Thesis Chapters by Hugo Rincon Azevedo
AZEVEDO, H. R. Morte e poder: o Mosteiro da Batalha e a construção da memória funerária de Avis no contexto Ibérico (Século XV). 2021. 376 f. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2021., 2021
RESUMO:
A dinastia de Avis fundada no governo de D. João I como Rei de Portugal em 1385, teve ao ... more RESUMO:
A dinastia de Avis fundada no governo de D. João I como Rei de Portugal em 1385, teve ao longo do século XV e início do século XVI uma intensa preocupação com a construção e a preservação da memória da realeza. Seja a cristalização da memória produzida por meio de documentos escritos, como as crônicas régias, ou por meio de monumentos, como o Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Construído nas cercanias de Aljubarrota (1385), o mosteiro se tornou panteão régio, lugar de memória e símbolo de poder ao abrigar os restos mortais de reis e membros da casa reinante. Desse modo, o período medieval assistiu em diferentes ritmos a antiga concepção de "boa morte" se transformar em uma morte cristianizada, que moldou os costumes do morrer na tentativa de controlá-lo pelo indivíduo, com mediação do clero, por meio dos ritos necessários para a garantia da salvação da alma. O culto dos mortos se tornou o principal mecanismo de celebração da memória da morte, que, aliado a adoção dessas práticas pela aristocracia, converteu-se em uma grandiosa manifestação de poder. Nos últimos séculos da Idade Média, as monarquias se apropriaram dessas concepções, resultando na fabricação de histórias dinásticas e laicas destinadas a legitimar o poder dos príncipes. Em Portugal entre os séculos XV e XVI, os cronistas da Casa de Avis construíram discursos idealizadores do passamento dos monarcas da dinastia. Analisamos as narrativas sobre os reis de Avis (D. João I, D. Duarte, D. Afonso V e D. João II) e os membros da família real (a rainha D. Filipa de Lencastre e os infantes da Ínclita Geração) sepultados na Capela do Fundador no Mosteiro da Batalha. Problematizamos a relação entre a idealização da morte desses reis presente nas narrativas e no cerimonial produzido em memória de suas mortes. Para compreender esse processo, utilizamos do método da História Comparada. Nesse sentido, selecionamos como objetos de análise comparada os discursos cronísticos sobre a morte dos reis de Avis em Portugal e de Trastâmara em Castela no século XV, assim como a construção dos monumentos funerários como símbolos de legitimação e de propaganda dinástica.
Palavras-chave: Dinastia de Avis; Morte; Memória; Poder; Mosteiro da Batalha.
ABSTRACT
The Dynasty of Aviz established in the government of King John I as the ruler of Portugal in 1385, had throughout the 15th and early 16th centuries an intense concern with the construction and preservation of the royalty memory. Be it the crystallization of memory produced through written documents, such as royal chronicles or through monuments, such as the Santa Maria da Vitória Monastery. Built on the outskirts of Aljubarrota (1385), the monastery became a royal pantheon, a place of memory and symbol of power when it withheld the remains of kings and members of the reigning house. In this way, the medieval period saw the old conception of "good death" transformed into a Christianized death at different rates, which shaped the customs of dying in an attempt to control it by the individual, with the mediation of the Church, through the necessary rituals for the guarantee to the salvation of the soul. The cult of the dead has become the main mechanism for celebrating the memory of death, which, along the adoption of these practices by the aristocracy, has become a great manifestation of power. In the last centuries of the Middle Ages, monarchies appropriated those conceptions, resulting in the production of dynastic and secular histories destined to legitimize the power of princes. In Portugal between the 15th and 16th centuries, the chroniclers of the House of Aviz built speeches idealizing the passing of the monarchs of the dynasty. We analyzed the narratives about the kings of Aviz (John I, Edward I, Afonso V and John II) and the members of the royal family (Queen Philippa of Lancaster and the princes of the "Illustrious Generation") buried in Batalha Monastery. We problematize the relations between the idealization of the death of these kings present in the narratives and in the ceremonial produced in memory of their deaths. To understand this process, we resort to the Comparative History method. We chose as comparative analysis objects the chronistic speeches of the death of the kings of Aviz in Portugal and of Trastámara in Castile in the 15th century, along with the construction of funerary monuments as symbols of legitimation and dynastic propaganda.
