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Este trabalho busca fazer uma leitura do Sarau Vozes Negras de Florianópolis como um movimento de aquilombamento. Tem como objetivo ver como se constrói ao longo de sua trajetória espaços seguros para autorxs negrxs ‘erguerem palavras,... more
Este trabalho busca fazer uma leitura do Sarau Vozes Negras de Florianópolis como um movimento de aquilombamento. Tem como objetivo ver como se constrói ao longo de sua trajetória espaços seguros para autorxs negrxs ‘erguerem palavras, versos, punhos, trazendo a força da poesia e das ancestralidades negras’ para o nosso cotidiano. Inicialmente, três possíveis contextos que desembocam na efervescência que propiciou o surgimento do Sarau serão traçados. A partir das relações estabelecidas pela ação poética do grupo veremos como os corpos convocados pela arte podem conferir valor afetivo entre si e com o seu entorno geográfico, quando a voz periférica se torna um capital simbólico para ser exibida, estilizada e reconhecida. Além disso, o Sarau será visto como: 1) uma possibilidade de superação de ciências relativizadoras, totalizantes, centradas em um sujeito inominado travestido da pretensa de igualdade e dotadas de uma visão de toda parte que se torna de parte alguma e que muitas vezes se desintegram em políticas cínicas, segundo a noção de ‘saber localizado’ de Donna Haraway; 2) uma perspectiva parcial que permite uma avaliação crítica objetiva, localizável; 3) uma proposta feminista que envolve os corpos em uma forma objetiva de ativar a responsabilidade; 4) uma prática poética-política de denúncia, resistência e esperança em findar a guerra iniciada com a chegada do primeiro escravizado no Brasil.
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Este texto pretende tecer recortes e considerações sobre o romance Ponciá Vicêncio de Conceição Evaristo, explorando algumas questões sociais, de gênero, raça, violência, autoausência, em diálogo com a noção de literatura negra, compondo... more
Este texto pretende tecer recortes e considerações sobre o romance Ponciá Vicêncio de Conceição Evaristo, explorando algumas questões sociais, de gênero, raça, violência, autoausência, em diálogo com a noção de literatura negra, compondo um mosaico acerca do nomear, do autodefinir-se enquanto partes, braços de um corpo-literário, de uma tradição-nação carente da perspectiva social negra. Partindo da visão de grupos subalternos historicamente silenciados rumo à complexidade germinal da mulher negra anônima que alcança o espaço das Letras, da representatividade, da escuta e logo reconhecimento na Literatura Brasileira. Como suporte crítico adotam-se algumas ideias de Lélia Gonzalez, Eduardo de Assis Duarte, Regina Dalcastagnè e Gayatri Spivak.