Falso Impacto
()
Sobre este e-book
Relacionado a Falso Impacto
Ebooks relacionados
- Os Filhos do Regime Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Apreensão: O Mal Humano - Temporada 0, #2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Todos Os Telefones Do Presidente Lula Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- As sombras do dia seguinte Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- A Aliança da Discórdia Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Fernando Sabino na sala de aula Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- Os Filhos da Revolução Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- O Último Voo Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Fuga e Paixão: até quando o amor pode estar entre o destino e o desejo Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- A Sombra do Cão de Caça Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Porões Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- ANEDOTAS POLICIAIS: CIÊNCIAS POLICIAIS Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Os Cinco demônios Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- COTIDIANO DE DELEGACIA: CIÊNCIAS POLICIAIS Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Verde amarelo sangue Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Escola Para Deuses Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- O detetive de livros e o Clube da Majestade Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Você vai saber por quê: Nada é realmente o que parece ser Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Fudeu Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Aurea 1940 Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- A Morte do Papa Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Nunca Se Morre Mais De Duas Vezes Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- O outro lado do poder: A história da política brasileira pela ótica das prostitutas Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Braços Quebrados Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Ciberbode Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- O Prisioneiro do Rochedo Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Depois Da Terceira Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- De Lula a Lula Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Espirito Mensageiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Carbono pautado: Memórias de um auxiliar de escritório Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Suspense para você
- Nunca minta Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- Você Me Pertence Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- O beijo do rio Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- A garota no gelo Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- Ninguém nunca vai saber Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- A inquilina silenciosa Nota: 4 de 5 estrelas4/5
- O Clube da Meia-noite Nota: 4 de 5 estrelas4/5
- A contadora Nota: 4 de 5 estrelas4/5
- Contos de Suspense e Terror: Obras primas de grandes mestres do conto Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Flores partidas | nova edição do best-seller de Karin Slaughter Nota: 4 de 5 estrelas4/5
- A vítima perfeita Nota: 4 de 5 estrelas4/5
- A hora azul - o novo thriller da best-seller Paula Hawkins, autora de "A garota no trem" Nota: 1 de 5 estrelas1/5
- Deixada para trás Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- O Médico e o Monstro: O estranho caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- O caso da menina sonhadora Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- Por que mentimos – Novo livro da série Will Trent Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- A Casa Perfeita (Um Thriller Psicológico de Jessie Hunt—Livro 3) Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- Meu assassinato Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
- Suicidas Nota: 4 de 5 estrelas4/5
- Sem Pistas (um Mistério de Riley Paige –Livro 1) Nota: 4 de 5 estrelas4/5
- Na escuridão da mente Nota: 4 de 5 estrelas4/5
- Para sempre perdida Nota: 5 de 5 estrelas5/5
- Beco Sem Saída (Um mistério psicológico de Chloe Fine—Livro 3) Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Avaliações de Falso Impacto
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Falso Impacto - Ricardo Bragança Silveira
Agradecimentos
A morte de Francisco Sá Carneiro esteve sempre envolta em grande mistério, para uns mais do que para outros. Este livro não pretende ser nenhuma tese nem nenhum juízo de valor sobre o tema, deve cada um fazer uma reflexão. Neste livro constam factos históricos, facilmente identificáveis, e o resto é tudo ficção.
Quando decidi avançar com a edição da primeira versão deste livro, há 5 anos, fi-lo para contar uma história, uma história aos meus olhos a partir de um evento relevante da nossa História.
Hoje, estão perante uma nova versão do Falso Impacto, que vai muito mais além do que a primeira versão. É uma versão restaurada, e reformulada em algumas partes. Acontece assim porque acredito que este livro merecia muito mais.
Neste seguimento, quero agradecer-lhe, a si, caro leitor, por apoiar a escrita e por acreditar em novos autores portugueses.
Tenho de agradecer à Carla e à Carina, a minha mulher e a minha filha. Sem elas, escrever seria um sonho impossível, e elas estão sempre prontas a apoiar-me.
Quero agradecer à minha restante família pelo apoio dado ao longo dos vários processos criativos.
Quero agradecer aos meus amigos, porque, muitos sem saberem, dão um enorme apoio a que continue a sonhar.
Na altura da investigação, há mais de dez anos, contei com a ajuda do Inspector Sobreiro da Polícia Judiciária, numa manhã, ainda nas antigas instalações da Polícia Judiciária. Deixo o alerta que, qualquer incongruência, ou erro relativo à atuação da Polícia Judiciária, é da minha inteira responsabilidade.
Quero agradecer à Cordel D’Prata porque acredita em mim, mais uma vez, e porque embarcou neste enorme desafio de reeditar um livro já existente.
