Desenho Técnico Mecânico PDF
Desenho Técnico Mecânico PDF
DESENHO
TÉCNICO
MECÂNICO
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
DESENHO
TÉCNICO
MECÂNICO
© 2015. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
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Esta publicação foi elaborada pela Equipe de Inovação e Tecnologias Educacionais do SE-
NAI da Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491d
ISBN 978-85-7519-919-0
CDU: 621.815
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Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Vamos começar?............................................................................................................................................21
Figura 2 - Pintura rupestre.............................................................................................................................................22
Figura 3 - Lápis e lapiseira..............................................................................................................................................23
Figura 4 - Escalímetros....................................................................................................................................................24
Figura 5 - Esquadros.........................................................................................................................................................24
Figura 6 - Borrachas..........................................................................................................................................................25
Figura 7 - Compasso........................................................................................................................................................25
Figura 8 - Tipos de caligrafia..........................................................................................................................................26
Figura 9 - Modelo de caligrafia técnica.....................................................................................................................27
Figura 10 - Figuras geométricas..................................................................................................................................27
Figura 11 - Representações do ponto........................................................................................................................28
Figura 12 - Linha curva....................................................................................................................................................28
Figura 13 - Linha sinuosa................................................................................................................................................28
Figura 14 - Linha poligonal............................................................................................................................................29
Figura 15 - Linha reta.......................................................................................................................................................29
Figura 16 - Plano................................................................................................................................................................29
Figura 17 - Figuras geométricas planas....................................................................................................................30
Figura 18 - Círculos...........................................................................................................................................................30
Figura 19 - Elementos do círculo.................................................................................................................................31
Figura 20 - Circunferência..............................................................................................................................................31
Figura 21 - Elementos da circunferência..................................................................................................................32
Figura 22 - Representação do ângulo........................................................................................................................32
Figura 23 - Elementos do ângulo................................................................................................................................33
Figura 24 - Indicação dos ângulos..............................................................................................................................33
Figura 25 - Classificação dos ângulos........................................................................................................................33
Figura 26 - Posições relativas dos ângulos...............................................................................................................34
Figura 27 - Triângulo........................................................................................................................................................35
Figura 28 - Triângulo equilátero...................................................................................................................................35
Figura 29 - Triângulos isósceles....................................................................................................................................36
Figura 30 - Triângulo escaleno.....................................................................................................................................36
Figura 31 - Triângulo retângulo...................................................................................................................................36
Figura 32 - Triângulo acutângulo................................................................................................................................37
Figura 33 - Triângulo obtusângulo.............................................................................................................................37
Figura 35 - Diagrama de quadriláteros......................................................................................................................38
Figura 34 - O quadrilátero e seus elementos..........................................................................................................38
Figura 36 - Quadrilátero côncavo................................................................................................................................39
Figura 37 - Elementos do polígono............................................................................................................................39
Figura 38 - Sólidos geométricos..................................................................................................................................40
Figura 39 - Elementos dos sólidos geométricos....................................................................................................41
Figura 40 - Tetraedro regular.........................................................................................................................................41
Figura 41 - Hexaedro regular........................................................................................................................................42
Figura 42 - Octaedro regular.........................................................................................................................................42
Figura 43 - Dodecaedro regular...................................................................................................................................42
Figura 44 - Icosaedro regular........................................................................................................................................43
Figura 45 - Prisma reto....................................................................................................................................................43
Figura 46 - Prisma oblíquo.............................................................................................................................................44
Figura 47 - Prisma regular..............................................................................................................................................44
Figura 48 - Prisma irregular...........................................................................................................................................44
Figura 49 - Paralelepípedo retângulo........................................................................................................................45
Figura 50 - Romboedro...................................................................................................................................................45
Figura 51 - Pirâmide reta................................................................................................................................................46
Figura 52 - Pirâmide obliqua.........................................................................................................................................46
Figura 53 - Pirâmide regular..........................................................................................................................................47
Figura 54 - Pirâmide Irregular.......................................................................................................................................47
Figura 55 - Cilindro...........................................................................................................................................................48
Figura 56 - Cone................................................................................................................................................................48
Figura 57 - Esfera...............................................................................................................................................................49
Figura 58 - Planta baixa...................................................................................................................................................50
Figura 59 - Parafuso métrico ........................................................................................................................................50
Figura 60 - Relação desenho x escala x objeto.......................................................................................................51
Figura 61 - Elementos da cotagem técnica.............................................................................................................54
Figura 62 - Limite da linha auxiliar de cota..............................................................................................................55
Figura 63 - Posição das linhas auxiliares...................................................................................................................55
Figura 64 - Linhas auxiliares em peças cônicas......................................................................................................56
Figura 65 - Cotagem com interrupção......................................................................................................................56
Figura 66 - Uso da linha de centro como linha auxiliar.......................................................................................57
Figura 67 - Traçado da linha de cota..........................................................................................................................57
Figura 68 - Distanciamento entre linhas de cota...................................................................................................58
Figura 69 - Uso do contorno como linha auxiliar..................................................................................................58
Figura 70 - Tipos de limite da linha de cota.............................................................................................................59
Figura 71 - Localização dos limites das linhas de cota........................................................................................59
Figura 72 - Representação do valor numérico.......................................................................................................60
Figura 73 - Representação do valor numérico com interrupção da cota.....................................................60
Figura 74 - Exemplos de cotagem angular..............................................................................................................61
Figura 75 - Cotagem de meia peça.............................................................................................................................61
Figura 76 - Cotagem em cadeia...................................................................................................................................62
Figura 77 - Cotagem em paralelo................................................................................................................................62
Figura 79 - Cotagem aditiva em duas direções......................................................................................................63
Figura 78 - Cotagem aditiva..........................................................................................................................................63
Figura 80 - Cotagem de raios e diâmetros...............................................................................................................64
Figura 81 - Cotagem de cordas, ângulos e arcos...................................................................................................64
Figura 82 - Cotagem de elementos equidistantes................................................................................................65
Figura 83 - Cotagem angular de furos equidistantes..........................................................................................65
Figura 84 - Cotagem de ângulos e chanfros...........................................................................................................66
Figura 85 - Cotagem de chanfros em peças cilíndricas.......................................................................................66
Figura 86 - Cotagem de escareados...........................................................................................................................67
Figura 87 - Cotagem de peças torneadas.................................................................................................................67
Figura 89 - Cotagem de detalhes................................................................................................................................68
Figura 88 - Cotagem de roscas.....................................................................................................................................68
Figura 90 - Cotagem com símbolos...........................................................................................................................69
Figura 92 - Eixo axonométrico......................................................................................................................................70
Figura 91 - Perspectiva com dois pontos de fuga.................................................................................................70
Figura 93 - Malha isométrica.........................................................................................................................................71
Figura 94 - Construção da perspectiva isométrica (1° Passo)...........................................................................71
Figura 95 - Construção da perspectiva isométrica (2 ° Passo)..........................................................................72
Figura 96 - Construção da perspectiva isométrica (3° Passo)...........................................................................72
Figura 97 - Construção da perspectiva isométrica (4° Passo)..........................................................................72
Figura 98 - Construção do cubo isométrico usando instrumentos de desenho........................................73
Figura 99 - Construção do círculo isométrico usando instrumentos de desenho....................................74
Figura 100 - Construção do círculo isométrico em folha isométrica (1° Passo)..........................................75
Figura 101 - Construção do círculo isométrico em folha isométrica (2° Passo)..........................................75
Figura 102 - Construção do círculo isométrico em folha isométrica (3° Passo)..........................................75
Figura 103 - Construção do círculo isométrico folha isométrica (4° Passo).................................................76
Figura 104 - Construção isométrica com diversos detalhes..............................................................................76
Figura 105 - Construção isométrica com diversos detalhes (passo a passo)...............................................77
Figura 106 - Figura tridimensional e bidimensional.............................................................................................78
Figura 107 - Formação dos diedros............................................................................................................................79
Figura 108 - Visualização do 1° diedro.......................................................................................................................79
Figura 109 - Visualização do 3° diedro.......................................................................................................................80
Figura 110 - Vistas principais 1° e 3° diedro.............................................................................................................81
Figura 111 - Comparação 1° e 3°diedros..................................................................................................................82
Figura 112 - Vistas principais.........................................................................................................................................82
Figura 113 - Vistas principais - rebatimento............................................................................................................83
Figura 115 - Vistas essenciais .......................................................................................................................................84
Figura 114 - Símbolo de diedros.................................................................................................................................84
Figura 116 - Passo a passo desenho manual...........................................................................................................85
Figura 117 - Projeção em uma e duas vistas...........................................................................................................86
Figura 118 - Mancal..........................................................................................................................................................87
Figura 119 - Mancal secionado....................................................................................................................................87
Figura 120 - Representação em corte........................................................................................................................88
Figura 121 - Linha de corte............................................................................................................................................88
Figura 122 - Corte horizontal........................................................................................................................................89
Figura 123 - Corte transversal.......................................................................................................................................89
Figura 124 - Corte horizontal.......................................................................................................................................90
Figura 125 - Meio corte...................................................................................................................................................90
Figura 127 - Corte parcial...............................................................................................................................................91
Figura 126 - Corte em desvio........................................................................................................................................91
Figura 128 - Condição geral para hachuras.............................................................................................................92
Figura 129 - Hachuras .....................................................................................................................................................93
Figura 130 - Comparativo corte e secção.................................................................................................................93
Figura 131 - Seção na própria vista............................................................................................................................94
Figura 132 - Seção traçada na interrupção da vista..............................................................................................94
Figura 133 - Secção fora da vista.................................................................................................................................94
Figura 134 - Rupturas......................................................................................................................................................95
Figura 135 - O estudo continua...................................................................................................................................99
Figura 136 - Símbolos básicos para estados de superfície.............................................................................. 100
Figura 137 - Símbolos complementares para estados de superfície.......................................................... 100
Figura 138 - Superfícies.............................................................................................................................................. 101
Figura 139 - Porca e parafusos.................................................................................................................................. 103
Figura 140 - Dimensão nominal............................................................................................................................... 104
Figura 141 - Afastamentos.......................................................................................................................................... 104
Figura 142 - Afastamentos positivos (cálculo)..................................................................................................... 105
Figura 143 - Afastamentos negativos..................................................................................................................... 105
Figura 144 - Afastamentos negativos (cálculo)................................................................................................... 106
Figura 145 - Afastamentos em sentidos diferentes........................................................................................... 106
Figura 146 - Múltiplos afastamentos...................................................................................................................... 107
Figura 147 - Cálculo de tolerâncias dimensionais.............................................................................................. 107
Figura 148 - Intervalo de tolerância para uma superfície................................................................................ 109
Figura 149 - Tolerância de cilindricidade............................................................................................................... 109
Figura 150 - Tolerância de retilineidade................................................................................................................. 109
Figura 151 - Tolerância de circularidade................................................................................................................ 110
Figura 152 - Tolerâncias de superfície qualquer ................................................................................................ 110
Figura 153 - Tolerância de linha qualquer ............................................................................................................ 110
Figura 154 - Orientação entre peças ...................................................................................................................... 111
Figura 155 - Tolerância de paralelismo .................................................................................................................. 111
Figura 156 - Tolerância de perpendicularidade.................................................................................................. 112
Figura 157 - Tolerância de inclinação...................................................................................................................... 112
Figura 158 - Tolerância de localização.................................................................................................................... 113
Figura 159 - Tolerância de concentricidade.......................................................................................................... 113
Figura 160 - Tolerância de simetria.......................................................................................................................... 114
Figura 161 - Tolerância de batimento (axial)........................................................................................................ 114
Figura 162 - Tolerância de batimento (radial)...................................................................................................... 115
Figura 163 - Representação de dentes de engrenagem.................................................................................. 115
Figura 164 - Elementos de fixação........................................................................................................................... 116
Figura 165 - Representação gráfica do parafuso................................................................................................ 116
Figura 166 - Elementos das roscas........................................................................................................................... 117
Figura 167 - Rebites....................................................................................................................................................... 120
Figura 168 - Chavetas................................................................................................................................................... 120
Figura 169 - Rolamentos.............................................................................................................................................. 121
Figura 170 - Molas.......................................................................................................................................................... 123
Figura 171 - Elementos de transmissão................................................................................................................. 125
Figura 172 - Polias.......................................................................................................................................................... 125
Figura 173 - Correia....................................................................................................................................................... 127
Figura 174 - Engrenagens........................................................................................................................................... 127
Figura 176 - Representação gráfica convencional de engrenagens............................................................ 128
Figura 175 - Representação gráfica convencional de engrenagens............................................................ 128
Figura 177 - Representação gráfica de engrenagens....................................................................................... 129
Figura 178 - Indicação da inclinação dos dentes................................................................................................ 129
Figura 179 - Representação gráfica de engrenagens em pares.................................................................... 130
Figura 180 - Torninho mecânico de mesa............................................................................................................. 131
Figura 181 - Parafuso.................................................................................................................................................... 132
Figura 182 - Desenho de conjunto mecânico...................................................................................................... 133
Figura 183 - Desenho de conjunto mecânico - representação..................................................................... 134
Figura 184 - Numeração dos itens........................................................................................................................... 135
Figura 186 - Garra 1....................................................................................................................................................... 136
Figura 185 - Perspectiva explodida......................................................................................................................... 136
Figura 187 - Garra 2....................................................................................................................................................... 137
Figura 188 - Parafuso 1................................................................................................................................................. 138
Figura 189 - Manípulo 2 .............................................................................................................................................. 138
Figura 190 - Segurança do trabalho........................................................................................................................ 141
Figura 191 - Acidente de trabalho........................................................................................................................... 142
Figura 192 - Tipos de acidente................................................................................................................................. 143
Figura 193 - Ato inseguro............................................................................................................................................ 144
Figura 194 - Condição insegura................................................................................................................................ 144
Figura 195 - Escada com corrimão........................................................................................................................... 145
Figura 196 - Neutralização do risco......................................................................................................................... 146
Figura 197 - Sinalização do risco.............................................................................................................................. 146
Figura 198 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI)............................................................................... 147
Figura 199 - Riscos físicos............................................................................................................................................ 151
Figura 200 - Riscos químicos...................................................................................................................................... 151
Figura 201 - Riscos biológicos................................................................................................................................... 152
Figura 202 - Riscos ergonômicos.............................................................................................................................. 152
Figura 203 - Risco de acidentes................................................................................................................................. 153
Figura 204 - Primeiros socorros................................................................................................................................. 154
Quadro 1 - Matriz curricular............................................................................................................................................17
Quadro 2 - Classificação dos polígonos.....................................................................................................................40
Quadro 3 - Aplicação de linhas convencionais........................................................................................................53
Quadro 4 - Hachuras específicas...................................................................................................................................92
Quadro 5 - Orientação das estrias............................................................................................................................. 102
Quadro 6 - Símbolos utilizados na tolerância geométrica............................................................................... 108
Quadro 7 - Tipos de roscas........................................................................................................................................... 117
Quadro 8 - Parafusos e suas representações gráficas........................................................................................ 119
Quadro 9 - Representação gráfica de rolamentos............................................................................................... 122
Quadro 10 - Representação gráfica de molas....................................................................................................... 124
Quadro 11 - Representação gráfica das polias..................................................................................................... 126
Quadro 12 - Lista de materiais.................................................................................................................................... 136
Quadro 13 - Equipamentos de proteção coletiva................................................................................................ 149
Referências......................................................................................................................................................................... 157
Índice................................................................................................................................................................................... 163
Introdução
Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
Livro didático de Desenho Técnico Mecânico. Veja a seguir a unidade curricular que estudare-
mos:
Este livro tem como objetivo geral levar você a elaborar desenhos técnicos mecânico apli-
cando as normas técnicas.
