Papers by Rodrigo Viana Passos
Hamlet, ou da Incompreensão, 2024
Desenvolvemos aqui uma primeira interpretação de uma obra
literária a partir das considerações me... more Desenvolvemos aqui uma primeira interpretação de uma obra
literária a partir das considerações metodológicas e principiológicas
desenvolvidas em outra pesquisa mais ampla de doutoramento, e que, em
verdade, preparou-nos para testar as hipóteses ali levantadas e ampliar o
escopo de suas possibilidades2. Com efeito, essa mencionada pesquisa
tratou de apresentar a ideia de uma Fenomenologia da Tragédia a partir
de uma incursão através da obra de Martin Heidegger, notadamente de
dois textos centrais: Ser e Tempo e A origem da obra de arte. Assim,
selecionamos a peça trágica Hamlet, onde encontramos dois fenômenos
centrais para a análise fenomenológica da Tragédia: mundo e tempo.
Ambos são, neste drama, representados textualmente enquanto
elementos (quase como personagens) problemáticos em meio aos quais
a trama se desenrola.
Kalagatos: Revista de Filosofia, 2024
This article sketches a dialogue between philosophical hermeneutics and deconstruction concerning... more This article sketches a dialogue between philosophical hermeneutics and deconstruction concerning two important concepts both for Philosophy and International Relations: community and hospitality, which have to do with the Kantian ideas about cosmopolitism. They are crucial for the description and comprehension of what is called the "international society". The analysis aims to show that both can achieve a better productivity if guided by the paradoxical idea of "strangeness". This idea could "deconstruct" both community and hospitality by constantly showing their particular "closure". Then, we can start to see the interactions between them and their philosophical productivity to analyze "international society".
Perspectiva Filosófica
O presente texto pretende realizar um diálogo introdutório entre o filósofo alemão H.-G. Gadamer ... more O presente texto pretende realizar um diálogo introdutório entre o filósofo alemão H.-G. Gadamer e o poeta brasileiro Ferreira Gullar. Apesar de caminhos iniciais distintos, eles confluem para um tema comum a ambos e extremamente central para o humano: a experiência artística como acontecimento da verdade. É um autêntico movimento de defesa contra alguns efeitos nefastos da tecnização do mundo. Nesse caminho, pensar a poesia como verdade nos possibilita reabilitar sua voz para nós, na medida em que nos revela que, para além de puro objeto estético, a arte em geral – e assim a “literatura” também – é, como nos ensina Gadamer, uma [re]presentação (Darstellung) do ser, e sua linguagem é a própria possibilidade de recriarmos o mundo linguisticamente configurado, e, assim, mudarmos a nós mesmos – uma exigência prática. Da parte de Ferreira Gullar, um testemunho categórico disso é sua obra poética engajada, não apenas socialmente, mas antes de mais nada poeticamente – englobando de maneir...
O filosofo alemao Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) pode ser considerado um dos primeiros p... more O filosofo alemao Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) pode ser considerado um dos primeiros pensadores “modernos” a conceber e levar a cabo uma critica ao pensamento da Modernidade, apresentando-se, inclusive, como uma especie de arauto de um novo tempo que haveria de vir. Um tempo em que imperaria uma forma de ser mais autentica e que daria asas aos impulsos verdadeiros da vida . Nesse caminho, uma obra possui um lugar especial. O nascimento da Tragedia (1872) nos apresenta duas das marcas originais do pensamento nietzschiano, qual seja, o retorno efetivo aos gregos e a elevacao da arte como a experiencia fundamental do ser humano com a verdade das coisas – nao como negacao de uma pluralidade de sentidos, mas sim como afirmacao, construcao, vitalidade. Alem disso, nao a maneira tecnica dos modernos estudos, mas sim buscando o que ha de efetivamente operante ali e agora, de forma a compreender os rumos seguidos pelo pensamento ocidental.
