Rodriguésia 65(1): 251-260. 2014
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O gênero Phymatidium (Orchidaceae: Oncidiinae) no estado do Paraná
The genus Phymatidium (Orchidaceae: Oncidiinae) in the state of Paraná
Carla Adriane Royer1,3, Antonio Luiz Vieira Toscano de Brito2 & Eric de Camargo Smidt1
Resumo
A partir de consultas a herbários nacionais e estrangeiros, cinco espécies e duas variedades de Phymatidium
Lindl. foram encontradas no Paraná: Phymatidium aquinoi, P. delicatulum, P. delicatulum var. curvisepalum,
P. falcifolium, P. hysteranthum, P. microphyllum e P. microphyllum var. herteri. O gênero é registrado em 35
dos 399 municípios paranaenses, principalmente na Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila Mista,
localizadas na Serra do Mar, Primeiro e Segundo Planaltos. Segundo os critérios da IUCN, a maioria dos
táxons encontra-se classificada na categoria vulnerável para o estado. Phymatidium delicatulum é a espécie
mais comum, com ampla distribuição, e P. hysteranthum a espécie mais restrita, registrada pela primeira vez
no estado. Chave de identificação dos táxons, descrições, ilustrações, dados sobre distribuição geográfica e
conservação, além de uma lista de materiais representativos, são apresentados.
Palavras-chave: biodiversidade, flora do Paraná, Mata Atlântica, IUCN.
Abstract
Based on the study of material in Brazilian and foreign herbaria, five species and two varieties of Phymatidium
are recognized for Paraná state: Phymatidium aquinoi, P. delicatulum, P. delicatulum var. curvisepalum, P.
falcifolium, P. hysteranthum, P. microphyllum and P. microphyllum var. herteri. The genus is recorded in 35
of the 399 municipalities of the state, mostly inhabiting Floresta Ombrófila Densa and Floresta Ombrófila
Mista vegetation, situated in the Serra do Mar, Primeiro and Segundo Planaltos. Following IUCN criteria,
most taxa are classified here as vulnerable in the state. Phymatidium delicatulum is the commonest species,
with the widest distribution, and P. hysteranthum, with the narrowest distribution, is recorded for the first
time in Paraná. An identification key for species and varieties, descriptions, illustrations, data on distribution
and conservation, and a list of representative material are provided herewith.
Key words: biodiversity, flora of Paraná, Mata Atlântica, IUCN.
Introdução
Orchidaceae Juss. é uma família de
monocotiledôneas pertencente à ordem Asparagales
Bromhead (APG III 2009). Trata-se de uma das
maiores famílias dentre as Angiospermas, com
24.500 espécies e distribuição cosmopolita (Dressler
2005). Cinco subfamílias são reconhecidas:
Apostasioideae Garay, Vanilloideae Szlach.,
Cypripedioideae Garay, Orchidoideae Lindl. e
Epidendroideae Lindl. (Chase et al. 2003). De
acordo com Barros et al. (2013), existem no Brasil
cerca de 236 gêneros e 2440 espécies de orquídeas.
No estado do Paraná, Orchidaceae é a família mais
diversa dentre as monocotiledôneas com cerca de
127 gêneros e 588 espécies (Barros et al. 2013).
1
O gênero Phymatidium Lindl. pertence ao
grupo Ornithocephalus da subtribo Oncidiinae
Benth., subfamília Epidendroideae. Foi estabelecido
por Lindley em 1833, baseado em duas espécies,
P. falcifolium Lindl. e P. delicatulum Lindl., este
último selecionado como lectótipo do gênero por
Toscano de Brito (2001).
Phymatidium consiste de 11 táxons restritos
principalmente à Região Sudeste do Brasil
(Toscano de Brito 2007, Toscano de Brito em
prep.), com ocorrência registrada de P. delicatulum
também para a Argentina (Johnson 2001) e P.
falcifolium para o Uruguai (Herter 1930).
Ao descrever P. tillandsiodes (= P. falcifolium)
Barbosa Rodrigues (1882) registrou pela primeira
Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas, Centro Politécnico, Jardim da Américas, 81531-980, C.P. 19031, Curitiba, PR, Brasil.
Marie Selby Botanical Gardens, 811 South Palm Avenue, Sarasota, FL 34236, USA.
3
Autor para correspondência: carladriane@gmail.com
2
Royer, C.A. et al.
252
vez uma espécie de Phymatidium para o Paraná,
posteriornente também citado por Cogniaux (19041906). Pabst & Dungs (1977) listaram dez espécies
de Phymatidium para o Paraná, mas alguns desses
táxons são atualmente considerados sinônimos
enquanto outros tratados como sinônimos são agora
reconhecidos como espécies ou variedades aceitas.
Na recente revisão taxonômica do gênero (Toscano
de Brito 2007), quatro espécies e duas variedades
foram relatadas e documentadas como presentes em
território paranaense. Essas mesmas espécies são
também citadas por Barros et al. (2013).
Este trabalho tem como objetivo elaborar
a monografia do gênero Phymatidium para o
estado do Paraná, incluindo descrições, chave de
identificação, ilustrações, estado de conservação e
comentários sobre as espécies.
Material e Métodos
Análises morfológicas foram feitas de
exsicatas obtidas dos herbários AMES, BHCB,
C, F, FUEL, FURB, HB, HCF, HUCP, HUEFS,
HUPG, ICN, K, MBM, MBML, MO, NY, PACA,
R, S, SP, SPF e UPCB (acrônimos segundo Thiers
(continuously updated)), e complementadas com
materiais coletados em campo. A terminologia
morfológica adotada foi baseada em Harris &
Harris (1994), Stern (2004) e Gonçalves & Lorenzi
(2011). A abreviação dos autores de cada táxon
está de acordo com Brummitt & Powell (1992).
Para a padronização das descrições foi utilizado
o programa DELTA (Dallwitz et al. 2011). Os
sinônimos aceitos neste trabalho estão de acordo
com a revisão taxonômica de Toscano de Brito
(2007). A distribuição geográfica dos táxons
no estado do Paraná foi mapeada em imagem
delimitada por quadrículas de 1° × 1° através do
programa DIVA-GIS 7.5 (Hijmans et al. 2012). O
estado de conservação de cada táxon foi inferido
seguindo as recomendações do sistema IUCN
(2010) levando em consideração o número de
localidades, área, extensão e qualidade do habitat,
sendo também examinada a Lista Vermelha de
Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do
Paraná (Hatschbach & Ziller 1995).