Para tanto, veremos normas e procedimentos, tão necessários ao desenvolvimento leitura
e interpretação de desenhos técnicos mecânicos específicas para uma qualificação em dese-
nhista mecânico.
Nos capítulos a seguir, você vai se deparar com assuntos que ressaltam a importância do
Desenho técnico mecânico iniciando por sua definição e importância, relembrando figuras ge-
ométricas e materiais de instrumentos necessários para o desenho manual. Após estes temas
introdutórios, você estudará os elementos do Desenho técnico mecânico propriamente dito,
como a perspectiva isométrica, as projeções ortogonais, cotagem técnica, desenhos em corte,
escalas, rugosidade superficial, tolerâncias geométrica e dimensional, além do reconhecimen-
to e representação gráfica dos elementos padronizados de máquinas e desenho definitivo.
Para finalizar, você verá também noções de procedimentos e normas padrões para higiene e
segurança do trabalho. Esta unidade curricular deverá capacitar os discentes a ler, interpretar
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
18
a) Raciocínio lógico;
b) Senso analítico;
c) Atenção a detalhes;
d) Trabalhar em equipe;
e) Seguir procedimentos e normas técnicas, higiene, ambientais, da qualidade, de segurança e saú-
de no trabalho;
f) Pontualidade;
g) Assiduidade;
h) Proatividade;
i) Prever consequências;
j) Estudar e pesquisar;
k) Preservar o meio ambiente;
l) Buscar o autoaprimoramento;
m) Zelar por ambientes de ensino.
CAPACIDADES TÉCNICAS
Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor/tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.
Bons estudos!
Noções básicas de desenho
DESNHO
30 40 50
50
4
20
150 140 130 70
10 160 120
MECÂNIC
5
0 110 80
6
170
100
180 6
5
90
O
7
4
100
80
8
3
110
70
9
2
120 130
60
10
1
50
11
0
HB
40
140
12
Nº.
30
150
2
13
2
20
160
14
10
3
170
15 0
4
180
5
2.1 DEFINIÇÃO
Você já percebeu o que ocorre quando uma criança ainda não alfabetizada tem em suas mãos um lápis?
Mesmo sem conhecer letras e números ela tenta expressar-se através de rabiscos que identificam pessoas,
objetos, animais e situações de seu cotidiano, este é apenas um dos exemplos que comprovam que dese-
nho é uma forma de expressão gráfica que antecede a comunicação.
Se lembrarmos da evolução humana, veremos também que o desenho antecede a escrita, pois na pré-
-história, tempo em que o homem vivia em cavernas, alimentava-se de caça e pesca, e a partir de elemen-
tos da natureza produzia suas próprias armas e utensílios, as formas de expressão eram as pinturas rupes-
tres, ou seja desenhos nas paredes das cavernas que representavam o dia a dia do homem primitivo. Veja
um exemplo na figura a seguir:
O desenho não é apenas uma expressão artística. Através dele podemos registrar tecnicamente infor-
mações importantes relativas a um objeto, peça ou máquina, e assim reconhecermos o desenho técnico
como a forma de expressão gráfica que tem por objetivo realizar representações de forma, especificar
dimensões e determinar o posicionamento de elementos formando um conjunto de informações neces-
sárias para compreensão e fabricação dos objetos descritos.
Inicialmente veremos os instrumentos de desenho mais comuns e seu emprego e em seguida, apren-
deremos a correta aplicação das linhas, faremos o reconhecimento de algumas figuras geométricas e de-
mais temas relacionados ao desenho técnico.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
23
Apesar de o desenho auxiliado por computador ter tornado praticamente em desuso o desenho técni-
co feito manualmente, ele ainda é importante, pois através de esboços podemos de forma rápida e resu-
mida demonstrar uma ideia que posteriormente poderá se transformar em um projeto mais elaborado, por
este motivo vale a pena conhecermos os principais materiais e instrumentos de desenho e seu uso.
a) Lápis ou lapiseira: para desenhos técnicos ou artísticos podemos utilizar o lápis ou a lapiseira,
que podem ter a intensidade do traçado conforme sua aplicação e tipo de grafite. Por exemplo,
para desenhos que exijam trabalhos de sombreamentos como peças artísticas, são recomenda-
das as grafites mais escuras e menos resistentes como 8B,7B ou 6B, já para desenhos onde o tra-
çado precisa ser mais preciso e detalhado indica-se o uso de grafites mais resistentes com traçado
mais claro como o 4H,5H e 6H. Veja na figura a seguir esta escala de intensidade:
Artístico
Gráfico
Técnico
8B 7B 6B 5B 4B 3B 2B B HB F H 2H 3H 4H 5H 6H 7H 8H 9H 10H
Figura 4 - Escalímetros
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
45º
/ 45
º/9
0º
30º / 60º / 90º
Figura 5 - Esquadros
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
25
d) Borracha: a borracha a ser utilizada em desenhos técnicos, deve ser macia para que não fira a
fibra do papel e apague com qualidade sem provocar manchas. Veja alguns tipos:
Figura 6 - Borrachas
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
Figura 7 - Compasso
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
26
Quando aprendemos a escrever, seguimos um padrão para a escrita das letras de nosso alfabeto, mas
quando abandonamos este padrão imposto pelos educadores das séries iniciais, passamos a imprimir nos-
sa personalidade na forma de escrever fazendo com que cada indivíduo tenha uma caligrafia própria. Ob-
serve o exemplo a seguir:
1 Microfilmagem: armazenamento e preservação de informações através das imagens dos documentos por um processo
fotográfico.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
27
A figura a seguir traz mais exemplos da caligrafia técnica, conforme recomendações da norma técnica:
ABCDEFGHIJLMNOPQRSTUVWYXZ
abcdefghijlmnopqrstuvwyxz
012345678 90
Vamos olhar em volta? Veja quantas figuras geométricas como linhas, círculos e polígonos você conse-
gue identificar? Inspiradas em elementos da natureza, as figuras geométricas compõem nosso dia a dia e
muitas vezes não as percebemos, por isto veremos agora como identificar e diferenciar as figuras geomé-
tricas elementares e as planas. Veja o exemplo a seguir:
As figuras geométricas elementares não têm uma definição clara, mas a partir delas surgem figuras mais
complexas. Para estudá-las faremos algumas comparações entre elas, pois são consideradas elementos
fundamentais da geometria. São elas: o ponto, as linhas, a reta e o plano.
a) Ponto: não é possível definir um ponto, pois o mesmo é adimensional, ou seja, não tem compri-
mento, altura ou largura, serão sempre representados por letras latinas2 maiúsculas. Geometrica-
mente, a representação de um ponto é feita como vemos abaixo:
A B C
b) Linhas: as linhas são uma sequência infinita de pontos tão unidos que se confundem num traço
contínuo unidimensional3.
Se mudarmos o movimento dos pontos em outras direções, teremos uma linha curva, que pode ser
côncava ou convexa, veja a imagem a seguir:
Côncava Convexa
Se o mesmo ponto se deslocar com sequências de linhas curvas côncavas e linhas curvas convexas
,classificamos essa linha em sinuosa ou ondulada.
Linha sinuosa
Figura 13 - Linha sinuosa
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
2 Letras latinas ou alfabeto romano: também se denomina como o sistema de escrita alfabética utilizado para escrever a língua
portuguesa.
3 Unidimensional: que possui apenas uma dimensão.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
29
Se uma linha se apresenta formada de sequências de segmentos de retas, recebe o nome de poligonal.
Linha poligonal
Figura 14 - Linha poligonal
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
c) Reta: Assim como a linha, a reta pode ser definida também como uma sequência infinita de pon-
tos com uma única diferença, os pontos seguem em uma mesma trajetória e com direção cons-
tante, sendo construída com auxílio da régua. Diferente do ponto, a reta é unidimensional, ou
seja, tem apenas uma dimensão, comprimento e será representada por letras latinas minúsculas.
Linha reta
Figura 15 - Linha reta
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
d) Plano: trata-se de um conceito intuitivo e assim instituímos modelos que o explicam, como: a su-
perfície de uma mesa, a lousa da sala de aula, um quadro etc. O plano é representado, geralmente,
por uma letra minúscula do alfabeto grego e é considerado infinito.
µ β
Plano
Figura 16 - Plano
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
30
Quando todos os pontos de uma figura encontram-se em um mesmo plano, podemos chamá-las de
planas. São os triângulos, quadrados, retângulos, círculos, losangos, paralelogramos, trapézios e as ovais.
Veja a seguir alguns exemplos:
CÍRCULO
É a área ou a porção interna de uma circunferência. Podemos associar o círculo a alguns objetos. Veja:
Figura 18 - Círculos
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
CIRCUNFERÊNCIA
A circunferência é uma linha curva, plana, fechada e que tem todos os pontos que a constitui, equidistantes5
de um ponto interior chamado centro. Alguns objetos presentes em nosso dia a dia podem ser compara-
dos a uma circunferência como um CD ou um anel.