Keywords: Dynasty of Aviz; Death; Memory; Power; Monastery of Batalha.
RESUMEN:
La Casa de Avis, fundada en el gobierno de D. Juan I como Rey de Portugal en 1385, tuvo a lo largo del siglo XV y principios del siglo XVI, una intensa preocupación por la construcción y preservación de la memoria de la realeza. Ya sea la cristalización de la memoria producida a través de documentos escritos, como las crónicas reales, o mediante monumentos, como el Monasterio de Santa Maria da Vitória. Construido en las afueras de Aljubarrota (1385), el monasterio se convirtió en panteón real, lugar de memoria y símbolo de poder al albergar los restos de reyes y miembros de la casa reinante. De esta manera, la época medieval vio a ritmos diferentes la transformación de la antigua concepción de la "buena muerte" en una muerte cristianizada, que plasmó las costumbres del morir en un intento de controlarlo por parte del individuo, con la mediación del clero, a través de los rituales necesarios para la garantía de la salvación del alma. El culto a los muertos se ha convertido en el principal mecanismo de celebración del recuerdo de la muerte que, junto con la adopción de estas prácticas por parte de la aristocracia, se ha convertido en una gran manifestación de poder. En los últimos siglos de la Edad Media, las monarquías se apropiaron de esas concepciones, dando como resultado la producción de historias dinásticas y laicas destinadas a legitimar el poder de los príncipes. En Portugal, entre los siglos XV y XVI, los cronistas de la Casa de Avis construyeron discursos que idealizaban el paso de los monarcas de la dinastía. Analizamos las narrativas sobre los reyes de Avis (Juan I, Eduardo I, Alfonso V y Juan II) y los miembros de la familia real (la Reina Felipa de Lancaster y los infantes de la "Ínclita Generación") enterrados en el Monasterio de Batalha. Problematizamos la relación entre la idealización de la muerte de estos reyes presentes en las narrativas y en el ceremonial producido en memoria de sus muertes. Para comprender este proceso, recurrimos al método de la Historia Comparada. En ese sentido, seleccionamos como objetos de análisis comparativo, los discursos de los cronistas reales sobre la muerte de los reyes de Avis en Portugal y de Trastámara en Castilla en el siglo XV, así como la construcción de monumentos funerarios como símbolos de legitimación y propaganda dinástica.
Palabras clave: Casa de Avis; Muerte, Memoria, Poder, Monasterio de Batalha.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, 2017
RESUMO: A Crise Dinástica portuguesa de 1383 - 1385 levou à entronização da dinastia de Avis, rep... more RESUMO: A Crise Dinástica portuguesa de 1383 - 1385 levou à entronização da dinastia de Avis, representada por seu fundador, D. João I. Devido a sua origem ilegítima, o monarca e posteriormente seus sucessores, utilizaram de diversos recursos de evocação do poder régio, objetivando garantir a legitimidade de seu reinado. A nossa proposta nesta pesquisa é entender como esses mecanismos de representação do poder político reforçados pelos membros da casa avisina, e registrados em "vestígios de memória escrita" (crônicas régias e demais registros oficiais) aliados aos "vestígios de memória em pedra" (monumentos e construções arquitetônicas), levaram à construção simbólica da Dinastia de Avis no século XV. Dentro de nosso recorte cronológico (1383 - 1433), que compreende o período dos anos finais do reinado de D. Fernando (1367 - 1383) ao reinado de D. João I (1385 - 1433), analisamos para além do discurso cronístico, as políticas centralizadoras adotadas pelos monarcas, o culto a memória e a morte do Rei fundador da dinastia e os membros de sua Casa, representados pela monumentalização do Mosteiro da Batalha, pontos que foram fundamentais na consolidação dessa dinastia.