Estudos em Hermenêutica e Desconstrução, 2021
Perspectiva Filosófica, 2023
O presente texto pretende realizar um diálogo introdutório entre o filósofo alemão H.-G. Gadamer ... more O presente texto pretende realizar um diálogo introdutório entre o filósofo alemão H.-G. Gadamer e o poeta brasileiro Ferreira Gullar. Apesar de caminhos iniciais distintos, eles confluem para um tema comum a ambos e extremamente central para o humano: a experiência artística como acontecimento da verdade. É um autêntico movimento de defesa contra alguns efeitos nefastos da tecnização do mundo. Nesse caminho, pensar a poesia como verdade nos possibilita reabilitar sua voz para nós, na medida em que nos revela que, para além de puro objeto estético, a arte em geral – e assim a “literatura” também – é, como nos ensina Gadamer, uma [re]presentação (Darstellung) do ser, e sua linguagem é a própria possibilidade de recriarmos o mundo linguisticamente configurado, e, assim, mudarmos a nós mesmos – uma exigência prática. Da parte de Ferreira Gullar, um testemunho categórico disso é sua obra poética engajada, não apenas socialmente, mas antes de mais nada poeticamente – englobando de maneira original tudo aquilo que podemos chamar de mundo –, e que possui como momento áureo o Poema sujo. Nos valeremos do espaço de jogo poético deste poema de Ferreira Gullar para pensarmos com ambos como é possível nos dias atuais fazermos e experimentarmos arte verdadeiramente.
Revista Alter, 2019
Tradução do poema "Die Raben" de Georg Trakl.
Barricadas: Revista de Filosofia e Interdisciplinaridade, 2020
Resumo: O presente ensaio investigará, de modo iniciante, a dimensão trágica do tempo e sua relaç... more Resumo: O presente ensaio investigará, de modo iniciante, a dimensão trágica do tempo e sua relação possível com o humanismo. Seu horizonte é o da Destruktion heideggeriana (a partir de Ser e Tempo, O conceito de Tempo e Carta sobre o humanismo) e a déconstruction derridiana (essencialmente com Espectros de Marx e Os fins do homem), dois matizes filosóficos contemporâneos que dedicaram importante parte de suas análises ao humanismo e sua crise, bem como ao problema do tempo e da temporalidade. O trágico será um fenômeno que em um momento importante apontará para o cerne axial de ambas as problemáticas.
Anais da XVIII - GT Fenomenologia e Hermenêutica, 2019
A discussão aqui trazida põe frente a frente, de um lado, uma das mais antigas críticas filosófic... more A discussão aqui trazida põe frente a frente, de um lado, uma das mais antigas críticas filosóficas à escrita (o Fedro de Platão), e, de outro, uma das tradições mais antigas e respeitadas no pensamento humano: a hermenêutica. Notadamente, esta ganhou um fôlego novo e importante a partir da obra magna de Gadamer, Verdade e Método, que busca,
dentre outras coisas, mas fundamentalmente, investigar filosoficamente as condições de possibilidade de todo compreender, e de modo que este não seja reduzido a, digamos, um fazer técnico-metódico. A hermenêutica, enquanto, talvez num primeiro olhar, arte da interpretação, assumirá uma centralidade necessária porque ela parece se mostrar, por princípio, em condições de oferecer um “modelo” de mediação universalizável para toda compreensão de algo linguístico.
AnaLogos, 2019
O presente artigo tem por escopo propor uma provisória leitura hermenêutico-fenomenológica sobre ... more O presente artigo tem por escopo propor uma provisória leitura hermenêutico-fenomenológica sobre a doutrina do belo kantiana. Essa leitura toma por base “metodológica” as reflexões de Hans-Georg Gadamer esposadas em Verdade e Método – em especial a primeira parte –, bem como em artigos periféricos que suportem nossas pretensões. Buscamos com isso refletir se há em Kant uma reflexão acerca da experiência do belo como extravagante em relação às pretensões epistemológicas da ciência moderna. Dedicaremos especial atenção à ideia kantiana de um jogo sem conceitos no juízo estético, bem como sua posição enquanto juízo reflexionante. Por seu turno, a partir das considerações gadamerianas extrairemos sua tarefa de reabilitar o âmbito de verdade para a arte, em detrimento do padrão das ciências da natureza.