Figura 20 - Circunferência
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
5 Equidistante: distâncias iguais, comparação entre as distâncias de dois ou mais pontos tomados como referência.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
32
diâmetro
C
tangente T raio
A B
O
D corda
F E
M
N
arco G S
flecha
ÂNGULOS
É a região do plano limitada por duas semirretas diferentes, que possuem mesma origem.
A
0
a) Elementos dos ângulos: os ângulos possuem elementos base para sua representação. Veja a
seguir como são conceituado cada um deles:
-- Vértice: é o ponto de origem comum às duas semirretas que formam o ângulo;
-- Lado: é cada uma das semirretas que formam o ângulo;
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
33
LADO
ABERTURA
VÉRTICE
LADO
a) Representação dos ângulos: os ângulos podem ser representados por quaisquer letras maiús-
culas do nosso alfabeto, por exemplo: AÔB, BÔA, Ô, ou ainda uma letra grega como α ou β.
Ô
B
90º
A B C
RETO AGUDO OBTUSO
180º
360º
E F 0º
D
RASO OU PLENO NULO
MEIA VOLTA
c) Posições relativas dos ângulos: os ângulos também se agrupam conforme relações mútuas, ou
seja, conforme a posição que ocupam um em relação ao outro. Veja a seguir as imagens e concei-
tos dos ângulos de acordo com suas posições relativas:
L M
CONSECUTIVOS ADJACENTES OPOSTOS PELOS
VÉRTICES
P Q
COMPLEMENTARES SUPLEMENTARES
-- Ângulos consecutivos: são ângulos que compartilham do mesmo vértice e um dos lados;
-- Ângulos adjacentes: são ângulos consecutivos que não têm pontos internos comuns;
-- Ângulos opostos pelo vértice: são ângulos que possuem a mesma medida ou abertura,
chamados de congruentes, cujos lados são semirretas opostas;
-- Ângulos complementares: dois ângulos são complementares quando a soma de suas medi-
das é igual a 90°;
-- Ângulos suplementares: dois ângulos são suplementares quando a soma de suas medidas
é igual a 180°.
TRIÂNGULOS
Triângulos são os polígonos que possuem 3 lados e basicamente são compostos por lados, vértices e
ângulos. Veja na ilustração a seguir como estes elementos se distribuem:
Figura 27 - Triângulo
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
A B
-- Isósceles: é o triângulo que possui dois lados congruentes (com a mesma medida) e um difer-
ente que é chamado de base.
A B
-- Escaleno: é o triângulo que tem os três lados e os três ângulos internos diferentes.
A B
b) Classificação quanto aos ângulos: assim como o tamanho dos lados permitem que façamos a
identificação dos triângulos, o grau e a disposição dos ângulos também nos permite classificá-los:
-- Triângulo retângulo: é o triângulo que possui um ângulo reto.
D E
-- Triângulo acutângulo: é o triângulo que possui os três ângulos agudos (menores que 90°).
D E
-- Triângulo obtusângulo: é o triângulo que tem um ângulo obtuso (maior que 90°).
QUADRILÁTEROS
Chamamos de quadriláteros, os polígonos que possuem 4 lados e, assim como os triângulos, também
são formados por diagonais, lados, vértices, ângulos internos e externos, conforme observado na figura a
seguir:
uma diagonal
C um vértice
B
β γ
um lado
δ
α
A D
um ângulo interno
Quadriláteros
Trapézios Paralelogramos
propriamente ditos (têm os lados opostos
(têm só dois lados paralelos)
paralelos)
Já os quadriláteros côncavos possuem um ângulo interno maior que 180º, como se vê no exemplo a
seguir:
B C
POLÍGONOS
vértice
ângulo
vértice vértice
ângulo ângulo
n al
go
ia
D
ângulo ângulo
vértice vértice
Figura 37 - Elementos do polígono
Fonte: SLIDES HARE, 2009? (Adaptado).
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
40
NÚMERO DE POLÍGONOS
CHAMADO DE
LADOS REGULARES IRREGULARES
3 lados Triângulo
4 lados Quadrilátero
5 lados Pentágono
6 lados Hexágono
7 lados Heptágono
8 lados Octógono
9 lados Eneágono
10 lados Decágono
11 lados Undecágono
12 lados Dodecágono
20 lados Icoságono
SÓLIDOS GEOMÉTRICOS
É a porção limitada do espaço geométrico. Os sólidos são corpos geométricos tridimensionais, ou seja,
possuem três dimensões, o comprimento, a altura a largura. Sua medida é chamada de volume. Podemos
observar na imagem abaixo alguns exemplos.
Veja a descrição dos elementos que podemos encontrar nos sólidos geométricos:
a) Diagonais das faces: diagonais de cada face;
b) Arestas: segmentos de reta resultante da interseção de duas faces;
c) Ângulos das faces: ângulos de cada polígono;
d) Vértices: ponto de encontro entre duas ou mais arestas;
e) Diagonais: segmentos de reta resultantes da união de dois vértices e que não sejam nem arestas,
nem diagonais das faces.
Face (base)
Vértice
Diagonal
Aresta
Faces (laterais)
Ângulo da face
Face (base)
POLIEDROS REGULARES
São sólidos geométricos limitados por superfícies planas, formando assim arestas e faces iguais entre
si. São eles:
a) Tetraedro regular: as faces são formadas por 4 triângulos equiláteros.
POLIEDROS IRREGULARES
São os sólidos que apresentam faces diferentes entre si. Basta que uma das faces seja diferente para
que o sólido seja classificado como irregular. São poliedros irregulares: os prismas, o paralelepípedo e as
pirâmides.
a) Prisma: são formados por duas faces poligonais iguais, paralelas e por faces laterais, que são pa-
ralelogramos. Os prismas classificam-se quanto às arestas e quanto às faces.
b) Quanto às arestas: temos o prisma reto e o oblíquo.
-- Prisma reto: as arestas laterais são perpendiculares aos planos das bases.
-- Prisma oblíquo: as arestas laterais são oblíquas aos planos das bases.
Figura 50 - Romboedro
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
9 Paralelogramo: figura plana poligonal de quatro lados cujos lados opostos são iguais e paralelos. Por consequência, tem
ângulos opostos iguais.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
46
e) Pirâmides: são sólidos geométricos cujas bases são polígonos quaisquer que as faces laterais são
compostas por triângulos que convergem para um único ponto, é o que chamamos de vértice.
As pirâmides classificam-se da seguinte forma, quanto ao eixo e quanto à forma de base:
Quanto ao eixo temos a pirâmide reta e oblíqua.
-- Pirâmide reta: o eixo é perpendicular ao plano da base.
SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO
São os sólidos que têm origem pela rotação10 de uma figura plana em torno de um eixo. Observe os
tipos de sólidos que demonstraremos:
a) Cilindro: é o sólido de revolução resultante da rotação de um retângulo em torno de um de seus
lados.
A B
A B
D C D C
Figura 55 - Cilindro
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
A
C
Figura 56 - Cone
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
Figura 57 - Esfera
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
2.5 ESCALAS
Para qualquer estudo relacionado a desenhos técnicos, devemos partir de objetos, peças ou edificações
conforme seu tamanho real. Entretanto, em alguns casos não é possível fazer esta representação na folha de
desenho, mesmo utilizando o formato de papel de maiores dimensões normalizado para apresentação dos
projetos como o formato A0. Um exemplo são as plantas de engenharia que precisam ser reduzidas de me-
tros para centímetros para que caibam no papel sem perder detalhes importantes. Observe a planta baixa11:
850
150 700
435
82 x 210
82 x 210
DORMITÓRIO
VARANDA
Piso Frio
72 x 210
Assoalho
100 x 100
Assoalho
400
SALA
Piso Frio
100 x 100
WC
382
382
240
Diferente das plantas de engenharia que precisam ser reduzidas, na mecânica, em alguns casos, é ne-
cessário ampliar os desenhos para que possamos avaliar seus detalhes. Veja:
-0 Vide nota 1
30º +5
G E
R Y LT
H L
F
11 Planta baixa: representação gráfica de uma construção onde cada ambiente é visto de cima, retirando o telhado.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
51
Para atribuirmos estas modificações dimensionais, utilizamos o recurso de desenhar em escala, ou seja,
reduzir ou ampliar desenhos mantendo a proporção linear. A NBR 8196 indica que as escalas podem ser
designadas da seguinte forma:
a) ESCALA 1:1: natural, ou seja, o desenho tem o mesmo tamanho do objeto e não é necessário
ampliar ou reduzi-lo para identificar seus detalhes;
b) ESCALA X:1: ampliação, onde X corresponde às dimensões do desenho e 1 corresponde às di-
mensões do objeto, ou seja, foi preciso ampliar o desenho do objeto para captar com clareza seus
detalhes;
c) ESCALA 1:X: redução, onde 1 corresponde às dimensões do objeto e X corresponde às dimen-
sões do desenho, ou seja, foi preciso reduzir o desenho do objeto para assegurar que todos os
detalhes sejam visualizados na folha selecionada para o projeto.
Veja a demonstração abaixo:
Escala
1:2
Desenho Objeto
10
10
SAIBA Para saber mais sobre o emprego das escalas em desenhos técnicos, consulte a ABNT
MAIS NBR 8196 de 1999 no Portal da ABNT.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
52
A representação gráfica empregada em desenhos técnicos convenciona o uso de linhas quanto ao tipo,
largura e aplicações. A ABNT NBR 8403:1984 que trata das aplicações de linhas nos desenhos descreve no
quadro a seguir estas especificações:
A1 contornos visíveis
A Contínua larga
A2 arestas visíveis
B1 linhas de interseção
imaginárias
B2 linhas de cotas
B3 linhas auxiliares
B Contínua estreita B4 linhas de chamada
B5 hachuras
B6 contornos de seções reba-
tidas na própria vista
B7 linhas de centros curtas
C1 limites de vistas ou cortes
parciais ou interrompidas se
C Contínua estreita à mão livre (A)
o limite não coincidir com
linhas traço e ponto
D1 esta linha destina-se a
D Contínua estreita em ziguezague(A) desenhos confeccionados
por máquinas
E1 contornos não visíveis
E Tracejada larga(A)
E2 arestas não visíveis
F1 contornos não visíveis
F Tracejada estreita(A)
F2 arestas não visíveis
G1 linhas de centro
G Traço e ponto estreitos G2 linhas de simetria
G3 trajetórias
Traço e ponto estreito, larga nas extremi-
H1 planos e cortes
H dades e na mudança de direção
I1 indicação das linhas ou
I Traço e ponto largo superfícies com indicação
especial
J1 contornos de peças
adjacentes
E1 contornos não visíveis
E Tracejada larga(A) 2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
E2 arestas não visíveis 53
2.7 COTAGEM
Cotagem é a representação gráfica das dimensões no projeto. Todo desenho precisa ser compreendi-
do detalhadamente e, para isso, a norma brasileira para cotagem em desenho técnico, a Norma da ABNT
NBR 10126 de 1998, estabelece regras de cotagem para representação de informações dimensionais em
desenhos técnicos.
Veremos, a seguir, as representações das cotas do projeto, as regras de cotagem e os símbolos e con-
venções.
Linha de cota
A linha auxiliar de cota deve ultrapassar em 2 mm em relação à seta que indica o limite da linha de cota,
veja:
2mm
50
50
Na maior parte dos casos, as linhas auxiliares devem estar perpendicularmente colocadas em relação
ao elemento a ser dimensionado. Veja no exemplo a seguir as marcações das distâncias até os centros dos
furos:
48
15
15
15
33
43
50
30
62
75
Admite-se que a linha auxiliar esteja na posição oblíqua, especificamente a 60°(lê-se 60 graus), quando
estivermos indicando dimensões em peças cônicas12. Observe a figura a seguir:
ø35
ø30
Figura 64 - Linhas auxiliares em peças cônicas
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
Mesmo que o desenho da peça precise ser interrompido, como vemos na figura a seguir, não se deve
interromper as linhas de cota.
ø24
50
As linhas de contorno do desenho, assim como as de centro, não devem ser usadas como linhas de
cota, entretanto, as linhas de centro poderão ser utilizadas como auxiliares, desde que estas, ao saírem do
contorno do desenho, sejam representadas de forma contínua. Observe:
12 Peças cônicas: peças que têm como base de construção em seu formato um cone ou tronco de cone.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
57
130
100
60
25
60
90
LINHAS DE COTA
Para evitar erros de interpretação, no traçado, as linhas de cota devem ser contínuas e estreitas, diferen-
tes das linhas que correspondem ao contorno da forma. Observe, na comparação da figura a seguir, como
o traçado da imagem à esquerda é bem mais estreito que o traçado da linha de cota da imagem à direita.