Espero que este livro tenha sido do vosso agrado, e convido-vos a acompanharem-me nas minhas redes sociais.
PRÓLOGO
04 de dezembro de 1980
A comitiva completa vem em dois carros em direção ao Cessna 421A, de matrícula YV314P, que estava estacionado junto ao Hangar no Aeroporto da Portela em Lisboa. Das duas viaturas saíram o primeiro-ministro português, Francisco Sá Carneiro e sua companheira, Snu Abecassis, o ministro da defesa Adelino Amaro da Costa e sua esposa Maria Manuel Pires, António Patrício Gouveia, chefe de gabinete do primeiro-ministro, e o chefe da segurança, Mário Inácio Costa.
Inácio Costa foi o primeiro a chegar junto dos pilotos Jorge Albuquerque e Alfredo Sousa e ficou a verificar a entrada dos passageiros. A noite estava fria e nublosa, com ameaça de chuva no horizonte. Os passageiros iam em direção ao Porto para o último Comício da Candidatura de Soares Carneiro à Presidência da República. Amaro da Costa e Sá Carneiro trocaram umas breves palavras antes de embarcarem e as suas expressões eram de preocupação. A reunião do início da tarde com os chefes dos 3 ramos das Forças Armadas tinha sido muito dura, uma vez que foi discutido o Orçamento Militar para 1981. Snu Abecassis entrou seguida de Sá Carneiro. A seguir entrou Amaro da Costa e Maria Manuel Pires, seguidos de Patrício Gouveia. Ao verificar que tudo estava em ordem, Inácio Costa dirigiu-se a um dos carros para o levar de volta para o edifício do Aeroporto. De seguida, os Pilotos Jorge Albuquerque e Alfredo Sousa entraram no avião.
Quando chegou ao edifício do Aeroporto, Inácio Costa verificou uma demora anormal na saída. Ficou a verificar de longe, tinha contacto visual e queria ter a certeza que tudo corria bem.
No interior do avião, o primeiro-ministro impacientava-se com a demora e questionou o piloto sobre o motivo da mesma. Devido ao frio, os motores não ligavam e, por isso, a saída do voo estava atrasada. Jorge Albuquerque informou que tinha solicitado o auxílio de um Gerador de Pista para ajudar os motores a ligarem, e Sá Carneiro solicitou a Albuquerque que fossem confirmados os bilhetes do voo da TAP que estavam reservados. Albuquerque entrou em contacto com a Torre de Controlo e solicitou a informação questionada pelo primeiro-ministro. Na realidade, Sá Carneiro tinha voo marcado para essa noite na TAP rumo ao Porto. Nessa tarde, Amaro da Costa tinha contactado o primeiro-ministro e convenceu-o a irem no avião particular que estava destinado à Campanha Presidencial de Soares Carneiro.
Ao longe, na Placa do Aeroporto, estava o Chefe Inácio Costa a tentar perceber o que se passava com a demora. Usou o telefone interno do Aeroporto para contactar a Esquadra da PSP e solicitou que lhe enviassem uma viatura para ele se dirigir ao avião. Cerca de 10 minutos volvidos a viatura chegou. Neste preciso instante vê o avião dirigir-se à pista de aterragem, que estava a seguir em direção à pista 36 para descolar rumo ao Porto. Levantou voo e, poucos segundos depois, um enorme clarão envolveu o Bimotor Cessna 421A YV314P, tendo caído segundos depois no bairro de Camarate. A bordo iam o primeiro-ministro de Portugal, o ministro da defesa e acompanhantes…
04 de dezembro de 2000
O jornalista de 29 anos saiu das instalações do canal de televisão onde trabalhava. Consigo levava um conjunto de documentos da investigação do seu último trabalho referente a um acontecimento uns anos antes. Antes de sair, ainda na secretária, recebeu uma chamada que o deixou deveras nervoso. Ao sair, passou pela Segurança, abriu a porta, desceu as escadas e dirigiu-se ao seu carro. Apesar de ser uma fria noite de dezembro, aquele jornalista suava, tal eram os nervos que o acompanhavam. Eram, neste momento, 21h45. Ligou a viatura e olhou pelo espelho retrovisor. Desde que tinha iniciado aquela investigação, há uns 5 anos, que recebia ameaças várias, mas hoje, aquele telefonema deixou-o mesmo muito perturbado. Antes de receber o telefonema, ligou a um antigo colega de faculdade, com quem combinou ir encontrar-se na zona de Almada. Neste momento, aquele seu colega era a única pessoa em quem podia confiar. Acelerou a viatura e, enquanto conduzia, ia pensando na sua família. Pensou na sua encantadora esposa, também ela jornalista, e na sua filha que havia nascido nesse verão. Já havia entrado no IC19 e, durante uma distração, ia embatendo noutra viatura que circulava na via central. Seguiu até à zona de Pina Manique, onde entrou na 2.