UNIBR - UNIÃO BRASILEIRA EDUCACIONAL
CURSO DE PSICOLOGIA
AGNES SAVIOLI LOBUE
ANDRESSA LUCENA TIOSSI REIS
GIULIANA DE SOUSA FURNO
JOSÉ CARLOS MARTINS DA SILVA
MATEUS SILVA DE SOUZA
NYCOLLE ERVALINA DE FARIA OLIVEIRA
TATIANE DE ANDRADE SOUZA
THAUANY ALVES DE SOUZA
EXPLORANDO O INCONSCIENTE: UM ESTUDO SOBRE 10 TEORIAS DE
SIGMUND FREUD
SÃO VICENTE
2024
Sumário
EXPLORANDO O INCONSCIENTE: UM ESTUDO SOBRE 10 TEORIAS DE SIGMUND
FREUD.................................................................................................................................................. 1
Introdução .......................................................................................................................................... 3
Complexo de Édipo ............................................................................................................................ 4
Teoria do Inconsciente ....................................................................................................................... 5
Estrutura da Personalidade (ID, Ego, Superego) ................................................................................. 6
Mecanismos de Defesa ...................................................................................................................... 7
Teoria do Desenvolvimento Psicossexual ........................................................................................... 9
Teoria de Eros e Thanatos ................................................................................................................ 11
Teoria da Transferência .................................................................................................................... 14
Teoria dos Sonhos ............................................................................................................................ 16
Teoria do Narcisismo ........................................................................................................................ 19
Teoria da Sublimação ....................................................................................................................... 21
Referências bibliográficas................................................................................................................. 23
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Introdução
Sigmund Freud é amplamente reconhecido como o pai da psicanálise e um dos
pensadores mais influentes no campo da psicologia. Suas teorias revolucionaram a
compreensão do comportamento humano, destacando a importância do inconsciente
e dos processos psicológicos na formação da personalidade e das neuroses. Ao longo
de sua carreira, Freud desenvolveu diversas teorias que desafiaram os paradigmas
científicos da época e abriram novos caminhos para o estudo da mente humana.
Este portfólio tem como objetivo apresentar e analisar dez das principais teorias
desenvolvidas por Freud, abordando suas contribuições para a psicologia, suas
aplicações clínicas e as críticas que receberam ao longo do tempo. O estudo destas
teorias é essencial não apenas para compreender a história da psicanálise, mas
também para refletir sobre sua influência na psicologia moderna e na prática
terapêutica.
Ao explorar essas teorias, será possível perceber como os conceitos
freudianos, apesar de controversos, continuam a ser uma base fundamental para a
compreensão do comportamento humano e dos mecanismos psíquicos. Além disso,
este trabalho busca oferecer uma reflexão crítica sobre a relevância dessas teorias no
contexto atual, considerando suas limitações e possíveis atualizações.
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Complexo de Édipo
Definição e Conceito: O Complexo de Édipo, uma das teorias centrais de Freud,
refere-se à fase do desenvolvimento psicossexual que ocorre entre os 3 e 6 anos de
idade, durante o estágio fálico. Nesta fase, a criança desenvolve um forte apego
emocional à figura materna, enquanto vê o pai como um rival pela atenção e afeto da
mãe. Esse conflito psíquico desempenha um papel crucial na formação da identidade
e das relações interpessoais futuras. De acordo com Freud, a resolução bem-sucedida
do Complexo de Édipo leva à formação do superego, uma estrutura psíquica que
incorpora as normas e valores sociais, funcionando como um regulador interno de
comportamentos e desejos.
Contexto Histórico: Freud apresentou pela primeira vez o conceito do Complexo de
Édipo em sua obra "A Interpretação dos Sonhos" (1900) e o expandiu em "Três
Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade" (1905). Influenciado pela mitologia grega, o
nome da teoria faz alusão ao mito de Édipo, que, sem saber, matou o pai e casou-se
com a mãe. Freud usou essa narrativa para ilustrar os desejos inconscientes e os
conflitos internos que as crianças enfrentam durante o desenvolvimento sexual.
Aplicações: O Complexo de Édipo é fundamental para a psicanálise e influencia a
compreensão do desenvolvimento da personalidade. Ele também desempenha um
papel importante na terapia psicanalítica, especialmente ao explorar dinâmicas
familiares e conflitos inconscientes que podem estar relacionados a neuroses ou
dificuldades nos relacionamentos. Além disso, essa teoria é frequentemente usada
para explicar a origem dos mecanismos de defesa, como a repressão, que as crianças
desenvolvem para lidar com os desejos proibidos.
Exemplos: Na prática clínica, os terapeutas psicanalíticos podem observar a influência
do Complexo de Édipo em adultos que, inconscientemente, repetem padrões de
relacionamento estabelecidos na infância, como rivalidades ou dependências
excessivas em relação às figuras parentais. Um exemplo prático é quando um
paciente demonstra ressentimentos inconscientes em relação ao pai ou à mãe,
refletindo conflitos não resolvidos dessa fase.