50
50
50 50
110
90
6mm
70 6mm
50 6mm
8mm
As linhas de contorno do desenho não devem ser usadas como linha de cota, mas em alguns casos po-
dem ser usadas também como linha auxiliar. Observe o exemplo a seguir:
ø19
ø5
Existem três formas para a representação do limite da linha de cota, mas como você já deve ter perce-
bido nas figuras usadas anteriormente, o modelo onde a seta é completamente preenchida é mais usado
em desenhos mecânicos. A inclinação das setas deve ser de 15°. Compare:
Tanto as linhas de cota quanto seus limites devem preferencialmente ser colocados na parte interna.
Mas quando este espaço for reduzido, pode-se representar na parte externa, como pode ser visto na figura
seguinte.
60
10
ø50
ø30
COTA
60
25
ø30
ø50
60
25
ø50 ø30
Quando o objeto a ser cotado apresentar detalhes angulares, o número deve estar centralizado sobre a
linha de cota ou paralela a ela. Podemos observar esta situação nos exemplos a seguir:
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
61
60º 60º
20
30
20
30º º
20
20 20
60º
60º
20 20
60º
20 20
60º
30º
30º
20
20
60 º
20
60º º 60
60º
REGRAS DE COTAGEM
Para representarmos corretamente a cotagem no detalhamento do projeto temos que estar atentos
à posição do elemento a ser dimensionado. A seguir, entenderemos quando aplicar a cotagem de meia
peça, cotagem em cadeia, cotagem de raios, diâmetros e arcos, cotagem de elementos equidistantes e
detalhes de cotagem.
a) Cotagem de meia peça: quando for realizada a representação do corte em meia peça, a linha
de cota também deverá ser interrompida, mantendo o valor numérico original. Observe a figura
a seguir:
ø310
ø250
ø400
100
150
160 70 200 30
c) Cotagem em paralelo: a cotagem em paralelo ocorre quando localizamos várias cotas paralelas
umas às outras. Veja a figura a seguir:
150
420
640
d) Cotagem aditiva: a cotagem aditiva deve ser empregada onde não haja limitação de espaço
nem problemas de interpretação. Neste caso, determina-se um elemento de referência, como
origem, e as cotas são alocadas na extremidade da linha auxiliar. Observe:
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
63
150
420
640
Figura 78 - Cotagem aditiva
Fonte: ABNT NBR 10126, 1998, p.8. (Adaptado).
Quando necessário, há também a possibilidade de usar a cotagem aditiva em duas direções, como se
vê na figura abaixo:
e) Cotagem de raios, diâmetros e arcos: na cotagem técnica, a localização das indicações de raios
e diâmetros é feita conforme a disponibilidade de espaço, podendo estar dentro ou fora do dese-
nho, como mostra a figura a seguir:
9 Ø13
2
24
Ø
20
R
20
R
10
R
Para representar dimensões de cordas, ângulos e arcos, as indicações são diferenciadas conforme o
objetivo. A distância linear13 entre dois pontos limita a corda (a), a região interna entre duas retas, o ângulo
(b), o comprimento da curva e o arco (c). Compare as figuras a seguir:
36° 105
100
a b c
15 5x18 (90)
-- Cotagem por distância angular: deve ser aplicada na cotagem de furos que estejam a uma
mesma distância angular15. Desde que não ocorra dificuldade na interpretação, podemos con-
siderar as formas de representações a seguir:
30
6X ø5
30
30
14 Detalhes equidistantes: possuem distâncias iguais, comparação entre as distâncias de dois ou mais pontos tomados como
referência.
15 Distância angular: é a medida em graus do deslocamento de um ponto em torno do seu eixo.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
66
-- Cotagem de ângulos, chanfros e escareados: ao cotar chanfros, devemos indicar sua pro-
fundidade e ângulo, porém quando o ângulo for de 45°, pode-se simplificar a informação em
uma única cota. Veja a seguir as duas formas de representação:
30°
2 2x45°
Caso os chanfros estejam em peças cilíndricas, podemos realizar a cotagem como se vê abaixo:
1x1 1x2
1x45°
2°
30°
90º
90º
ø14
ou
3,5
h) Cotagem de peças cilíndricas torneadas: quando uma peça originalmente cilíndrica sofreu tor-
neamento, dando origem a uma face plana, as medidas devem ser indicadas como o modelo a
seguir:
26 10
i) Cotagem de roscas: são representadas de forma simplificada, com seu diâmetro associado a con-
venções que veremos mais adiante. Veja os exemplos a seguir de roscas externas e internas e a
comparação com sua forma simplificada:
16 Furos escareados: furos que foram aumentados para que o parafuso possa ser introduzido nivelando-se com a face da peça.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
68
Externa Interna
Md
di
Md
di
j) Cotagem de detalhes: ao indicar as dimensões dos detalhes da peça, devemos manter as indica-
ções de cotas por face de referência. Veja no exemplo a seguir a figura de uma peça com rebaixo17
que tem todas as dimensões indicadas:
REFERÊNCIA 100 50
REFERÊNCIA 95
45
105
110
REFERÊNCIA
80 60
17 Rebaixo: parte que foi retirada da peça, também chamada de elemento paralelo em desenho técnico.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
69
Para facilitar a interpretação de um desenho técnico, algumas vezes é necessário o uso de símbolos e
convenções. Observe a seguir os símbolos mais usados e suas aplicações:
a) Ø: Diâmetro;
b) Ø ESF: Diâmetro esférico;
c) R: Raio;
d) R. ESF: Raio esférico;
e) : Quadrado;
f) _: Cota fora de escala.
0
R1
R1
15 18 5
Ø30
DIÂMETRO QUADRADO
F 12
ES Ø ESF 50
R
F 60
R ES
A palavra Isométrica (ISO = igual / métrica = medida) indica que deve existir proporcionalidade entre as
partes do desenho, o que faz com que o grau de distorção visual18 seja menor do que nos demais tipos de
representação tridimensional, por isso a perspectiva isométrica é a mais utilizada no desenho técnico. Veja
um exemplo de distorção visual na Figura a seguir:
Altura
Sua representação ocorre quando consideramos três eixos coordenados (axonométrico) que determi-
nam entre si o comprimento, a altura e a largura de um objeto. Somadas, as angulações desses eixos equi-
valem a 120°. Para compreender melhor, observe a imagem a seguir:
Para construirmos uma representação em perspectiva, comumente recorremos aos esboços, que são
desenhos feitos manualmente e utilizados para transmitir de forma rápida e objetiva a ideia de um objeto.
Para facilitar o entendimento, vamos praticar usando o papel reticulado19. Veja a seguir como é formada
uma malha isométrica20 contendo linhas que, associadas, correspondem ao eixo isométrico.
FIQUE Você não deve usar a régua ou escalímetro para medir o papel reticulado, pois consi-
deramos como unidade de medida a quantidade e a posição de triângulos utilizados,
ALERTA e cada um deles equivale a 5 mm.
x Y
2° Passo: crie duas retas paralelas aos eixos que indicam largura e o comprimento;
3° Passo: agora crie, nos dois extremos, retas paralelas ao eixo, que indicam a altura do cubo;
.
4° Passo: crie mais duas retas paralelas aos eixos que definem a largura e o comprimento da peça,
finalizando, assim, o desenho do cubo.
c = comprimento
h h = largura
h = altura
Agora acompanhe o passo a passo a seguir para construção do cubo utilizando os instrumentos de
desenho em uma folha de papel comum:
1 2
Para a construção da
perspectiva do Determinar o
círculo, é necessária a ponto médio dos
construção de uma segmentos de reta
das faces do cubo que são os lados
isométrico, que do quadrado
possui arestas do perspectivado.
tamanho do
diâmetro do círculo
que se vai desenhar.
3 Determina-se nos
vértices do
4 Os centros 3 e 4
estarão nos
quadrado que 3 cruzamentos dos
1 possuem a menor 1 segmentos de reta
diagonal, os que unem os
2 centros 1 e 2, 2 centros 1 e 2 aos
4
trançando os arcos pontos médios
até os pontos dos lados opostos.
médios dos lados.
5 6 Reforçar os arcos
3 Nos centros 3 e 4,
1 traçar arcos de circunferência
concordantes com de forma que as
2 os arcos traçados linhas construtivas
4 anteriormente. fiquem em
segundo plano.
O mesmo processo para criação do círculo isométrico pode ser realizado manualmente utilizando o
papel isométrico22.
Veja:
1° Passo: construa os eixos iniciais e, em seguida, um quadrado auxiliar em uma das faces do cubo, o
qual deverá ser dividido em 4 partes iguais;
Trouxemos outra figura para contribuir ainda mais para sua compreensão em perspectiva isométrica.
Veja como construir essa peça nesta perspectiva que reúne detalhes diferentes como furos, chanfros23
e arredondamentos.
c = comprimento
l = largura
h
h = altura
I
c
1 2
3 4
A projeção ortogonal foi concebida pelo matemático francês Gaspar Monge, a fim de descrever objetos
tridimensionais24 por meio de desenhos bidimensionais25. Como no exemplo da figura a seguir.
CASOS E RELATOS
A falta do básico
Sérgio conseguiu uma oportunidade de trabalho em uma empresa de projetos. Para este emprego,
ele preparou-se revisando assuntos referentes aos programas CAD26 ensinados no curso.
Ao chegar ao escritório, sua 1ª tarefa foi algo muito mais simples do que ele esperava: ele deveria
fazer o croqui de uma peça a partir de um modelo dado. Sérgio surpreendeu-se, pois estava prepara-
do para demonstrar apenas suas habilidades no computador, mas não para desenhar manualmente.
Sérgio teve dificuldades para manusear os instrumentos de desenho então se lembrou das aulas ini-
ciais que explicavam sobre o uso dos instrumentos de desenho e que não dera a devida importância,
por acreditar que jamais seria necessário. Enganou-se! Depois de algumas cobranças, com a ajuda de
um colega conseguiu elaborar o croqui.
Desta situação, Sérgio aprendeu uma lição: mesmo que não sejam utilizadas com frequência, todas
as informações vistas em aula são importantes para o desempenho profissional porque, em algum
momento, serão necessárias.
Plano de perfil
z
ou plano frontal
de projeção
Plano
y horizontal
de projeção
2º diedro 1º diedro
3º diedro x 4º diedro
As projeções concebidas no 3° diedro seguem o critério que determina que o plano de projeção deve
estar entre o observador e o objeto, conforme mostra a figura a seguir:
Para realizar a projeção ortogonal27de objetos tridimensionais, consideramos que estes estejam estáti-
cos no espaço que como vimos, é chamado de diedro, onde o observador pode visualizá-lo de 6 direções
diferentes, gerando assim 6 vistas. Para facilitar o entendimento, imagine que o objeto que mencionamos
esteja envolvido por 6 planos, formando uma espécie de caixa que, ao ser aberta, determina onde cada
vista deve estar situada conforme o diedro de projeção escolhido.