AnaLogos, 2018
A hermenêutica filosófica de Gadamer se funda no horizonte ontológico
e histórico da compreensão.... more A hermenêutica filosófica de Gadamer se funda no horizonte ontológico
e histórico da compreensão. Porém, uma das contribuições mais importantes
trazidas por suas reflexões em Verdade e Método é a correlação entre
a hermenêutica e a filosofia prática aristotélica, repensando dois conceitos-
-chave: práxis e phronesis. Influenciado pelas intelecções de Heidegger sobre
o estagirita, encontra no livro VI da Ética a Nicômaco uma luz para o caráter
fundamental do pensar e do agir humanos como sabedoria prática, que implicaria
na forma como se compreende o mundo circundante. No que Aristóteles
chamaria de conhecimento de si mesmo para o agir ético visando o bem comum,
Gadamer encontrará o sentido para a autocompreensão, que é um dos
momentos necessários para qualquer “atividade” hermenêutica. É a dimensão
ético-política o seio mais próprio de racionalidade do homem. Acreditamos que
com isso Gadamer pretende resgatar o papel da razão prática em detrimento de
uma que se constitua de maneira puramente lógica e formal, desvinculada do
mundo da vida em comum e de suas exigências sempre novas. Com efeito, o ser-
-aí (Dasein) sempre se vê antecipado por um mundo linguisticamente interpretado
e legado na história. É a partir dessa tradição que o humano se posiciona
compreensivamente frente às coisas, mas na medida em que as coisas mesmas
pedem de sua práxis um agir compatível com suas exigências concretas. Pensar
a hermenêutica nesses termos é realçar que o ser humano é inafastavelmente
com os outros em suas atividades mais constitutivas. Não é apenas dizer que
o mundo humano, com todas as suas produções culturais é ético e histórico,
mas também que o próprio compreender é práxis histórica realizadora e atualizadora
de sentido. Ocupar-nos-emos, portanto, de explicitar de que maneira
Gadamer reabilita a filosofia prática aristotélica para que ela exerça um papel
central no interior de sua hermenêutica filosófica, afastando-a de um horizonte
meramente metodológico.
Uploads
Papers by Rodrigo Viana Passos
literária a partir das considerações metodológicas e principiológicas
desenvolvidas em outra pesquisa mais ampla de doutoramento, e que, em
verdade, preparou-nos para testar as hipóteses ali levantadas e ampliar o
escopo de suas possibilidades2. Com efeito, essa mencionada pesquisa
tratou de apresentar a ideia de uma Fenomenologia da Tragédia a partir
de uma incursão através da obra de Martin Heidegger, notadamente de
dois textos centrais: Ser e Tempo e A origem da obra de arte. Assim,
selecionamos a peça trágica Hamlet, onde encontramos dois fenômenos
centrais para a análise fenomenológica da Tragédia: mundo e tempo.
Ambos são, neste drama, representados textualmente enquanto
elementos (quase como personagens) problemáticos em meio aos quais
a trama se desenrola.
dentre outras coisas, mas fundamentalmente, investigar filosoficamente as condições de possibilidade de todo compreender, e de modo que este não seja reduzido a, digamos, um fazer técnico-metódico. A hermenêutica, enquanto, talvez num primeiro olhar, arte da interpretação, assumirá uma centralidade necessária porque ela parece se mostrar, por princípio, em condições de oferecer um “modelo” de mediação universalizável para toda compreensão de algo linguístico.