A descrição dos habitats ocupados pelas
espécies foi baseada nas cinco regiões ou zonas
de paisagens naturais reconhecidas para o
estado por Maack (1968): Litoral, Serra do Mar,
Primeiro, Segundo e Terceiro Planaltos. Nestas
são encontrados cinco tipos de vegetação (Veloso
et al. 1991): 1. Floresta Ombrófila Densa, no
litoral e Serra do Mar, com os subtipos de floresta
Altomontana (acima de 1.000 m), Montana (400–
1.000 m), Submontana (30–400 m) e de Terras
Baixas (até 30 m), além de formações associadas
(refúgios ou campos de altitude, formações
pioneiras ou restinga e mangue); 2. Floresta
Ombrófila Mista, nas regiões mais altas ao sul da
região planaltina; 3. Estepe Ombrófila (Campos
Gerais) nas mesmas regiões; 4. Floresta Estacional
Semidecidual Subxérica (norte e oeste do Segundo
e Terceiro Planaltos); 5. Savana Estacional
Subxérica (Cerrado), no nordeste do estado.
Resultados e Discussão
Phymatidium Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl.: 209.
1833.
Plantas epífitas, monopodiais. Raízes glabras
ou papilosas. Rizoma ausente. Caule inconspícuo,
raramente alongado, coberto pela bainha das folhas.
Pseudobulbo ausente. Folhas espiraladas, sem
pecíolo, não-articuladas, unifaciais, ensiformes
a linear-subuladas, torcidas, cilíndricas, semicilíndricas ou subtríquetras em corte transversal,
raramente bifaciais e dorsiventrais, verde-pálidas,
base brevemente invaginante e decurrente, ápice
agudo ou acuminado. Inflorescência axilar,
racemosa, pauci a multiflora, escapo glabro ou
papiloso; brácteas subuladas, glabras. Flores
ressupinadas ou não, as sépalas, pétalas, labelo
e coluna brancos, pedicelo glabro ou papiloso,
ovário angular ou 3-carenado. Sépalas livres,
ápice agudo a obtuso, a dorsal em geral levemente
côncava, as laterais comumente falcadas e oblíquas,
eretas, patentes ou reflexas, margens inteiras.
Pétalas semelhantes às sépalas, usualmente
suboblíquas; margens inteiras. Labelo séssil ou
largo-unguiculado, inteiro ou levemente trilobado,
agudo a obtuso; disco provido de calo geralmente
verde, raro quase totalmente branco, carnoso,
côncavo, glandular; margens inteiras, erosas
ou denticuladas. Coluna usualmente sigmóide,
ventralmente sulcada, ápice geralmente auriculado;
rostelo inteiro, muito curto ou conspícuo; cavidade
estigmática pequena, basal, raro conspícua; base
da coluna estendida em tabula infraestigmática
verde, raro quase totalmente branca, intumescida
e carnosa, raramente ausente; antera terminal
prolongada em bico curto ou longo; polínias 4,
em pares superpostos, desiguais, mais ou menos
ovoides, estipe caudado, espatulado ou cuneado;
viscídio ovado a elíptico. Fruto pedicelado,
subgloboso, carenado.
Rodriguésia 65(1): 251-260. 2014
Phymatidium no estado do Paraná
Foram analisadas 155 exsicatas coletadas
em 35 municípios do estado, todos pertencentes
ao Bioma Mata Atlântica. Cinco espécies e
duas variedades foram registradas no Paraná:
Phymatidium aquinoi Schltr., P. delicatulum
Lindl., P. delicatulum var. curvisepalum Toscano,
P. falcifolium Lindl., P. hysteranthum Barb.
Rodr., P. microphyllum (Barb. Rodr.) Toscano e
P. microphyllum var. herteri (Schltr.) Toscano.
Segundo Barros et al. (2013) o estado do Rio de
Janeiro é o estado mais rico com registro de sete
táxons, seguido do Paraná e São Paulo com seis.
Com o presente o estado do Paraná passa, junto
253
com o estado do Rio de Janeiro, a conter o maior
numero de táxons do gênero.
Por ser um gênero restrito à Mata Atlântica,
historicamente seus táxons encontram-se
constantemente ameaçados. Na lista vermelha
de plantas ameaçadas de extinção no estado do
Paraná (Hatschbach & Ziller 1995), nenhuma
espécie ou variedade do gênero foi relatada como
rara, em perigo ou vulnerável. Porém o presente
estudo identificou espécies com poucos registros,
fato que as enquadra nas categorias em perigo e
criticamente em perigo, segundo os índices da
IUCN (2010).
Chave de identificação para os táxons de Phymatidium ocorrentes no estado do Paraná
1. Folhas bifaciais, conduplicadas ................................................................ 4. Phymatidium falcifolium
1’. Folhas unifaciais, cilíndricas, semi-cilíndricas ou subtríquetras em corte transversal.
2. Coluna desprovida de tabula infraestigmática ........................................ 1. Phymatidium aquinoi
2’. Coluna provida de tabula infraestigmática.
3. Aurículas da coluna glabras ou apenas obscuramente papilosas.
4. Sépalas laterais reflexas; antera prolongada em bico longo pelo menos três vezes mais
longo do que a maior largura da antera ......................... 5. Phymatidium hysteranthum
4’. Sépalas laterais patentes ou eretas; antera prolongada em bico curto, no máximo cerca
de duas vezes mais longa do que a maior largura da antera.
5. Sépalas e pétalas patentes ...................................... 6. Phymatidium microphyllum
5’. Sépalas laterais e pétalas curvadas para frente .......................................................
............................................................. 7. Phymatidium microphyllum var. herteri
3’. Aurículas da coluna distintamente papilosas.
6. Sépalas laterais e pétalas patentes .................................... 2. Phymatidium delicatulum
6’. Sépalas laterais e pétalas curvadas para cima ................................................................
............................................................. 3. Phymatidium delicatulum var. curvisepalum
1. Phymatidium aquinoi Schltr., Repert. Spec. Nov.
Regni Veg. Beih. 35: 101. 1925.