Veja:
Vamos fazer uma comparação entre os desenhos feitos em 1° e 3° diedro. Veja a figura a seguir:
Ainda não entendeu? Então vamos tentar de outra forma. Imagine que, ao invés dos planos paralelos
estarem ao redor da peça, você mesmo se posicione em frente, nas laterais, abaixo, acima e por trás da
peça para fazer o desenho das vistas, conforme o que consegue visualizar. Observe:
h i
g
A j
f
e D k
E
G F
a d
b c
Agora é só organizar as vistas conforme indicação do 1°diedro, na seguinte ordem: Frontal, lateral es-
querda e superior. Veja a figura a seguir:
Y Z
ELEVAÇÃO LATERAL
X PLANTA
Sendo assim, tanto para o 1° diedro quanto para o 3° diedro, são apresentadas as seguintes vistas de um
objeto tridimensional:
a) Vista frontal ou elevação: indica a projeção frontal do objeto;
b) Vista superior ou planta: indica a projeção do objeto visto por cima;
c) Vista lateral direita: indica a projeção do objeto visto pelo lado direito;
d) Vista lateral esquerda: indica a projeção do objeto visto pelo lado esquerdo;
e) Vista inferior: indica o objeto sendo visto por baixo;
f) Vista posterior: indica o objeto sendo visto por trás.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
84
Sabendo que a representação das projeções deve ser realizada considerando o 1° ou 3° diedro, foram
convencionados símbolos para diferenciá-los. Veja na figura a seguir:
Como vimos, um objeto com três dimensões pode ser representado em até seis vistas, entretanto, po-
demos detalhar satisfatoriamente um objeto apenas com a projeção da vista frontal, lateral esquerda ou
direita e superior, sendo que o critério para definir a vista lateral a ser empregada deve ser o maior número
de detalhes. Estas três vistas classificamos como vistas essenciais. Veja o exemplo a seguir:
Superior
Para elaboração do desenho manual das vistas essenciais no primeiro diedro, as arestas28
da vista frontal direcionam o traçado das arestas e detalhes das demais vistas. Acompanhe na figura a
seguir o passo a passo:
Quando o objeto apresenta muitos detalhes, podemos optar pela representação de um maior número
de vistas; por outro lado,
em casos em que o objeto apresenta maior simplicidade, podemos representá-lo apenas em duas ou
até mesmo em uma vista. Esses casos chamamos de supressão de vistas. Veja alguns exemplos:
ø7
os
2
R2
ur
R20
R1
f
0
6
-2
14
44
50 50
132
FRONTAL LATERAL
ESQUERDA
Quando aprendemos sobre normas técnicas, vimos como identificar e aplicar as linhas convencionais
utilizadas em desenho técnico, entre elas a linha tracejada, que nos ajuda a sinalizar detalhes e arestas não
visíveis no desenho de uma determinada peça. Veja o exemplo a seguir:
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
87
Observe que, no desenho acima, representamos as arestas visíveis com linhas contínuas e largas, en-
quanto para as arestas não visíveis empregamos a linha tracejada. Foi fácil entender, mas você já imaginou
se seria tão fácil entender as vistas se o modelo tridimensional não estivesse sendo mostrado à esquerda?
Para facilitar o entendimento de um desenho técnico, há o recurso de imaginar que a peça foi
interceptada29 por um plano de corte, deixando expostos os detalhes não visíveis como pode ser visto a
seguir:
A figura anterior representa apenas o modelo ilustrativo de uma peça secionada30. Para que possamos
entender tecnicamente os detalhes das peças, é preciso representá-las em projeção ortogonal e, então,
determinar o corte conveniente para identificar todas as informações dos detalhes importantes para sua
definição que não ficaram totalmente definidos, assim teremos a representação em corte. Observe:
A CORTE A-A
a) Linhas de corte: O corte imaginado na peça deve ser representado por uma linha, traço e um
ponto com os extremos mais largos que o comprimento. Vem acompanhada por duas letras mai-
úsculas do alfabeto latino31 e duas setas que apontam para a parte da peça que será mostrada
após o corte, como pode ser visto no exemplo a seguir.
A CORTE A-A
b) Corte total: um plano de corte pode ser imaginado interceptando a peça em diferentes posi-
ções, de acordo com os detalhes que precisem ser demonstrados. Quando o plano de corte in-
tercepta a peça por inteiro, o chamamos de corte total que pode ser classificado em longitudinal,
transversal e horizontal.
-- Corte longitudinal: o corte longitudinal é criado gerando impacto na vista frontal da peça
representada. Observe:
A
CORTE A-A
-- Corte Transversal: o corte transversal é criado gerando impacto na vista lateral da peça rep-
resentada como pode ser observado na figura seguinte:
A CORTE A-A
-- Corte horizontal: o corte horizontal é criado gerando impacto na vista superior da peça rep-
resentada. Veja:
A A
CORTE A-A
Figura 124 - Corte horizontal
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
c) Meio corte: dois planos de corte podem ser imaginados interceptando a peça até a sua metade. O
meio corte é empregado para representar peças simétricas32, sendo assim, o desenho apresenta ape-
nas metade da peça em corte, mantendo a outra metade com as características originais. A seguir, um
exemplo do meio corte em uma peça simétrica:
d) Corte em desvio: quando a peça a ser representada não é simétrica, o plano de corte precisa desviar-
-se para captar a maior parte dos detalhes. Neste caso, a linha indicativa do corte é contínua e larga,
tanto nos extremos, quanto nas mudanças de trajetórias, como se vê na figura a seguir:
e) Corte parcial: o corte parcial é realizado quando é necessário mostrar apenas alguns detalhes ocul-
tos de uma peça, não necessitando para isto empregar um plano secante33 e representar integralmen-
te a área do corte. Diferente dos demais cortes, o limite do corte parcial é representado através da
linha contínua à mão livre ou em zigue-zague. Observe na imagem a seguir.
2.11.2 HACHURAS
A ABNT NBR 12298 de 1995, que trata da representação de área de corte por meio de hachuras em
desenho técnico, define as hachuras como linhas ou figuras convencionadas para indicar a matéria-prima
usada na representação de áreas de corte em desenho técnico, sendo que a condição geral é que qualquer
material deve ser representado através de linhas inclinadas a 45° em relação ao contorno do desenho ou
de eixos de simetria e com espaçamento mínimo de 0,7 mm, conforme mostra a figura a seguir:
As hachuras também identificadas como convenção de materiais específicos estão descritos na tabela
a seguir:
Hachura Material
Elastômeros, vidro,
cerâmica e rocha
Concreto
Líquido
Madeira
Terra
Existem outros modelos que podem ser utilizados em desenho técnico, desde que sejam devidamente
identificados. Observe os exemplos na imagem a seguir:
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
93
2.12 SEÇÃO
A representação através de seções é semelhante à representação por corte, porém em uma seção de-
monstra-se no desenho técnico apenas a interseção da parte da peça com o plano de corte. Observe as
figuras a seguir: à esquerda, a representação da seção e, à direita, o corte.
Corte Seção
A-A
2.13 ENCURTAMENTO
Quando as peças tem formato simples, mas grande extensão, para melhor aproveitamento do espaço e
tempo, pode se fazer uma representação simplificada da peça empregando o encurtamento que consiste
em criar uma “quebra” imaginária na peça e aproximar suas extremidades, mantendo suas dimensões em
verdadeira grandeza, ou seja, as medidas se mantêm originais. Veja alguns exemplos:
RECAPITULANDO
Neste capítulo começamos nossos estudos a partir da importância de compreender e empregar cor-
retamente algumas regras necessárias para aplicação de desenhos técnicos, bem como a represen-
tação gráfica manual de alguns dos seus elementos.
Partimos pelo reconhecimento de símbolos e convenções e aprendemos que a representação tri-
dimensional de um objeto pode ser realizada empregando a perspectiva isométrica, e, para isto,
aprendemos a sua formação e traçado. Em seguida vimos a importância das projeções ortogonais,
diferenciando as diversas formas de representação, como diferenciação dos diedros, vistas essen-
ciais e supressão de vistas.
Vimos também como representar detalhes internos ou ocultos de uma peça mecânica através do
desenho em corte, para isto aprendemos sobre hachuras que determinam o material de fabricação
da peça, cortes que especificam detalhes em diversos ângulos e direções conforme a necessidade,
além das seções e encurtamentos.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE DESENHO
97
Anotações:
Desenho técnico mecânico
Para produzir uma peça mecânica podem ser utilizados materiais como aço, cobre, minério de ferro,
etc. Entretanto, para que as peças fabricadas atendam corretamente às necessidades para as quais foram
criadas, muitas vezes torna-se necessário empregar tratamentos específicos em sua superfície. Por este
motivo, devemos aplicar nos desenhos técnicos os símbolos que indicam o estado de superfície de uma
peça. Veja os símbolos básicos:
a b c
Figura 136 - Símbolos básicos para estados de superfície
Fonte: ABNT NBR 8404, 1984.
Os símbolos acima precisam ser complementados com informações ainda mais específicas para a fabri-
cação de uma peça. Veja na figura a seguir:
a) Valor da rugosidade superficial: é a medida das variações encontradas nos desvios existentes
na superfície de uma peça. Veja na figura abaixo como podemos comparar uma superfície lisa e
uma superfície rugosa;
3 DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
101
Os valores de rugosidades foram convencionados e devemos seguir a tabela abaixo onde os valores são
expressos em mícron36.
Tabela 1 - Superfícies
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
Símbolo Interpretação
Perpendicular ao plano de
projeção da vista sobre o qual
o símbolo é aplicado.
Muitas direções.
Aproximadamente central em
relação ao ponto médio da
superfície ao qual o símbolo é
referido.
Aproximadamente radial em
relação ao ponto médio da
superfície ao qual o símbolo é
referido.
Notas:
a) Se for necessário definir uma direção das estrias que não
esteja claramente definida por um destes símbolos, ela
deve estar descrita no desenho por uma nota adicional;
Espessura do material (sobremetal) corresponde à quantidade a mais de material que deve ser mantido
na peça durante um processo de fabricação.
e) Parâmetro da rugosidade: são usados para definir o nível em que as peças devem ser usinadas,
considerando as saliências e reentrâncias existentes em sua superfície.
Neste item aprendemos a importância de representar e identificar corretamente a simbologia para aca-
bamento superficial. No próximo tema veremos a aplicação da tolerância dimensional nos ajustes para
peças intercambiáveis.
3 DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
103
Quando representamos uma peça mecânica através de desenhos, usamos os recursos necessários para
a compreensão do mesmo, tais como linhas convencionais, cotagem técnica, projeções ortogonais e cor-
tes. Mas mesmo com todas estas opções, é comum ocorrerem pequenas imprecisões entre a cota indicada
no desenho e a peça fabricada, pois o processo de fabricação está sujeito a falhas ocasionadas por fatores
como a qualidade da matéria-prima, da ferramenta ou, até mesmo, da habilidade do operador.
Estas imprecisões podem comprometer a funcionalidade da peça, fazendo com que a mesma não te-
nha o desempenho esperado no conjunto mecânico onde será inserida. As peças mecânicas fabricadas em
quantidade precisam ser intercambiáveis, ou seja, precisam seguir corretamente o padrão de produção.
Caso seja necessário, é importante substituir umas pelas outras, sem interferir no funcionamento do con-
junto mecânico em que está inserida. Veja na figura a seguir exemplos de peças intercambiáveis:
No desenho técnico aplicamos juntamente com a cotagem técnica uma série de anotações e símbolos
que indicam os limites de desvios dimensionais aceitáveis para que uma peça funcione corretamente após
sua fabricação. Esse limite é chamado de Tolerância Dimensional.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
104
Para que os limites de tolerância não fossem atribuídos aleatoriamente, foi criado o sistema ISO ( In-
ternational Standardizing Organization37). Este sistema poderá ser aplicado conforme o interesse de cada
indústria no processo de fabricação e é composto por uma série de regras e tabelas que devem ser consul-
tadas para possibilitar a correta atribuição das tolerâncias. É o que veremos a seguir.
a) Linha zero: a linha zero serve como referência para indicação da dimensão nominal e dos afas-
tamentos identificados na peça. Você verá a marcação precisa da linha zero na figura Campos de
Tolerância trazida mais adiante.
b) Dimensão nominal: a dimensão nominal, expressa no desenho técnico de uma peça, consiste
no tamanho previsto no desenho antes de sua fabricação. Como podemos observar na figura a
seguir, diz-se que deve ser de 30 mm o diâmetro da peça.
Ø30
c) Afastamentos: os desvios que mencionamos anteriormente são aceitáveis desde que permitam
o correto funcionamento da peça. Estes desvios são chamados de afastamentos e devem ser indi-
cados juntamente com o valor nominal da peça. Observe a seguir como são representados:
+0,28
Ø30 +0,18
Dimensão máxima
30 mm + 0,28 = 30,28
Dimensão mínima
30 mm + 0,18 = 30,18
Sendo assim, após fabricação, o limite do diâmetro da peça poderá ter qualquer valor que varie entre
30,18mm e 30,28mm. Este valor final é chamado de dimensão efetiva.
-- Afastamentos negativos: caso os afastamentos indicados tenham valores negativos, a di-
mensão efetiva será sempre menor que a dimensão nominal, ou seja, será menor que a dimen-
são prevista no desenho. Veja um exemplo:
-0,20
Ø18 -0,41
Neste caso, consideraremos como afastamento superior o menor valor numérico 0,20, e o afastamento
inferior, o maior valor numérico 0,41. Agora veja como calcular as dimensões máximas e mínimas para este
caso:
Dimensão máxima
18 mm - 0,20 = 17,80
Dimensão mínima
18 mm - 0,41 = 17,59
Desta forma, a dimensão efetiva desta peça pode corresponder a qualquer valor entre 17,59 mm e 17,80
mm.