ABSTRACT: The Portuguese Dynastic Crisis of 1383 - 1385 led to the enthronement of the House of Avis, represented by its founder, King John I of Portugal. Due to its illegitimate origin, the monarch and later his successors, used several resources of evocation of the royal power, objectifying to guarantee the legitimacy of his reign. The aim of this research is to understand how these mechanisms of representation of the political power reinforced by members of the House of Avis, and registered in "vestiges of written memory" (royal chronicles and other official registries) allied to the "vestiges of memory in stone" (monuments and architectural constructions) led to the symbolic construction of the Avis Dynasty in the 15th century. Within our chronological section (1383 - 1433), which covers the period of the final years of the reign of King Ferdinand I (1367 - 1383) to the reign of King John I (1385 - 1433), analyzing beyond the chronistic discourse, the centralizing policies adopted by the monarchy, the cult to the memory and the death of the dynasty's founding King and the members of his House, represented by the monumentalization of the Monastery of Batalha, points that were fundamental in the consolidation of this dynasty.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Book Reviews by Hugo Rincon Azevedo
Revista Diálogos Mediterrâneos, 2021
Resenha de Livro - SOUZA, Guilherme Queiroz de; NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa (org.) Dicio... more Resenha de Livro - SOUZA, Guilherme Queiroz de; NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa (org.) Dicionário: cem fragmentos biográficos. A idade média em trajetórias. Goiânia: Tempestiva, 2020. 685 p. Revista Diálogos Mediterrânicos, v. 20, p. 217-222, 2021.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
AZEVEDO, H. R.. Entre a cultura eclesiástica e a folclórica: a antropologia medieval de Jean-Clau... more AZEVEDO, H. R.. Entre a cultura eclesiástica e a folclórica: a antropologia medieval de Jean-Claude Schmitt. Revista Plurais - Virtual, v. 6, p. 199-205, 2016.
Resenha do livro "O corpo, os ritos, os sonhos: ensaios de antropologia medieval", de Jean-Claude Schmitt.
Publicado na Revista Plurais da Universidade Estadual de Goiás.
http://www.revista.ueg.br/index.php/revistapluraisvirtual/issue/view/290/showToc
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Papers by Hugo Rincon Azevedo
Dossiê "Doenças do corpo e da alma: história, religião e saberes médicos na Idade Média", 2024
Este artigo investiga a construção e o papel das narrativas sobre a morte do rei D. João I de Por... more Este artigo investiga a construção e o papel das narrativas sobre a morte do rei D. João I de Portugal (1385-1433) como ferramentas de legitimação dinástica da Casa de Avis no século XV. As narrativas sobre a morte régia serviram para fabricar histórias dinásticas destinadas a legitimar o poder dos príncipes na Idade Média tardia. Os cronistas régios portugueses, como Fernão Lopes, Gomes Zurara, Rui de Pina, Garcia de Resende e Duarte Nunes Leão, desempenharam um papel crucial na cristalização das memórias da dinastia, utilizando discursos idealizadores para engrandecer os monarcas. A Batalha de Aljubarrota de 1385, considerada a "certidão de nascimento" da Dinastia de Avis, foi um elemento central nessas narrativas, evidenciado no epitáfio de D. João I no Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Este mosteiro tornou-se uma "crônica em pedra", simbolizando o poder e servindo como um instrumento de legitimação de uma Casa Real que ascendeu ao trono de forma ilegítima. Entendemos que a construção das narrativas sobre a morte desses soberanos dentro do conceito de "usos do passado", que serviram a um projeto de consagração do rei fundador e seus descendentes. É nesse contexto que cotejamos as fontes, crônicas e monumentos funerários da Batalha, investigando a construção das narrativas sobre a morte do de D. João I como instrumentos de legitimação, propaganda política e afirmação dinástica de Avis no século XV.
Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/interacao/article/view/87798
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Dossiê "Narrativas do Passado Medieval": Entre Textos e Imagens, 2024
Este artigo tem como objetivo analisar a construção da memória funerária da primeira dinastia por... more Este artigo tem como objetivo analisar a construção da memória funerária da primeira dinastia portuguesa entre os séculos XII e XIV. Para tanto, investigamos a eleição dos lugares de sepultamento pelos monarcas da Casa de Borgonha, de D. Afonso Henriques (1143-1185), o Rei Fundador, ao último soberano da dinastia afonsina, D. Fernando (1367-1383), enfatizando a formação de panteões régios nos mosteiros de Santa Cruz de Coimbra e de Santa Maria de Alcobaça, para além da tentativa de se constituir mausoléus dinásticos no Mosteiro de Odivelas e na Sé de Lisboa. Em um primeiro momento, a partir da abordagem dos testamentos, analisamos as transformações das concepções sobre a morte no período e a sua relação com a escolha dos monumentos fúnebres pelos reis. Posteriormente, propomos problematizar quais os significados políticos dos lugares de sepultura da monarquia lusitana e as suas relações com a construção e evocação da memória real, e o seu uso na afirmação do poder monárquico no reino português durante a Baixa Idade Média.
Disponível em:
Dossiê: https://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/issue/view/749
Artigo:
https://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/article/view/14405
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Dossiê "Poder, Representações e Imaginários na Idade Média" (REVISTA MYTHOS), 2023
RESUMO: Este texto tem como objetivo analisar as narrativas sobre a morte de D. Fernando (1402-14... more RESUMO: Este texto tem como objetivo analisar as narrativas sobre a morte de D. Fernando (1402-1443) de Portugal, o Infante Santo, nos discursos cronísticos de Rui de Pina e de Fr. João Álvares, problematizando como a construção da memória sobre a sua morte em martírio se tornou um instrumento de propaganda política da Dinastia de Avis no século XV.
https://revistas.uemasul.edu.br/index.php/mythos/issue/view/16
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Ars Historica, 2020
Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a construção da memória sobre a morte da real... more Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a construção da memória sobre a morte da realeza ibérica em meados do século XV, com ênfase nas narrativas e no memorial funerário edificado entorno das dinastias de Avis, em Portugal, e de Trastâmara, em Castela. Para tanto, analisaremos os discursos e as narrativas cronísticas sobre o falecimento dos reis D. Afonso V (1438 - 1481) de Portugal, D. Juan II (1406 - 1454) e D. Henrique IV (1454 - 1474) de Castela, sob a perspectiva da história comparada, buscando compreender como as monarquias peninsulares se apropriaram da construção e da celebração da memória da morte como instrumento de propagação e evocação do poder político. Palavras-chave: História Comparada; morte; memória. Abstract: This article aims to analyze the construction of death of the Iberian royalty in the middle of the 15th century, with an emphasis on narratives and the burial memorial built around the dynasties of Avis in Portugal and of Trastâmara in Castile. Therefore, we will analyze the speeches and chronical narratives about the death of the kings D. Afonso V (1438 - 1481) of Portugal, D. Juan II (1406 - 1454) and D. Henrique IV (1454 - 1474) of Castile, under the perspective of a comparative history, seeking to understand how peninsular monarchies appropriated the construction and celebration of the memory of death as an instrument for the propagation and evocation of political power. Keywords: Comparative History; death; memory.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Universidade Federal de Goiás, Mar 25, 2021
