Papers by BIB Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais
As “biografias” ocupam estatuto incerto, ambivalente e polissêmico no âmbito das ciências humanas... more As “biografias” ocupam estatuto incerto, ambivalente e polissêmico no âmbito das ciências humanas e sociais.
Neste artigo, mapeamos tendências na produção recente das ciências sociais brasileiras, retomamos alguns
pressupostos teóricos e metodológicos preponderantes, bem como indicamos seus principais porta-vozes no Brasil.
Tais procedimentos permitiram observar: as oscilações históricas, disciplinares e temáticas, que pesam nas alusões
biográficas mobilizadas em diferentes empreendimentos metodológicos (como nas histórias de vida e orais; estudos
de carreiras e de trajetórias); a oposição entre abordagens mais subjetivistas de construção biográfica e aquelas mais
objetivistas de uso de dados biográficos; e a consagração da noção de trajetória e das referências a Pierre Bourdieu, com
variados tipos de apropriação.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
As análises de correspondências múltiplas (ACM) foram popularizadas nas ciências sociais por Pier... more As análises de correspondências múltiplas (ACM) foram popularizadas nas ciências sociais por Pierre Bourdieu e
seus discípulos. A técnica foi privilegiada por eles por retratar o espaço social de maneira relacional, ao criar, em planos cartesianos, nuvens nas quais agentes são posicionados uns em relação aos outros, de acordo com suas propriedades sociais; e nuvens de modalidades nas quais propriedades sociais aparecem tanto mais próximas quanto
mais frequentemente associadas aos mesmos agentes. Desse modo, a representação criada pela ACM permite observar a estrutura de polarizações própria ao espaço social, o que ajuda a compreender dinâmicas sociais decorrentes. O objetivo deste artigo é apresentar os fundamentos, os elementos constitutivos e as etapas necessárias para a elaboração de ACMs. Assim, pretende-se subsidiar a leitura de trabalhos que empreguem ACMs e, quiçá, auxiliar pesquisadores com intenção de utilizar a técnica em suas investigações.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O artigo discute a inserção do campo específico da ciência política como área própria dentro das ... more O artigo discute a inserção do campo específico da ciência política como área própria dentro das ciências sociais. O processo de institucionalização internacional tem como ponto de partida, aqui considerado, o início do século XX. São apresentadas as principais etapas da institucionalização e características específicas da área. Na segunda parte, o texto trata da formalização da ciência política como campo de pesquisa no Brasil. O conjunto de técnicas chamado de métodos quantitativos aplicado a objetos empíricos é tratado como um dos indicadores da autonomização da politologia no Brasil. Outro deles é a formatação institucional em programas de pós-graduação e publicações científicas próprias dessa esfera.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Esse estudo examina diferentes abordagens das comparações etnográficas e analisa debates recentes... more Esse estudo examina diferentes abordagens das comparações etnográficas e analisa debates recentes e antigos sobre como
comparar evidências etnográficas, bem como mostra de que modo epistemologias comparativas mudaram durante
momentos políticos específicos (colonialismo, descolonização e fim da Guerra Fria). Recentemente emergiram novas
formas reflexivas de comparação com raízes na epistemologia interpretativa. O fim da Guerra Fria estimulou formas de
comparação e reflexividade que deram surgimento ao que chamo de comparação por serendipidade: uma abordagem
comparativa baseada em uma epistemologia interpretativa que abraça serendipidade, reflexividade e relevância como
mais importantes que controle.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A comunicação é instrumento fundamental para as relações humanas. É por meio dela, por exemplo, q... more A comunicação é instrumento fundamental para as relações humanas. É por meio dela, por exemplo, que valores são
construídos, símbolos sociais são estabelecidos, tradições são repassadas, debates são concretizados, a política se materializa
e o conflito político se expressa. Foco de análises dos cientistas sociais há séculos, a análise do conteúdo transmitido na
comunicação sempre esteve restrita à necessidade de volumes relevantes de recursos para a avaliação manual de grandes
acervos. Revertendo esse quadro limitado, recentes desenvolvimentos tecnológico, computacional e científico permitem
