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Kant e sua estética das arquiteturas entre fantasia e crítica Miguel Gally1 1. Introdução e pressupostos No posfácio do livro O imperativo estético (2007) de P. Sloterdijk, Peter Weibel arrisca uma concepção da história da estética dos séculos XIX e XX como sendo uma oscilação entre os polos do desencantamento (Entzauberung) e do reencantamento (Wiederverzauberung), sejam contrapostos, combinados ou sucessivamente articulados2. Ele tem em mente como referência desse desencantamento a proposta Iluminista de superação do misticismo, das superstições e fantasias como base de explicação do homem, da natureza e do mundo; a proposta do reencantamento seria, pelo menos inicialmente, uma reação a essa razão higienizada, crítica presente já em Schiller e desenvolvida, grosso modo, a partir do Romantismo alemão. Tentar enquadrar a estética kantiana e, mais precisamente, o modo como Kant pensa a arquitetura levando em conta esse contexto é o objetivo da nossa apresentação. Para isso seria preciso, primeiro, ampliar o conceito de arquitetura, restrito na obra de Kant3 à arquitetura bela (§51, CFJ), imaginando três variações: a arquitetura agradável (1) e a arquitetura boa (2), além da arquitetura bela (3). O que vai caracterizar cada uma delas nessa divisão é uma maior ou menor presença das forças do entendimento e da imaginação. Em 1 prevalece a imaginação (em íntima associação à sensação dos sentidos); em 2, é a presença do entendimento e dos conceitos (pensando no ‘para que’ /destino); e em 3, qual faculdade prevalece? No caso da arquitetura bela 37 é requerido um equilíbrio de forças, se partirmos do pressuposto de que o “jogo das faculdades” é mesmo livre e harmonioso, ou seja, de que não se trata de um jogo com vencedores ou perdedores. Essa harmonia vista como empate poderia nos provocar a ver a estética da arquitetura em Kant como o meio do caminho entre fantasia pensada a partir da liberdade da imaginação e a crítica vista desde o rigor legal do entendimento. Mas essa não é uma questão simples. Isso porque Kant fala em subsunção entre as faculdades da imaginação e do entendimento, o que poderia implicar numa relação hierárquica entre elas, fugindo da noção de empate esperada. Porque para ele a arquitetura, dentre as artes belas, é aquela que não pode abrir mão do uso, o que poderia inviabilizar um juízo de gosto desinteressado. E porque sabemos que é exagerado pensar em reencantamento lendo Kant, mesmo lendo estética crítica de Kant, um pensador iluminista e na esteira da crítica de uma visão encantada do mundo. Comecemos do começo... Crítica, em um sentido estritamente ligado com a ilosoia transcendental de Kant, sabemos que faz parte de um esforço de concepção de uma racionalidade que aponta, separa e investiga os pressupostos desde os quais se desenvolve um campo da cultura com aspirações universais. Ou seja, em termos kantianos, a crítica é uma investigação das condições de possibilidade e dos limites do tema em julgamento e, sobretudo, da própria racionalidade que julga tal tema. Isso seria o tribunal da razão. De onde extrairemos um sentido amplo e menos restrito que remete ao rigor em geral, à ordem, à disciplina... à regularidade em geral que toma conta de tal racionalidade. Trata-se, grosso modo, de um dos aspectos daquilo que Max Weber pensou como desencantamento do mundo (“Entzauberung der Welt”), ao lado do processo de industrialização e dos efeitos da ciência a partir do século XIX. É o que mais recentemente, na mesma tradição, Silvio Vietta reconhece como uma das etapas históricas da cultura do pensamento do número e do cálculo, que sempre pode abstrair mais e mais quantitativamente perdendo sempre a qualidade dessas coisas abstraídas e agora, muitas delas, em ameaça de desaparecimento4. É o que Schiller, também e muito cedo, associa a uma violência/barbárie da razão, tão nociva quanto à animalidade sem regras5. Reencantamento poderia se enquadrar aqui como certa negação desse elemento crítico-ordenador. À fantasia, Kant associa a reprodução de imagens e a vinculação não rigorosa dessa produção enquanto ponto de apoio para o estabelecimento de saberes que são vistos como fantasmagorias, base de uma visão encantada ou mágica do mundo. Segundo a crítica de Kant e também dos iluministas essa suposta ausência de princípio marca o aleatório, arbitrário e sem ordem; visão encantada funcionando como 38 uma simples junção tal qual acontece na quimera, uma imagem resultante da conexão contingente entre partes que poderiam ter uma vinculação segundo regras. Ordenação que Kant defende quando a imaginação em sua produtividade determina o tempo ao fornecer, por exemplo, o esquema do conceito puro de quantidade, criando então o número [em grego, aritmos, ou seja, a imagem da sucessão (temporal) sem repetição, sem ritmo], que é a passagem que permite que a quantidade pura e abstrata seja quantidade de objetos: seja, enim, quantiicável. Resumindo, sugiro que tomemos encantamento enquanto certa ausência do elemento crítico-ordenador; desencantamento enquanto reconhecimento do elemento crítico e o reencantamento como certa negação do elemento crítico. Como seria, então, que a arquitetura bela estaria no meio do caminho entre fantasia/encantamento e crítica/desencantamento sem ser reencantamento? Como tal posição dialoga com aquela visão da história da estética do séculos XIX e XX enquanto alternância, combinação e contraposição dos polos do desencantamento e do reencantamento? 