O que as emoções têm a ver com isso?
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Sobre este e-book
O que as emoções têm a ver com isso? é um convite ao autoconhecimento e à reconciliação com nossas emoções. Escrito por uma psicóloga que trabalha diariamente com os afetos, o livro propõe uma reflexão sobre a importância de acolher o que sentimos sem julgamento. Além disso, discute como questões sociais como gênero e racismo impactam diretamente a forma como lidamos com as nossas emoções. Com uma abordagem acolhedora e acessível, a autora aponta caminhos para construir uma relação mais respeitosa e saudável com aquilo que sentimos, mesmo em um mundo que insiste em tentar nos calar.
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O que as emoções têm a ver com isso? - Vanessa Pérola
O que as emoções têm a ver com isso?
Vanessa Pérola
SÃO PAULO
2025
1
Por que é tão difícil entender nossas emoções?
Você já parou para refletir por que ultimamente tantas pessoas têm falado sobre a importância de reconhecer, sentir e dar nome ao que sentimos? O que faz com que determinados sentimentos sejam tolerados, leves e bem-vindos e outros sejam desconfortáveis, julgados e vistos como ruins? O que transforma uma emoção em vilã ao ponto de querermos mantê-la longe?
Talvez você seja um pouco como eu fui. Sente raiva e esconde, não gosta de ficar triste, não consegue comemorar uma conquista, afinal a felicidade assusta e logo alguma coisa pode dar errado. Não consegue dar nome para aquela angústia dentro do peito e vive em alerta, buscando ter o controle de todas as coisas. A vida adulta é cansativa e difícil e você não tem tempo para lidar com um sentimentozinho qualquer, então tudo bem fazer de conta que ele não existe.
Como psicóloga que trabalha continuamente com emoções, compreendo nossa relutância em reconhecer e lidar com elas, visto que são tão poderosas que às vezes sentimos um desconforto só de pensar em falar a respeito. Mas depois de cinco anos atendendo mulheres e sete anos de terapia pessoal, posso dizer que aprendi uma coisa: todas nós experimentamos o tempo todo várias emoções. Elas são universais e muitas vezes acontecem sem que a gente perceba.
Com este livro, quero convidar você a encarar aquilo que te incomoda emocionalmente. Sentir, rotular, aceitar, compreender, investigar e deixar ir. Afinal de contas, as emoções têm caráter temporário, isso significa que não duram para sempre. Não precisamos rotulá-las de boas ou ruins, mesmo que sejam desconfortáveis, mas não vou mentir e enganar você dizendo que não precisamos de ousadia para encará-las.
É necessário coragem para lidarmos com a raiva sem julgá-la, para sentir a tristeza e não nos afundarmos nela, para encarar a preocupação, a confusão, o tédio, o medo, a frustração, a indiferença e tantas outras emoções incômodas sem querer se afastar ou ignorar.
Coragem para dançar com a felicidade sem se prender ao que vai acontecer depois, de saber o momento de bancar e sustentar o desejo mesmo que outras pessoas discordem, de vibrar com a alegria e comemorar o êxtase da vida. Coragem para aguentar firme o desconforto e perder o controle, porque sentir significa sair do controle, porque nossa pele, nosso corpo, não obedecem a regras. Tudo o que sentimos é nosso corpo contando uma história.
Me lembro de um acontecimento específico da minha infância. Eu devia ter uns oito anos e havia sido deixada de lado por umas amigas na escola que tinham dito que eu não levava jeito para a brincadeira. Cheguei em casa chorando, aquele tipo de choro que vem do fundo do peito, desordenado, sem filtro. Minha mãe e meu pai estavam no trabalho e quem ficava comigo era uma mulher que meus pais pagavam. Ela, ao me ver naquele estado, falou algo que eu nunca esqueci: Não chore, Nessinha! O que os seus pais vão pensar de mim se te virem assim, chorando desse jeito? Além do mais, você chora por tudo e nem tem motivo pra isso.
