Luan Cassal
Lecturer in Psychology at University of Bolton. PhD student at the Manchester Institute of Education/University of Manchester. My current research uses discourse analysis and 'child as method' to understand legal gender recognition and anti-trans positions in the UK. I am also interested in understanding violence against the LGBTI+ community and projects and policies for reparation.
Address: School of Psychology
Eagle Tower
University of Bolton
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Palavras-chave: Infância. Gênero. Sexualidade. LGBTIfobia.
entende-se que a sexualidade é uma complexa estratégia de saber-poder estabelecida a partir
do século XVIII, valendo-se de normas para a produção regulada corpos (individualizados),
subjetividades (homogeneizadas), populações (ordenadas). Um ‘dispositivo da sexualidade’
investido na produção de ‘biopoder’. Foi utilizada a cartografia como metodologia para
mapear processos de produção de subjetividade. O corpo é o principal instrumento do
cartógrafo, sensível às relações de poder. Esta cartografia parte de duas situações de violência
ocorridas no dia 14 de novembro de 2010: no Rio de Janeiro, um jovem homossexual foi
baleado por um militar em serviço próximo a um quartel. Em São Paulo, um grupo de
homossexuais foi agredido por rapazes, um deles usando uma lâmpada fluorescente. Os locais
das agressões são os mesmos das Paradas do Orgulho LGBT destas cidades. Para entender
tais atos, foi necessário retornar ao surgimento da categoria ‘homossexual’ no século XIX.
Uma classificação psiquiátrica que identifica um ‘tipo’, com características próprias
transformadas no fundamento de sua existência. A normatização sexual produz atualmente
um modelo que todos devem seguir – a heteronormatividade. As agressões que tomam
homossexuais como alvos são punições, nomeadas de homofobia, funcionando na
reafirmação das normas, sustentados por discursos que marcam alguns modos de existência
como ilegítimos e anormais. Tal qual o militar que disparou contra um homossexual, a
eliminação de corpos se dá em nome da vida saudável, em defesa da sociedade. Por conta dos
acontecimentos de Quatorze de Novembro, o debate sobre a homofobia toma as ruas, os
noticiários e as conversas cotidianas. Certa noite, o cartógrafo anda sozinho pelas ruas de São
Paulo, e o medo torna-se um potente atravessamento, produzindo a forma como se relaciona
com o espaço, como constrói sua performance de gênero. O medo mata possibilidades,
legitima pedidos por controle e disciplina, move economias, esvazia o espaço público, marca
um sujeito como inimigo. Por conta do medo, o corpo-homofóbico, anormal, precisa ser
localizado, controlado, destruído; para proteção do indivíduo-homossexual - desde que este
seja adequado à diversas normas sociais. A violência torna-se questão individual e
naturalizada, enquanto a eliminação sistemática das diferenças prossegue silenciosa. O medo
é útil. Porém, em outra noite em São Paulo, a cidade é tomada por um grande evento cultural,
tornando-se encontro de estéticas diversas. O enfrentamento da homofobia neste espaço não
se deu pela naturalização de uma categoria, mas pela dispersão da mesma. O dispositivo da
sexualidade produziu resistências: o corpo é desnaturalizado, investido por diversas
tecnologias, produtor de prazeres para além do sexo. As identidades, construções móveis,
servem como estratégia política para a reivindicação de garantia de direitos e o
estabelecimento de relações de amizade não-institucionalizadas. A cidade, vivida antes como
medo, pode ganhar uma nova geografia ao se tomar a diversidade como potência, sem
naturalizar classificações nem organizar espaços. Por suas transformações, o corpo do
cartógrafo pôde registrar como a diferença produz encontros, transforma relações, inventa
mundos.
Palavras-chave: Homofobia. Biopoder. Medo. Homossexualidade. Heteronormatividade.
O garoto trans de 17 anos morreu por conta das intimidações sofridas em seu colégio. Quando a escola é o primeiro espaço de aprendizagem da violência de gênero e sexualidade.