2. Entre arquitetura fantástica (agradável) e arquitetura crítica (boa) Não é algo trivial tematizar a produção de arte (a poética) desde uma estética da recepção e do gosto. Nem a arquitetura desde uma estética baseada no desinteresse, ou seja, minimizando o uso e o destino de obras arquitetônicas sem cair num formalismo [p. ex., quando a expressão ocupa o lugar de destaque e a arte passa a ser entendida desde sua criação pura e simplesmente]. Essas são questões sérias quando se toma como ponto de partida as ideias de Kant6 para pensar a arte e a arquitetura. Embora ciente dessa complexidade que é pensar uma arte, tal com ele propõe, que não pode abrir mão da sua intencionalidade por ser sempre uma atividade da razão e do arbítrio (§43), mas sabendo também que tal intencionalidade não pode servir de fundamento no processo de criação (§45) nem de recepção (§2) da obra de arte ou arquitetônica quando pensada desde sua beleza. A beleza entendida por Kant, não como algo que pertença ao objeto, é – segundo o vocabulário de Kant - um sentimento originado pela conformidade a ins que algumas formas despertam ao colocar em marcha um jogo livre entre as faculdades de conhecer: entre a legalidade do entendimento e a fantasia da imaginação. O curioso e problemático para a arquitetura bela é que tal intenção, indispensável em qualquer arte bela, é nela ainda mais exposta, a ponto de limitar aquele jogo livre: 39 À plástica, como primeira espécie de artes igurativas, pertencem a escultura [Bilhauerkunst] e a arquitetura [Baukunst]. A primeira é aquela que apresenta corporalmente conceitos de coisas como elas poderiam existir na natureza (todavia enquanto arte bela com vistas à conformidade a ins estética); a segunda [arquitetura] é a arte de apresentar conceitos de coisas que somente pela arte [arbítrio] são possíveis e cuja forma não tem como fundamento determinante a natureza, mas um im arbitrário, com este propósito contudo ao mesmo tempo esteticamente conforme a ins. Na última, o principal é um certo uso do objeto artístico a cuja condição as ideias estéticas são limitadas (§51). Kant concebe a arte em geral como diferente da natureza por ser trabalho da liberdade entendida como arbítrio; no seu fazer, gera-se obras, enquanto na natureza os produtos seriam simples efeitos. A obra de arte bela é uma arte: A) diferente da arte mecânica, cujo im ou eiciência da produção é o determinante no modo do seu prazer, o qual depende de um conceito, seja ele qual for (pois bom é “bom para”); B) e diferente também da arte estética do agradável, meramente pessoal e baseada no prazer da sensação, no preenchimento de uma carência sensível de maneira imediata, abrindo mão completamente do conceito. A arquitetura pensada como arte bela e não meramente como arquitetura boa ou arquitetura agradável, é baseada numa percepção reletida, cujo prazer está numa relação que o espectador estabelece com a obra e sua forma quando reconhece as condições de uma conformidade a ins permanecendo atento para os conceitos apontados pela apreensão daquela forma/igura, sem ixar a direção ou inalidade sugerida pela conformidade. Tanto em uma arquitetura boa (A) quanto em uma arquitetura agradável (B), é a intenção seu fundamento de determinação seja enquanto apropriada para seu destino e uso (A) seja enquanto apropriada para um prazer do encanto ou emoção privada (B)7. A arquitetura bela está justamente no meio do caminho entre uma arquitetura boa e uma arquitetura agradável, porque mesmo tendo um conceito ou um uso pode ser apreciada como se não tivesse um conceito determinado, sendo objeto de um juízo tão imediato quanto o juízo do agradável, com a diferença de ser conforme a ins. Se esses juízos de gosto (aplicado ou do agradável) ajudam a entender a diferença da arquitetura bela frente a outras arquiteturas, é somente pela passagem ao tema da criação que se completa a investigação: e arquitetura bela, como arte bela, é a criação de uma igura no espaço enquanto “expressão de uma ideia estética” (§51). A grande diiculdade de entender a que se refere tal