que as ciências sociais potencializem sua investigação reduzindo drasticamente os custos envolvidos na análise de grandes
acervos. Por intermédio de novos métodos desenvolvidos, atualmente, é possível verificar comportamentos que antes
não eram observáveis, medir quantidades anteriormente imensuráveis e testar hipóteses até então impossíveis de serem
testadas. Nesse escopo, o principal objetivo deste artigo é manter as ciências sociais brasileiras na fronteira desse processo
e apresentar ao leitor um leque atualizado das principais metodologias de análise automatizada de conteúdo. Sem esgotar
suas inúmeras possibilidades, este artigo é um guia para a inovadora e instigante área de pesquisa do texto como dado
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Neste artigo é realizado um balanço da obra dos sociólogos Carlos Hasenbalg e Nelson do Valle Sil... more Neste artigo é realizado um balanço da obra dos sociólogos Carlos Hasenbalg e Nelson do Valle Silva, mostrando
como as inovações que trouxeram para o estudo das relações raciais e da desigualdade social no Brasil foram
alcançadas ao partirem de uma perspectiva sociológica que privilegia o estudo das populações e da estratificação
social. Nesse sentido, são apresentadas as principais características da sociologia pensada como uma ciência das
populações. Essa abordagem, que ganha cada vez mais adeptos em todo o mundo, faz uso de análises estatísticas de
grandes bancos de dados para descrever e explicar tendências gerais em nível populacional, ao mesmo tempo em
que reconhece a singularidade de cada unidade de análise (indivíduos, família, país, ou qualquer outra unidade).
Os trabalhos de Hasenbalg e Silva adotaram essa perspectiva e se voltaram para temas fundamentais dos estudos
de estratificação e mobilidade social. Assim, suas pesquisas não só inovaram o estudo das relações raciais no Brasil,
como também foram precursoras da sociologia como ciência das populações e dos estudos de estratificação social
no Brasil.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Pedro H. G. Ferreira de Souza
Nos últimos anos, o estudo dos ricos e da concentração de renda no... more Pedro H. G. Ferreira de Souza
Nos últimos anos, o estudo dos ricos e da concentração de renda no topo ganhou proporções inéditas no Brasil. Este artigo analisa as raízes históricas desse debate e seu crescimento recente, situando o recorte a partir dos ricos em relação às abordagens dominantes sobre a nossa desigualdade de renda. O texto destaca as principais contribuições empíricas dessa literatura para aprofundar nosso conhecimento dos níveis, tendências e causas da concentração no topo, além de apontar as maiores lacunas e possíveis direções para pesquisas futuras.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Evelise Zampier da Silva
Samira Kauchakje
No artigo analisamos a relação entre divisão vertical ... more Evelise Zampier da Silva
Samira Kauchakje
No artigo analisamos a relação entre divisão vertical de poder dentro de um sistema político e transferência, difusão ou aprendizado de políticas entre as unidades constituintes. Sob essa ótica, discutimos fluxos verticais e horizontais de disseminação de políticas, formas de indução ou coerção pelo governo central e mecanismos como imitação, competição ou cooperação entre unidades subnacionais de estados unitários ou federais que interferem no espraiamento de políticas. Como estratégia metodológica, usamos dados e resultados de pesquisas publicadas em periódicos científicos a fim de identificar características e padrões distintivos da transferência, da difusão ou do aprendizado de políticas relacionados com a estrutura de divisão de poder entre governo central e unidades subcentrais. Concluímos que elementos como forma de repartição de competências, regras eleitorais, padrões de carreira na burocracia governamental, competição entre as unidades e grau de descentralização influenciam a transferência, difusão ou aprendizado de políticas em sistemas unitários ou federais.