IVO GIROTO
Professor do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU USP. Pós-doutor pela FAU USP/FAPESP (2017/2020), e Doutor em Teoria e História da Arquitetura (2014) pela Universidad Politécnica de Cataluña - ETSAB UPC, em Barcelona, onde também se titulou mestre em Teoria e História da Arquitetura (2008). Possui especialização na área de Projeto Arquitetônico pela Universidade Estadual de Londrina (2006) e graduação em Arquitetura e Urbanismo pela mesma instituição (2005). Pesquisador do Observatório de Arquitectura Latino-americana Contemporánea - ODALC, e do grupo Arquitetura e Cidade Moderna e Contemporânea da FAU USP, com ampla atuação para a produção e difusão de conhecimento em teoria e história da arquitetura moderna e contemporânea do Brasil e da América Latina. Investiga temas relacionados à cultura urbana e à arquitetura moderna e contemporânea no Brasil e na América Latina, Durante o pós-doutorado, pesquisou os Equipamentos Culturais Brasileiros do século XXI no contexto latino-americano. No doutorado, estudou a obra de Fábio Moura Penteado, com ênfase na dimensão pública de sua arquitetura e suas relações com as multidões metropolitanas. Foi Docente e Coordenador Pedagógico Nacional do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, entre 2012 e 2016.
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Desde sua inauguração, em 1891, abrigou exemplares dos mais importantes arquitetos paulistas, que ilustraram as intensas transformações experimentadas pela avenida. Se por um lado essas mudanças refletem a dinâmica de uma cidade “palimpsesto” (TOLEDO, 2004, p. 77), por outro, criaram oportunidades de adequação a demandas econômicas e sociais, das quais os arquitetos tiraram grande proveito. Projetada como área residencial da elite paulistana, reuniu palacetes projetados por Ramos de Azevedo, Victor Dubugras, Ricardo Severo, Carlos Ekman, etc.; substituídos a partir de meados anos 1950, quando foi se convertendo em centro financeiro e passou a exibir as experiências da verticalização propostas por Rino Levi, David Libeskind, Aberlado de Souza, Pedro Paulo de Melo Saraiva, Croce, Aflalo & Gasperini entre outros (SEGAWA, 1985).
Talvez esse ambiente tenha contribuído para atrair muitas iniciativas culturais que aí se implantaram a partir da I Bienal Internacional de Artes Plásticas em 1951 no Parque Trianon, que cedeu lugar ao MASP, de Lina Bo Bardi, inaugurado em 1968 e se tornou a grande referência de museu e de manifestações públicas da cidade. Posteriormente, vieram a Casa das Rosas (1991), centro de cultura instalado em um palacete projetado por Ramos de Azevedo nos anos 1930; o instituto Itaú Cultural (1995), de Ernest Mange; o centro Cultural da FIESP (1996), intervenção de Paulo Mendes da Rocha no térreo do edifício sede da instituição, projetado pelo escritório de Rino Levi; o Instituto Moreira Salles, de Andrade e Morettin (2017); a Japan House (2017), do arquiteto japonês Kengo Kuma; e mais recentemente o SESC Paulista (2018), de Konigsberger e Vannucchi; sem contar seus diversos teatros, cinemas e livrarias. Atualmente, o fechamento da avenida aos domingos reforça a apropriação pública e seu caráter cultural.
A trajetória de transformações experimentadas pela avenida revela um processo em que os arquitetos tiveram papel preponderante, estabelecendo fortes relações com a cultura urbana e as pré-existências, interferindo em questões funcionais, técnicas e estéticas. Atualmente, projetar para a Avenida Paulista significa equilibrar-se entre a garantia de visibilidade e a responsabilidade de criar algo à altura de sua tradição arquitetônica.
A comunicação propõe analisar os processos criativos que originaram esses equipamentos culturais e as relações que estabelecem com a avenida, permitindo vislumbrar sua importância como referência histórica. Entende-se essa relação entre arquitetura e cidade como um forte argumento para a perscrutação das obras, a partir das respostas oferecidas pelos arquitetos.