-- Afastamentos em sentidos diferentes: quando os afastamentos máximo e mínimo têm sen-
tidos diferentes, ou seja, um é positivo e outro negativo, consideraremos como afastamento
superior o número positivo, neste caso 0,2, e como afastamento mínimo, o número negativo
0,1. Veja:
Ø16 - 0,1
+ 0,2
Já que uma peça pode ter diferentes informações dimensionais, observe que, em um único desenho, é
possível visualizar cotas com diferentes afastamentos. Veja:
3 DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
107
+ 0,23
Ø12 + 0,12
o
1x45 4
-0,20
Ø16 -0,41
+ 0,2
60 - 0,1
80 + 0,25
d) Dimensão efetiva: a dimensão efetiva é a medida obtida na peça após a fabricação, a qual será
considerada adequada para ser utilizada quando as dimensões estiverem dentro do limite de
tolerância;
e) Tolerância: a tolerância é o resultado da variação entre a dimensão máxima e a dimensão míni-
ma. Para calcular este limite, basta subtrair esses dois valores, como pode ser visto no cálculo a
seguir:
0,13
Um desenho técnico deve ser representado da forma mais correta possível, entretanto na confecção da
peça quando o material passa pelos processos de fabricação alguns desvios geométricos38 podem ocorrer.
Por exemplo, quando a face de uma peça precisa ser perpendicular a outra, e após verificação constata-se
que há uma variação que faz com que as faces não estejam completamente perpendiculares, nestes casos
podemos sinalizar no desenho os símbolos que indiquem os desvios aceitáveis. Observe no quadro a se-
guir, as referências para tolerância geométrica.
Para Posição
elementos Concentricidade
associados Posição
Coaxilidade
Simetria
Circular
Batimento
Total
As tolerâncias de forma indicam os “desvios de forma” que são aceitáveis. Através de símbolos relativos
à:
a) Planeza: quanto plana uma superfície deve ser.
0,03
t
0,03
0,03
ø
ø 0,05
øt
0,03
ø
Figura 151 - Tolerância de circularidade
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
0,04
0,05
Quando duas ou mais peças são associadas, é necessário estabelecer a relação entre a posição que a
primeira peça deve ocupar em relação à outra. Para isto é determinada a tolerância de orientação. Veja um
exemplo a seguir:
Caso 1 Caso 2
Peça 1
Peça 2
α
Observe que na figura anterior, no primeiro caso, podemos ver qual deve ser o posicionamento previsto
para funcionamento entre as peças. No segundo caso, é possível perceber um desvio, fazendo com que
esta relação não seja mais de perfeita perpendicularidade, para que possamos determinar os desvios de
orientação aceitáveis, podemos usar a simbologia a seguir:
a) Tolerância de paralelismo39: os detalhes precisam ser paralelos entre si.
0,01 C
Referência C
Figura 155 - Tolerância de paralelismo
Fonte: ABNT NBR 6409,1997.
0,1
Referência
t
0,08 A
60º
ø 0,3
øt
68
100
øt
A ø 0,01 A
-- Tolerância de simetria: indica que deve existir a divisão exatamente igual entre duas partes
de um objeto ou peça. Veja:
A 0,08
0,1 D
0,1 A-B
A B
Vimos ao falarmos de tolerância geométrica que, além das características dimensionais, as tolerâncias
geométricas também são decisivas para que um desenho mecânico expresse corretamente as instruções
para fabricação de uma peça. Agora estudaremos a representação gráfica dos elementos padronizados de
máquinas.
SAIBA Para saber mais sobre Tolerâncias geométricas - Tolerâncias de forma, orientação, posi-
ção e batimento - Generalidades, símbolos, definições e indicações em desenho, con-
MAIS sulte a ABNT NBR 6409:1997.
Imagine que você precisa montar uma estrutura formada por chapas e barras metálicas. Estes materiais
precisam manter-se unidos, mas não pode ser usado o processo de soldagem, ou seja, você precisará uti-
lizar alguns elementos complementares como podemos ver na Figura a seguir:
ROSCAS E PARAFUSOS
Os parafusos são elementos de união não permanentes, ou seja, são intercambiáveis, por isso podem
ser colocados e retirados sem que seja necessário danificá-lo. Veja na Figura a seguir como devem ser re-
presentados graficamente:
haste
rosca
tipo de
acionamento
cabeça
Todos os parafusos são compostos por roscas que se subdividem em vários tipos conforme a aplicação.
Veja, no quadro a seguir, os tipos de rosca que fazem parte dos parafusos utilizados nos desenhos técnicos:
A rosca triangular é
empregada na união de
peças como em porcas e
parafusos
A rosca quadrada é
empregada em
equipamentos que podem
sofrer grandes choques.
Na figura seguinte, você poderá identificar todos os elementos comuns a todos os tipos de roscas acima
listadas:
1
1
1
Você percebeu que, apesar de todas as informações referentes aos tipos de roscas, a representação
gráfica do parafuso é bastante simplificada?
Analise novamente a Figura “Representação gráfica do parafuso” e observe que esta simplificação favo-
rece o entendimento e a agilidade na elaboração de desenhos técnicos.
Os parafusos podem ser de vários tipos. Trouxemos a seguir algumas das representações mais utiliza-
das.
d = diâmetro do parafuso
k = altura da cabeça (0,7d)
Parafuso de s = medida entre as faces
cabeça paralelas do sextavado (1,7d)
sextavada 42: e = distância entre os vértices
do sextavado (2d)
L = comprimento útil
(medidas padronizadas)
b = comprimento da rosca
(medidas padronizadas)
R = raio de arredondamento
da extremidade do corpo do
parafuso
A = d = altura da cabeça do
parafuso
Parafuso com e = 1,5d = diâmetro da
sextavado cabeça
interno t = 0,6d = profundidade do
encaixe da chave
s = 0,8d = medida do
sextavado interno
d = diâmetro do parafuso
Onde:
- diâmetro da cabeça do
Parafuso de parafuso = 2 d
cabeça - largura da fenda = 0,18 d
escareada - profundidade da fenda =
chata com 0,29 d
fenda 43: - medida do ângulo do
escareado = 90°
Onde:
Parafuso de - diâmetro da cabeça do
cabeça parafuso = 1,9d
redonda com - raio da circunferência da
fenda cabeça = d
- largura da fenda = 0,18d
- profundidade da fenda =
0,36d
Onde:
Parafuso de - diâmetro da cabeça do
parafuso = 1,7d
cabeça
- raio da cabeça = 1,4d
cilíndrica - largura da fenda = 0,18d
42 Sextavado: que boleada
possui seis faces,
com hexagonal.
- profundidade da fenda =
43 Fenda: pequenafenda
abertura na cabeça do parafuso que facilita o aperto e a folga.0,44d
cabeça cilíndrica
boleada com fenda
Onde:
fenda 43: - medida do ângulo do
escareado = 90°
3 DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
119
Onde:
Parafuso de - diâmetro da cabeça do
cabeça parafuso = 1,9d
redonda com - raio da circunferência da
fenda cabeça = d
- largura da fenda = 0,18d
- profundidade da fenda =
0,36d
Onde:
Parafuso de - diâmetro da cabeça do
parafuso = 1,7d
cabeça
- raio da cabeça = 1,4d
cilíndrica - largura da fenda = 0,18d
boleada com - profundidade da fenda =
fenda 0,44d
cabeça cilíndrica
boleada com fenda
Parafuso de Onde:
- diâmetro da cabeça do
cabeça
parafuso = 2d
escareada - raio da cabeça do
boleada com parafuso = 2d
fenda - largura da fenda = 0,18d
cabeça escareada - profundidade da fenda =
boleada com fenda 0,5d
CASOS E RELATOS
REBITES
O rebite é composto por cabeça e um corpo em formato cilíndrico, costuma ser fabricado em material
metálico como aço, alumínio, cobre ou latão. Diferente do parafuso, é usado para fixação permanente de
duas ou mais peças. Veja alguns exemplos:
CHAVETAS
A chaveta é um elemento que pode possuir corpo prismático44 ou cilíndrico. Podem ter faces paralelas
ou inclinadas, conforme esforço e do tipo de movimentação que devem transmitir. Podemos classificar as
chavetas como elementos de fixação, mas elas também pode ser consideradas um elemento de transmis-
são, como engrenagens e parafusos. Veja alguns exemplos de chavetas:
Os elementos de apoio têm a função de auxiliar o funcionamento das máquinas. Muitas vezes, pode-
mos combinar em uma mesma máquina o uso de um ou mais elementos de apoio, como buchas, guias,
rolamentos e mancais.
ROLAMENTOS
A principal finalidade dos rolamentos é permitir que o movimento entre duas ou mais partes seja pre-
viamente controlado. Veja na figura a seguir a seguir um exemplo de uso do rolamento:
45 Roulement: rolamento
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
122
Representação
TIPOS DE ROLAMENTO Simplificada Simbólica
Rolamento de rolo
com uma carreira de rolos
Rolamento autocompensador
de esferas
Rolamento autocompensador
de rolos
Elementos elásticos são usados para atenuar choques, diminuir ou absorver vibrações, distribuir equi-
libradamente o peso das cargas e possibilitar que um componente mecânico após sofrer uma distorção
possa retornar à sua posição inicial.
MOLAS
Os elementos elásticos mais utilizados em nosso dia a dia são as molas, um bom exemplo de sua utiliza-
ção é em automóveis para o amortecimento de impactos causados, por exemplo, por buracos na estrada.
Veja no desenho anterior.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
124
Veja no quadro, a seguir, os principais tipos de molas usados em mecânica e suas formas de represen-
tação gráfica:
Tração48:
Helicoidal
cilíndrica
de seção
circular
Tração:
Helicoidal
cilíndrica
de seção
circular
(enrolado à
direita)
Mola prato
Mola prato
múltiplas
(acopladas
no mesmo
sentido)
Mola prato
múltiplas
(acopladas
em sentido
alternado)
Mola espiral
Feixe de molas
(semielípticas
com olhais
e grampo
central)
São elementos que quando trabalham de forma conjugada, formam um sistema de transmissão de
potência49 e movimento através das peças. O funcionamento dos elementos de transmissão podem variar
conforme o sentido, velocidade e direção das rotações. Um exemplo comum são as polias, correias e en-
grenagens. Observe nas imagens a seguir:
ENGRENAGEM
POLIA
CORREIA
POLIA
POLIAS
As polias são peças cilíndricas que se movem conforme a rotação do conjunto formado pelo eixo do
motor e das correias. Observe esta descrição na figura a seguir:
correia
polia
eixo
49 Sistema de transmissão de potência: conjunto de procedimentos para transmissão de força em uma máquina.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
126
CORREIAS
As correias são elementos de máquinas que, em conjunto com eixos e polias, transmitem o movimento
de rotação. São geralmente fabricados em couro, materiais fibrosos ou couro sintético. Um bom exemplo
são os compressores que realizam a transmissão de força utilizando correias. Veja a imagem a seguir:
3 DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
127
CORREIA
ENGRENAGENS
As engrenagens são elementos de máquina que auxiliam na transmissão de movimentos entre eixos.
Sem pertencer a um conjunto mecânico, as engrenagens são chamadas de roda dentada e são compostas
pelo rasgo da chaveta, dente, cubo, vão de dente e corpo, como pode ser visto na imagem a seguir:
Agora observe na representação em desenhos técnicos que as engrenagens geralmente são apresen-
tadas de forma simplificada, apenas como uma peça sólida e sem os dentes e com o diâmetro primitivo
traçado em linha, traço e ponto estreito.
Diâmetro primitivo
Quando existir a necessidade de informar as características dos dentes de uma engrenagem, eles pode-
rão ser representados com apenas um ou dois deles com traçado largo e contínuo, veja:
engrenagem helicoidal
côncava
Observe agora que, nas vistas laterais da Figura a seguir, aparecem três linhas contínuas e estreitas. Elas
indicam a direção da inclinação dos dentes helicoidais52. Veja:
engrenagem helicoidal
côncava (espiral)
Neste tema, aprendemos a identificar e reproduzir de forma simplificada, através da representação grá-
fica, os elementos de máquinas.