Fig. 1a-c
Planta 19–23 mm alt. Raízes glabras. Folhas
10–24 × 0,7–0,9 mm, unifaciais, cilíndricas a
subtríquetras; ápice agudo. Inflorescência 52–95
mm compr., escapo glabro; brácteas 6–7 × 0,5–1
mm. Flores com pedicelo obscuramente papiloso,
ovário angular. Sépala dorsal 3,1–4 × 0,8–1 mm,
oblongo-lanceolada ou ovado-lanceolada, patente,
ápice agudo. Sépalas laterais 2,8–4 × 0,8–1 mm,
oblongo-lanceoladas, onduladas, patentes, ápice
agudo. Pétalas 3–4 × 0,9–1,1 mm, oblongolanceoladas, onduladas, patentes, ápice agudo;
face adaxial com pequena calosidade central,
elevada, situada na porção mediana. Labelo 3–5
× 1–1,5 mm, inteiro, ovado-lanceolado, um pouco
ondulado, ápice agudo; margens inteiras; disco com
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calosidade branca, ovado a arredondado, com o
ápice verde, bidentado. Coluna 2–2,9 mm compr.,
fortemente sigmóide, minutamente auriculada na
altura do rostelo, as aurículas triangulares quando
explanadas, glabras; rostelo relativamente longo,
deflexo; cavidade estigmática conspícua, ovada;
desprovida de tabula infrasestigmática; antera
prolongada em bico longo e agudo, bidentada
próximo ao ápice; polinário com estipe caudadoespatulado, não bifurcado, obtuso na região de
inserção das polínias, viscídio ovado.
Material selecionado examinado: Campina Grande
do Sul, Jaguatirica, 22.I.1960, fl., G. Hatschbach 6674
(MBM). Carambeí, Catanduva de Fora, 4.I.2011, fl.,
M.E. Engels 230 (HUPG). Guaratuba, Colônia Limeira,
29.XII.1971, fl., G. Hatschbach 28593 (MBM). Ipiranga,
1.IX.1910, fl., P. Dusén 10183 (S). Morretes, Estrada
Royer, C.A. et al.
1 mm
2 mm
254
d
g
e
2 mm
1 cm
c
2 mm
2 mm
b
h
m
n
k
1 mm
1 mm
1 mm
l
1 mm
1 mm
1 mm
1 cm
f
1 mm
a
j
1 mm
1 mm
2 mm
i
p
t
1 mm
2 mm
s
2 mm
q
r
x
u
1 mm
1 mm
1 mm
o
v
Figura 1 – a-c. P. aquinoi – a. flor, vista lateral; b. coluna, vista lateral; c. peças florais (J.M. Silva & O.S. Ribas
6338). d-g. P. delicatulum – d. hábito, destacando a disposição das brácteas e a folha em secção transversal; e. flor,
vista frontal; f. coluna, vista frontal; g. peças florais (C.A. Royer & M. Bornschein 17). h-j. P. delicatulum var.
curvisepalum – h. flor, vista lateral; i. coluna, vista lateral; j. peças florais (E.C. Smidt 1051). k-n. P. falcifolium –
k. hábito, destacando a folha em secção transversal; l. flor, vista frontal; m. coluna, vista frontal; n. peças florais
(E. Lopes 9). o-q. P. hysteranthum – o. flor, vista lateral; p. coluna, vista lateral; q. peças florais (V. Ariati et al.
424). r-t. P. microphyllum – r. flor, vista frontal; s. coluna, vista lateral; t. peças florais (E.C. Smidt 1050). u-x. P.
microphyllum var. herteri – u. flor, vista frontal; v. coluna, vista lateral; x. peças florais (G. Hatschbach et al. 13561).
Figure 1 – a-c. P. aquinoi – a.flower, lateral view; b. columm, lateral view; c. floral parts (J.M. Silva & O.S. Ribas 6338).
d-g. P. delicatulum – d. habit, emphasizing the bracts arrangement and leaf in cross section; e. flower, front view; f. columm,
front view; g. floral parts (C.A. Royer & M. Bornschein 17). h-j. P. delicatulum var. curvisepalum – h. flower, lateral view; i.
columm, lateral view; j. floral parts (E.C. Smidt 1051). k-n. P. falcifolium – k. habit, emphasizing the leaf in cross section; l.
flower, front view; m. columm, front view; n. floral parts (E. Lopes 9). o-q. P. hysteranthum – o. flower, lateral view; p. columm,
lateral view; q- floral parts (V. Ariati et al. 424). r-t. P. microphyllum – r. flower, front view; s. columm, lateral view; t. floral
parts (E.C. Smidt 1050). u-x. P. microphyllum var. herteri – u. flower, front view; v. columm, lateral view; x. floral parts (G.
Hatschbach et al. 13561).
Rodriguésia 65(1): 251-260. 2014
Phymatidium no estado do Paraná
255
tabula infraestigmática, e pela antera prolongada
em bico longo e agudo. Floresce entre setembro
e maio.
da Graciosa, Rio Grota Funda, 5.II.2008, fl., J.M. Silva
& O.S. Ribas 6338 (MBM). Paranaguá, Pico Torto,
15.I.1970, fl., G. Hatschbach 23331 (MBM). São José
dos Pinhais, Colônia Santos Andrade, 11.XII.1986, fl.,
J. Cordeiro & G. Hatschbach 390 (MBM).
2. Phymatidium delicatulum Lindl., Gen. Sp.
Orchid. Pl.: 210. 1833. = Phymatidium myrtophilum
Barb. Rodr,. Gen. Sp. Orchid. Nov. 229. 1882. =
Phymatidium paranaense A.Samp., Plant. Nov. vel
min. cog. 59, t. 2.1916.
Fig. 1d-g
Planta 12–22 mm alt. Raízes glabras.