ª Circular. Passou em frente ao Estádio da Luz e, de seguida, virou para o Eixo Norte/Sul. Estava a fazer o caminho quase de forma automática, tinha o seu amigo à espera em Almada e tinha mesmo de se encontrar com ele. Se não estivesse distraído com os seus pensamentos, teria percebido o carro que o seguia desde que saiu dos estúdios da televisão. A estrada estava praticamente deserta e isso ajudou a que entrasse na Ponte 25 de Abril a toda a velocidade. Quando ia sensivelmente a meio da ponte, o carro que o seguia ultrapassou-o, bloqueando a sua passagem e obrigando-o a fazer uma travagem brusca na via direita. Do outro carro, saiu um homem que se dirigiu à porta do condutor, abriu-a e retirou o jornalista à força do carro. Não disse uma única palavra, apenas o agarrou e atirou-o para o Rio Tejo do alto da Ponte 25 de Abril. De seguida, abriu o carro e retirou os documentos que lá estavam. Entrou no seu carro e seguiu a alta velocidade em direção a Almada. Durante este tempo, não passou um único carro pelo local…
CAPÍTULO I
4 de dezembro de 2009
Eram cerca das 9h da manhã. Jorge tinha-se deixado adormecer. Na noite anterior tinha apanhado um grupo de traficantes de droga com ligações à América do Sul e Ásia. Jorge ligou para a Polícia Judiciária a dar conta do seu atraso, mas ia despachar-se o mais rapidamente possível. Tinha dormido no sofá para não acordar Vanessa, a sua mulher, e não dera pela mesma sair.
Nos últimos tempos era assim, Vanessa e Jorge mergulhavam nos seus trabalhos para fugirem aos seus problemas pessoais e conjugais. Neste casamento, o amor já tinha acabado há muito e nada haveria a fazer. Jorge tinha deixado de procurar a mulher e, muitas vezes, perguntava-se o que lhes teria acontecido. Antes costumavam ser um casal apaixonado, nunca tiveram filhos por opção, devido aos seus trabalhos, mas viviam bem com isso. Nos últimos tempos as coisas degradaram-se de tal maneira que se tornava insuportável para Jorge encarar a mulher. Talvez, também, por um enorme sentimento de culpa, devido ao que se passava na sua vida, nos últimos tempos.
Jorge pensava que hoje seria um dia muito calmo na Polícia Judiciária, mas aquele dia de sexta-feira iria ficar gravado a ferro e fogo na memória de todos os portugueses, embora ele ainda não o soubesse. Tinha tomado a decisão de contar tudo à mulher no final do dia. Não conseguia suportar mais andar a enganar a mulher. Tinha mesmo de lhe contar tudo e, desta noite, não iria passar.
Eram agora 9h20, o telemóvel de Jorge tocou. Atendeu e, do outro lado, apenas uma voz com um sotaque estrangeiro diz o seguinte:
– Chegou o momento de vocês pagarem! Nunca se deviam ter metido connosco. Alá é Grande! – e desligaram.
Jorge ficou receoso com o conteúdo da chamada.
O que significaria aquilo?
 De imediato, ligou ao seu colega e amigo Mário para partilhar com ele o telefonema que acabara de receber: 
– Mário, é o Jorge! Acabei de receber um telefonema muito estranho. Disseram-me que era tempo de pagarmos e antes de desligarem, gritaram Alá é Grande
! 
– Mas que merda é essa? Será que agora esses gajos se lembraram de nós? – disse Mário. – Reconheceste o número?
– Era privado.
– Pode ser que seja brincadeira, mas nunca fiando. Anda rápido para a sede que falamos aqui e vemos se conseguimos descobrir mais pistas.
– Okay. Vou despachar-me e já nos encontramos.
– Até já.
Jorge acabou de tomar o pequeno-almoço à pressa, pegou na pasta e saiu. Antes de entrar no carro, deu uma volta ao mesmo e espreitou debaixo do chassi para confirmar que estava tudo bem com o seu carro. Como estava tudo bem, entrou no carro e ligou o mesmo. Morava na Parede e conduziu, como habitualmente, rumo à Estrada Marginal para se dirigir à sede da Polícia Judiciária.
Tinha o rádio ligado e ia a ouvir música, como habitualmente.