Críticas e Limitações: Apesar de sua influência na psicanálise, o Complexo de Édipo
foi amplamente criticado por psicólogos e psiquiatras contemporâneos. Alguns
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argumentam que Freud exagerou a importância da sexualidade infantil e que sua
teoria reflete mais a cultura patriarcal da época do que uma verdade universal. A
psicanálise moderna, embora mantenha muitos dos conceitos freudianos,
frequentemente revisa ou relativiza o papel do Complexo de Édipo em favor de
abordagens mais contextualizadas e menos centradas na sexualidade.
Teoria do Inconsciente
Definição e Conceito: Freud propôs que a mente humana é composta por três
camadas principais: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. O consciente é
composto por tudo o que temos plena percepção no momento; o pré-consciente
envolve memórias e pensamentos que podem ser trazidos à consciência com
facilidade; e o inconsciente abriga desejos, memórias e sentimentos reprimidos,
inacessíveis à consciência direta, mas que ainda influenciam o comportamento e a
mente. Para Freud, o inconsciente é dinâmico e ativo, tentando se manifestar por meio
de sonhos, atos falhos, lapsos de linguagem e sintomas psicológicos.
Contexto Histórico: Freud introduziu sua teoria do inconsciente ao longo de várias de
suas obras, especialmente em "A Interpretação dos Sonhos" (1900) e "O
Inconsciente" (1915). Ele acreditava que grande parte do comportamento humano era
motivada por forças inconscientes, e que muitas de nossas ações, pensamentos e
emoções eram expressões indiretas de conteúdos reprimidos. Freud desafiou a ideia
tradicional da mente como sendo governada pela razão, afirmando que o inconsciente
tem um papel dominante na nossa vida mental.
Aplicações: A teoria do inconsciente foi fundamental para a criação da psicanálise e
para a compreensão de várias condições psicológicas, como neuroses e distúrbios
comportamentais. A técnica da livre associação e a interpretação dos sonhos são
métodos usados na psicanálise para acessar os conteúdos inconscientes dos
pacientes. Além disso, o conceito de repressão — o ato de banir conteúdos
inaceitáveis para o inconsciente — é central para entender a origem de muitos
transtornos psicológicos.
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Exemplos: Na prática clínica, o terapeuta busca identificar padrões de comportamento
que podem estar sendo motivados por conflitos inconscientes. Um exemplo comum é
quando um paciente apresenta sintomas de ansiedade ou depressão, que podem
estar ligados a desejos reprimidos ou a traumas que foram empurrados para o
inconsciente. Esses conteúdos, não acessados diretamente, continuam a influenciar
o comportamento de maneiras sutis, como nas escolhas de relacionamentos ou na
dificuldade de superar certos medos.
Críticas e Limitações: Embora a teoria do inconsciente tenha sido amplamente
influente, ela também gerou debates e críticas. Muitos psicólogos e cientistas
modernos questionam a dificuldade de testar empiricamente os conceitos freudianos,
como o inconsciente dinâmico e a repressão. Além disso, a visão de Freud de que
muitos dos desejos inconscientes têm natureza sexual foi vista como limitante por
outros teóricos, como Carl Jung, que expandiu a ideia de um inconsciente coletivo que
inclui arquétipos universais compartilhados por todas as culturas.
Estrutura da Personalidade (ID, Ego, Superego)
Definição e Conceito: Freud desenvolveu a teoria da estrutura da personalidade
dividida em três partes principais: o id, o ego e o superego. Essas instâncias psíquicas
interagem entre si para moldar o comportamento e a psique humana. O id representa
os impulsos instintivos e inconscientes que buscam satisfação imediata, operando sob
o princípio do prazer. O ego atua como o mediador, lidando com a realidade externa
e buscando satisfazer as demandas do id de forma realista, segundo o princípio da
realidade. O superego é a internalização das normas sociais e morais, funcionando
como a "consciência" que impõe regras éticas e avalia as ações do ego.
Contexto Histórico: Freud introduziu essa divisão estrutural da personalidade em suas
obras posteriores, especialmente em "O Ego e o Id" (1923). A teoria evoluiu a partir
de suas observações clínicas e foi uma tentativa de explicar a complexa dinâmica dos
conflitos psíquicos. Para Freud, a interação entre o id, o ego e o superego era a chave
para entender o comportamento humano, as neuroses e outros transtornos mentais.
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Aplicações: A teoria da estrutura da personalidade tem aplicações importantes na
terapia psicanalítica, onde o terapeuta ajuda o paciente a explorar os conflitos entre
essas três instâncias psíquicas. Conflitos internos, como a incapacidade de equilibrar
os impulsos do id e as demandas morais do superego, podem gerar angústias,
ansiedade e outros sintomas. O processo terapêutico busca fortalecer o ego,
permitindo que o indivíduo lide melhor com as pressões do id e do superego.