Folhas 9–15 × 0,7–1 mm, unifaciais, cilíndricas
a subtríquetras; ápice agudo. Inflorescência
30–54 mm compr., escapo glabro; brácteas 2,3–5
× 0,3–0,9 mm. Flores com pedicelo papiloso,
ovário angular. Sépala dorsal 2–3 × 0,2–0,7 mm,
ovada, ovado-triangular ou oblongo-lanceolada,
ereta, ápice agudo. Sépalas laterais 2,3–3 × 0,5–0,8
mm, ovada a oblongo-lanceoladas, patentes,
ápice agudo. Pétalas 2,1–2,9 × 0,8–1 mm, ovadolanceoladas a oblongo-lanceoladas, patentes, ápice
agudo. Labelo 2,7–3,5 × 2,1–3 mm, levemente
trilobado, largamente unguiculado, cordiforme
Phymatidium aquinoi é encontrada no
Litoral, Serra do Mar, Primeiro e Segundo Planaltos
habitando as Florestas Ombrófilas Densa e Mista
e a Estepe Gramíneo Lenhosa (Fig. 2a). Ocorre
também nos estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito
Santo (Toscano de Brito 2007).
Segundo os critérios da IUCN (2010), esta
espécie se enquadra na categoria vulnerável (VU
B2a), pois é registrada em menos de dez localidades
no estado, nenhuma localizada em unidade de
conservação. No estado do Espírito Santo é citada
na lista de espécies ameaçadas como criticamente
em perigo (Simonelli & Fraga 2007).
Phymatidium aquinoi é facilmente
reconhecida por suas sépalas e pétalas onduladas,
pela coluna fortemente sigmóide e desprovida de
a
b
c
d
Figura 2 – Mapa de distribuição geográfica das espécies de Phymatidium no Paraná – a. P. aquinoi e P. falcifolium. b. P.
delicatulum. c. P. delicatulum var. curvisepalum e P. hysteranthum. d. P. microphyllum e P. microphyllum var. herteri.
Figure 2 – Distribution Map of Phymatidium species in Paraná – a. P. aquinoi and P. falcifolium. b. P. delicatulum. c. P. delicatulum
var. curvisepalum and P. hysteranthum. d. P. microphyllum and P. microphyllum var. herteri.
Rodriguésia 65(1): 251-260. 2014
256
ou ovado-lanceolado; ápice agudo, margens
irregulares, erosas, sobretudo na região mediana;
disco provido de calosidade verde, subquadrada
a ligulada. Coluna 1–2,1 mm compr., levemente
arqueada a levemente sigmóide, auriculada
na região apical, as aurículas ovadas quando
explanadas, distintamente papilosas; rostelo curto,
curvado para frente; cavidade estigmática pequena,
ovada; tabula infraestigmática crassa, geralmente
obovóide ou subglobosa; antera prolongada em
bico curto, levemente emarginado e flanqueado
por um par de dentes inconspícuos; polinário com
estipe ovado-cuneado, não bifurcado, truncado na
área de inserção das polínias, viscídio subelíptico.
Material examinado: Sem localização precisa, s.d., fl.,
Lange 7894 (HB - coleta misturada com P. microphyllum);
P. Dusén 13878 (S - coleta misturada com P. microphyllum
var. herteri). Adrianópolis, Parque Estadual das Lauráceas,
11.I.2000, fl., F.G. Braga et al. (UPCB 42596). Alexandra,
24.III.1967, fl., H.M. Filho 398 (UPCB); 9.XI.1969, fl.,
Leinig 420 (HB). Antonina, 20.II.1965, fl., Saito 1249
& Kuniyoshi 26 (HB); 27.II.1966, fl., G. Hatschbach
13911 (MBM, HB); Estrada Cacatu-Serra Negra,
18.II.1967, fl., G. Hatschbach 16011 (MBM); Reserva
Biológica de Sapitanduva, 17.III.1993, fl., A.C. Cervi
4066 (UPCB); SPVS – Reserva do Rio Cachoeira,
29.I.2010, fl., M.E. Engels & J.M.T. de Souza 154
(HUPG); SPVS – Reserva do Rio Cachoeira, 1.V.2012,
fl., C.A. Royer 16 (UPCB). Balsa Nova, Serra Santa Ana,
13.XI.1969, fl., G. Hatschbach 23385 (MBM). Capão
Grande, 25.I.1910, fl., P. Dusén 9245 (S). Carambeí,
Catanduva de Fora, 11.XI.2009, fl., M.E. Engels 139
(HUPG); Alto Carambeí, 13.XII.2010, fl., M.E. Engels
234 (HUPG). Castro, Nascentes do Rio São José,
13.XII.2010, fl., M.E. Engels 235 (HUPG). Guarapuava,
Águas, Santa Clara - Rio Jordão, 16.XI.1963, fl., Pereira
7935 (HB). Guaraqueçaba, Rio do Cedro, 30.I.1968, fl.,
G. Hatschbach 18516 (MBM, NY, HB); Rio do Costa,
9.II.1972, fl., G. Hatschbach 29134 (MBM); Salto
Morato, 3.XII.1997, fl., A.C. Cervi & O. Guimarães 6456
(UPCB); Reserva Natural Salto Morato, Trilha da Figueira,
2.XII.1998, fl., A.L.S. Gatti et al. 258 (UPCB); Parque
Nacional do Superagui, 11.II.2013, fl., L.C.F. Rocha 107
(UPCB). Guaratuba, 31.I.1912, fl., P. Dusén 13600 (S);
Rio da Divisa, 14.XII.1963, fl., G. Hatschbach 10865
(MBM); Pedra Branca de Araraquara, 30.XII.1965, fl., G.
Hatschbach 13390 (UPCB); Rio da Praia, 31.XII.1966,
fl., G. Hatschbach et al.15578 (MBM); II.2012, fl., C.A.
Royer & M. Bornschein 17 (UPCB). Jacareí, 12.II.1912,
fl., P. Dusén 13870 (S, HB, NY, AMES); 21.II.1914, fl.,
P. Dusén 14452 (S, K, F, NY, AMES, MO). Jaguariaíva,
Rio Samambaia, 18.XI.1970, fl., G. Hatschbach & O.
Guimarães 25465 (MBM). Ipiranga, 9.II.1904, fl., Dusén
3521 (R); 23.II.1911, fl., P. Dusén 11386 (S); 15.I.1914,
fl., P. Dusén 14456 (S). Matinhos, Cabaraguara, 1.I.1988,
fl., F. Straube 31 & V.G. Persson 11 (MBM); Parque
Estadual do Rio da Onça, 9.IV.2004, fl., J. Sonehara 28
Royer, C.A. et al.