Conheceremos agora informações a respeito do desenho definitivo, desenho de componentes e o so-
bre os conjuntos mecânicos.
3 DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
131
O desenho definitivo corresponde à finalização do projeto, nele deve constar a descrição técnica para a
produção de uma máquina ou componente. Esta descrição é feita por um conjunto de desenhos onde se-
rão especificadas todas as informações necessárias para a execução do projeto da máquina ou ferramenta,
devendo incluir os itens que veremos a seguir.
A Figura a seguir mostra a perspectiva isométrica de um do torninho mecânico de mesa, uma máquina-
-ferramenta utilizada para usinar peças com formas geométricas de revolução como as cilíndricas e as
cônicas. Nesta imagem, é possível identificar todos os seus itens. Porém, a forma de representação empre-
gada não expressa de forma clara as informações relevantes para a compreensão de cada peça. Analise a
ilustração.
Por isto é preciso representar individualmente cada item, ou seja, é preciso fazer o desenho de cada
componente. Veja:
Ø16
1 x 45o
Ø6.5
Ø13
12
Ø16
107 ±0,5
60
65
M10x1.5
1 x 45o
8
1 x 45 o
Ø7.5
A partir do desenho do componente acima (do parafuso 1) algumas informações importantes são reve-
ladas: perceba que representando isoladamente cada componente, temos a possibilidade de explorar de
forma ampla cada informação graficamente representada. Veja:
a) Comprimento da peça: 107 mm;
b) Diâmetro da cabeça do parafuso: Ø16;
c) Comprimento da parte roscada: 60 mm;
d) Tipo de rosca: M10;
e) Tipo de furo: passante;
f) Diâmetro do furo na cabeça do parafuso: Ø 6,5;
g) Chanfros: 1x45°;
h) Qual o tipo de corte utilizado: corte parcial.
Você percebeu que quando fazemos o desenho de componente torna-se mais fácil interpretar cada
peça separadamente?
Em um desenho de componente, na folha padrão, o espaço é dividido em duas partes, uma é ocupada
pelo desenho e a outra pela legenda técnica.
Quando temos dois ou mais componentes que possam ser associados, conferindo funcionalidade a
uma máquina ou ferramenta, temos um conjunto mecânico. Com o desenho de vários componentes te-
mos o desenho de conjuntos mecânicos.
3 DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
133
Neste tipo de desenho, o conjunto mecânico aparece montado dando uma visão geral do equipamen-
to, onde cada componente é representado juntamente com a lista de materiais e ainda informações espe-
cíficas de cada peça. Veja um exemplo:
Ø16
Ø16 1X 45º
1X 45º
Ø6,5
9
Ø6,5
Ø13
12
Ø13
Ø16
12
Ø16
107±0.5
107 ±0.5
68
73
65
60
M10x1.5
M 10x1.5
4
1X 45º
3
8
1X 45º
15 15 Ø7,5
POS. 04
POS. 01
13
13
2
ø7,8
Ø16
8
M10x1,5
5
75 ±0.5
53
53
POS. 05
110 ± 0,5
± 0,5
M10x1,5
110
ø11
32
REPRESENTAÇÃO
A representação geral do desenho de conjunto deve conter o número de vistas suficientes para a com-
preensão do desenho, com os cortes ou seções que sejam necessárias, como é possível ver na Figura se-
guinte:
Vista inferior
15 15
13
13
ø7,8
M10x1,5
8
53
53
M10x1,5
110 ± 0,5
110 ± 0,5
ø11
32
32
5 5
Vista frontal
É preciso enumerar os itens que deverão compor o conjunto. Para isto, as linhas de indicação deverão:
a) Ser estreitas;
b) Não devem cruzar-se entre si;
c) Devem finalizar tocando a peça;
d) Os números devem ter o dobro do tamanho das cotas;
e) Os números devem ser organizados sucessivamente.
Veja o exemplo:
4
3
2
5
LISTA DE MATERIAIS
De acordo com o procedimento de cada empresa, ou conforme o tipo do conjunto a ser desenhado,
devem ser utilizadas listas para especificar informações que não devem constar no desenho, mas são de
grande relevância para a compreensão do mesmo.
A lista pode ser geral para todos os itens. A organização da lista varia conforme os interesses e neces-
sidades de cada empresa, mas as informações mais utilizadas normalmente são a numeração do item na
montagem do conjunto, a quantidade de cada item a ser utilizado na montagem, a denominação, ou seja,
o nome do item, o material e dimensões da peça a ser fabricada e um campo para observações onde po-
dem ser indicadas informações como fornecedor, tipo de tratamento térmico dado à peça, peso, tipo de
acabamento ou ainda condições específicas da matéria-prima como fundição ou retificação e etc.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
136
LISTA DE PEÇAS
ITEM QTDE. DENOMINAÇÃO MATERIAL PESO OBSERVAÇÕES
5 2 GARRA SAE 1020 0,16 kg
4 1 PARAFUSO SAE 1020 0,09 kg
3 1 GARRA SAE 1020 0,16 kg
2 1 PARAFUSO SAE 1020 0,09 kg
1 1 MANÍPULO SAE 1020 0,02 kg
O conjunto mecânico deverá ser representado desmontado mas, com as peças em perspectiva isomé-
trica e obedecendo sua sequência e posição de montagem.
Agora que vimos as informações que nos permitem compreender desenhos de componente e dese-
nhos de conjunto, podemos analisar os outros itens do conjunto mecânico estudado, o torninho de mesa.
3 DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
137
15
13
M10x1,5
53
110 ± 0,5
M10x1,5
32
5
15
13
ø7,8
8
53
110 ± 0,5
ø11 32
5
Figura 187 - Garra 2
Fonte: SENAI DR BA, 2015.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
138
Ø16
1 x 45o
9
Ø13 Ø6.5
12
Ø16
5
107 ±0,5
60
65
M10x1.5
1 x 45o
8
1 x 45o
Ø7.5
Ø6
75 = 0,5
RECAPITULANDO
Neste capítulo, estudamos alguns temas relacionados ao desenho técnico e compreendemos sua
definição e sua importância para um desenhista mecânico. Vimos também os materiais e instru-
mentos utilizados no desenho feito manualmente. Aprendemos sobre algumas normas para pa-
dronização de desenhos técnicos como a caligrafia técnica e aplicação de linhas convencionais e,
em seguida, estudamos conceitos essenciais como perspectiva isométrica, projeções ortogonais,
cotagem técnica, escalas e desenhos em corte e suas modalidades. Quanto aos detalhes para leitura
e interpretação de desenhos para a fabricação, foram vistos temas como rugosidade superficial, to-
lerância dimensional e tolerância geométrica. Também pudemos estudar a função e representação
gráfica de alguns elementos padronizados de máquinas e aprendemos a interpretar desenhos de
componentes e de conjuntos
Procedimentos e normas padrões
para higiene e segurança no trabalho
Para que um ambiente de trabalho seja considerado seguro, devemos adotar antes de tudo
a conduta de prevenção, mas isto nem sempre é fácil, pois só nos deparamos com qualquer
noção de higiene e segurança do trabalho e sua importância, quando escolhemos fazer um
curso técnico em que, além de conhecimentos específicos, precisamos aprender a lidar com as
possibilidades de acidentes e suas formas de prevenção.
Ao ingressar no mercado de trabalho, confirmamos e ampliamos nosso conhecimento a
respeito do tema ao participarmos de treinamentos específicos, uso de equipamentos de pro-
teção individual ou coletiva, métodos e trabalho e procedimentos e normas de segurança.
Todo este esforço é de grande importância para que o trabalhador possa desempenhar
suas atividades com saúde e segurança e, consequentemente, oferecendo qualidade e produ-
tividade para a empresa.
Não é possível determinar o momento exato que um acidente de trabalho vai acontecer, por isso é pre-
ciso saber diferenciar o que pode ser previsto ou imprevisto do que é previsível ou imprevisível. Segundo
o dicionário de segurança e saúde no trabalho do SESI,
“acidente de trabalho é “qualquer acontecimento ocorrido durante a atividade laboral ou, em certas
condições, no trajeto para o trabalho, que provoque, direta ou indiretamente, uma lesão ou uma doença
no trabalhador, e tenha como consequência a redução da sua capacidade de trabalho ou, em casos extre-
mos, a própria morte.”
O que é previsto é o que já está programado para acontecer enquanto o que é previsível indica que
existe uma possibilidade de ocorrer, por isso é comum dizer que conforme as circunstâncias, um acidente,
mesmo não sendo desejável, pode ser previsível, por exemplo, quando o acesso a um trabalho é feito utili-
zando escadas, é possível que ocorra um acidente, mesmo que ele não tenha sido programado. A imagem
a seguir ilustra a situação:
Ainda podemos classificar ocorrências típicas, como quedas, cortes, choques elétricos, etc. como aci-
dentes instantâneos. Já, por exemplo, as doenças, que ocorrem em consequência da exposição do tra-
balhador ao risco inerente à profissão, podemos classificar como não instantâneas. Como exemplo deste
último podemos citar a abestose51. Veja o que acontece com o pulmão de quem tem a doença:
51 Asbestose: doença causada pelas fibras do asbesto (amianto), provocando redução na capacidade de transferência de
oxigênio para o sangue, além de câncer.
4 PROCEDIMENTOS E NORMAS PADRÕES PARA HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
143
PULMÃO PULMÃO
SAUDÁVEL CONTAMINADO
POR AMIANTO
A cultura da prevenção deve ser estimulada nas empresas pois, quando um acidente ocorre, diversos
aspectos podem interferir negativamente tanto na vida do trabalhador, quanto na rotina e produtividade
da empresa. Vejamos alguns exemplos:
a) Aspecto social: um acidente provocado por um ato de imprudência por parte do trabalhador
em alguns casos pode impactar emocional e produtivamente em parte do grupo de trabalho,
fazendo com que o profissional sofra retaliações;
b) Aspecto econômico: mesmos sem vítimas, ou seja, sem afetar a integridade física do trabalha-
dor, um acidente pode afetar a produtividade ou qualidade do serviço executado, trazendo assim
prejuízo econômico;
c) Aspecto humano: muitas vezes um acidente afeta a integridade física do trabalhador, incapaci-
tando-o não só para o trabalho como para tarefas do dia a dia, interferindo inclusive no convívio
familiar.
Um acidente pode ocorrer por falhas no equipamento, deficiências estruturais ou ambientais do posto
de trabalho e muitas vezes até mesmo uma falha pessoal do trabalhador. Caso um equipamento não rece-
ba manutenção periódica, pode apresentar falhas que, na melhor das possibilidades, afetará negativamen-
te a produtividade e, consequentemente, acarretará em prejuízos materiais.
As falhas que partem do trabalhador comumente são associadas a atos inseguros que podemos definir
como a não obediência a um procedimento de segurança previamente definido ou até mesmo não ado-
tar condutas de bom senso mesmo que as mesmas não estejam estabelecidas em normativos internos.
Por exemplo, um desenhista que ao precisar visitar a área de produção deliberadamente não utilize um
equipamento de proteção individual essencial para garantir sua integridade física, como mostra a figura a
seguir:
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
144
Eu não preciso
E o capacete? de capacete!
Outro motivo são as condições inseguras, ou seja, quando o posto de trabalho, equipamentos, ferra-
mentas ou a própria atividade favorecem o acontecimento de acidentes que não tenham sido provocadas
pelo trabalhador, como máquinas ou equipamentos sem manutenção conforme o prazo indicado, obstá-
culos no layout do posto de trabalho, condições ambientais deficientes, tais como, ventilação, ruído ou má
iluminação, e ainda os métodos de trabalho como supervisão deficiente e processo de trabalho perigoso.
Quando ocorre um acidente de trabalho com lesão ao trabalhador, ele pode ser classificado de duas
formas:
a) Com Perda de Tempo - CPT: quando o acidente provoca uma lesão permanente impossibilitan-
do que o trabalhador retorne às suas atividades no dia imediato ao do acontecimento;
b) Sem Perda de Tempo - SPT: quando o acidente, mesmo causando lesão ao trabalhador, não o
impede de trabalhar no dia seguinte ao do acontecimento. É oficialmente designado como lesão
sem afastamento.
