Skip to main content
Alice Gabriel
  • Brasília, Distrito Federal, Brazil

Alice Gabriel

IFG, Campus Águas Lindas, Faculty Member
RESUMO: O presente texto, apresenta dois momentos da filosofia de Luce Irigaray: a crítica à ontologia do matricídio e a proposta de uma ontologia atenta ao processo de placentação. Para isso dois textos são evocados: Le Corps à Corps... more
RESUMO: O presente texto, apresenta dois momentos da filosofia de Luce Irigaray: a crítica à ontologia do matricídio e a proposta de uma ontologia atenta ao processo de placentação. Para isso dois textos são evocados: Le Corps à Corps avec la mère e À propos de l'ordre maternel. O texto acompanha as reflexões propostas pela autora belga, apontando que a atenção ao processo material de placentação pode dar origem a uma ontologia relacional que sirva de contraponto a um individualismo metafísico. Para apresentar os termos dessa oposição, o texto reflete sobre a panóptica do útero exemplificada pela imagem Spaceman de Lennart Nilsson: ao retratar o feto como um astronauta, Nilsson produz o apagamento da gestante. A figura está investida no processo de humanização do feto, e pela efetuação do matricídio como apagamento. A atenção para o processo de placentação, por outro lado, permite entender o processo coletivo de vir-a-ser. Na tensão (política) entre as duas ontologias, individualismo e relacionalidade estão em jogo e, por isso mesmo, estão também em jogo distintas formas de habitar o mundo.
O presente texto pretende apresentar duas aventuras de separatismo lesbiano – uma escavada no âmbito da literatura e composta de ideias e letras, outra corporificada na experiência concreta de mulheres, composta de terra, sementes e... more
O presente texto pretende apresentar duas aventuras de separatismo lesbiano – uma escavada no âmbito da literatura e composta de ideias e letras, outra corporificada na experiência concreta de mulheres, composta de terra, sementes e enxadas. Discutindo a relevância da ficção para a imaginação de alternativas de vida anti-patriarcais e anti-capitalistas, o texto se propõe a pensar utopias lesbianas na companhia dos ecofeminismos.
The article endeavours to experiment with the notion of sexual difference, trying to dress it differently on the basis of the criticisms that came out of some feminist theory – particularly those of Monique Wittig and Judith Butler. It... more
The article endeavours to experiment with the notion of sexual difference, trying to dress it differently on the basis of the criticisms that came out of some feminist theory – particularly those of Monique Wittig and Judith Butler. It also attempts to rescue it from these criticisms based on the works of Luce Irigaray and Rosi Braidotti. Do queer theory and the criticisms to identity politics leave no more space to the project of sexual difference? Or there is still something that is left out?
Silvia Federici aponta que o patriarcado de salários, que emerge com o início do capitalismo, esteve acompanhado de um controle rigoroso dos corpos das mulheres. Enquanto o proletário vai se conectando, universalizando e fundindo com as... more
Silvia Federici aponta que o patriarcado de salários, que emerge com o início do capitalismo, esteve acompanhado de um controle rigoroso dos corpos das mulheres. Enquanto o proletário vai se conectando, universalizando e fundindo com as máquinas, as mulheres se encontram destacadas pela domesticidade, cuja função é garantir a reprodução social desse maquinário humano. O salário aparece como o elemento que garante a nova face para o patriarcado. O salário masculino garante a submissão feminina a seu destino de reparadora e fornecedora de peças para a grande máquina do capital. As mulheres aparecem então como mães de máquinas-trabalhadores em um patriarcado maquínico. Entretanto, a ideia da mecanização da maternidade toma outras proporções com o desenvolvimento de tecnologias reprodutivas, o que deu origem a posições opostas dentro dos feminismos: Shulamith Firestone, por exemplo, aposta na capacidade da ectogênese de liberar as mulheres de seu fardo biológico reprodutivo. Já Gena Corea compreende como o desenvolvimento de tecnologias reprodutivas se baseou, muitas vezes, em violações de direitos básicos de mulheres. Pretendo nesse artigo apresentar as disputas feministas acerca da ideia de ectogênese e mecanização da reprodução, a partir das autoras citadas e de seus ecos na literatura de ficção científica presentes nos livros: A Handmaid's Tale de Margaret Atwood e Woman on the Edge of Time de Marge Piercy. Palavras-chave: filosofia; ectogênese; ficção científica.