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A avaliação de impacto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) se apresenta como uma estratég... more A avaliação de impacto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) se apresenta como uma estratégia pragmática para a superação das ambiguidades ainda presentes na política de pacificação do Governo Estadual do Rio de Janeiro. A partir da revisão sistemática do estado da arte da avaliação de impacto das UPPs, o presente paper identificou a diminuição da letalidade policial como principal impacto das UPPs em variáveis criminais, e a insuficiência de resultados indicativos de sua efetividade na melhoria de aspectos sociais das comunidades pacificadas. O paper inova ao propor uma abordagem indireta e qualitativa dos dados quantitativos sobre as UPPs e seus efeitos sociais, mobilizando o conhecimento acumulado em uma área de fronteira nos estudos sobre a política de pacificação do Rio de Janeiro, bem como ao sistematizar os pressupostos metodológicos e conceituais e sumarizar as principais questões de investigação, resultados e descobertas de tais estudos.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A teoria da escolha racional tornou-se anátema na ciência política contemporânea. Desde os primei... more A teoria da escolha racional tornou-se anátema na ciência política contemporânea. Desde os primeiros modelos de escolha racional, os teóricos dessa linha são criticados pelo conteúdo epistemológico de seus trabalhos, bem como pelo recurso a modelos formais como abordagem metodológica dos fenômenos políticos. As críticas reverberam em diferentes disciplinas, nomeadamente psicologia, economia e ciência política. Este artigo reconstrói os debates na área de ciências comportamentais e cognitivas, e na própria disciplina de ciência política, buscando compreender como eles se desenvolveram. O artigo também apresenta dados bibliométricos sobre a produção recente em teoria da escolha racional e discute como eles revelam hierarquias do conhecimento sobre a alegada proeminência de modelos de escolha racional nos principais periódicos de ciência política.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A teoria crítica tem passado por reformulações importantes. Neste artigo, pretende-se apontar com... more A teoria crítica tem passado por reformulações importantes. Neste artigo, pretende-se apontar como Jürgen Habermas conferiu a esse corpo teórico uma nova formulação e por que sua teorização pode ser incluída na perspectiva dessa escola, ainda que o filósofo tenha se debruçado menos sobre a investigação empírica do que seus predecessores. Tal filiação tem consequências importantes para sua concepção de autonomia democrática: pretendemos sustentar que os escritos do autor constituem uma teoria crítico-normativa, concebida como instrumento de emancipação que opera por meio da efetivação da autonomia democrática, que tem seu fundamento na noção de reconstrução. Argumentamos que a relação entre reconstrução e teoria normativa pode ser demonstrada por meio de uma análise que leve em conta não apenas seus textos explicitamente políticos, mas também aqueles, menos explorados, dedicados à reconstrução.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Levando em conta a consolidação da atenção acadêmica aos fenômenos que envolvem a intersecção ent... more Levando em conta a consolidação da atenção acadêmica aos fenômenos que envolvem a intersecção entre internet e política, este estudo busca compreender como ocorre tal produção científica no âmbito das ciências sociais no Brasil. Para isso, o artigo analisa os papers apresentados no grupo de trabalho Ciberpolítica, Ciberativismo e Cibercultura (N=106), da Anpocs, desde a sua criação, em 2010, até 2017. Compreende-se que esse grupo representa uma amostra significativa do interesse acadêmico a respeito do assunto no contexto brasileiro. O estudo visa depreender o perfil dos/das autores/as, das temáticas, das teorias e das pesquisas realizadas, buscando perceber se há mudanças nesses aspectos ao longo dos oito anos observados e identificar agendas de pesquisa. Os resultados indicam, dentre outros fatores: predomínio de textos de autoria única; equilíbrio de gênero quanto à autoria; predominância de artigos empíricos; e grande concentração de trabalhos em poucas instituições de ensino superior.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Loïc Wacquant
Aksu Akçaoğlu
Entre 2014 e 2015, Aksu Akçaoğlu foi professor visitante no Departam... more Loïc Wacquant
Aksu Akçaoğlu