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Este texto tem como objetivo analisar o Mosteiro da Batalha no Testamento do rei D. Joao I (1426)... more Este texto tem como objetivo analisar o Mosteiro da Batalha no Testamento do rei D. Joao I (1426). Partimos da premissa de que este mosteiro enquanto panteao regio da casa de Avis teve um papel fundamental enquanto aparato de poder na construcao simbolica da dinastia no seculo XV. A escolha do mosteiro enquanto panteao funebre de D. Joao I e seus sucessores tem dois eventos como marcos principais: a trasladacao do corpo da rainha D. Filipa de Lencastre em 1416 para o panteao, visto como o marco inicial, e dez anos depois a oficializacao do mosteiro no testamento do rei. Portanto, o conteudo deste Testamento permite-nos problematizar sobre as construcoes simbolicas desta dinastia, cujo panteao regio, para muitos historiadores, e o maior simbolo politico, de poder e de memoria fisica da Casa de Avis e do reino portugues no seculo XV.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Publicado recentemente no Brasil, o livro do renomado medievalista frances Jean-Claude Schmitt1 e... more Publicado recentemente no Brasil, o livro do renomado medievalista frances Jean-Claude Schmitt1 e essencial para os estudos culturais da sociedade do Ocidente Medieval. O historiador utilizou em seus textos uma vasta documentacaooriunda principalmente de registros de clerigos, como o exemplum escrito por Etienne de Bourbon e a autobiografia de Guibert de Nogent, que sao mencionados em varios ensaios, alem de outras fontes como as autobiografias, os exempla, as mirabilias, etc. O autor problematiza tres grandes questoes que se constituem no cerne de seu estudo: o problema do conceito de religiao aplicado a Idade Media, o historiador deveria denunciar as fronteiras entre a historia religiosa e a possibilidade de refletir sobre o medievo em termos de religiao. O segundo problema consiste em ampliar a pesquisa para o questionamento antropologico e comparatista dos conceitos utilizados pelos historiadores em relacao a Idade Media, como a nocao de sagrado. No terceiro, e grande ponto do l...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Mosaico, 2018
O reinado de D. João I (1385-1433) foi marcado por diversos aspectos utilizados em seu governo co... more O reinado de D. João I (1385-1433) foi marcado por diversos aspectos utilizados em seu governo como estratégias de legitimação política, e outros que seriam reforçados mais tarde nas narrativas cronísticas com a mesma intenção de dar legitimidade à dinastia recém-entronizada. Dentre essas estratégias, selecionamos quatro que acreditamos terem sido fundamentais nesse processo: a aliança com a Inglaterra por meio do Tratado de Windsor (1386); o casamento do monarca português com a filha do Duque de Lencastre, Dona Filipa; a conquista de Ceuta em 1415 e o início da expansão territorial além-mar; e a evocação do poder régio por meio de cerimônias simbólicas de exaltação a autoridade régia, como as chamadas "entradas régias". Propomos analisar como as memórias desses eventos estão presentes nas narrativas, especialmente na Crônica de D. João I, de Fernão Lopes e na Crônica da Tomada de Ceuta de Gomes Zurara, e como esses elementos foram evocados como estratégias de legitimação ...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
A Crise Dinastica portuguesa de 1383 - 1385 levou a entronizacao da dinastia de Avis, representad... more A Crise Dinastica portuguesa de 1383 - 1385 levou a entronizacao da dinastia de Avis, representada por seu fundador, D. Joao I. Devido a sua origem ilegitima, o monarca e posteriormente seus sucessores, utilizaram de diversos recursos de evocacao do poder regio, objetivando garantir a legitimidade de seu reinado. A nossa proposta nesta pesquisa e entender como esses mecanismos de representacao do poder politico reforcados pelos membros da casa avisina, e registrados em "vestigios de memoria escrita" (cronicas regias e demais registros oficiais) aliados aos "vestigios de memoria em pedra" (monumentos e construcoes arquitetonicas), levaram a construcao simbolica da Dinastia de Avis no seculo XV. Dentro de nosso recorte cronologico (1383 - 1433), que compreende o periodo dos anos finais do reinado de D. Fernando (1367 - 1383) ao reinado de D. Joao I (1385 - 1433), analisamos para alem do discurso cronistico, as politicas centralizadoras adotadas pelos monarcas, o cu...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista ARS HISTORICA, 2020
Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a construção da memória sobre a morte
da real... more Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a construção da memória sobre a morte
da realeza ibérica em meados do século XV, com ênfase nas narrativas e no memorial funerário
edificado entorno das dinastias de Avis, em Portugal, e de Trastâmara, em Castela. Para tanto,
analisaremos os discursos e as narrativas cronísticas sobre o falecimento dos reis D. Afonso V
(1438 - 1481) de Portugal, D. Juan II (1406 - 1454) e D. Henrique IV (1454 - 1474) de Castela,
sob a perspectiva da história comparada, buscando compreender como as monarquias
peninsulares se apropriaram da construção e da celebração da memória da morte como
instrumento de propagação e evocação do poder político.