(MBM). Morretes, Estrada para Barrerro, 18.II.1985,
fl., A.O.S. Vieira (FUEL 429). Passa Sete, 12.II.1971,
fl., Dombreowski 3257 & Kuniyoshi 2635 (HB).
Paranaguá, Morro Ai Jesus, 24.XI.1967, fl., G. Hatschbach
17963 (MBM); Tinguçu, 31.III.2008, fl., Bonaldir 339
(HUCP). Piên, Campina dos Crispim, 5.XII.1962, fl., G.
Hatschbach 9543 (MBM, HB). Piraquara, Rio do Corvo,
Picado Mãe Catira, 1.V.1949, fl., G. Hatschbach 1388
(MBM); Mananciais da Serra, III.2005, fl., M. Reginato
218 (UPCB). Pontal do Sul, XII.2009, fl., E.C. Smidt 961
(UPCB). Quatro Barras, Rio Capivari, 26.XI.1962, fl.,
G. Hatschbach 9486 (MBM). Rio Branco do Sul, Mato
Bom, 2.XII.2006, fl., A. Dunaiski Jr 3251 (MBM). São
José dos Pinhais, Chácara Poço Branco, 14.IX.2012, fl.,
L.C.F. Rocha et al. 74 (UPCB). Telêmaco Borba, Usina
Hidrelétrica de Mauá, XI.2011, fl., V. Ariati 594 (UPCB).
Terezina, 21.I.1911, fl., P. Dusén 11164 (S). Tibagi, Salto
Santa Rosa, 4.XI.94, fl., Ana C.S.F. et al. 39 (FUEL);
Floresta do Salto Santa Rosa, 27.X.1995, fl., A.R.S. Vaz
et al. (FUEL 17424).
Phymatidium delicatulum é encontrado no
Litoral, Serra do Mar, Primeiro e Segundo Planaltos
habitando as Florestas Ombrófilas Densa e Mista
e Estepe Gramíneo Lenhosa (Fig. 2b). Ocorre
também nos estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Bahia e Pernambuco (Toscano de Brito 2007,
Barros et al. 2013), alcançando também a Província
de Misiones na Argentina (Johnson 2001).
Segundo os critérios da IUCN (2010), P.
delicatulum deve ser enquadrada na categoria
pouco preocupante (LC), pois é registrada em
mais de dez localidades no estado. Em unidade
de conservação é encontrada no Parque Nacional
do Superagui, Parque Estadual das Lauráceas,
Parque Estadual Rio da Onça, Reseva Biológica
Sapitanduva, Reserva Natural do Salto Morato e
SPVS-Reserva do Rio Cachoeira.
Phymatidium delicatulum é reconhecida
através de suas sépalas e pétalas patentes mais ou
menos lanceoladas, assim como pelas aurículas
da coluna marcadamente papilosas. Floresce de
setembro a maio.
3. Phymatidium delicatulum var. curvisepalum
Toscano, Kew Bulletin 62: 537. 2007. Fig. 1h-j
Planta 12–22 mm alt. Raízes glabras. Folhas
8,8–19 × 0,7–1 mm, unifaciais, cilíndricas a
subtríquetras; ápice agudo. Inflorescência 25-123
mm compr., escapo glabro; brácteas 3,1-7 × 0,3–0,9
mm. Flores com pedicelo papiloso, ovário angular.
Sépala dorsal 2,5–2,9 × 0,5–0,9 mm, ovada,
ovado-triangular ou oblongo-lanceolada, ereta,
ápice agudo. Sépalas laterais 2–3 × 0,5–0,9 mm,
Rodriguésia 65(1): 251-260. 2014
Phymatidium no estado do Paraná
ovada a oblongo-lanceoladas, curvadas para cima,
ápice agudo. Pétalas 2,3–2,9 × 0,7–1 mm, ovadolanceoladas a oblongo-lanceoladas, curvadas para
cima, ápice agudo. Labelo 3–3,8 × 2,5–3,5 mm,
levemente trilobado, largamente unguiculado,
cordiforme ou ovado-lanceolado; ápice agudo;
margens irregulares, erosas, sobretudo na região
mediana; disco provido de calosidade verde,
subquadrada a ligulada. Coluna 1,8–2 mm compr.,
levemente arcada a levemente sigmóide, auriculada
na região apical, as aurículas ovadas quando
explanadas, distintamente papilosas; rostelo curto,
curvado para frente; cavidade estigmática pequena,
ovada; tabula infraestigmática crassa, geralmente
obovóide ou subglobosa; antera prolongada em
bico curto, levemente emarginado, flanqueado
por um par de dentes inconspícuos; polinário com
estipe ovado-cuneado, não bifurcado, truncado na
área de inserção das polínias, viscídio subelíptico.
Material examinado: Campina Grande do Sul,
Campininha, 27.X.1946, fl., G. Hatschbach 509
(MBM). Colombo, Hotel Betânia, fl., P.R.P. Andrade
(MBM 297891). Guaratuba, Rio da Praia, fl., Leinig
267 (HB). Palmeira, Fazenda Santa Rita, 13.X.1982, fl.,
G. Hatschbach 45646 (MBM). Piraquara, Campininha,
27.X.1946, fl., Hatschbach 509 (MBM, RB, PACA); Serra
Piramirim, 1.X.1997, fl., J.M. Silva et al. 2019 (MBM);
Parque dos Mananciais, 26.IX.2001, fl., R. Goldenberg 508
(UPCB); Mananciais da Serra, 5.X.2001, fl., R. Kersten
1240 (HUCP); Mananciais da Serra, 10.X.2003, fl.,
M.G. Caxambu 105 (MBM, HCF); Haras Santo Antonio,
6.XI.2003, fl., R. Kersten 714 (UPCB); Mananciais da
Serra, X.2005, fl., M. Reginato 591 (UPCB); Mananciais
de Piraquara, 14.X.2010, fl., M.E. Engels 237 (HUPG).
Quatro Barras, Rio Taquari, 25.X.1979, fl., J.C.J. 1
(HUCP); 4.XI.1980, fl., G. Hatschbach 43272 (MBM);
Colônia Japonesa, 31.X.1981, fl., R. Kummrow 1582
(MBM, SP). São José dos Pinhais, Barro Branco,
11.XI.1965, fl., G. Hatschbach 13133 (MBM, F, UPCB);
Reserva Vossoroca, IX.2012, fl., E.C. Smidt 1051 (UPCB).