Exemplos: Um exemplo clínico seria uma pessoa que sofre de intensa culpa ou
vergonha, muitas vezes associada a um superego muito rígido. Nesse caso, o
superego está exercendo uma pressão excessiva sobre o ego para seguir normas e
padrões impossíveis de serem atingidos, o que gera sofrimento emocional. Outro
exemplo seria uma pessoa que age impulsivamente, com pouca consideração pelas
consequências, revelando um ego enfraquecido diante dos desejos do id.
Críticas e Limitações: Embora a teoria da estrutura da personalidade seja central na
psicanálise, ela também foi alvo de críticas. Alguns psicólogos argumentam que a
divisão tripartida é simplista e não reflete a complexidade das funções cognitivas e
emocionais. Além disso, a ênfase de Freud nos impulsos sexuais e agressivos do id
foi considerada reducionista por muitos teóricos contemporâneos. Psicólogos
humanistas, como Carl Rogers, destacaram a importância de aspectos positivos da
personalidade, como o crescimento e a autorrealização, em contraste com a visão
conflituosa freudiana.
Mecanismos de Defesa
Definição e Conceito: Os mecanismos de defesa, segundo Freud, são estratégias
inconscientes utilizadas pelo ego para lidar com a ansiedade e conflitos internos
gerados por impulsos inaceitáveis do id. Eles ajudam a proteger a mente de
sentimentos dolorosos ou desconfortáveis, mantendo a estabilidade psíquica. Esses
mecanismos evitam que os impulsos do id cheguem à consciência ou sejam
confrontados diretamente, permitindo que o indivíduo funcione de maneira mais
adaptativa, ainda que às custas de distorções na percepção da realidade.
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Contexto Histórico: Freud introduziu o conceito de mecanismos de defesa ao estudar
a maneira como o ego lida com conflitos internos e externos. A ideia foi desenvolvida
ao longo de suas obras e expandida por sua filha, Anna Freud, que sistematizou e
descreveu vários desses mecanismos em "O Ego e os Mecanismos de Defesa"
(1936). Freud observou que esses mecanismos podem ser úteis a curto prazo, mas,
em excesso, podem levar a distúrbios psicológicos, pois evitam que o indivíduo lide
com suas emoções e conflitos de forma saudável.
Principais Mecanismos de Defesa:
I. Repressão: Bloquear pensamentos ou sentimentos angustiantes,
impedindo que cheguem à consciência. Exemplo: Alguém esquecer um
trauma infantil.
II. Negação: Recusar-se a reconhecer uma realidade difícil ou dolorosa.
Exemplo: Um paciente nega a gravidade de uma doença, mesmo após
o diagnóstico.
III. Projeção: Atribuir a outra pessoa sentimentos ou impulsos inaceitáveis.
Exemplo: Uma pessoa que sente raiva acusa os outros de serem hostis.
IV. Racionalização: Justificar comportamentos ou sentimentos com
explicações lógicas, minimizando a verdadeira causa. Exemplo: Um
estudante que fracassa em uma prova justifica o resultado culpando a
dificuldade da prova, e não sua falta de estudo.
V. Deslocamento: Redirecionar emoções de um alvo ameaçador para um
mais seguro. Exemplo: Alguém desconta sua frustração do trabalho em
um familiar.
VI. Formação Reativa: Agir de maneira contrária aos sentimentos
verdadeiros, exagerando o comportamento oposto. Exemplo: Ser
extremamente gentil com alguém por quem se sente antipatia.
VII. Regressão: Reverter para comportamentos infantis diante de situações
de estresse. Exemplo: Um adulto começar a agir como uma criança após
um evento traumático.
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VIII. Sublimação: Canalizar impulsos inaceitáveis em atividades socialmente
valorizadas. Exemplo: Alguém com impulsos agressivos tornar-se um
atleta ou cirurgião.
IX. Intelectualização: Focar nos aspectos técnicos ou lógicos de uma
situação difícil, afastando-se das emoções envolvidas. Exemplo: Após
receber um diagnóstico grave, a pessoa se concentra em pesquisar a
doença ao invés de lidar com o impacto emocional.
Aplicações: O conceito de mecanismos de defesa é amplamente utilizado na terapia
psicanalítica e em outras abordagens psicoterápicas. Ao identificar e trabalhar esses
mecanismos, os terapeutas ajudam os pacientes a reconhecerem como evitam lidar
com seus sentimentos e conflitos, promovendo uma compreensão mais profunda de
suas emoções e comportamentos. Por exemplo, pacientes que utilizam a negação
como mecanismo de defesa podem aprender a confrontar realidades desconfortáveis
com mais clareza.
Exemplos: Uma pessoa que frequentemente justifica suas ações com racionalizações
pode evitar o desconforto de assumir responsabilidade por seus erros. Um outro
exemplo seria alguém que utiliza a projeção para lidar com seus próprios sentimentos
de inadequação, acusando os outros de incompetência.