Palavras-chave: História Comparada; morte; memória.
Abstract: This article aims to analyze the construction of death of the Iberian royalty in the
middle of the 15th century, with an emphasis on narratives and the burial memorial built around
the dynasties of Avis in Portugal and of Trastâmara in Castile. Therefore, we will analyze the
speeches and chronical narratives about the death of the kings D. Afonso V (1438 - 1481) of
Portugal, D. Juan II (1406 - 1454) and D. Henrique IV (1454 - 1474) of Castile, under the
perspective of a comparative history, seeking to understand how peninsular monarchies
appropriated the construction and celebration of the memory of death as an instrument for the
propagation and evocation of political power.
Keywords: Comparative History; death; memory.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Roda da Fortuna. "Dossiê Temático A Península Ibérica em Debate: Historiografia, Encontros Culturais e Identidades (séculos V-XVI)", 2019
A morte do Rei, a morte do reino: luto e poder na Península Ibérica Medieval The death of the Kin... more A morte do Rei, a morte do reino: luto e poder na Península Ibérica Medieval The death of the King, the death of the kingdom: mourning and power in the medieval Iberian Peninsula Resumo: O processo de cristianização da morte na Idade Média convergiu com a construção de narrativas biográficas, textos laudatórios e monumentos funerários enquanto símbolo de poder da aristocracia e da realeza no ocidente cristão. Os cronistas medievais dedicaram parte de seus textos para narrar o processo do morrer dos reis, das atitudes diante da morte, ao cerimonial fúnebre e a comoção social desses eventos. Na Península Ibérica era comum cronistas associarem fenômenos da natureza com o passamento dos monarcas, o que José Mattoso (2001) definiu como "luto cósmico". É nessa perspectiva que analisamos as narrativas da morte dos reis na cronística ibérica medieval, problematizando os discursos de comoção social e da natureza como um mecanismo de exaltação do poder real. Palavras-chave: Morte, Poder, Península Ibérica. Abstract: The process of Christianization of death in the Middle Ages converged with the construction of biographical narratives, laudatory texts and funerary monuments as a symbol of the power of aristocracy and royalty. Medieval chroniclers devoted part of their writings to relate the death of some kings, their attitudes toward death, of the funeral ceremonial, and of the social commotion that these events caused in their subjects. In the Iberian Peninsula it was common for chroniclers to associate phenomena of nature with the passing of the monarchs, which José Mattoso (2001) defined as "cosmic mourning". This article aims to analyze the narratives of the death of the kings in the medieval Iberian chronicle, problematizing the discourses of social commotion and of nature as a mechanism of exaltation of the royal power.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
ANAIS DO II FÓRUM DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DO CENTRO-OESTE E XI SEMINÁRIO DE PESQUISA UFG/PUC-GOIÁS, 2018
As narrativas do século XV e início do séc. XVI sobre o passamento de D. João I (1385 - 1433), co... more As narrativas do século XV e início do séc. XVI sobre o passamento de D. João I (1385 - 1433), como as crônicas régias e demais registros escritos, reforçavam a idealização do monarca a partir de um ponto referencial comum: a vitória na Batalha de Aljubarrota em 1385 perante os castelhanos. O evento que marcou a entronização do Mestre de Avis, como também a independência do reino português, seria utilizado em um forte discurso simbólico remetendo a data da morte do rei ao dia do acontecimento, 14 de agosto. As fontes também apresentaram em seu discurso as virtudes do soberano nos seus momentos finais, vistas como sinais de salvação e a confirmação da "boa morte" que teve o Rei de "boa memória". Propomos com esta comunicação analisar a evocação do poder régio por meio das narrativas e memórias da morte de D. João I como recurso de propaganda política da Casa de Avis no século XV.