expressão (expressão do quê?8) está justamente na presença de uma indeterminação necessária, numa noção de expressão que não vincula algo a alguma coisa determi- 40 nável. Uma ideia estética “dá muito a pensar”, diz Kant, é uma ideia da imaginação, uma intuição à qual nenhum conceito determinado corresponde. Ela permite que pensemos ser a forma daquilo que intuímos com a imaginação (associada à sensibilidade) muitas coisas determinadas, embora nenhuma delas possa esgotar a qual conceito tal forma efetivamente se conecta, sob pena de se perder ou de se interromper a experiência estética. Trata-se, portanto, de uma experiência relexiva, porque compara a forma do objeto às nossas faculdades de conhecer ou representar em geral, sendo ao mesmo tempo uma comparação das forças dessas mesmas faculdades. O princípio da conformidade a ins estética (sem um im determinado) serve tanto na arte quanto na natureza bela, porque nos dois casos o entendimento e a imaginação operam livremente. O que não pode acontecer quando fazem parte do processo de construção do conhecimento ou de reconhecimento das coisas se utilizando de conceitos empíricos. Quando Kant diz que a natureza bela tem de parecer arte, ele pensa que ela tem de parecer ter uma intenção, o que efetivamente a arte sempre tem de ter, embora não se possa conhecer efetivamente se há intenção ou não, por exemplo, se haveria efetivamente um im/propósito último da natureza. Quando Kant diz que a arte bela tem de parecer natureza, ele pensa que a arte, embora tenha uma intenção, não pode parecer ou transparecer tal intenção ou regra, assim como acontece quando julgamos ser bela a natureza. De modo que é a imaginação, uma faculdade em nós, que ativamente entra em cena e remete a um im/conceito ou uso qualquer enquanto o entendimento não determina os objetos através de conceitos de que dispõe. No caso da natureza bela, por não se saber se há alguma intenção, a imaginação precisa da faculdade de entendimento em estado de mais atenção para então procurar a que im tal forma pode se relacionar. Embora se mantenha aí sempre desinteressado ao nunca airmar ter encontrado um im, nunca ixando e determinando aquela forma. Essa condição ao mesmo tempo atenta ao que a forma intuída pode ser e desinteressada quanto ao que ela é torna-se plenamente possível quando observamos que “não é necessário sempre descortinar pela razão” (§10-14). Essa liberdade, que entendimento e imaginação se permitem, só acontece por não haver necessidade de se reconhecer sempre os objetos, encontrando para eles um conceito (empírico), tal como estamos habituados a fazer ao identiicar o que as coisas são. É essa liberdade estética que se expressa na ideia estética. Dentre as artes belas, portanto, talvez seja a arquitetura a arte que menos pode não deixar transparecer seu uso, destino, im ou regra – uma tarefa justamente do gênio enquanto único capaz de criar uma arte livre ou bela. 41 Mas nem por isso Kant vincula a arquitetura necessariamente a uma arte mecânica, ou seja, ao que chamamos de arquitetura boa. É possível uma arquitetura (como arte) bela, porque as faculdades de conhecer podem operar livremente. Nesse sentido, tudo pode ser ajuizado como belo e aí está um ponto interessante e atual: podemos nos relacionar com o mundo de uma maneira a não determinar sempre, de modo a deixar haver outra(s) possibilidade(s) na relação que construímos com o mundo. E a arquitetura bela provoca o pensamento para uma relação diferente com o mundo, embora saibamos que com Kant tal provocação da forma do objeto não constitui o fundamento, mas apenas uma parte do ajuizamento estético, aquela da largada jogo das faculdades. 3. Meio caminho entre fantasia e crítica como empate Quando penso em meio do caminho penso em uma aparente contradição, porque considero as extremidades do caminho percorrido e a percorrer, mas também penso na ausência dessas mesmas extremidades, porque estou no meio. Ou seja, meio do caminho é o percurso, mas também um de onde (woher- onde cá) e um aonde (wohin – onde lá). Pensar as arquiteturas em Kant como um meio do caminho, exige que pensemos, portanto: 1) numa arquitetura fantástica ou do agradável baseada no gosto do agradável, completamente desvinculada de um conceito e relativa simplesmente a minha relação privada - arriscando não ser reconhecida como arquitetura por abrir mão de qualquer parâmetro, a partir da qual podemos pensar obras espetaculares (ver algumas das obras recentes feitas em Dubai); 2) numa arquitetura crítica, vinculada tão somente ao conceito, podendo ser julgada boa ou não por fazer-se depender de um conceito, de um “plano de necessidades” bem ou mal projetado, p.ex., ou seja, em que a coerência do espaço construído possa ser justiicada ou que possa resolver uma questão maior, como a da falta de moradia, ou possa colocar uma questão, como a da ética sustentável na arquitetura/urbanismo; e 3) numa arquitetura bela, cuja aspecto da fantasia é moderado porque a intuição é conforme a ins, ou seja, há um reconhecimento (não sendo meramente privada) mas também cujo aspecto da crítica é moderado, porque não há um conceito ou im determinado, ou seja, tem um conceito mas podemos fazer de conta que não há. As extremidades são a presença de arquiteturas que enfatizam fortemente a crítica ou a fantasia (1 e 2), enquanto no percurso teríamos a arquitetura bela, nem mais nem menos que as outras, apenas outra possibilidade de ver e talvez fazer arquitetura. 