Críticas e Limitações: Embora os mecanismos de defesa sejam uma parte importante
da psicanálise, algumas críticas apontam para a falta de evidência empírica concreta
que comprove o uso inconsciente desses mecanismos de forma universal. Além disso,
críticos argumentam que a ênfase de Freud em impulsos sexuais e agressivos como
fonte primária de ansiedade pode ser limitada em uma visão contemporânea mais
abrangente da psique humana.
Teoria do Desenvolvimento Psicossexual
Definição e Conceito: A teoria do desenvolvimento psicossexual de Sigmund Freud
descreve a formação da personalidade humana e da identidade sexual a partir da
infância, baseada na forma como a energia libidinal (a força motriz dos impulsos
sexuais) se desloca e se concentra em diferentes zonas do corpo ao longo de cinco
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estágios. Freud propôs que a libido, presente desde o nascimento, desempenha um
papel central na evolução psicológica e social do indivíduo, e que dificuldades no
desenvolvimento em qualquer desses estágios podem levar a fixações e neuroses na
vida adulta.
Contexto Histórico: Freud introduziu essa teoria como parte de sua visão ampla sobre
o desenvolvimento humano, enfatizando a importância dos primeiros anos de vida.
Ele acreditava que as experiências infantis têm um impacto duradouro sobre o
comportamento e a saúde mental. A teoria foi revolucionária, pois sugeria que a
sexualidade não é restrita à vida adulta, mas desempenha um papel crucial desde o
nascimento. Freud discutiu o conceito de "perversão polimorfa" na infância, quando a
criança experimenta prazer em diversas zonas erógenas, moldando sua psique
conforme passa por cada estágio.
Estágios do Desenvolvimento Psicossexual:
I. Estágio Oral (0-1 ano): A principal zona erógena é a boca, e o prazer é
derivado de atividades como morder, chupar e amamentar. A forma
como os cuidadores lidam com o desmame pode resultar em fixações
que afetam a personalidade adulta, gerando comportamentos como
dependência emocional ou hábitos orais, como fumar e roer unhas.
II. Estágio Anal (1-3 anos): Neste estágio, o foco se desloca para o controle
das funções excretoras, e o treinamento do uso do banheiro torna-se
central. A maneira como os pais lidam com essa fase pode levar a
características de personalidade anal-retentivas (excesso de
organização e controle) ou anal-expulsivas (desorganização e falta de
controle).
III. Estágio Fálico (3-6 anos): A libido se concentra nos genitais. Freud
introduziu aqui os conceitos de Complexo de Édipo (para meninos) e
Complexo de Electra (para meninas). O Complexo de Édipo envolve a
atração da criança pelo genitor do sexo oposto e a rivalidade com o
genitor do mesmo sexo. A resolução desse complexo é fundamental
para o desenvolvimento de uma identidade sexual saudável.
IV. Período de Latência (6 anos até a puberdade): Durante essa fase, a
libido se acalma, permitindo que a criança concentre suas energias no
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desenvolvimento intelectual, social e cultural. Não há um foco sexual
específico, e o período é marcado pela socialização e pela formação de
habilidades não relacionadas à sexualidade.
V. Estágio Genital (puberdade em diante): A partir da adolescência, a libido
retorna, focada nos genitais e nos relacionamentos heterossexuais. No
entanto, agora o interesse sexual é mais maduro, envolvendo o desejo
por relações íntimas e amorosas. O sucesso nos estágios anteriores
permite que o indivíduo desenvolva relações saudáveis e maduras.
Fixações e Impacto na Vida Adulta: Freud acreditava que frustrações ou excessos em
qualquer um dos estágios do desenvolvimento psicossexual poderia resultar em
fixações, influenciando o comportamento adulto. Por exemplo, uma fixação no estágio
oral pode levar a comportamentos dependentes ou hábitos relacionados à
alimentação e à oralidade. Já uma fixação no estágio anal pode resultar em obsessões
por limpeza e organização (características anal-retentivas) ou em comportamentos
caóticos (anal-expulsivos).
Contribuições e Críticas: A teoria psicossexual de Freud foi inovadora ao destacar o
papel dos primeiros anos de vida no desenvolvimento da personalidade e ao
reconhecer a sexualidade como um fator fundamental no comportamento humano. No
entanto, a teoria também enfrentou críticas pela sua ênfase excessiva na sexualidade
infantil e pela falta de evidências empíricas. Muitos estudiosos modernos consideram
que Freud subestimou a influência de fatores sociais e culturais no desenvolvimento.
Mesmo assim, a teoria freudiana continua a ser uma base importante para o estudo
da psicologia e psicanálise.
Teoria de Eros e Thanatos
Definição e Conceito: A teoria das pulsões de Freud postula que os seres humanos
são impulsionados por duas forças fundamentais e opostas: Eros (pulsão de vida) e
Thanatos (pulsão de morte). Esses dois instintos são essenciais para entender a
motivação humana, sendo Eros responsável pelo desejo de crescimento, conexão e
preservação da vida, enquanto Thanatos reflete o impulso destrutivo, autodestrutivo e
a negação da vida.