Os acidentes devem ser prevenidos com a adoção de medidas específicas de segurança priorizando:
a) A eliminação do risco: tornar o risco inexistente. Por exemplo, em uma escada sem corrimão,
deverá ser instalado o amparo e se possível sinalizado na cor amarela ;
A neutralização do risco: manter sob controle o risco existente. Por exemplo, prensas, equipamentos
contendo partes móveis ou cortantes de máquinas não podem ser eliminadas, mas podem ser sinalizadas
reduzindo a possibilidade de causas acidentes;
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
146
b) Sinalização do risco: são medidas adotadas quando não é possível eliminar ou isolar o risco.
Por exemplo, sinalizar na cor azul, máquinas em manutenção que não devam ser utilizadas, ou
proibição de fumar em áreas específicas.
PERIGO
Veremos agora, como prevenir acidentes e proteger os trabalhadores utilizando equipamentos de pro-
teção.
4 PROCEDIMENTOS E NORMAS PADRÕES PARA HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
147
Pela Portaria n.º 3.214, de 08 de junho de 1978, o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) define atra-
vés do no item 6.1 da Norma Regulamentadora 6 (NR6) que equipamentos de proteção individual é todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção de riscos susce-
tíveis de ameaçar a segurança e saúde do trabalho.
Como nem todas as medidas de segurança são abrangentes a ponto de proteger a integridade física de
um grupo de trabalhadores, é necessário estabelecer como procedimento padrão o uso de equipamentos
de proteção, sejam eles individuais ou coletivos.
Os equipamentos de proteção individual, conhecidos como EPI’S, garantem a proteção contra aciden-
tes e doenças profissionais, entretanto, os EPI’S não evitam acidentes, mas amenizam os efeitos dos riscos
para os trabalhadores. Por exemplo, um protetor auricular não evita a exibição ao ruído, mas ameniza os
efeitos desta exposição. Veja na Figura a seguir alguns exemplos:
CAPACETE DE SEGURANÇA
ÓCULOS DE SEGURANÇA
ABAFADOR DE RUÍDO
CINTO DE SEGURANÇA
CAMISA OU CAMISETA
(NÃO PODE SER MANGA REGATA)
LUVAS DE RASPA
MÁSCARA FILTRADORA
CALÇA COMPRIDA
CALÇADO FECHADO
CASOS E RELATOS
Seguindo as normas
Adriana, João, Carlos e Pedro concluíram a qualificação em desenhista mecânico e tiveram uma
grande oportunidade de serem inseridos no mercado de trabalho em uma vaga efetiva.
Todos tiveram excelente aproveitamento no curso e foram indicados por seus professores para atu-
arem auxiliando na área de projetos de uma indústria de grande porte do setor automobilístico.
Adriana e seus colegas precisariam passar por várias etapas de seleção e na primeira delas, foram
avaliados os conhecimentos técnicos e em leitura e interpretação de desenhos técnicos, João foi
eliminado, pois não teve bom desempenho ao identificar as projeções ortogonais da prova em ques-
tão.
Seguiram Adriana, Carlos e Pedro que passaram para a segunda etapa onde deveriam participar de
uma dinâmica em grupo em que constatou-se que Carlos não possuía o perfil indicado para o cargo.
O responsável pela seleção estava em dúvida, pois os dois últimos candidatos, Adriana e Pedro mos-
traram igual competência para o cargo, mas havia apenas uma vaga para o trabalho e assim segui-
ram para a última etapa que consistia em passar por uma situação cotidiana do cargo, ir até a área
de produção fábrica, recolher o componente mecânico indicado e retornar ao escritório de projetos
e fazer sua representação gráfica. Os dois candidatos conseguiram desempenhar muito bem esta
tarefa, mas Pedro foi desclassificado pois adentrou na área de produção sem preocupar-se com o
uso dos equipamentos de proteção individual.
A vaga ficou com Adriana que, além de competência técnica, demonstrou ter também preocupação
com as normas e padrões de higiene e segurança do trabalho.
Diferente dos EPI’S que protegem e amenizam os riscos individuais, os equipamentos de proteção co-
letiva (EPC’S) têm o objetivo de evitar que acidentes aconteçam enquanto uma equipe realiza o trabalho.
Os EPC’S destinam-se a proteger todos ao mesmo tempo. São exemplos de equipamentos de proteção
coletiva:
a) Tela tapume;
b) Tela fachadeiro;
c) Cavaletes de sinalização;
d) Cones
e) Corrente plástica para sinalização;
4 PROCEDIMENTOS E NORMAS PADRÕES PARA HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
149
f) Fita zebrada ;
g) Sinalizações e avisos.
Legalmente, o uso dos EPI’S E EPC’S é exigido pela CLT, conforme a seção IV, capítulo V nos Artigos 166
e 167, veja:
“Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de prote-
ção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as
medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde
dos empregados.”
“Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do
Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho - CA.”
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
150
SAIBA Para aprofundar sobre o assunto veja a Norma Regulamentadora 6, que dispõe sobre
as obrigações do empregado e empregador em relação ao uso e conservação dos equi-
MAIS pamentos de proteção, acessando o Portal do Ministério do Trabalho e Emprego.
A higiene do trabalho tem o objetivo de identificar, avaliar e controlar riscos relacionados ao trabalho,
tais riscos podem ser resultantes tanto dos processos de produção, quanto do próprio ambiente de traba-
lho e interferirem negativamente na saúde, conforto ou produtividade do trabalhador. Podemos classificá-
-los como riscos produtivos operacionais ou riscos produtivos ambientais.
Os riscos produtivos operacionais referem-se a situações de riscos operacionais como pisos escorrega-
dios, máquinas desprotegidas, etc.
Os riscos produtivos ambientais são decorrentes de ação de gases, ruídos, calor ou produtos no am-
biente de trabalho.
Para que possamos agir em beneficio do trabalhador, é necessário identificar e diferenciar estes riscos
os possíveis riscos ambientais e sua influência no ambiente de trabalho conforme a concentração, tempo
de exposição e intensidade destes riscos.
Todo e qualquer trabalhador, por mais simples que seja sua tarefa, estará exposto a algum risco am-
biental, seja ele físico, químico, biológico, ergonômico ou de acidentes. Por este motivo, torna-se necessá-
rio avaliar corretamente as atividades e postos de trabalho, a fim de sinalizar acerca dos riscos existentes.
A Norma Regulamentadora 9, estabelecida pela Portaria 3.214 de Segurança e Medicina do Trabalho,
aborda em um documento chamado PPRA - Programa de Prevenção a Riscos Ambientais as formas de pre-
ver, identificar, avaliar e controlar a influência destes fatores nos ambientes de trabalho. Vejamos a partir
de agora como diferenciar cada um destes riscos.
a) Riscos físicos: são considerados como riscos físicos diversas formas de energia, como ruído, tem-
peraturas extremas, pressões anormais, radiações e umidade. Normalmente, para se amenizar os
efeitos dos riscos ambientais é indicado o uso de EPI’S como o protetor auricular, luvas e roupas
especiais.
4 PROCEDIMENTOS E NORMAS PADRÕES PARA HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
151
b) Riscos químicos: os riscos químicos podem apresentar-se nos ambientes de trabalho em estado
sólido, líquido ou gasoso e afetar a saúde do trabalhador através do contato direto ou mesmo
inalação ou contato com mucosas, podendo levar à irritação de pele, olhos e vias aéreas. Os equi-
pamentos de proteção indicados são luvas, máscaras e óculos de proteção.
c) Riscos biológicos: são considerados riscos biológicos, vírus, fungos, parasitas, protozoários, bac-
térias, que habitam em ambientes úmidos, hospitalares, açougues, coleta de resíduos e etc. Como
equipamentos de proteção, também são indicadas luvas, máscaras e óculos de proteção.
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
152
d) Riscos ergonômicos: os riscos ergonômicos estão relacionados a fatores que podem influenciar
física ou mentalmente o trabalhador, levando a desconfortos ou doenças. São exemplos de risco
ergonômicos a repetitividade dos movimentos, esforço físico, postura inadequada, estresse, roti-
nas extensas e etc. Não existem EPI’S específicos para os riscos ergonômicos, mas podemos citar
algumas formas de amenizar ou prevenir estes riscos. São elas a organização do trabalho implan-
tando pausas, ginástica laboral e mobiliário adequado.
e) Riscos de acidentes: é considerado risco de acidente, qualquer fator que possa colocar em risco
a integridade física do trabalhador, como por exemplo, máquinas sem manutenção, ferramentas
4 PROCEDIMENTOS E NORMAS PADRÕES PARA HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
153
Agora que falamos sobre acidentes de trabalho, vimos a importância do uso de equipamentos de pro-
teção e aprendemos a diferenciar os tipos de riscos ambientais aos quais os trabalhadores estão expostos,
veremos como agir quando nenhuma destas medidas preventivas é suficiente para evitar que um acidente
aconteça.
Os primeiros socorros correspondem ao atendimento imediato dado a uma vítima quando seu estado
físico coloca em risco sua vida. O principal objetivo dos primeiros socorros é manter as funções vitais do
indivíduo.
O socorrista, como chamamos a pessoa treinada a prestar os primeiros socorros, deve seguir alguns
princípios para o sucesso de um atendimento de emergência:
a) Evitar o pânico, ter calma e transmitir segurança;
b) Ter agilidade sem ser precipitado;
c) Reconhecer seus limites de atuação;
d) Interrogar a vítima com atenção;
e) Falar de modo claro e objetivo;
f) Explicar o procedimento antes de executá-lo;
DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
154
g) Usar equipamentos para sua própria proteção como: luvas descartáveis e dispositivo boca-más-
cara para evitar doenças de transmissão por vias respiratórias;
h) Atender a vítima em local seguro, deslocando-a em caso de risco de explosão, incêndio ou de-
sabamento.
FIQUE Tenha sempre em mãos telefones úteis para a prestação de primeiros socorros -
ALERTA SAMU 192, Bombeiros 193 e do Telefone do Hospital mais próximo.
4 PROCEDIMENTOS E NORMAS PADRÕES PARA HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
155
RECAPITULANDO
Neste capítulo estudamos os Procedimentos e normas padrões para higiene e segurança no traba-
lho, necessários para que o trabalhador desempenhe suas atividades profissionais preservando sua
saúde e integridade física.
Vimos como acontecem os acidentes de trabalho e aprendemos a diferenciá-los a fim de adotarmos
comportamentos preventivos. Aprendemos a importância do uso de equipamentos de proteção
individual e coletiva.
Por fim, definimos e exemplificamos os riscos ambientais aos quais qualquer trabalhador pode estar
exposto ao desempenhar suas atividades de trabalho. Ao falarmos sobre estes procedimentos de
segurança, percebemos que por mais cuidado que tenhamos, os riscos estarão presentes, por isto
vimos a importância de sabermos aplicar os princípios básicos de primeiros socorros.
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4SHARED. Meio corte. 2000? In: Centro Federal de Educação Tecnológica. Celso Suckowda Fonseca.
A
Abestose 142
Alfabeto latino 88
Amplitude 33
Arestas 41, 43, 44, 45, 48, 84, 85, 86, 87
Axial 114
C
Chanfros 66, 76
Cônicas 56
D
Desenhos bidimensionais 78, 79
Desvios geométricos 108
Detalhes equidistantes 65
Diâmetro 30, 31, 49, 67
Distância angular 65
Distância linear 64, 65
Distorção visual 70
E
Elipse 74
Equidistantes 31, 61, 65
F
Fenda 118
Furos escareados 67
G
Geométricos 40, 41, 43, 44, 46
H
Helicoidais 129
Helicoidal 124
I
Intercambiáveis 95
Interceptada 87
International Standardizing Organization 104
L
Letras latinas 28, 29
M
Malha isométrica 71
Microfilmagem 26
Mícron 101, 108
O
Objetos tridimensionais 78, 79, 80
P
Papel isométrico 74
Papel reticulado 71
Paralelismo 111
Paralelogramos 30, 43, 45
Peças simétricas 90
Perpendicularidade 111, 112
Plano secante 91
Planta baixa 50
Prismático 120
Programas CAD 78
Projeção ortogonal 78, 80, 88
R
Rebaixo 68
Rotação 48
Roulement 121
S
Seção 124
Secionada 88
Sextavado 118
Sistema de transmissão de potência 125
T
Tração 124
U
Unidimensional 28, 29
V
Vista 80, 84, 85, 86, 89, 90, 94
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Marcelle Minho
Coordenação Educacional
i-Comunicação
Projeto Gráfico