Entre 2014 e 2015, Aksu Akçaoğlu foi professor visitante no Departamento de Sociologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, no qual trabalhou com Loïc Wacquant em sua pesquisa sobre “o habitus conservador” na Turquia contemporânea – com o apoio do Conselho de Pesquisa Científica e Tecnológica da Turquia (TÜBİTAK). Nesse diálogo, ele convida Wacquant a explicar a filosofia e a pedagogia de seu célebre seminário de Berkeley sobre Pierre Bourdieu, o que oferece uma oportunidade para revisitar os principais nós conceituais no trabalho de Bourdieu e destacar seu molde antiteoricista, bem como as influências de Bachelard e de Cassirer, esclarecer as relações entre espaço social, campo e poder simbólico e alertar contra as seduções da “fala bourdieusiana”.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A temática prisional, além de ganhar destaque na agenda de notícias e nas preocupações sociais de... more A temática prisional, além de ganhar destaque na agenda de notícias e nas preocupações sociais de nosso país, também se tornou mais expressiva na produção das ciências sociais no Brasil ao se constituir como um campo em expansão, ao longo dos últimos vinte anos. O objetivo deste texto é em mapear as dissertações e teses produzidas nos programas de pós-graduação em ciências sociais, sociologia, ciência política e antropologia que tratem de questões relativas aos estudos prisionais no período entre 1997 e 2017. Para alcançar tal propósito, foram consultados os repositórios acadêmicos de 56 instituições, além de sites de programas de pós-graduação nas áreas mencionadas. Ao todo, foram encontrados 139 trabalhos, entre dissertações e teses, o que mostra a importância das prisões na agenda de pesquisa das ciências sociais. Fica patente que a maioria dos trabalhos tem caráter empírico e foi realizada através de pesquisas em unidades prisionais ou com atores pertencentes a esse universo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Este artigo é uma revisão bibliográfica de estudos sobre justiça criminal cujo escopo são artigos... more Este artigo é uma revisão bibliográfica de estudos sobre justiça criminal cujo escopo são artigos publicados em revistas do extrato A das áreas de sociologia e antropologia e das teses defendidas nos programas de pós-graduação das mesmas áreas, no período de cinco anos. Além das orientações teóricas e metodológicas, notou-se a importância dos estudos de fluxo, de pesquisas sobre representações e visões criminológicas dos operadores judiciais, da administração dos conflitos de gênero, da incriminação dos delitos por drogas e da discussão das alternativas penais, em especial a justiça restaurativa. Destacam-se as conclusões que identificam a permanência de tendências autoritárias e punitivistas da justiça criminal.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Este artigo discute a bibliografia brasileira das ciências sociais sobre os estudos policiais no ... more Este artigo discute a bibliografia brasileira das ciências sociais sobre os estudos policiais no período de 2000 a 2017. Inicialmente reconstrói o percurso sócio-histórico que levou a polícia a constituir-se em um problema sociológico. Em seguida classifica, descreve e analisa as temáticas exploradas pelos cientistas sociais brasileiros.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Jania P. D. Aquino
Daniel Hirata
Trata-se de um levantamento das pesquisas realizadas no Brasil ... more Jania P. D. Aquino
Daniel Hirata
Trata-se de um levantamento das pesquisas realizadas no Brasil sobre práticas criminais por meio de uma perspectiva etnográfica. O período selecionado contempla os anos de 2000 a 2017, no qual identificamos um aumento substancial dos trabalhos que envolvem pesquisa de campo e que procuram compreender analiticamente mercados ilegais e ilegalismos, coletivos criminais e a ética, moral e política do crime. Destacamos as contribuições dessas pesquisas para o debate acadêmico mais amplo sobre esses temas, assim como os dilemas metodológicos e éticos envolvidos na construção empírica do campo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Neste artigo analisamos os principais problemas e limites metodológicos das pesquisas que utiliza... more Neste artigo analisamos os principais problemas e limites metodológicos das pesquisas que utilizaram estatísticas oficiais para explicar fenômenos relacionados a violência, criminalidade e funcionamento do sistema de justiça criminal. Depois de discutir os limites das estatísticas criminais, analisaremos os limites das pesquisas sobre homicídios, vitimização, confiança, medo e fluxo de justiça. Também discutiremos os principais problemas metodológicos das pesquisas que buscaram avaliar políticas públicas de segurança. Ao final, argumentamos que a principal limitação metodológica dessas pesquisas é a falta de sistemas nacionais de estatísticas sobre violência e criminalidade.