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Eros - A Pulsão de Vida:
Significado: Eros é a força que impulsiona a vida, sendo associada ao desejo de viver,
crescer, criar e se conectar com os outros. Freud descreveu Eros como a fonte da
libido, a energia sexual que busca prazer, afeto, satisfação e desenvolvimento. Essa
pulsão está relacionada a todas as formas de busca por prazer, incluindo a
sexualidade, a amizade e até o cuidado com o próprio corpo.
Características: Eros é a representação dos impulsos construtivos e preservadores
que buscam:
Prazer: O desejo de experimentar prazer e evitar a dor.
Ligação e desenvolvimento: O impulso de criar vínculos, seja por meio de
relacionamentos amorosos, sociais ou familiares.
Procriação: O instinto de continuar a espécie por meio da reprodução.
Manifestação: O instinto de vida se manifesta em comportamentos que buscam a
criação e a manutenção da vida. Embora comumente associado ao desejo sexual e
ao amor romântico, Eros também está presente em outras atividades como o trabalho,
a amizade e a superação de obstáculos. Ele se manifesta em ações que promovem
bem-estar físico e emocional, além de favorecer a socialização.
Thanatos - A Pulsão de Morte:
Significado: Thanatos representa o impulso de morte e destruição. Freud descreveu
esse instinto como a tendência humana de retornar a um estado de calma absoluta,
simbolizando a fuga da vida e da dor, o desejo de autodestruição e a recusa de aceitar
o envelhecimento e a morte inevitável.
Características: Thanatos é a pulsão negativa que reflete:
Destruição: O impulso de se livrar da vida ou de causar dano aos outros.
Fuga da dor: O desejo de evitar o sofrimento emocional ou físico, que pode levar à
negação ou à alienação.
Retorno ao caos primordial: O desejo inconsciente de voltar a um estado inanimado,
ao fim da existência.
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Manifestação: Embora Freud acreditasse que Thanatos é controlado em grande parte
por Eros, ele se manifesta em comportamentos destrutivos, tanto em termos de
autossabotagem quanto de comportamentos violentos e agressivos. Esse instinto
também pode se refletir na recusa em lidar com o envelhecimento, na busca pela
negação da morte ou em atos suicidas.
Interação entre Eros e Thanatos:
Dinâmica Conflituosa: Para Freud, os seres humanos são movidos por uma tensão
constante entre essas duas pulsões opostas. A interação entre Eros e Thanatos gera
os conflitos internos que influenciam os pensamentos e comportamentos. A pulsão de
vida (Eros) busca preservar a vida e maximizar o prazer, enquanto a pulsão de morte
(Thanatos) busca extingui-la e minimizar o sofrimento.
Equilíbrio e Conflito: O equilíbrio entre essas duas forças é essencial para a saúde
mental. Quando Eros e Thanatos estão em equilíbrio, a pessoa consegue avançar em
direção ao desenvolvimento, às conquistas e às relações sociais saudáveis. Porém, o
desequilíbrio entre eles pode resultar em comportamentos destrutivos, agressivos ou
autodestrutivos.
Exemplos de Conflito: A busca por prazer e conexão, típica de Eros, pode ser
prejudicada pela pulsão destrutiva de Thanatos, que busca escapar da dor ou destruir
as fontes de sofrimento. Em muitos casos, a pulsão de morte pode se manifestar em
comportamentos destrutivos, como o uso de drogas, autossabotagem ou até suicídio,
enquanto a pulsão de vida promove atividades como cuidar de si mesmo, criar
vínculos afetivos e trabalhar em prol de um objetivo.
Contribuições e Aplicações: A teoria de Freud sobre Eros e Thanatos influenciou
profundamente a compreensão da psicologia e do comportamento humano,
especialmente no que diz respeito à agressão, à violência e aos comportamentos
autodestrutivos. Além disso, a tensão entre essas forças também é vista como
motivadora do desenvolvimento, da criatividade e das realizações humanas. Muitos
psicanalistas, filósofos e estudiosos exploraram essas ideias para entender melhor a
complexidade dos impulsos humanos e o equilíbrio entre a vida e a morte.
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Teoria da Transferência
Definição e Conceito: A transferência é um conceito central na psicanálise freudiana,
referindo-se ao processo inconsciente no qual o paciente projeta sentimentos, desejos
e expectativas de figuras significativas de seu passado, geralmente parentais, em
outra pessoa, comumente o terapeuta. Esses sentimentos podem ser positivos ou
negativos, e surgem ao longo do tratamento como reflexo dos conflitos internos do
paciente.
Origens da Transferência:
Influência das Relações Infantis: Freud acreditava que as primeiras experiências e os
relacionamentos na infância, especialmente com os pais ou cuidadores, deixam
marcas profundas na psique. Esses relacionamentos formam a base das expectativas
emocionais futuras e moldam a forma como o indivíduo lida com seus sentimentos,
desejos e conflitos.