Tijucas do Sul, Vossoroca, 15.X.1961, fl., G. Hatschbach
8448 (MBM); Lagoa – Lagoinha, 11.III.2000, fl., M. T.
Shirata 4201 (HUCP).
Phymatidium delicatulum var. curvisepalum
é encontrada no Litoral, Serra do Mar, Primeiro
e Segundo Planaltos, alcançando o limite com
o Terceiro Planalto, habitando as Florestas
Ombrófilas Densa e Mista e Estepe Gramíneo
Lenhosa (Fig. 2c). Ocorre também nos estados de
Santa Catarina e São Paulo (Barros et al. 2013).
Segundo os critérios da IUCN (2010), esta
variedade enquadra-se na categoria vulnerável
(VU B2a), pois é registrada em menos de 10
localidades no estado, nenhuma localizada em
unidade de conservação.
Rodriguésia 65(1): 251-260. 2014
257
Phymatidium delicatulum var. curvisepalum
difere da variedade típica pela inflorescência
geralmente mais longa e, sobretudo, pelas sépalas
laterais e pétalas marcadamente curvadas para
cima. Floresce de setembro a março.
4. Phymatidium falcifolium Lindl., Gen. Sp.
Orchid. Pl. 210. 1833. = Phymatidium tillandsioides
Barb. Rodr. Gen. Sp. Orchid. Nov., 228. 1882.
Fig. 1k-n
Planta 37–48 mm alt. Raízes glabras. Folhas
27–34 × 0,7–1 mm, bifaciais, conduplicadas; ápice
acuminado. Inflorescência 44–61 mm compr.,
escapo glabro, brácteas 2,1–3 × 0,5–0,7 mm.
Flores com pedicelo glabro, ovário angular. Sépala
dorsal 2–2,9 × 0,8–0,9 mm, oblongo-lanceolada
ou elíptica, ereta; ápice agudo a obtuso. Sépalas
laterais 2,3–2,8 × 0,8–1 mm, ovadas a oblongolanceoladas ou elípticas, patentes; ápice agudo
a obtuso. Pétalas 2,5–3 × 1–1,1 mm, oblongas,
ovadas ou ovado-lanceoladas, patentes; ápice
agudo a obtuso. Labelo 1,8–2,9 × 1–2 mm, inteiro,
oblongo, ovado ou obovado; ápice obtuso; margens
eroso-laceradas na base e no meio e inteira no
ápice, ondulada; disco provido de calosidade
branca, ovada, cobrindo cerca de ¾ do labelo.
Coluna 0,7–1 mm compr., levemente arqueada,
desprovida de aurículas no ápice; rostelo curto,
curvado para frente; cavidade estigmática pequena,
ovado-lanceolada; tabula infraestigmática crassa,
trilobada, a porção central verde brilhante, os
lóbulos laterais mais claros, voltados para cima
em forma de aurículas grandes intumescidas;
antera prolongada em bico muito curto, sem dentes
laterais próximo ao ápice emarginado; polinário
com estipe cuneado, truncado na região de inserção
das polínias, viscídio oblongo.
Material examinado: Antonina, Cachoeira, 15.I.1976, fl.,
G. Hatschbach 37949 (MBM); Usina Hidrelétrica Parigot
de Souza, 10.I.1994, fl., G. Hatschbach & E. Barbosa
59797 (MBM). Campina Grande do Sul, Serra da Igreja,
Morro dos Padres, fl., A.Y. Mocochinski & M.B. Scheer
206 (MBM). Guaratuba, Serra de Araraquara, Morro do
Cauvi, 30.XII.1963, fl., G. Hatschbach 11060 (MBM, B);
Rio Sai, 17.I.1970, fl., G. Hatschbach 23350 (MBM, C,
HB, NY); Alto da Serra, Rio Itararé, 10.III.1996, fr., O.S.
Ribas & L.B.S. Pereira 1379 (MBM). Morretes, Serra
da Prata, 25.II.1911, fl., P. Dusén 11788-A & 1178 (S);
Porto de Cima, 21.I.1914, fl., P. Dusén 14301 (AMES, S);
Usina Elétrica Marumby, 4.I.1966, fl., G. Hatschbach et
al. 13415 (MBM, HB, F); Rio Ipiranga, 4.I.1966, fl., G.
Hatschbach 13447 (UPCB); Colônia Floresta, 24.I.1969,
fl., G. Hatschbach & C. Koczicki 20923 (MBM); Porto
de Cima, 4.I.1975, fl., A. Dziewa 140 (MBM); Reserva
258
Biológica Sapitanduva, 29.I.1985, fl., G.P. Lewis et
al. 1401 (MBM); Porto de Cima – Rio Nhundiaquara,
fl., I.2012, E. Lopes 9 (UPCB), Caminho de Itupava,
25.VII.2012, fr. M.E. Engels 413 (UPCB). Paranaguá,
Picadão Cambará – Colônia Limeira, 14.II.1968, fl., G.
Hatschbach 18606 (MBM); Tinguçu, 16.XII.2007, fl.,
Bonaldir 296 (HUCP). São José dos Pinhais, Castelhanos,
7.II.1998, fl., J.M. Silva et al. 2251 (MBM).
Material adicional examinado: BRASIL. BAHIA:
Camacã, Fazenda Serra Bonita, RPPN Serra Bonita,
29.X.2004, fl., A.M. Amorim et al. 4350 (HUEFS);
29.X.2005, fl., A.M. Amorim et al.5415 (HUEFS).
Phymatidium falcifolium é encontrada no
Litoral, Serra do Mar e Primeiro Planalto habitando
as Florestas Ombrófilas Densa e Mista e Estepe
Gramíneo Lenhosa (Fig. 2a). Ocorre também
nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de
Janeiro e Espírito Santo, alcançando também o
Uruguai (Barros et al. 2013; Herter 1930). É aqui
citada pela primeira vez para o estado da Bahia.
Segundo os critérios da IUCN (2010), a
espécie enquadra-se na categoria vulnerável (VU
B2a), pois é registrada em menos de 10 localidades
no estado. Em unidade de conservação é encontrada
na Reserva Biológica Sapitanduva. No estado
do Espírito Santo é citada na lista de espécies
ameaçadas como criticamente em perigo (Simonelli
& Fraga 2007).