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Dois são os objetivos deste trabalho: mapear a produção indexada pelos termos “crime”, “criminal”... more Dois são os objetivos deste trabalho: mapear a produção indexada pelos termos “crime”, “criminal”, “criminalidade” e “violência” nas revistas mais importantes da área da sociologia (aquelas indexadas como A1 e A2 no Qualis da Fundação Capes) e entender quais são os métodos de pesquisa mobilizados nessas análises. De maneira geral, os estudos sobre crime, violência e dinâmica criminal vivenciaram uma crescente incorporação de técnicas de pesquisa qualitativa, com destaque para o uso de etnografias, entrevistas semiestruturadas e observação participante em contextos de violência urbana, tais como favelas nas grandes cidades e prisões superlotadas. O escrutínio de dados oficiais ou de bancos de dados construídos a partir de surveys está longe de ser o principal substrato empírico para a compreensão das dinâmicas de criminalidade, ficando à frente apenas dos trabalhos que conjugam técnicas quantitativas e qualitativas de pesquisa social. O balanço da literatura indica que o calcanhar de Aquiles da área reside na dificuldade em incorporar metodologias que permitam ir além da descrição do local, de forma a avançar rumo a uma produção mais abrangente do contexto nacional.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O balanço provisório proposto neste número temático aponta para algum acúmulo de conhecimento na ... more O balanço provisório proposto neste número temático aponta para algum acúmulo de conhecimento na área, tanto substantivo, na modesta opinião deste organizador, quanto na construção relativamente civilizada dos pontos de divergência e desacordos teóricos e metodológicos. As tensões entre os limites e possibilidades de utilização da etnografia ou de análises estatísticas do crime e da violência não são características exclusivas deste campo de estudos. As controvérsias oriundas do uso de tal ou qual orientação teórica na interpretação do universo do crime também não constitui novidade. A avaliação do potencial crítico de perspectivas de investigação das dinâmicas criminais centradas em maior ou menor grau no Estado e nas políticas públicas de segurança constitui, para o organizador deste número temático, um objeto de debate ainda a ser explorado, mas que pode ser convertido em ponto de articulação e interesse das diferentes concepções teóricas e metodológicas disponíveis no campo.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Papers by BIB Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais
Neste artigo, mapeamos tendências na produção recente das ciências sociais brasileiras, retomamos alguns
pressupostos teóricos e metodológicos preponderantes, bem como indicamos seus principais porta-vozes no Brasil.
Tais procedimentos permitiram observar: as oscilações históricas, disciplinares e temáticas, que pesam nas alusões
biográficas mobilizadas em diferentes empreendimentos metodológicos (como nas histórias de vida e orais; estudos
de carreiras e de trajetórias); a oposição entre abordagens mais subjetivistas de construção biográfica e aquelas mais
objetivistas de uso de dados biográficos; e a consagração da noção de trajetória e das referências a Pierre Bourdieu, com
variados tipos de apropriação.
seus discípulos. A técnica foi privilegiada por eles por retratar o espaço social de maneira relacional, ao criar, em planos cartesianos, nuvens nas quais agentes são posicionados uns em relação aos outros, de acordo com suas propriedades sociais; e nuvens de modalidades nas quais propriedades sociais aparecem tanto mais próximas quanto
mais frequentemente associadas aos mesmos agentes. Desse modo, a representação criada pela ACM permite observar a estrutura de polarizações própria ao espaço social, o que ajuda a compreender dinâmicas sociais decorrentes. O objetivo deste artigo é apresentar os fundamentos, os elementos constitutivos e as etapas necessárias para a elaboração de ACMs. Assim, pretende-se subsidiar a leitura de trabalhos que empreguem ACMs e, quiçá, auxiliar pesquisadores com intenção de utilizar a técnica em suas investigações.
comparar evidências etnográficas, bem como mostra de que modo epistemologias comparativas mudaram durante
momentos políticos específicos (colonialismo, descolonização e fim da Guerra Fria). Recentemente emergiram novas
formas reflexivas de comparação com raízes na epistemologia interpretativa. O fim da Guerra Fria estimulou formas de
comparação e reflexividade que deram surgimento ao que chamo de comparação por serendipidade: uma abordagem
comparativa baseada em uma epistemologia interpretativa que abraça serendipidade, reflexividade e relevância como
mais importantes que controle.
