravo, o que levou os fazendeiros e tratá-los melhor;
 Relativa intensificação do tráfico interprovincial;
 Relativa intensificação dos fluxos migratórios europeus (sistema de parceria).

4.3 – A LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS (1850)

Lei aprovada pela Câmara brasileira, significou a abolição do tráfico negreiro inter-
continental para o Brasil.
A – RAZÕES INTERNAS PARA A APROVAÇÃO:

 Soberania: a imagem do Brasil frente à comunidade internacional seria de “incompe-


tência” se ele não se demonstrasse capaz de resolver o problema do tráfico;
 Soberania: Aumento da concentração fundiária nas mãos de estrangeiros no
Nordeste, onde fazendeiros arruinados não dispunham de outro recurso para sal-
dar suas dívidas com traficantes de escravos, em sua maioria portugueses;
 Segurança: Temor relativo ao haitianismo, visto que era intensa a concentração de
negros nas fazendas maiores;
 Ordem civilizatória: Alternativa de promover o branqueamento populacional por
meio da gradual substituição da mão de obra escrava pela imigrante europeia,
seguindo os princípios de eugenia racial;

B – RAZÕES EXTERNAS PARA A APROVAÇÃO:

 As pressões inglesas, fortemente menos importantes do que as demais razões.

C – EFEITOS:

 Proibição do tráfico negreiro intercontinental, o que levaria ao gradual fim do tra-


balho escravo;
 Profunda intensificação do tráfico interprovincial;
 Profunda intensificação dos fluxos migratórios europeus (sistema de parceria);
 Maior acumulação de capital em decorrência da redução dos gastos com o tráfico
intercontinental;
 Em menor importância, houve atritos internos no Partido Conservador, pois parte
dele (cafeicultores do Vale do Paraíba, região próspera) era contrária à lei, enquan-
to outra parcela (fazendeiros de açúcar do Nordeste, região em crise), era a favor;
 Contribuição para a modernização da sociedade brasileira, pois sua aprovação re-
fletiria na gradual substituição da mão de obra escrava pela livre, uma das bases
da moderna economia de mercado.

OBS.: Em 1854, a Câmara aprovou a Lei Nabuco de Araújo, que, além da ratificação da
Lei Eusébio de Queirós, instituía pesadas punições a traficantes de escravos e a auto-
ridades que encobrissem o contrabando de cativos, uma vez que este ainda era intenso,
terminando somente em 1856.

4.4 – A LEI DE TERRAS (1850)

Lei aprovada pela Câmara brasileira – dias depois da Lei Eusébio – que dificultava a
posse das terras devolutas, tornando o processo caro e burocrático. Proibia a posse por
doação e por ocupação, sendo exigido pagamento à vista.

A – RAZÕES PARA APROVAÇÃO:

 Ao proibir a posse por ocupação, prejudicava a ação dos posseiros (geralmente


imigrantes), obrigando-os a submeter-se ao trabalho na grande lavoura para garan-
tir sua sobrevivência;
 Ao proibir a posse por doação, prejudicava os interesses dos traficantes portugueses
do Nordeste que tomavam terras como pagamento de dívidas;
 Ao encarecer e burocratizar o processo de obtenção da terra, exigindo pagamento
à vista, prejudicava os interesses de pequenos proprietários, reforçando a suprema-
cia econômica e os interesses da aristocracia rural, ocasionando intensa concen-
tração fundiária.

OBS.: É importante considerar que a Câmara, ao aprovar a Lei Eusébio de Queirós, previa a
gradual substituição da mão de obra escrava pela imigrante. O objetivo dos políticos
brasileiros em direcionar a mão de obra imigrante europeia para a grande lavoura é o
que explica a quase imediata aprovação da Lei de Terras após a oficialização do fim do tráfico
negreiro intercontinental.