Phymatidium falcifolium se distingue
das demais espécies do gênero pelas folhas
conduplicadas, longas e caudadas, distribuídas
em espiral densa ao longo do caule relativamente
alongado que lembram, em seu conjunto, pequenos
espécimes de Tillandsia (Bromeliaceae). Floresce
de dezembro a julho.
5. Phymatidium hysteranthum Barb. Rodr., Gen.
Sp. Orchid. Nov.: 288. 1882.
Fig. 1o-q
Planta 11–20 mm alt. Raízes papilosas.
Folhas 9–17 × 0,9–1 mm, unifaciais, cilíndricas
a subtríquetras; ápice agudo. Inflorescência
43–63 mm compr., escapo glabro; brácteas 3–4,5
× 0,2–0,8 mm. Flores com pedicelo obscuramente
papiloso, ovário tricarenado. Sépala dorsal 3–3,2 ×
1 mm, ovada a lanceolada, patente; ápice agudo a
obtuso. Sépalas laterais 3–3,2 × 0,8–1 mm, ovadas
a oblongas, reflexas; ápice agudo a obtuso. Pétalas
3–3,3 × 0,9–1 mm, ovadas, oblongas ou lanceoladas,
levemente reflexas e curvadas para cima; ápice
agudo a obtuso. Labelo 3 × 2,9–3 mm, levemente
trilobado, largo-unguiculado, cordiforme; ápice
agudo; margens dentadas a erosas no meio e inteiras
na base e no ápice; disco provido de calosidade
Royer, C.A. et al.
largo-ligulada, verde com as margens verde-claras.
Coluna 2–2,2 mm compr., fortemente arqueada,
levemente sigmóide, auriculada na região apical,
as aurículas semi-lunadas quando explanadas;
obscuramente papilosas; rostelo curto, curvado
para frente; cavidade estigmática pequena, ovada;
tabula infraestigmática relativamente pequena,
subglobosa; antera prolongada em bico longo e
arqueado, bidentada próximo ao ápice recurvado
e emarginado; polinário com estipe espatulado,
obscuramente emarginado na região de inserção
das polínias, viscídio ovado.
Material examinado: Morretes, Estrada da Graciosa,
4.IV.2010, fl., V. Ariati et al. 424 (HUCP); Pico Marumbi,
9.III.2013, fl., M.E. Engels et al. 666 (UPCB). São José
dos Pinhais, RPPN Nhandara Guaricana, 1.VII.2013, fl.,
M.E. Engels & L.C.F. Rocha 1405 (UPCB).
Phymatidium hysteranthum é encontrada
na Serra do Mar e Primeiro Planalto habitando a
Floresta Ombrófila Densa (Fig. 2c), até o momento
conhecida apenas por três espécimes no Paraná.
Ocorre também nos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo (Barros et
al. 2013). Esta espécie encontrava-se previamente
registrada para o Paraná por Pabst & Dungs (1977),
porém tal registro ocorreu sem a citação de um
material testemunho. Após a análise de toda a
coleção de Phymatidium depositada no Herbarium
Bradeanum (HB), onde se encontra depositada a
maior parte dos espécimes estudados por Guido
Pabst, Toscano de Brito (2007) considerou que o
registro de Pabst & Dungs (1977) deva ter sido fruto
de erro de identificação.
Segundo critérios da IUCN (2010), esta
espécie deve ser enquadrada na categoria em
perigo (CR B2a), pois é registrada em apenas duas
localidades do estado. Em unidade de conservação
é encontrada na RPPN Nhandara Guaricana.
Phymatidium hysteranthum é distinguida das
demais espécies do gênero pelas sépalas laterais
marcadamente reflexas, as pétalas um tanto eretas
e curvadas, a antera prolongada em bico longo,
provido no ápice de um par de dentes laterais
inconspícuos, e a tabula infraestigmática pequena.
Floresce entre março e julho.
6. Phymatidium microphyllum (Barb. Rodr.)
Toscano, Lindleyana 16: 211. 2001.
Fig. 1r-t
Planta 7–10 mm alt. Raízes glabras ou papilosas.
Folhas 5,5–8 × 0,9–1 mm, unifaciais, cilíndricas a
subtríquetras; ápice agudo. Inflorescência 30–44
mm compr., escapo papiloso; brácteas 2,1–3,5
× 0,4–1,1 mm. Flores com pedicelo levemente
Rodriguésia 65(1): 251-260. 2014
Phymatidium no estado do Paraná
papiloso, ovário obscuramente angular. Sépala dorsal
2–2,8 × 0,5–1 mm, ovada a oblongo-lanceolada,
patente; ápice agudo. Sépalas laterais 2–2,9 ×
0,8–1 mm, ovadas a ovado-lanceoladas, patentes;
ápice agudo. Pétalas 2,2–2,9 × 1–1,2 mm, ovadas
a ovado-lanceoladas, patentes; ápice agudo. Labelo
2,5–3,2 × 2,3–2,9 mm, levemente trilobado, largounguiculado, obovado ou ovado-lanceolado; ápice
agudo a obtuso; margens eroso-onduladas; disco
provido de calosidade verde, com as margens externas
mais escuras, ligulada. Coluna 1–1,5 mm compr.,
fortemente encurvada, auriculada na região apical,
as aurículas mais ou menos semicirculares a ovadas
quando explanadas, estendendo-se desde o ápice
até mais ou menos a metade da coluna, glabras,
raramente obscuramente papilosas; rostelo curto,
curvado para cima; cavidade estigmática pequena,
ovada; tabula infraestigmática crassa, obovada,
igualando ou superando o comprimento da coluna;
antera prolongada em bico curto, obtuso, levemente
emarginado, provido lateralmente de um par de dentes
inconspícuos; polinário com estipe cuneado, bifurcado
na região de inserção das polínias, viscídio elíptico.