Naquele momento eu me senti confusa. Parar de chorar parecia uma tarefa impossível, mas eu também não sabia como deveria me comportar. Não sabia pôr em palavras aquilo que tinha vivenciado na escola ao ser rejeitada pelas minhas amigas. E, apesar de ainda estar com um bolo na garganta e uma queimação no peito, meu choro parecia errado, exagerado, como se eu estivesse quebrando alguma regra que nunca me fora apresentada. Violando algum pacto sobre jamais falar o que sente para nunca incomodar, prejudicar o outro.
Mesmo com meu peito doendo, fiz o que muitas crianças fazem: respirei fundo, enxuguei as lágrimas rapidamente e engoli o que estava sentindo, deixei lá no fundo da minha mente, num lugar intocável. Aquela sensação continuou lá, no entanto, só que acompanhada de algo novo: vergonha, dúvida e medo.
Cenas como essas se repetiram diversas vezes por meio da minha cuidadora, da minha mãe, do meu pai, professores e, por vezes, de alguns amigos. Isso me fazia ter a impressão de que eu não deveria sentir o que estava sentindo, de que minha presença trazia aborrecimento e dava muito trabalho aos meus cuidadores.
Essa história parece familiar? Na grande maioria dos casos a resposta é sim, principalmente se você foi uma filha que não dava trabalho. Afastar as emoções e fazer de conta que nada estava acontecendo me descreve perfeitamente. Em graus variados, todo mundo sabe o esforço que fez para se sentir amado, querido, cuidado e pertencente dentro da sua própria família.
Sabemos também como foi duro não saber lidar com a dolorosa onda de emoções que nos invadia quando nos sentíamos julgadas ou ridicularizadas por causa da nossa aparência, por causa da dificuldade em ir bem em um esporte, ao sermos rejeitadas por nossos amigos, por sermos diferentes das pessoas do nosso círculo social…
Como sofremos em silêncio por conta de experiências e situações vividas na infância, situações sobre as quais não tivemos o mínimo controle ou alguém para nos ajudar a entender o que estava acontecendo. E nem sempre conseguíamos esconder muito bem, o que gerava uma nova onda de culpa e vergonha.
Devido também à minha profissão, hoje eu olho para esses momentos com mais clareza. Sei que nenhuma dessas pessoas tiveram a intenção de silenciar meus sentimentos ou dizer claramente que eles não importavam. Não havia crueldade ou ruindade da parte deles, acredite.
A verdade é que crescemos em uma sociedade que não nos ensina desde cedo que nossas emoções são aceitáveis, válidas e que nos ensinam coisas importantes sobre nós. E por não saberem lidar nem mesmo com seus próprios sentimentos, acreditam que aquilo que sentimos precisa ser reprimido. Engole o choro.
Não faça drama.
Seja forte.
Você não pode ficar triste, você tem tudo.
São frases que podem até soar motivadoras, mas apenas invalidam o que estamos sentindo e nos ensinam a desconfiar de nossas próprias emoções.
Na infância, aprendemos sobre sentimentos observando as respostas das pessoas ao nosso redor. Elas, mesmo sem saber, são nosso guia no que diz respeito às emoções. Isso tudo porque nosso cérebro é como uma esponja emocional e, quando nossos cuidadores evitam falar sobre emoções ou nos ensinam que algumas delas são inapropriadas, erradas e inúteis, passamos a internalizar a ideia de que sentir é perigoso, que é algo a ser escondido.
Crescemos acreditando que se mostrarmos nossas emoções, podemos ser rejeitados, vistos como pessoas inconvenientes, dramáticas ou pode acontecer de perdermos o controle e agirmos de acordo com as nossas emoções, tendo comportamentos disfuncionais por não saber lidar direito com aquilo que nos angustia.
Nas próximas páginas quero conversar com você sobre as camadas ocultas das emoções, o que deixamos de dizer e escutar, o que precisamos saber, já que essas camadas são naturais e inevitáveis, e como se reconectar a elas novamente. Desde muito cedo criamos estratégias de enfrentamento para sobreviver, para não pensar que somos inadequados ou inconvenientes.
Sem saber o que fazer, muitas vezes abrimos mão do nosso bem-estar, afinal, como lidar com o desconhecido? Como saber o