B – EFEITOS:

 Resguardo da mão de obra imigrante para a grande lavoura;


 Intensa concentração fundiária;
 Incentivo ao desenvolvimento da propriedade privada da terra no Brasil;
 Contribuição para a modernização da sociedade brasileira, pois o incentivo ao de-
senvolvimento da propriedade privada da terra estimula a mercantilização da terra,
uma das bases da moderna economia de mercado.

5. A Praieira (1848 – 1850)

5.1 – PERNAMBUCO EM 1848

A – A ESTRUTURA POLÍTICA:

 Presidência da província nas mãos de Chicorro da Gama, membro do Partido Liberal


(o Ministério da época também era liberal);
 Intensa influência política da família Holanda Cavalcanti;
 Sistema de recrutamento militar forçado;
 Aliança política expressiva entre portugueses e saquaremas.

B – A ESTRUTURA ECONÔMICA:

 Intensa concentração fundiária (1/3 das terras pertencia aos Holanda Cavalcanti);
 Intensa crise das lavouras de açúcar e de algodão;
 Forte presença comercial dos ingleses, sobretudo no comércio atacadista;
 Monopólio do comércio varejista pelos portugueses, o que muito estimulou o senti-
mento antilusitano (havia intensas ações violentas contra portugueses);
 Reduzidas oportunidades de emprego para brasileiros livres e pobres;
 Existência de uma lei de juro convencional prejudicial, sobretudo, aos brasileiros.

C – ESTRUTURA IDEOLÓGICA:

 Circulação das ideais revolucionárias europeias (liberalismo, nacionalismo e so-


cialismo utópico, das revoluções de 1830 e 1848, sobretudo).
5.2 – CAUSAS
A – ESTRUTURAIS:

 Crise das produções açucareira e algodoeira nordestinas;


 Tradição liberal da província de Pernambuco (Insurreição Pernambucana, Revolta dos
Suassuna, Revolução Pernambucana, Confederação do Equador, entre outros);
 Lusofobia (portugueses eram comerciantes, aliados ao Partido Conservador);
 Falta de emprego para brasileiros livres e pobres devido ao domínio de ingleses e
portugueses no setor comercial;
 Contraposições políticas entre luzias e saquaremas;
 Intensa concentração fundiária;
 Centralismo do império.

B – IMEDIATAS:

 Destituição do Ministério Liberal e a consequente substituição por um Ministério


Conservador, pois os saquaremas, aliados políticos dos portugueses, denunciaram a
desordem (atentados e boicotes a portugueses) ao Imperador, associando-a à in-
competência do Ministério Liberal;
 Demissão do presidente da província liberal e a consequente substituição por um
presidente conservador, pois os saquaremas, aliados políticos dos portugueses, de-
nunciaram a desordem (atentados e boicotes a portugueses) ao Imperador, associ-
ando-a à incompetência do governo liberal na província.

5.3 – REIVINDICAÇÕES

A – O MANIFESTO AO MUNDO:

 Independência dos poderes de Estado;


 Fim do Poder Moderador;
 Liberdade de imprensa;
 Proclamação da República;
 Federalismo;
 Fim da lei do juro convencional;
 Reforma do Poder Judiciário;
 Instituição do sufrágio universal masculino;
 Fim do sistema de recrutamento militar existente.

OBS.: A Praieira, por muitos consideradas como última rebelião regencial, embora possu-
ísse forte influência dos ideais revolucionários, não tinha em sua pauta o fim da escravi-
dão. Esmagada pelo governo imperial, significou o fim das tensões políticas herdadas da
Regência e início de um longo período de estabilidade política, prosperidade econômica
e tranquilidade social.
III. O APOGEU (1850 – 1870)_ ___________________________

1. Aspectos políticos

1.1 – O MINISTÉRIO DA CONCILIAÇÃO (1853 – 1857)

Criação de um Ministério misto, de liberais e conservadores, sob chefia do Mar-


quês do Paraná, saquarema.