42 Mas como indiquei no início, essa condição de equilíbrio que pretendo ver como empate não é simples de defender com os recursos que Kant nos oferece. Isso porque a liberdade das faculdades de conhecer implica que elas estejam num equilíbrio diferente daquele que podemos observar quando estamos construindo o conhecimento (exemplo da construção do esquema do conceito puro de quantidade) ou reconhecendo os objetos com conceitos empíricos existentes. Aí também há um equilíbrio, no qual o jogo de forças tende para o entendimento, mas ao qual a imaginação se liga e colabora para que o conhecimento então se torne possível. A diferença dessa relação na estética está vinculada com um equilíbrio não dos elementos dessas faculdades (conceito e intuição), mas das faculdades mesmas, o que redimensiona o lugar da faculdade da imaginação. No ajuizamento estético puro, embora a forma dê a largada a esse juízo e esteja, por sua vez, em conformidade a ins (do entendimento), ela não pode ser determinada por nenhum dos ins. Nisso parece haver um equilíbrio diferente, mais próximo do que imagino ser um empate sério, como temos no jogo de frescobol e também naquele jogo de futebol que M. Serres, em Filosoia Mestiça, contou ter acontecido numa ilha remota do pacíico sul em que o jogo só acabava quando empatava e que podia demorar muitas vezes dias. Esse empate explica como Kant saiu ou sai dessa história da estética pensada por Peter Weibel. Kant não entra na história da estética proposta por Weibel simplesmente porque ele inaugura uma maneira desencantada de entender o ajuizamento de gosto puro. Porque sua estética crítica não é uma estética da comoção ou sentimental, mas também não cai num rigor dos conceitos determinados, numa estética baseada na perfeição, p.ex. E, com isso, ao mesmo tempo, embora não esteja fazendo uma crítica do desencantamento (uma crítica da crítica do encantamento, algo inviável em Kant), ele abre um caminho para a possibilidade do reencantamento. Kant estaria numa condição pré ou pós-histórica da estética. Não cronologicamente, mas para além ou aquém dos polos do reencantamento e do desencantamento na estética e também longe de uma estética mística e meramente encantada. As arquiteturas em Kant ocupariam, assim, esse meio do caminho. Um quase “não lugar” histórico - se é que podemos falar assim – pensando na arquitetura bela, mas ocupam também os polos ou extremidades, pois a arquitetura boa poderia ser vista próxima seja da ordenação crítica em geral e desencantada seja da arquitetura agradável como fantástica e encantada9. 43 Notas Professor Adjunto de Estética, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília. Texto lido na comunicação oral. Minha participação no Congresso Internacional Fantasia e Crítica e a realização desta conferência contaram com apoio do Decanato Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade de Brasília. 1 WEIBEL, P. “Sloterdijk und die Frage einer Aesthetik – Ein Nachwort” In SLOTERDIJK, P. Der aesthetische Imperativ (2007). Hamburg: EVA, p. 494ss. 2 KANT, I. Crítica da Faculdade de Julgar (CFJ). Trad. V. Rohden. Rio de Janeiro: Forense, 1994. Entre parênteses apenas o parágrafo de referência ou citação. 3 Cf. VIETTA, Silvio. Europaeische Kulturgeschichte – Eine Einfuerung. Muenchen: W.Fink, 2012. 4 Cf. SCHILLER, F. Cartas sobre a educação estética da humanidade. Trad. Roberto Schwarz. São Paulo: EPU, 1992, p. ex., cartas 2 e 3. 5 KANT, I. Crítica da Faculdade de Julgar. Trad. V. Rohden. Rio de Janeiro: Forense, 1994. Entre parênteses apenas o parágrafo de referência ou citação. 6 KANT, I. Lógica (Jaesche). Trad. Guido Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, s/d, p.53. Associação direta feita entre juízo estético do agradável e a fantasia. 7 Cf. GUYER, Paul. “Kant and Philosophy of Architecture”, In JAAC, Vol. 69, 2011(Winter). 8 Este trabalho é fortemente complementado pela conferência “Estética da arquitetura, Kant e Niemeyer” realizada no GT Estética da ANPOF (Niterói, 2012) em publicação no número especial da Revista de Estética Aplicada VISO, sendo que o item 2 quase se repete em ambos. 9 44