e histórico da compreensão. Porém, uma das contribuições mais importantes
trazidas por suas reflexões em Verdade e Método é a correlação entre
a hermenêutica e a filosofia prática aristotélica, repensando dois conceitos-
-chave: práxis e phronesis. Influenciado pelas intelecções de Heidegger sobre
o estagirita, encontra no livro VI da Ética a Nicômaco uma luz para o caráter
fundamental do pensar e do agir humanos como sabedoria prática, que implicaria
na forma como se compreende o mundo circundante. No que Aristóteles
chamaria de conhecimento de si mesmo para o agir ético visando o bem comum,
Gadamer encontrará o sentido para a autocompreensão, que é um dos
momentos necessários para qualquer “atividade” hermenêutica. É a dimensão
ético-política o seio mais próprio de racionalidade do homem. Acreditamos que
com isso Gadamer pretende resgatar o papel da razão prática em detrimento de
uma que se constitua de maneira puramente lógica e formal, desvinculada do
mundo da vida em comum e de suas exigências sempre novas. Com efeito, o ser-
-aí (Dasein) sempre se vê antecipado por um mundo linguisticamente interpretado
e legado na história. É a partir dessa tradição que o humano se posiciona
compreensivamente frente às coisas, mas na medida em que as coisas mesmas
pedem de sua práxis um agir compatível com suas exigências concretas. Pensar
a hermenêutica nesses termos é realçar que o ser humano é inafastavelmente
com os outros em suas atividades mais constitutivas. Não é apenas dizer que
o mundo humano, com todas as suas produções culturais é ético e histórico,
mas também que o próprio compreender é práxis histórica realizadora e atualizadora
de sentido. Ocupar-nos-emos, portanto, de explicitar de que maneira
Gadamer reabilita a filosofia prática aristotélica para que ela exerça um papel
central no interior de sua hermenêutica filosófica, afastando-a de um horizonte
meramente metodológico.
literária a partir das considerações metodológicas e principiológicas
desenvolvidas em outra pesquisa mais ampla de doutoramento, e que, em
verdade, preparou-nos para testar as hipóteses ali levantadas e ampliar o
escopo de suas possibilidades2. Com efeito, essa mencionada pesquisa
tratou de apresentar a ideia de uma Fenomenologia da Tragédia a partir
de uma incursão através da obra de Martin Heidegger, notadamente de
dois textos centrais: Ser e Tempo e A origem da obra de arte. Assim,
selecionamos a peça trágica Hamlet, onde encontramos dois fenômenos
centrais para a análise fenomenológica da Tragédia: mundo e tempo.
Ambos são, neste drama, representados textualmente enquanto
elementos (quase como personagens) problemáticos em meio aos quais
a trama se desenrola.
dentre outras coisas, mas fundamentalmente, investigar filosoficamente as condições de possibilidade de todo compreender, e de modo que este não seja reduzido a, digamos, um fazer técnico-metódico. A hermenêutica, enquanto, talvez num primeiro olhar, arte da interpretação, assumirá uma centralidade necessária porque ela parece se mostrar, por princípio, em condições de oferecer um “modelo” de mediação universalizável para toda compreensão de algo linguístico.
e histórico da compreensão. Porém, uma das contribuições mais importantes
trazidas por suas reflexões em Verdade e Método é a correlação entre
a hermenêutica e a filosofia prática aristotélica, repensando dois conceitos-
-chave: práxis e phronesis. Influenciado pelas intelecções de Heidegger sobre
o estagirita, encontra no livro VI da Ética a Nicômaco uma luz para o caráter
fundamental do pensar e do agir humanos como sabedoria prática, que implicaria
na forma como se compreende o mundo circundante. No que Aristóteles
chamaria de conhecimento de si mesmo para o agir ético visando o bem comum,
Gadamer encontrará o sentido para a autocompreensão, que é um dos
momentos necessários para qualquer “atividade” hermenêutica. É a dimensão
ético-política o seio mais próprio de racionalidade do homem. Acreditamos que
com isso Gadamer pretende resgatar o papel da razão prática em detrimento de
uma que se constitua de maneira puramente lógica e formal, desvinculada do
mundo da vida em comum e de suas exigências sempre novas. Com efeito, o ser-
-aí (Dasein) sempre se vê antecipado por um mundo linguisticamente interpretado
e legado na história. É a partir dessa tradição que o humano se posiciona
compreensivamente frente às coisas, mas na medida em que as coisas mesmas
pedem de sua práxis um agir compatível com suas exigências concretas. Pensar
a hermenêutica nesses termos é realçar que o ser humano é inafastavelmente
com os outros em suas atividades mais constitutivas. Não é apenas dizer que
o mundo humano, com todas as suas produções culturais é ético e histórico,
mas também que o próprio compreender é práxis histórica realizadora e atualizadora
de sentido. Ocupar-nos-emos, portanto, de explicitar de que maneira
Gadamer reabilita a filosofia prática aristotélica para que ela exerça um papel
central no interior de sua hermenêutica filosófica, afastando-a de um horizonte
meramente metodológico.