A – RAZÕES PARA A CRIAÇÃO:

 Enfraquecimento do Partido Liberal, sobretudo em decorrência das derrotas nas


Revoltas de 1842 e da Praieira em 1848;
 Atritos internos no Partido Conservador em decorrência da aprovação da Lei Eu-
sébio de Queirós;
 Intenção de realizar a Reforma Bancária, com a fundação do segundo Banco do
Brasil (era necessário o controle sobre a emissão de moeda).

B – FIM DA CONCILIAÇÃO:

 Crise financeira: Autorização de emissão de crédito pelos bancos particulares reali-


zada pelo Ministro da Fazenda (liberal).

OBS.: A Conciliação foi uma estratégia do Partido Conservador para que as medidas mais ra-
dicais propostas pelos liberais não fossem atendidas.

2. Aspectos econômicos

2.1 – A ERA MAUÁ: SURTO INDUSTRIAL E URBANO (1850 – 1860)

A – FATORES IMPULSIONADORES:

 Aprovação da Tarifa Alves Branco (1844) que, além de proporcionar certa acumu-
lação de capital, instalou o protecionismo alfandegário, favorecendo o cresci-
mento industrial;
 Capital acumulado em decorrência da proibição do tráfico intercontinental de
escravos a partir da aprovação da Lei Eusébio de Queirós;
 Capital acumulado em decorrência da prosperidade da expansão cafeeira atingi-
da, sobretudo no Vale do Paraíba Fluminense.

B – MODERNIZAÇÕES EMPREENDIDAS:

 Crescimento da pequena indústria nacional;


 Construção de ferrovias;
 Abertura de bancos e caixas econômicas;
 Criação de uma companhia de limpeza urbana;
 Incremento dos transportes coletivos;
 Instalação da linha telegráfica internacional, unindo Brasil e Europa;
 Desenvolvimento do serviço de iluminação a gás.
C – RAZÕES PARA O FIM DO SURTO:

 A mentalidade das camadas dirigentes do Estado imperial, que associavam ri-


queza e poder à tríade terra, café e escravos;
 Aprovação da Tarifa Silva Ferraz (1860), que anulou a Tarifa Alves Branco e insti-
tuiu o retorno ao livre-cambismo;
 A forte concorrência de produtos e indústrias inglesas, desleal para muitos em-
preendedores brasileiros;
 A exiguidade do mercado interno brasileiro, uma vez que a maioria da população
era composta por escravos, sem poder de compra.

OBS.: Sem conseguir lutar contra a concorrência estrangeira e muito abalado por alguns pro-
blemas financeiros, Mauá foi à falência em 1875, tendo seus empreendimentos comprados a
baixos preços por ingleses e por norte-americanos.

2.2 – A EXPANSÃO CAFEEIRA


A – CONTEXTO EXTERNO:

 Crescimento das camadas médias e consequente ampliação de seu poder aquisiti-


vo em decorrência do processo de Segunda Revolução Industrial;
 Desorganização da produção cafeeira haitiana em decorrência dos efeitos causados
pela Guerra de Independência.

OBS.: O crescimento da demanda internacional não acompanhou o ciclo da planta, o que


exigiu a ampliação da área cultivável para consequente ampliação dos lucros.

B – CONTEXTO INTERNO:

 A crise econômica das lavouras de açúcar e de algodão, graças à concorrência


estrangeira (contra açúcar de cana de Cuba e contra o açúcar de beterraba da
Europa e contra o algodão dos Estados Unidos).