Material examinado: Sem localização precisa,
12.XII.1909, fl., Lange 7894 (HB - coleta misturada
com P. delicatulum). Carambei, Catanduva de Fora,
11.XI.2009, fl., M.E. Engels 139 (HUPG). Castro,
Nascentes do Rio São José, 13.XII.2010, fl., M.E. Engels
235 (HUPG). Quatro Barras, Serrinha, 9.XII.1908, fl.,
P. Dusén p.p. 733 (S); Borda do Campo, 4.I.1974, fl.,
G. Hatschbach 33631 (MBM, HB); Taquari, 29.I.1975,
fl., L.F. Ferreira 198 (MBM, HB). Piraquara, Serra
Piramirim, 15.XII.1995, fl., J.M. Silva & J.M. Cruz
1595 (MBM, UPCB, FUEL). Tijucas do Sul, Saltinho,
28.XII.1958, fl., G. Hatschbach 5396 (MBM, HB);
Matulão, 1.I.1964, fl., G. Hatschbach 10871 (MBM,
HB, B, UPCB); XII.2011, fl., E.C. Smidt 1050 (UPCB).
Phymatidium microphyllum é encontrada
no Primeiro e Segundo Planaltos habitando as
Florestas Ombrófilas Densa e Mista (Fig. 2d).
Ocorre também nos estados do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Minas Gerais (Barros et al. 2013).
Segundo os critérios da IUCN (2010), a
espécie é considerada vulnerável (VU B2a), pois
é registrada em menos de 10 localidades no estado,
nenhuma localizada em unidade de conservação.
Phymatidium microphyllum assemelha-se a
P. delicatulum, porém difere dessa, principalmente
pela forma da coluna, especialmente pelas aurículas
maiores, glabras ou apenas obscuramente papilosas,
e pelo estipe bifurcado na região de inserção das
polínias. A tabula infraestigmática também é maior
e mais intumescida que em P. delicatulum. Floresce
de novembro a janeiro.
Rodriguésia 65(1): 251-260. 2014
259
7. Phymatidium microphyllum var. herteri (Schltr.)
Toscano, Lindleyana 16: 211. 2001.
Fig. 1u-x
Planta 16–37 mm alt. Raízes glabras. Folhas
13–27 × 0,9–1 mm, unifaciais, cilíndricas a
subtríquetras; ápice agudo. Inflorescência 45-91 mm
compr., escapo papiloso; brácteas 5-8,2 × 0,4–0,7
mm. Flores com pedicelo levemente papiloso,
ovário obscuramente angular. Sépala dorsal 2,1–4
× 0,9–1 mm, ovada a oblongo-lanceolada, voltada
para frente; ápice agudo. Sépalas laterais 2–3,9 ×
0,8–1 mm, ovadas a ovado-lanceoladas, voltadas
para frente; ápice agudo. Pétalas 2,1–3,8 × 0,9–1
mm, ovadas a ovado-lanceoladas, voltadas para
frente; ápice agudo. Labelo 3–4,8 × 2–3,2 mm,
largo-unguiculado, obovado, cordiforme; ápice
agudo a obtuso; margens eroso-onduladas; disco
provido de calosidade verde, com as margens
externas mais escuras, ligulada. Coluna 1–1,8
mm compr., fortemente encurvada, auriculada na
região apical, as aurículas subquadradas quando
explanadas, geralmente quase perpendiculares
ao eixo da coluna, glabras; rostelo curto, curvado
para cima; cavidade estigmática pequena, ovada;
tabula infraestigmática crassa, obovada, igualando
ou superando o comprimento da coluna; antera
prolongada em bico curto, obtuso, levemente
emarginado, provido lateralmente de um par de
dentes inconspícuos; polinário com estipe levemente
bifurcado, bilobado a subtruncado na região de
inserção das polínias, viscídio elíptico.
Material examinado: Antonina, Estrada Cacatu-Serra
Negra, 19.I.1966, fl., G. Hatschbach et al. 13561
(MBM). Curitiba, 2.III.1912, fl., P. Dusén 13878 (S).
General Carneiro, Rio Lageado, 12.II.1966, fl., G.
Hatschbach et al. 13856 (MBM, HB). Guarapuava,
Cachoeira dos Turcos, 13.II.1969, fl. e fr., G. Hatschbach
21177 (MBM, HB). Pinhão, Rio São Jerônimo,
20.III.2003, fl., R. Kersten 611 (UPCB). Piraquara,
Estrada da Graciosa, Alto da Serra, 22.IV.1951, fl., G.
Hatschbach 2245 (MBM, SP); Novo Tirol, 3.II.1967,
fl., G. Hatschbach 16093 (MBM). Quatro Barras, Rio
do Corvo, 1.IV.1969, fl., G. Hatschbach 21304 (MBM);
Morro Sete, 27.III.1990, fl., A.C. Cervi & O.S. Ribas
3064 (MBM). São José dos Pinhais, Colônia Roseira,
23.II.1968, fl., C. Koczicki 81 (MBM, HB). São Mateus,
fl., Gurgel - Instituto de Quimica 14641 (RB).
Phymatidium microphyllum var. herteri é
encontrada na Serra do Mar, Primeiro e Segundo
Planaltos habitando as Florestas Ombrófilas Densa
e Mista e a Estepe Gramíneo Lenhosa (Fig. 2d).
Ocorre também nos estados do Rio Grande do Sul
e Santa Catarina (Barros et al. 2013).
Segundo os critérios da IUCN (2010), a
variedade é considerada vulnerável (VU B2a), pois
Royer, C.A. et al.
260
é registrada em menos de 10 localidades no estado,
nenhuma localizada em unidade de conservação.
Phymatidium microphyllum var. herteri
difere da variedade típica pelas peças florais mais
lanceoladas, além das sépalas e pétalas curvadas
para frente, conferindo às flores uma aparência
algo que fechada, e pelas aurículas subquadradas
da coluna. Floresce de janeiro a abril.
Agradecimentos
Os autores agradecem aos curadores dos
herbários o empréstimo dos materiais, e a Diana
Carneiro a confecção das ilustrações. À CAPESPNADB (17/2009 - Proposta botânica UFPR/IBT/
Unicamp) a bolsa de mestrado concedida, ao IAP
(N° 326/11) e ao ICMBio (SISBIO – 30642-1) as
autorizações de coletas. Agradecemos também as
sugestões dos dois revisores por tornarem o texto
mais claro e padronizado.
Referências
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Group classification for the orders and families of
flowering plants: APG III. Botanical Journal of the
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Artigo recebido em 10/05/2013. Aceito para publicação em 20/08/2013.
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