Palavras-chave: D. João I; Morte; Memória; Poder.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Mosaico, 2018
Resumo: O reinado de D. João I (1385-1433) foi marcado por diversos aspectos utilizados em seu go... more Resumo: O reinado de D. João I (1385-1433) foi marcado por diversos aspectos utilizados em seu governo como estratégias de legitimação política, e outros que seriam reforçados mais tarde nas narrativas cronísticas com a mesma intenção de dar legitimidade à dinastia recém-entronizada. Dentre essas estratégias, selecionamos quatro que acreditamos terem sido fundamentais nesse processo: a aliança com a Inglaterra por meio do Tratado de Windsor (1386); o casamento do monarca português com a filha do Duque de Lencastre, Dona Filipa; a conquista de Ceuta em 1415 e o início da expansão territorial além-mar; e a evocação do poder régio por meio de cerimônias simbólicas de exaltação a autoridade régia, como as chamadas "entradas régias". Como aporte teórico, partimos de estudos sobre história e memória, os usos do passado na construção e legitimação do poder político, utilizando como referência as obras de Le Goff (2013), Pierre Nora (1993), P. Ricoeur (2007), P. Bourdieu (2010), Marcella L. Guimarães (2012) e Maria Helena Coelho (2008). Partindo dessas referências, propomos analisar como as memórias dos eventos históricos selecionados estão presentes nas narrativas, especialmente na Crônica de D. João I, de Fernão Lopes e na Crônica da Tomada de Ceuta de Gomes Zurara, e como esses elementos foram evocados como estratégias de legitimação da Casa de Avis no século XV.
Palavras-chave: D. João I, Memória, Legitimação, Poder Régio, Narrativas.
LEGITIMATION STRATEGIES OF THE REIGN OF KING JOHN I OF PORTUGAL (1385 - 1433) IN THE NARRATIVES OF FERNÃO LOPES AND GOMES ZURARA
Abstract: The reign of King John I of Portugal (1385-1433) was marked by several aspects used in his government as strategies of political legitimation, and others that would later be reinforced in the chronological narratives with the same intention to give legitimacy to the newly enthroned dynasty. Among these strategies, we selected four that we believe were central to this process: the alliance with England through the Treaty of Windsor (1386); the marriage of the Portuguese monarch to the daughter of the Duke of Lencastre, Dona Filipa; the conquest of Ceuta in 1415 and the beginning of territorial expansion overseas; and the evocation of royal power through symbolic ceremonies of exaltation to royal authority, as the so-called "royal entrances". As a theoretical contribution, we start from studies on history and memory, the uses of the past in the construction and legitimation of political power, using as reference the works of Le Goff (2013), Pierre Nora (1993), P. Ricoeur (2007), P. Bourdieu (2010), Marcella L. Guimarães (2012) and Maria Helena Coelho (2008). From these references, we propose to analyze how the memories of the selected historical events are present in the narratives, especially in the Crónica de D. João I, by Fernão Lopes and in the Crónica da Tomada de Ceuta by Gomes Zurara, and how these elements were evoked as strategies to legitimize the House of Avis in the fifteen century.