C – AS FASES DA EXPANSÃO:

VALE DO PARAÍBA OESTE PAULISTA


Apogeu por volta de 1850: Rio de Janeiro Expansão vigorosa a partir de 1850 (Bra-
(Vassouras, Valença, Resende, Barra Man- gança, Itu, Campinas, Sorocaba, Ribeirão
sa) e uma parte de São Paulo (Bananal, Preto).
Guaratinguetá, Taubaté).
 Pouca tecnologia empregada. Alguma tecnologia: máquinas de beneficiamen-
 Decaiu por causa do desgaste dos so- to.
los.
Impossibilidade de continuar se expandin- Grande disponibilidade de terras. Ótima ter-
do para outras áreas. ra roxa.
Predomínio do trabalho escravo. Quando Forte presença de trabalho escravo e tam-
começou a imigração, já era uma área em bém de imigrantes, sobretudo após 1870/80.
declínio e pouco atraente para os estrangei-
ros.
Durante muito tempo, o transporte foi Expansão das estradas de ferro. Investi-
feito por mulas. mento inglês, algumas vezes em sociedade
com cafeicultores.
 Elite: barões de café.  Elite: burguesia cafeeira.
 Mentalidade aristocrática.  Mentalidade “empresarial”: o objetivo
 Fazendas e escravos serviam para ter da propriedade era gerar lucros que seri-
poder sobre os homens. am reinvestidos na economia.
 Gestão tradicional.  “Desprezo” pelo título de barão.
 Ganhos desperdiçados com consumo
improdutivo.
 Orgulho pelo título de barão.
Apoio à monarquia e ao poder centraliza- Identificação com o republicanismo e o fede-
do. ralismo.

2.3 – A QUESTÃO DA IMIGRAÇÃO

A – AS MODALIDADES DE IMIGRAÇÃO:

SISTEMA DE PARCERIA IMIGRAÇÃO SUBVENCIONADA


Os fazendeiros pagavam todas as despe- O Estado o os governos provinciais paga-
sas de viagem e de transporte, além de vam a viagem; Os fazendeiros antecipavam
adiantamento; uma quantia para as primeiras despesas;

Precária regulamentação das condições O Estado regulamentava as condições de tra-


de trabalho; balho (neutralidade empresarial dos fa-
zendeiros).
Pagamento vinculado à produtividade; Pagamento fixo e pagamento variável;

Imigrantes presos às fazendas por dívi- Os imigrantes podiam cultivar milho e fei-
das. jão, dividiam a colheita com o fazendeiro e
podiam vender a parte que lhes cabia.

3. A política externa

3.1 – LINHAS DE ATUAÇÃO

A – ESTADOS UNIDOS E NAÇÕES EUROPEIAS:

 Adoção da diplomacia e de soluções negociadas como forma de evitar eventuais


conflitos e garantir as relações comerciais e econômicas entre os países (merca-
do internacional de café, empréstimos e investimentos);
 Questão Christie (1863) como principal exemplo histórico.

B – NAÇÕES HISPANO AMERICANAS (À EXCEÇÃO DA REGIÃO PLATINA):

 Não houve relações diplomáticas significativas, em decorrência da inexpressivi-


dade política dessas nações para a política externa imperial.

C – PAÍSES DA REGIÃO PLATINA:


 Relações marcadas por intervenções militares (Argentina, Paraguai, Uruguai), de
modo a garantir a livre navegação da Bacia Platina, o que possibilitaria a comuni-
cação com a província do Mato Grosso e favorecia os comerciantes brasileiros;
 Apoio à independência de pequenos países, impedindo a formação de uma grande
nação, o que provocaria a alteração do equilíbrio político na Região Platina (situa-
ção ameaçadora para a integridade territorial brasileira, sobretudo para os fazen-
deiros rio-grandenses, interessados em proteger suas fazendas, tanto no Brasil
quanto na Banda Oriental);
 Argentina: Oposição ao projeto de Juan Manuel Rosas de reconstituição do Vice
Reinado do Prata (Paraguai, Argentina e Uruguai);
 Uruguai: Oposição política ao Partido Blanco (grandes fazendeiros sob liderança
de Manuel Oribe), defensor da união à Argentina, e consequente apoio ao Partido
Colorado (comerciantes uruguaios liderados por Frutuoso Rivera), opositores do
projeto do presidente argentino;
 Paraguai: Oposição ao projeto nacionalista de modernização e à política expan-
sionista empreendidos por Solano Lopez.