construídos, símbolos sociais são estabelecidos, tradições são repassadas, debates são concretizados, a política se materializa
e o conflito político se expressa. Foco de análises dos cientistas sociais há séculos, a análise do conteúdo transmitido na
comunicação sempre esteve restrita à necessidade de volumes relevantes de recursos para a avaliação manual de grandes
acervos. Revertendo esse quadro limitado, recentes desenvolvimentos tecnológico, computacional e científico permitem
que as ciências sociais potencializem sua investigação reduzindo drasticamente os custos envolvidos na análise de grandes
acervos. Por intermédio de novos métodos desenvolvidos, atualmente, é possível verificar comportamentos que antes
não eram observáveis, medir quantidades anteriormente imensuráveis e testar hipóteses até então impossíveis de serem
testadas. Nesse escopo, o principal objetivo deste artigo é manter as ciências sociais brasileiras na fronteira desse processo
e apresentar ao leitor um leque atualizado das principais metodologias de análise automatizada de conteúdo. Sem esgotar
suas inúmeras possibilidades, este artigo é um guia para a inovadora e instigante área de pesquisa do texto como dado
como as inovações que trouxeram para o estudo das relações raciais e da desigualdade social no Brasil foram
alcançadas ao partirem de uma perspectiva sociológica que privilegia o estudo das populações e da estratificação
social. Nesse sentido, são apresentadas as principais características da sociologia pensada como uma ciência das
populações. Essa abordagem, que ganha cada vez mais adeptos em todo o mundo, faz uso de análises estatísticas de
grandes bancos de dados para descrever e explicar tendências gerais em nível populacional, ao mesmo tempo em
que reconhece a singularidade de cada unidade de análise (indivíduos, família, país, ou qualquer outra unidade).
Os trabalhos de Hasenbalg e Silva adotaram essa perspectiva e se voltaram para temas fundamentais dos estudos
de estratificação e mobilidade social. Assim, suas pesquisas não só inovaram o estudo das relações raciais no Brasil,
como também foram precursoras da sociologia como ciência das populações e dos estudos de estratificação social
no Brasil.
Nos últimos anos, o estudo dos ricos e da concentração de renda no topo ganhou proporções inéditas no Brasil. Este artigo analisa as raízes históricas desse debate e seu crescimento recente, situando o recorte a partir dos ricos em relação às abordagens dominantes sobre a nossa desigualdade de renda. O texto destaca as principais contribuições empíricas dessa literatura para aprofundar nosso conhecimento dos níveis, tendências e causas da concentração no topo, além de apontar as maiores lacunas e possíveis direções para pesquisas futuras.
Samira Kauchakje
No artigo analisamos a relação entre divisão vertical de poder dentro de um sistema político e transferência, difusão ou aprendizado de políticas entre as unidades constituintes. Sob essa ótica, discutimos fluxos verticais e horizontais de disseminação de políticas, formas de indução ou coerção pelo governo central e mecanismos como imitação, competição ou cooperação entre unidades subnacionais de estados unitários ou federais que interferem no espraiamento de políticas. Como estratégia metodológica, usamos dados e resultados de pesquisas publicadas em periódicos científicos a fim de identificar características e padrões distintivos da transferência, da difusão ou do aprendizado de políticas relacionados com a estrutura de divisão de poder entre governo central e unidades subcentrais. Concluímos que elementos como forma de repartição de competências, regras eleitorais, padrões de carreira na burocracia governamental, competição entre as unidades e grau de descentralização influenciam a transferência, difusão ou aprendizado de políticas em sistemas unitários ou federais.