Resumo: Filósofas da diferença sexual, como Adriana Cavarero, se dedicaram a pensar o que significa nascer de uma mulher. Nascer é ser introduzida a uma teia de relações que nos antecede, a experiência de gestar e ser gestada desafia a... more
Resumo: Filósofas da diferença sexual, como Adriana Cavarero, se dedicaram a pensar o que significa nascer de uma mulher. Nascer é ser introduzida a uma teia de relações que nos antecede, a experiência de gestar e ser gestada desafia a noção de subjetividade destacada da MATERia, dando abertura a uma ontologia do comum: no nascimento somos, no plural. Shulamith Firestone, entretanto, propõe uma experiência de pensamento: e se nascêssemos de máquinas, numa xenofamília (e não numa biofamília)? A presente fala pretende explicitar as noções de diferença sexual e ontologia que subjazem às duas propostas, compreendendo o nascimento em seu caráter cosmopolítico.
Temos como objetivo, no presente artigo, apontar aspectos epistêmicos presentes na violência obstétrica. Para isso, apresentaremos o conceito de injustiça epistêmica proposto por Miranda Fricker e como tem sido utilizado para reflexões... more
Temos como objetivo, no presente artigo, apontar aspectos epistêmicos presentes na violência obstétrica. Para isso, apresentaremos o conceito de injustiça epistêmica proposto por Miranda Fricker e como tem sido utilizado para reflexões sobre as práticas de saúde na literatura de epistemologia social. Posteriormente, nos deteremos em analisar relatos de casos de violência obstétrica bem como um caso de esterilização forçada, examinando o Relatório Final da CPMI acerca da incidência de esterilização em massa de mulheres no Brasil e artigos científicos que descrevem casos de violência obstétrica. Com isso, buscamos apontar que há um aspecto epistêmico em tais violações e que uma mudança na distribuição de credibilidade pode ser relevante para o enfrentamento à violência obstétrica.
Temos como objetivo, no presente artigo, apontar aspectos epistêmicos presentes na violência obstétrica. Para isso, apresentaremos o conceito de injustiça epistêmica proposto por Miranda Fricker e como tem sido utilizado para reflexões... more
Temos como objetivo, no presente artigo, apontar aspectos epistêmicos presentes na violência obstétrica. Para isso, apresentaremos o conceito de injustiça epistêmica proposto por Miranda Fricker e como tem sido utilizado para reflexões sobre as práticas de saúde na literatura de epistemologia social. Posteriormente, nos deteremos em analisar relatos de casos de violência obstétrica bem como um caso de esterilização forçada, examinando o Relatório Final da CPMI acerca da incidência de esterilização em massa de mulheres no Brasil e artigos científicos que descrevem casos de violência obstétrica. Com isso, buscamos apontar que há um aspecto epistêmico em tais violações e que uma mudança na distribuição de credibilidade pode ser relevante para o enfrentamento à violência obstétrica.
O presente texto pretende apresentar duas aventuras de separatismo lesbiano – uma escavada no âmbito da literatura e composta de ideias e letras, outra corporificada na experiência concreta de mulheres, composta de terra, sementes e... more
O presente texto pretende apresentar duas aventuras de separatismo lesbiano – uma escavada no âmbito da literatura e composta de ideias e letras, outra corporificada na experiência concreta de mulheres, composta de terra, sementes e enxadas. Discutindo a relevância da  ficção para a imaginação de alternativas de vida antipatriarcais e anticapitalistas, o texto se propõe a pensar utopias lesbianas na companhia dos ecofeminismos.
Resumo: O presente artigo busca investigar como a temática de gênero pode ser inserida em um currículo em Filosofia, como parte de uma política pública de combate a violência contra mulheres. Seguindo os passos de Clarissa Castro (2016),... more
Resumo: O presente artigo busca investigar como a temática de gênero pode ser inserida em um currículo em Filosofia, como parte de uma política pública de combate a violência contra mulheres. Seguindo os passos de Clarissa Castro (2016), analisou-se a mais recente edição de um livro didático popular, Filosofando: Introdução à Filosofia, escrito por Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins e que constou no Plano Nacional do Livro Didático na última década. Seguindo o diagnóstico de Castro, percebe-se uma desproporção muito grande entre autores e autoras e as questões de gênero são tratadas como não filosóficas. O texto termina apontando a necessidade de produção de materiais didáticos complementares para auxiliar o(a) professor(a) a abordar o assunto em sala de aula. Palavras-chave: Ensino de filosofia. Gênero. Livro didático. Pedagogias feministas. Abstract: The present paper seeks to investigate how gender issues could be part of a curriculum in Philosophy as public policy to fight violence against women. Following the steps of Clarissa Castro (2016), this research analyzes a recent edition of Filosofando: Introdução à Filosofia, by Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins-a textbook t widely used in schools and that has been part of PNLD (brazilian national textbook program) in the past decade. Following Castro's diagnosis, one perceives a great disproportion between male and female authors. Also in a qualitative analysis, one can note that gender issues are treated as a non-philosophical subject in the textbook. The text ends by pointing out the need to produce supplementary didactic materials to help teachers approach the subject in their lessons.
posfácio do livro Toda Dor do Mundo: uma introdução a ontologias não especistas de Pedro Arcanjo Matos, editado pela Quinta Mão editora em 2010.