3.2 – GUERRA CONTRA ROSAS


3.3 – GUERRA CONTRA ORIBE
3.4 – GUERRA CONTRA AGUIRRE

3.5 – A GUERRA DO PARAGUAI (1864 – 1870)

A – PARAGUAI ANTES DA GUERRA:

 Estava em vigor uma república ditatorial, sob o comando de elementos ligados ao


Exército;
 Expressivo desenvolvimento industrial, com grande avanço na construção de fer-
rovias;
 Expressivo desenvolvimento do processo de reforma agrária;
 Utilização de mão de obra livre (não havia mais escravidão);
 Reduzidos índices de analfabetismo da população;
 Havia, no Paraguai, um projeto de modernização de caráter nacionalista, que po-
deria servir de exemplo para os demais países do continente, incentivando seu desen-
volvimento industrial, fato que contribuiria para a redução dos mercados ingle-
ses na América.

OBS.: A consolidação desse projeto de modernização exigiu uma política externa de cará-
ter expansionista territorial, para que o Paraguai pudesse conseguir saída ao mar (have-
ria risco de invasão territorial), com o objetivo de formar o Grande Paraguai.

B – ESTÍMULOS PARA O CONFLITO:

 Exportar o conceito de civilização segundo o Império brasileiro (monarquia e es-


cravismo) para o Paraguai, visto como símbolo de barbárie;
 Afastar o risco de desequilíbrio político na Região do Prata, de modo a garantir a li-
vre navegação de seus rios;
 Afastar a ameaça de invasão de territórios brasileiros (estâncias gaúchas);
 Causa imediata: Aprisionamento do navio brasileiro Marquês de Olinda pelas forças
paraguaias, seguido de invasão do Mato Grosso, Entre Rios e Corrientes.

C – PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA GUERRA:

 Intensa atuação do Exército brasileiro, em sua maioria formado por escravos ne-
gros sob promessa de liberdade;
 Expressiva atuação dos Voluntários da Pátria;
 Apoio financeiro britânico;
 Atuação da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) contra o Paraguai.

OBS.: Os principais objetivos da Tríplice Aliança consistiam em: retirar do Paraguai a sobe-
rania de seus rios, não negociar qualquer trégua – em conjunto ou em separado – até a
deposição de Solano Lopez, responsabilizar o Paraguai por toda a dívida de guerra.

D – EFEITOS:

 Destruição do Paraguai (queda demográfica), expressivo aumento de sua dívida


externa (pagamento de indenização à Tríplice Aliança), e perdas territoriais;
 Fim do modelo de desenvolvimento nacionalista do Paraguai;
 Manutenção do equilíbrio político na Bacia Platina em favor da Inglaterra;
 Marginalização política do Brasil frente à comunidade americana;
 Aumento da dívida externa brasileira em relação à Inglaterra;
 Surgimento do ideal salvacionista no Exército, que passou a se enxergar como uma
instituição política atuante na vida política brasileira;
 Despertar dos ideias de republicanismo e abolicionismo na sociedade brasileira (o
contato com o modelo de desenvolvimento paraguaio fez surgir no Brasil diver-
sos seguidores desses ideais).

OBS.: Nesse contexto, ocorreu o início da contestação das estruturas imperiais por se-
tores civis e militares.

IV. A CRISE (1870 – 1889)_ ___________________________

1. Características fundamentais

1.1 – A QUESTÃO RELIGIOSA

A – ATRITOS COM A IGREJA CATÓLICA:

 Decretação da bula Syllabus (1864) pelo papa Pio IX, segundo a qual membros do
clero não poderiam pertencer a demais ordens ligadas a ideais seculares e anticleri-
cais (a maçonaria era o maior exemplo);
 O Imperador, por meio do beneplácito (direito de revogação das bulas papais),
não aceita a o decreto;
 Dois bispos condenam a atitude imperial e, por isso, recebem severa punição (pri-
são), o que tem como consequência a retirada do apoio da Igreja ao Império.
1.2 – A QUESTÃO MILITAR

A – A GUERRA DO PARAGUAI:

 Surgimento do ideal salvacionista no Exército, que passou a se enxergar como uma


instituição política atuante na vida política brasileira;
 Criação de um projeto político próprio (positivismo), pretendendo instalar uma di-
tadura militar centralizada, republicana e abolicionista.