Processo Inconsciente: Quando o paciente transfere essas emoções para o terapeuta,
ele está, na verdade, revivendo dinâmicas emocionais não resolvidas de sua infância.
Isso ocorre de maneira inconsciente, e o paciente muitas vezes não percebe que está
tratando o terapeuta como uma figura parental ou outra pessoa importante de seu
passado.
Importância da Transferência no Processo Terapêutico:
A transferência oferece uma janela valiosa para o inconsciente do paciente. Ao
observar como o paciente reage e projeta emoções no terapeuta, este pode acessar
aspectos inconscientes da psique do paciente, permitindo a exploração de conflitos,
traumas e padrões de comportamento.
Oportunidade de Cura: A transferência é vista como uma oportunidade para o paciente
reviver e resolver conflitos não resolvidos com figuras parentais ou outras pessoas
significativas de seu passado. A relação terapêutica cria um ambiente seguro para o
paciente experimentar essas emoções intensas, permitindo que o terapeuta ajude a
guiar o paciente em direção à compreensão e à resolução de seus conflitos internos.
Tipos de Transferência:
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I. Transferência Positiva:
Características: O paciente desenvolve sentimentos positivos em relação ao
terapeuta, como afeição, admiração ou até idealização. Em alguns casos, pode ser
comparável a uma "paixão transferencial", onde o paciente projeta desejos não
realizados de afeto ou amor, geralmente vinculados a figuras parentais.
Significado Clínico: A transferência positiva pode facilitar o desenvolvimento da
confiança e da relação terapêutica, mas também pode ocultar conflitos não resolvidos
que precisam ser explorados.
II. Transferência Negativa:
Características: O paciente projeta sentimentos negativos, como raiva, hostilidade ou
desconfiança, no terapeuta. Esses sentimentos muitas vezes refletem conflitos com
figuras de autoridade ou parentais.
Significado Clínico: Embora seja desafiadora, a transferência negativa oferece uma
oportunidade para o terapeuta explorar resistências e conflitos profundos, ajudando o
paciente a confrontar e resolver essas emoções negativas.
III. Transferência Ambivalente:
Características: O paciente oscila entre sentimentos positivos e negativos em relação
ao terapeuta, refletindo a complexidade das emoções inconscientes que mantém em
relação às figuras importantes de seu passado.
Significado Clínico: A ambivalência é comum em situações onde há uma mistura de
amor e ódio em relação a figuras parentais, sendo uma manifestação dos conflitos
internos do paciente.
IV. Transferência Erotizada:
Características: Quando o paciente projeta desejos sexuais no terapeuta, a
transferência torna-se erotizada. Esse tipo de transferência pode ser intensamente
desconfortável para ambos e exige manejo cuidadoso por parte do terapeuta.
Significado Clínico: A transferência erotizada revela desejos e impulsos sexuais
reprimidos, frequentemente relacionados a figuras parentais. O terapeuta deve lidar
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com essa transferência de forma ética e terapêutica, sem encorajá-la ou reprimi-la
diretamente, mas ajudando o paciente a entender a origem desses sentimentos.
A Importância Clínica da Transferência:
Exploração de Conflitos Inconscientes: A transferência desempenha um papel
fundamental na psicanálise, pois possibilita ao terapeuta acessar emoções e conflitos
inconscientes do paciente. A relação transferencial torna visíveis os padrões de
relacionamento disfuncionais que o paciente recria ao longo de sua vida.
Gerenciamento da Transferência: Quando a transferência é reconhecida e explorada
adequadamente pelo terapeuta, ela pode ser uma ferramenta terapêutica poderosa.
O terapeuta pode ajudar o paciente a entender como esses sentimentos projetados
influenciam seus comportamentos e relacionamentos no presente.
Fortalecimento da Relação Terapêutica: A transferência também fortalece a relação
terapêutica ao permitir que o paciente reviva suas emoções mais profundas em um
ambiente seguro e controlado. Quando o terapeuta lida de maneira adequada com
essas projeções, o paciente sente-se validado e apoiado, o que facilita a exploração
emocional e a resolução dos conflitos subjacentes.
Aplicações e Desafios na Prática Clínica:
Reconhecimento da Transferência: O terapeuta precisa estar atento à manifestação
da transferência para identificá-la e explorá-la como uma parte natural e essencial do
processo terapêutico.
Gerenciamento Ético: Em casos de transferência negativa ou erotizada, o terapeuta
deve manter um alto nível de profissionalismo e ética, garantindo que as emoções do
paciente sejam manejadas de forma construtiva, sem prejudicar a relação terapêutica.
Teoria dos Sonhos
Freud considerava os sonhos como a "estrada real" para o inconsciente, uma
manifestação dos desejos reprimidos que não podem ser expressos diretamente na
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vigília. Ele acreditava que os sonhos são repletos de símbolos e distorções da
realidade, que refletem desejos e conflitos inconscientes.