Aksu Akçaoğlu
Entre 2014 e 2015, Aksu Akçaoğlu foi professor visitante no Departamento de Sociologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, no qual trabalhou com Loïc Wacquant em sua pesquisa sobre “o habitus conservador” na Turquia contemporânea – com o apoio do Conselho de Pesquisa Científica e Tecnológica da Turquia (TÜBİTAK). Nesse diálogo, ele convida Wacquant a explicar a filosofia e a pedagogia de seu célebre seminário de Berkeley sobre Pierre Bourdieu, o que oferece uma oportunidade para revisitar os principais nós conceituais no trabalho de Bourdieu e destacar seu molde antiteoricista, bem como as influências de Bachelard e de Cassirer, esclarecer as relações entre espaço social, campo e poder simbólico e alertar contra as seduções da “fala bourdieusiana”.
Daniel Hirata
Trata-se de um levantamento das pesquisas realizadas no Brasil sobre práticas criminais por meio de uma perspectiva etnográfica. O período selecionado contempla os anos de 2000 a 2017, no qual identificamos um aumento substancial dos trabalhos que envolvem pesquisa de campo e que procuram compreender analiticamente mercados ilegais e ilegalismos, coletivos criminais e a ética, moral e política do crime. Destacamos as contribuições dessas pesquisas para o debate acadêmico mais amplo sobre esses temas, assim como os dilemas metodológicos e éticos envolvidos na construção empírica do campo.
Neste artigo, mapeamos tendências na produção recente das ciências sociais brasileiras, retomamos alguns
pressupostos teóricos e metodológicos preponderantes, bem como indicamos seus principais porta-vozes no Brasil.
Tais procedimentos permitiram observar: as oscilações históricas, disciplinares e temáticas, que pesam nas alusões
biográficas mobilizadas em diferentes empreendimentos metodológicos (como nas histórias de vida e orais; estudos
de carreiras e de trajetórias); a oposição entre abordagens mais subjetivistas de construção biográfica e aquelas mais
objetivistas de uso de dados biográficos; e a consagração da noção de trajetória e das referências a Pierre Bourdieu, com
variados tipos de apropriação.
seus discípulos. A técnica foi privilegiada por eles por retratar o espaço social de maneira relacional, ao criar, em planos cartesianos, nuvens nas quais agentes são posicionados uns em relação aos outros, de acordo com suas propriedades sociais; e nuvens de modalidades nas quais propriedades sociais aparecem tanto mais próximas quanto
mais frequentemente associadas aos mesmos agentes. Desse modo, a representação criada pela ACM permite observar a estrutura de polarizações própria ao espaço social, o que ajuda a compreender dinâmicas sociais decorrentes. O objetivo deste artigo é apresentar os fundamentos, os elementos constitutivos e as etapas necessárias para a elaboração de ACMs. Assim, pretende-se subsidiar a leitura de trabalhos que empreguem ACMs e, quiçá, auxiliar pesquisadores com intenção de utilizar a técnica em suas investigações.
comparar evidências etnográficas, bem como mostra de que modo epistemologias comparativas mudaram durante
momentos políticos específicos (colonialismo, descolonização e fim da Guerra Fria). Recentemente emergiram novas
formas reflexivas de comparação com raízes na epistemologia interpretativa. O fim da Guerra Fria estimulou formas de
comparação e reflexividade que deram surgimento ao que chamo de comparação por serendipidade: uma abordagem
comparativa baseada em uma epistemologia interpretativa que abraça serendipidade, reflexividade e relevância como
mais importantes que controle.
construídos, símbolos sociais são estabelecidos, tradições são repassadas, debates são concretizados, a política se materializa
e o conflito político se expressa. Foco de análises dos cientistas sociais há séculos, a análise do conteúdo transmitido na
comunicação sempre esteve restrita à necessidade de volumes relevantes de recursos para a avaliação manual de grandes
acervos. Revertendo esse quadro limitado, recentes desenvolvimentos tecnológico, computacional e científico permitem
que as ciências sociais potencializem sua investigação reduzindo drasticamente os custos envolvidos na análise de grandes
acervos. Por intermédio de novos métodos desenvolvidos, atualmente, é possível verificar comportamentos que antes
não eram observáveis, medir quantidades anteriormente imensuráveis e testar hipóteses até então impossíveis de serem
testadas. Nesse escopo, o principal objetivo deste artigo é manter as ciências sociais brasileiras na fronteira desse processo
e apresentar ao leitor um leque atualizado das principais metodologias de análise automatizada de conteúdo. Sem esgotar
suas inúmeras possibilidades, este artigo é um guia para a inovadora e instigante área de pesquisa do texto como dado
como as inovações que trouxeram para o estudo das relações raciais e da desigualdade social no Brasil foram
alcançadas ao partirem de uma perspectiva sociológica que privilegia o estudo das populações e da estratificação
social. Nesse sentido, são apresentadas as principais características da sociologia pensada como uma ciência das
populações. Essa abordagem, que ganha cada vez mais adeptos em todo o mundo, faz uso de análises estatísticas de
grandes bancos de dados para descrever e explicar tendências gerais em nível populacional, ao mesmo tempo em
que reconhece a singularidade de cada unidade de análise (indivíduos, família, país, ou qualquer outra unidade).