1.3 – O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO OESTE PAULISTA

A – ASCENSÃO DA BURGUESIA CAFEEIRA:

 Ascensão social e econômica da classe, que se identifica com o republicanismo, o fe-


deralismo e o presidencialismo, que, em conjunto, converter-se-iam na forma pela
qual alcançaria o poder político;
 Choques com os barões do café, defensores da monarquia, escravidão e centra-
lismo (instabilidade política).

1.4 – FLORESCIMENTO DO REPUBLICANISMO NA SOCIEDADE

“Somos da América, queremos ser americanos”

A – SURGIMENTO DO PARTIDO REPUBLICANO (1870):

 Reunia seus projetos no Manifesto Republicano, cuja principal crítica era a monar-
quia centralizada, tendo como marco o Poder Moderador; e principal defesa consis-
tia na república federalista;
 Evolucionistas: Elementos liberais, defendem a transição gradual para uma repú-
blica, num processo sem participação das camadas populares;
 Revolucionários: Camadas médias e populares, defendem uma ruptura imediata
para a ordem republicana, com ampla participação popular.

1.5 – A QUESTÃO DA MÃO DE OBRA ESCRAVA

A – PROJETO DE ABOLIÇÃO IMPERIAL:

 Projeto lento e gradual, contava com medidas legais paliativas;


 Lei Barão do Rio Branco ou do Ventre Livre (1871): Liberdade para filhos de es-
cravos nascidos no Brasil (apesar da liberdade, os filhos de escravos continuavam
a conviver entre os cativos, sendo constantemente utilizados pelos fazendeiros de
forma ilegal);
 Lei Saraiva Cotegipe ou dos Sexagenários (1885): Conhecida por Gargalhada
Nacional, a lei garantia liberdade para os escravos maiores de 60 anos, idade difi-
cilmente atingida pelos cativos;
 A abolição traria indenização aos proprietários por meio do Fundo de Emancipa-
ção.
B – PROJETO DE ABOLIÇÃO EMANCIPACIONISTA:

 Defendido pela burguesia cafeeira do Oeste Paulista;


 Defenderam o fim da escravidão pela via jurídico-parlamentar nos limites da or-
dem política então vigente, sem maiores preocupações com a posterior integração
do ex-escravo na nova condição de trabalhador livre
 Projeto lento e gradual, embora não previsse indenização aos proprietários (críti-
cas ao Fundo de Emancipação).

C – PROJETO DE ABOLIÇÃO ABOLICIONISTA:

 Defendido por figuras mais radicais e camadas médias;


 Projeto de abolição imediata;
 Entenderam o fim da escravidão como uma mudança cujas implicações afetariam
o próprio exercício da cidadania, o que os levou a desenvolver reflexões no sentido
de adequar o ex-escravo às novas condições de vida.

D – A LEI ÁUREA (1888):

 Decretou o fim da escravidão;


 Aprovada como tentativa de provar a capacidade de modernização do Império;
 Não indenizava os proprietários, o que levou à retirada do apoio dos barões de café
ao Estado imperial, contribuindo para o seu colapso total.

2. Impactos principais

2.1 – O COLAPSO DO IMPÉRIO

A – EFEITOS DA CRISE:

 Isolamento político de Pedro II, apesar de ainda possuir forte carisma entre alguns
setores mais populares, sobretudo ex-escravos;
 Aproximação entre militares e a burguesia cafeeira, levando ao golpe da procla-
mação da República, sem participação popular (“o café se tornava um novo rei”).

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