Em A Interpretação dos Sonhos (1900), Freud apresentou sua teoria de que o
conteúdo dos sonhos revela desejos reprimidos, mas de forma disfarçada e simbólica.
Conteúdos do Sonho:
Conteúdo Manifesto: É o que aparece no sonho de forma literal e acessível à
consciência, ou seja, a narrativa do sonho como o sonhador se lembra.
Conteúdo Latente: Este é o verdadeiro significado do sonho, que permanece oculto
no inconsciente e precisa ser desvendado através da análise. São os desejos
reprimidos que se manifestam de maneira distorcida.
O Trabalho do Sonho:
Freud identificou quatro mecanismos principais envolvidos no processo de
transformação dos desejos reprimidos em conteúdo manifesto, o que ele chamou de
trabalho do sonho:
Condensação: Um único elemento do sonho pode representar vários pensamentos
inconscientes, ou seja, diversos conteúdos latentes se condensam em um único
símbolo no sonho manifesto.
Deslocamento: A carga emocional de um conteúdo latente é deslocada para outra
imagem ou ideia menos ameaçadora. Isso cria uma distorção, transferindo o
significado de um objeto para outro.
Figurabilidade: Os pensamentos inconscientes são convertidos em imagens visuais.
Isso transforma conceitos abstratos e emoções em símbolos visualmente
representáveis no sonho.
Dramatização: Os elementos condensados e deslocados são organizados em uma
narrativa ou sequência de eventos que compõe o sonho manifesto.
Interpretação dos Sonhos:
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A interpretação dos sonhos, segundo Freud, não deve se basear em significados
superficiais, mas exige a análise dos símbolos e do trabalho do sonho para acessar o
conteúdo latente. Para isso, ele recomendava o uso da associação livre, em que o
paciente é incentivado a relatar tudo o que vem à mente em relação ao sonho, sem
censura.
Papel do Analista: O analista deve escutar atentamente o relato do paciente,
encorajando a exploração dos símbolos oníricos, e associar o conteúdo manifesto aos
conflitos e desejos inconscientes do analisando.
Função dos Sonhos:
Freud acreditava que os sonhos funcionam como uma realização de desejo. Mesmo
que o conteúdo latente seja perturbador, o sonho permite que esse desejo seja
expressado de maneira censurada, protegendo o sonhador de entrar em contato
direto com desejos inaceitáveis.
Além disso, os sonhos são uma via de escape para conflitos emocionais e psíquicos
reprimidos, uma vez que o inconsciente não está restrito pela censura do ego durante
o sono.
Importância da Análise dos Sonhos:
A interpretação dos sonhos é uma ferramenta essencial na psicanálise, pois oferece
acesso ao inconsciente, permitindo ao analista explorar traumas, desejos reprimidos
e conflitos que o paciente não consegue enfrentar diretamente.
Anotação e Exploração dos Sonhos: Freud sugeria que os pacientes anotassem seus
sonhos para que esses conteúdos fossem trabalhados em sessões de análise. A
análise dos sonhos, feita de maneira paciente e cuidadosa, pode levar ao
autoconhecimento e à resolução de conflitos inconscientes.
Diferenças com a Análise Junguiana:
Freud vs. Jung: Embora Freud visse os sonhos como a expressão de desejos
reprimidos, Carl Jung, na Psicologia Analítica, interpretava os sonhos como
comunicações mais amplas do inconsciente, contendo símbolos que transcendem o
indivíduo e se conectam ao inconsciente coletivo.
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Enquanto Freud focava nos complexos recalcados e na sexualidade, Jung via os
sonhos como expressões de arquétipos e aspectos profundos da psique humana, com
um caráter mais simbólico e universal.
Teoria do Narcisismo
O conceito de narcisismo foi proposto por Freud entre 1911 e 1914, inspirado pelo
mito de Narciso, o jovem que se apaixona pela própria imagem refletida na água.
Freud relaciona esse conceito ao desenvolvimento do ego e às pulsões sexuais,
principalmente à noção de autoerotismo e ao Complexo de Édipo.
Narcisismo em Freud:
Narcisismo Primário: Refere-se ao estado inicial de desenvolvimento infantil, onde a
libido é investida no próprio eu. O bebê vive em um estado de onipotência, acreditando
que tudo gira em torno dele. Nesse estágio, a libido é direcionada ao próprio corpo
(autoerotismo), sem uma distinção clara entre si e o outro. Essa fase é marcada pela
dependência da figura materna, e o bebê inicialmente acredita que a mãe existe
exclusivamente para ele.
Narcisismo Secundário: Conforme a criança se desenvolve e entra em contato com o
mundo externo, parte dessa libido, antes dirigida ao próprio eu, começa a ser investida
em objetos externos (outras pessoas). Quando essa libido retorna ao próprio eu, é
chamado de narcisismo secundário, caracterizando-se como uma defesa em resposta
à perda ou frustração externa.