Os trabalhos de Hasenbalg e Silva adotaram essa perspectiva e se voltaram para temas fundamentais dos estudos
de estratificação e mobilidade social. Assim, suas pesquisas não só inovaram o estudo das relações raciais no Brasil,
como também foram precursoras da sociologia como ciência das populações e dos estudos de estratificação social
no Brasil.
Nos últimos anos, o estudo dos ricos e da concentração de renda no topo ganhou proporções inéditas no Brasil. Este artigo analisa as raízes históricas desse debate e seu crescimento recente, situando o recorte a partir dos ricos em relação às abordagens dominantes sobre a nossa desigualdade de renda. O texto destaca as principais contribuições empíricas dessa literatura para aprofundar nosso conhecimento dos níveis, tendências e causas da concentração no topo, além de apontar as maiores lacunas e possíveis direções para pesquisas futuras.
Samira Kauchakje
No artigo analisamos a relação entre divisão vertical de poder dentro de um sistema político e transferência, difusão ou aprendizado de políticas entre as unidades constituintes. Sob essa ótica, discutimos fluxos verticais e horizontais de disseminação de políticas, formas de indução ou coerção pelo governo central e mecanismos como imitação, competição ou cooperação entre unidades subnacionais de estados unitários ou federais que interferem no espraiamento de políticas. Como estratégia metodológica, usamos dados e resultados de pesquisas publicadas em periódicos científicos a fim de identificar características e padrões distintivos da transferência, da difusão ou do aprendizado de políticas relacionados com a estrutura de divisão de poder entre governo central e unidades subcentrais. Concluímos que elementos como forma de repartição de competências, regras eleitorais, padrões de carreira na burocracia governamental, competição entre as unidades e grau de descentralização influenciam a transferência, difusão ou aprendizado de políticas em sistemas unitários ou federais.
Aksu Akçaoğlu
Entre 2014 e 2015, Aksu Akçaoğlu foi professor visitante no Departamento de Sociologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, no qual trabalhou com Loïc Wacquant em sua pesquisa sobre “o habitus conservador” na Turquia contemporânea – com o apoio do Conselho de Pesquisa Científica e Tecnológica da Turquia (TÜBİTAK). Nesse diálogo, ele convida Wacquant a explicar a filosofia e a pedagogia de seu célebre seminário de Berkeley sobre Pierre Bourdieu, o que oferece uma oportunidade para revisitar os principais nós conceituais no trabalho de Bourdieu e destacar seu molde antiteoricista, bem como as influências de Bachelard e de Cassirer, esclarecer as relações entre espaço social, campo e poder simbólico e alertar contra as seduções da “fala bourdieusiana”.
Daniel Hirata
Trata-se de um levantamento das pesquisas realizadas no Brasil sobre práticas criminais por meio de uma perspectiva etnográfica. O período selecionado contempla os anos de 2000 a 2017, no qual identificamos um aumento substancial dos trabalhos que envolvem pesquisa de campo e que procuram compreender analiticamente mercados ilegais e ilegalismos, coletivos criminais e a ética, moral e política do crime. Destacamos as contribuições dessas pesquisas para o debate acadêmico mais amplo sobre esses temas, assim como os dilemas metodológicos e éticos envolvidos na construção empírica do campo.