Tentava, assim, relaxar antes de entrar ao serviço.
Eram, agora, 9h45. Subitamente, na estação de rádio, interrompeu-se a emissão normal com uma notícia terrível:
«Atenção, senhores ouvintes, notícia de última hora. Chegou agora à redação uma notícia não confirmada que, há cerca de 15 minutos, rebentou um engenho explosivo nas instalações da NATO em Oeiras, repetimos que se trata de uma notícia não confirmada, estaremos em contacto para atualizar esta informação.»
Jorge gelou. Seria isto?
 Esperava ainda que a notícia fosse falsa. Como tinha de passar por lá no caminho para o trabalho, ligou a luz de emergência e acelerou a fundo pela Estrada Marginal. Foi então que lhe caiu a ficha e se lembrou de Vanessa. Tinha de ir rápido. Ela estava lá, ela trabalhava lá… 
CAPÍTULO II
Em quatro minutos, Jorge chegou à Estrada da Medrosa em Oeiras, onde ficam situadas as instalações da NATO. Ao chegar, constatou, com horror, que se confirmava a notícia avançada pela rádio. Algo que já não o surpreendia era o facto de os órgãos de comunicação social noticiarem eventos antes da Polícia ter conhecimento dos mesmos. Reparou que já alguns carros de patrulha da PSP estavam nas imediações a tentarem controlar os curiosos e a comunicação social, que já ia começando a chegar. Entretanto, carros de bombeiros e ambulâncias passavam para o interior das instalações. Jorge comunicou pelo rádio o que se passara e que tinha chegado ao local. Pediu que enviassem uma equipa de inspetores para, logo que possível, iniciarem a investigação.
Saiu do carro e aproximou-se de dois Agentes da PSP que estavam a controlar o acesso e apresentou a sua identificação da Polícia Judiciária. Olhou para a placa que ambos tinham ao peito e viu os seus nomes, tratava-se do agente Gomes e da agente Correia. Trocou um breve olhar com a agente Correia, uma mulher de média estatura, loira de olhos azuis-esverdeados. Dirigiu-lhes umas questões:
– Bom dia, senhores agentes. Foram vocês os primeiros a chegar aqui ao local? – Jorge estava visivelmente perturbado, embora tentasse disfarçar. Quem respondeu foi o agente Gomes:
– Senhor inspetor, eu e a minha colega estávamos a fazer patrulha junto à Escola Náutica Infante D. Henrique em Paço D’Arcos e ouvimos uma explosão, vinda desta direção, por volta das 9h30. Contactámos a esquadra, onde nos pediram que verificássemos o perímetro. Depois, é que aconteceu algo estranho.
– Estranho? Como assim? – questionou Jorge.
Agora foi a agente Correia que interrompeu:
– Senhor inspetor… pouco depois de entrarmos na viatura, eu recebi uma chamada no telemóvel. Apenas disseram duas frases.
– E que frases foram essas?
– NATO
 e Alá é Grande
. 
Neste momento, Jorge gelou. Alá é Grande.
 Aquela frase ainda ressoava no seu cérebro. 
– Muito bem – disse Jorge. – O que fizeram de seguida?
– Seguimos o protocolo, senhor inspetor. Contactámos a nossa esquadra, que nos mandou para aqui, e constatámos o que estamos a ver.
Foi neste momento que Mário Fernandes chegou no seu carro e, atrás dele, mais dois carros com 8 inspetores no total.
Jorge dirigiu-se a Mário, não sem antes pedir aos agentes que falassem com os colegas.
– Jorge – disse Mário. – Como estás?
– Mário, meu bom amigo. Ainda bem que chegas.
– Sabes que não vamos ficar no caso, não sabes? Está aqui a equipa de investigação.
– Sei, claro. Mas, até voltarmos à Judiciária, vamos ver aqui algumas coisas. De certeza que esta malta não se importa. Estou a achar aqui muitas coisas estranhas, e quero ajudar a esclarecer.
– Referes-te à tua chamada? Ainda não tenho qualquer novidade.
– Não só. Sabes que ali a Agente Correia da PSP também recebeu uma chamada estranha, logo após a explosão.
– A sério? Mas que raio! – Mário ficou bastante confuso. Se uma chamada era estranha, duas, então, era o pináculo da estranheza.
– Bem, vamos tentar entrar? – perguntou Jorge.
– Vamos.
Então, Jorge e Mário passaram a zona do portão. Lá dentro era o caos. Havia apenas pequenos focos de incêndio e a explosão demoliu parte do edifício principal, que ficava em frente, após a subida da entrada principal.