Complexo de Castração: O narcisismo infantil sofre uma ruptura quando a criança
percebe que não é o centro do mundo e que seus desejos não podem ser plenamente
satisfeitos. O Complexo de Castração representa o reconhecimento de uma limitação,
tanto no sentido físico quanto simbólico, resultando em um ajustamento na maneira
como o indivíduo se relaciona consigo e com os outros.
Lacan e o Estádio do Espelho:
Lacan desenvolve o conceito de narcisismo com a noção do Estádio do Espelho, que
ocorre por volta dos 6 a 18 meses de idade. A criança reconhece sua própria imagem
no espelho e passa a se identificar com essa imagem, embora ainda não tenha
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completo domínio sobre seu corpo. Essa imagem no espelho é idealizada e dá origem
ao Eu Ideal.
O Estádio do Espelho envolve uma identificação alienada, na qual a criança vê a
imagem perfeita de si mesma e sente uma satisfação narcisista, mas ao mesmo tempo
enfrenta uma crise de identidade, pois percebe que não é a mesma pessoa idealizada
que vê no espelho. Isso está intimamente ligado ao Complexo de Édipo e à castração
simbólica.
Lacan propõe que a formação do ego é essencialmente narcisista e marcada por uma
divisão entre o Eu Ideal (a imagem idealizada no espelho) e o Ideal de Eu (o que o
indivíduo aspira ser em termos simbólicos).
Narcisismo Patológico:
O narcisismo patológico surge quando há uma incapacidade de integrar de forma
saudável o narcisismo primário e o secundário. A pessoa com narcisismo patológico
tende a viver em uma ilusão de grandiosidade, onipotência e negação de suas
limitações. Isso pode se manifestar em:
Baixa autoestima: Sentimento constante de inadequação ou falta de valor pessoal.
Relações amorosas egoístas: Incapacidade de amar genuinamente, uma vez que o
outro é visto apenas como uma extensão do próprio eu.
Busca por validação externa: A pessoa necessita de validação contínua para manter
sua autoestima, buscando status, poder ou idealizações em pessoas ou objetos
externos.
Medo de se entregar ao amor: O narcisista teme se envolver emocionalmente por
medo de perder o controle ou ser rejeitado, o que seria uma afronta ao seu senso de
grandiosidade.
Confusão entre "ser" e "ter": A identidade do indivíduo pode se confundir com o que
ele possui, seja em termos materiais, status ou conquistas.
Aspectos Clínicos do Narcisismo:
O narcisismo patológico pode ser difícil de tratar, pois envolve uma profunda
resistência em reconhecer a própria vulnerabilidade e as limitações impostas pela
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realidade externa. O indivíduo narcisista muitas vezes nega suas fraquezas e projeta
uma imagem de perfeição que mascara sua fragilidade interna.
Freud e Lacan indicam que o tratamento requer um manejo cuidadoso da
transferência negativa, onde o paciente projeta sentimentos hostis no analista como
parte do processo terapêutico.
Teoria da Sublimação
A Teoria da Sublimação de Freud é um conceito central na psicanálise, que descreve
um mecanismo de defesa maduro, permitindo que impulsos ou desejos socialmente
inaceitáveis sejam transformados em ações ou comportamentos socialmente
aceitáveis. Aqui estão alguns pontos-chave sobre a sublimação:
Definição e Importância
Sublimação: Freud a define como o desvio de instintos sexuais ou agressivos em
direções que são culturalmente valorizadas, como atividades artísticas, científicas ou
sociais. Ele vê isso como um sinal de maturidade e civilização, permitindo que os
indivíduos operem dentro das normas sociais.
Exemplos: A arte e a ciência são frequentemente citadas como formas de sublimação,
onde impulsos que poderiam ser destrutivos ou inaceitáveis se transformam em
criações que contribuem para a sociedade.
Vicissitudes da Pulsão
Freud introduz a ideia de vicissitudes da pulsão, destacando que, além da expressão
direta e sexualizada, existem diferentes destinos possíveis para a pulsão:
Reversão a seu oposto: A pulsão ativa se torna passiva.
Retorno ao próprio eu: Expressa-se através de sintomas neuróticos.
Recalque: Defensiva contra ideias que não são compatíveis com o eu.
Sublimação: Transformação dos impulsos em ações aceitáveis socialmente.
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Comparação com Lacan
Lacan: Modifica a visão freudiana ao focar no objeto como central na sublimação. Para
ele, a sublimação envolve o preenchimento de um vazio existencial (Das Ding), onde
os indivíduos buscam significantes que os iludem a acreditar que podem preencher
esse vazio.
Críticas e Outros Pensadores
Nietzsche: Critica a ideia de que não existe um altruísmo verdadeiro, vendo a
sublimação como uma camuflagem dos instintos básicos.
Jung: Discorda da visão de Freud, argumentando que os processos inconscientes não
são perigosos quando reconhecidos, sugerindo que a sublimação não deve ser uma
repressão dos impulsos, mas sim um reconhecimento da criatividade do inconsciente.
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