Resumo Este artigo procura experimentar com a noção de diferença sexual, tentando dar-lhe outras roupagens, a partir de críticas que surgem no seio da produção teórica feminista – como as de Monique Wittig e Judith Butler – mas também de... more
Resumo Este artigo procura experimentar com a noção de diferença sexual, tentando dar-lhe outras roupagens, a partir de críticas que surgem no seio da produção teórica feminista – como as de Monique Wittig e Judith Butler – mas também de tentativas de resgatá-la ou re-significá-la como nos escritos de Luce Irigaray e Rosi Braidotti. Será que a teoria queer e a crítica a política de identidade acabam de vez com o projeto de diferença sexual, ou há algo que sobra? Palavras-chave: diferença sexual, devir-mulher, transexualidade, matriz heterossexual, teoria queer. Abstract The article endeavours to experiment with the notion of sexual difference, trying to dress it differently on the basis of the criticisms that came out of some feminist theory – particularly those of Monique Wittig and Judith Butler. It also attempts to rescue it from these criticisms based on the works of Luce Irigaray and Rosi Braidotti. Do queer theory and the criticisms to identity politics leave no more space to the project of sexual difference? Or there is still something that is left out?
No presente ensaio pretendo colocar em questão a noção de Luce Irigaray da diferença sexual. Procuro investigar a genealogia do pensamento da autora, pensando suas conexões com a filosofia da diferença e com a psicanálise. É um exercício... more
No presente ensaio pretendo colocar em questão a noção de Luce Irigaray da diferença sexual. Procuro investigar a genealogia do pensamento da autora, pensando suas conexões com a filosofia da diferença e com a psicanálise. É um exercício de malabarismo entre a filosofia da diferença sexual e as críticas partidas de lugares de fala não hetero. São várias perguntas que orientam essa reflexão, uma delas é se a diferença sexual está a serviço de uma heteronorma, outra (ligada a essa) é se é possível falarmos/pensarmos/agirmos politicamente a partir de uma comunidade de mulheres, outra ainda é se o essencialismo representa um risco para o feminismo. Todas essas perguntas servem para entendermos melhor o que é a diferença sexual para Irigaray. Penso que a idéia de diferença sexual pode ser interessante para o momento atual do feminismo no qual muitas alianças estão quebradas, porque a diferença sexual é sobre fazer comunidade na casa da diferença, apela para essa necessidade de re- estabelecermos solidariedade feminista entre mulheres. Penso também que é interessante porque abre a categoria mulheres para uma futuridade: o feminino não está dado, tem que ser construído coletivamente, se queremos superar o falogocentrismo. Aposto na radicalidade dessa categoria, porém penso que devemos investigar seus limites.
tradução feita para fins didáticos em 2009
tradução feita para fins didáticos em 2009
A propósito de uma disciplina na faculdade de filosofia da Universidade de Brasília, centrada em dois livros da autora Judith Butler, resolvi empreender a tarefa trabalhosa de comparar o texto original de Gender Trouble com sua tradução... more
A propósito de uma disciplina na faculdade de filosofia da Universidade de Brasília, centrada em dois livros da autora Judith Butler, resolvi empreender a tarefa trabalhosa de comparar o texto original de Gender Trouble com sua tradução para o português.
Research Interests:
Resenha de Being Born de Alison Stone
O seguinte texto busca refletir e dissertar acerca de distintas visões filosófi- cas sobre o problema da ontologia, da cosmopolítica, da ecologia e das suas possíveis resoluções. No cerne, pretende-se também tecer críticas às aborda- gens... more
O seguinte texto busca refletir e dissertar acerca de distintas visões filosófi- cas sobre o problema da ontologia, da cosmopolítica, da ecologia e das suas possíveis resoluções. No cerne, pretende-se também tecer críticas às aborda- gens de uma noção única de técnica e, portanto, uma distinção radical entre técnica e natureza. Se o dilema mundial do século XXI se apresenta como a crise ambiental e climática, na cosmopolítica (ou seja, de projeção cosmológica e global), é indispensável tratar do tema. Mesmo que indiretamente, projetos cosmopoltícos e configurações ontológicas partilham desse enfrentamento com a relação homem e natureza, em especial as que se propõem em questionar essa dicotomia moderna. Pensa-se aqui distintas propostas e possíveis encontros e similaridades entre as abordagens apresentadas, desde o perspectivismo ameríndio até as soluções micropolíticas de Félix Guattari em As Três Ecologias. Como proposta filosófica conclusiva, reflete-se sobre como o pensamento ecológico-tecnológico de Yuk Hui pode atuar como um importante mediador no equacionamento das cisões entre os projetos de resolução da crise ecológica: trata-se de promover a criação de futuros ou retornos ao passado?