Mário foi abordar o Sr. José Fonseca, comandante dos bombeiros, no sentido de perceber o que acontecera. Entretanto, chegou mais uma equipa de inspetores da Polícia Judiciária para a investigação.
Jorge olhou para o parque de estacionamento e viu algo que o deixou intrigado. No parque de estacionamento estavam várias viaturas diplomáticas estacionadas, algo que não seria normal, se este fosse um dia normal.
Mário, abordando o comandante dos bombeiros, disse para o mesmo, exibindo o seu distintivo:
– Senhor comandante, tem um minuto?
– Sim, senhor inspetor. Em que posso ajudar?
– O meu nome é Mário Fernandes e estou a verificar alguns pormenores. Pode indicar-me o que se passou aqui?
– Inspetor Fernandes, o engenho explosivo que foi detonado circunscreveu-se às instalações do edifício principal. – disse o bombeiro, apontando ao edifício. – Esta explosão provocou alguns focos de incêndio, que foram rapidamente circunscritos.
– Esta explosão foi acidental? – Mário disse aquilo num tom amedrontado. O bombeiro esboçou um leve sorriso e disse ao inspetor:
– Inspetor Fernandes, ainda é cedo, mas acho que acidental não foi, de certeza. Temos ainda de proceder a algumas averiguações, mas tenho quase a certeza de que não foi acidental.
– Muito obrigado, Sr. Comandante. Por agora, é tudo, não o atrapalho mais – disse Mário.
– Obrigado, inspetor.
E Mário afastou-se. Dirigiu-se a Jorge que ainda se encontrava a olhar para o parque de estacionamento.
– Então, amigo, tudo bem?
– Não sei. Isto é muito estranho.
– Diz-me o que se passa.
– Olha para ali – e apontou aos carros no parque de estacionamento. Mário olhou e ficou intrigado com a chamada de atenção do amigo.
– O que me está a escapar, Jorge?
– Gostava de saber o que aqui fazem tantas viaturas com chapas do corpo diplomático.
Agora Mário percebeu a observação do amigo e exclamou:
– Mas que raio!? Tinhas conhecimento de alguma coisa? Alguém falou contigo?
– Não. Mas também ninguém tinha de falar. De qualquer forma, é estranho. Nem na comunicação social se ouviu algo que justificasse estarem aqui tantas viaturas do corpo diplomático.
– A Vanessa não te referiu nada?
– Não. Ela não me disse nada. Aliás, há muito que ela não me diz nada.
Mário olhou o amigo e ficou a pensar no que se tornara. Sempre os conheceu como um casal feliz, contudo, nos últimos anos, as coisas começaram a ficar mais azedas entre eles.
– Jorge, esta situação… bem, sabes que podes desabafar, não sabes?
– Sei, claro que sei. Obrigado.
– Queres ir para casa? – perguntou Mário. Jorge acenou negativamente com a cabeça e dirigiu-se a uma das viaturas, a fim de poder ver se, lá dentro, teria algo que o ajudasse a perceber o que se passava ali. Era uma viatura Mercedes de cor castanha e estava trancada. De súbito, Jorge ouviu alguém chamá-lo:
– Jorge, queria falar contigo.
Jorge olhou e viu que era a Agente Correia.
– Sim, diz, Isabel.
– Porque ficaste perturbado com a chamada que eu recebi?
– Perturbado? Eu? Não, foi impressão tua. Nada disso.
– Jorge, não me mintas, eu já te conheço. – Os dois falavam em surdina, como se escondessem a conversa. Claramente, os dois conheciam-se há bem mais tempo que aquele dia apenas.
– Estou a falar a sério, Isabel. Não foi nada. Coisas minhas de que não quero falar agora.
– Okay. Também vim dizer-te que vou embora para casa. O meu turno terminou e amanhã estou de folga. O meu comandante liberou-me.
– Está bem. Entretanto, se te lembrares de algo mais, avisa-me, por favor.
– Mas eu já falei com os teus colegas e pensei que tu…
Jorge interrompeu-a:
– Mas eu quero acompanhar a investigação.
– Okay, fica descansado. Vemo-nos logo?
– Não sei. Não devo conseguir, mas depois eu digo-te alguma coisa. – Isabel virou costas e foi embora, não sem antes olhar para trás para Jorge e encolher os ombros. Depois, foi embora.
De longe, Mário viu a cena e ficou intrigado. A linguagem corporal dos dois emanava uma suspeita de que os dois já se conheciam há muito mais tempo. Mário era exímio nestas análises. Quando viu a Agente Correia a afastar-se, resolveu aproximar-se