Keywords: King John I of Portugal, Memory, Legitimation, Royal Power, Narratives.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O reinado de D. João I (1385 - 1433) foi marcado por uma intensa centralização
política e por div... more O reinado de D. João I (1385 - 1433) foi marcado por uma intensa centralização
política e por diversas práticas de propaganda envolvendo a autoridade régia visando
legitimar a nova dinastia, o que foi reforçado por seu sucessor, D. Duarte (1433 - 1438).
Dentre os elementos de esforço do poder régio, os mais significantes utilizados pelos
monarcas de Avis relacionavam-se ao culto a memória e a morte do Rei. A Casa de Avis
apropriou-se de diversas ritualizações, celebrações e cerimônias fúnebres objetivando
idealizar a memória de seu Rei fundador e de seus descendentes, tendo como expoente o
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, um grande monumento à memória da Batalha de
Aljubarrota (1385), e que ao receber os corpos da Rainha Dona Filipa de Lencastre (1416) e
posteriormente do Rei D. João I (1433), tornou-se o Panteão Régio da dinastia, mais do que
uma "memória em pedra", representava também o maior símbolo de poder do monarca e
desua linhagem. Nossa proposta nessa comunicação é problematizar a utilização da morte
régia em Portugal na primeira metade de quatrocentos como recurso essencial na construção
simbólica da nova dinastia.
Palavras-chave: Morte, Poder, Dinastia de Avis.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
ANAIS DO I FÓRUM DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DO CENTRO-OESTE E DO IX SEMINÁRIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA (UFG/PUC-GO), 2016
A Crise Dinástica portuguesa de 1383 - 1385 levou a entronização da dinastia
de Avis, representad... more A Crise Dinástica portuguesa de 1383 - 1385 levou a entronização da dinastia
de Avis, representada por seu fundador, D. João I. Devido a sua origem ilegítima, o
monarca e posteriormente seus sucessores, utilizaram de diversos recursos de propagação
do poder régio, como as ritualizações, celebrações e cerimônias fúnebres objetivando
idealizar a memória de seu Rei fundador e de seus descendentes, tendo como expoente o
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, um grande monumento à memória da Batalha de
Aljubarrota (1385), que tornou-se o Panteão Régio da dinastia, mais do que uma
"memória em pedra", representava também o maior símbolo de poder do monarca e de
sua linhagem. Nossa proposta nesse texto é problematizar a utilização da morte régia, no
caso do rei D. João I, como recurso essencial na construção simbólica da nova dinastia.
Palavras-chave: Construção Simbólica; Poder; Morte; Dinastia de Avis.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O matrimônio de D. João I com a filha do Duque de Lencastre trouxe ao monarca português não apena... more O matrimônio de D. João I com a filha do Duque de Lencastre trouxe ao monarca português não apenas a aliança e o duradouro Tratado de Windsor (1386) com o Reino de Inglaterra, mas também uma rainha que teve um papel primordial na legitimação e construção simbólica da Dinastia que recém entronara-se. D. Filipa de Lencastre exerceu um influente papel político no governo de seu marido como podemos observar nas crônicas de Fernão Lopes e Gomes Zurara. Os cronistas, dentro do contexto do projeto legitimador da Casa de Avis, evocaram memórias que visavam a construção de uma imagem idealizada da monarca. Nas narrativas, para além do papel de rainha, esposa e mulher cristã, a soberana simbolizava paz em meio à guerra, esperança em meio ao caos, gerando ao rei português oito filhos, seis homens e destes, cinco chegariam a vida adulta, um símbolo de fertilidade que garantiria a sucessão da dinastia, o grave problema que causou a crise dinástica em que D. João se tornou rei (1383-1385). Portanto, propomos nesta comunicação analisar os discursos cronísticos acerca da imagem da consorte de D. João I e a evocação de memórias atribuídas ao papel da rainha na corte de Avis e sua importância na consolidação política da dinastia.
Palavras-chave: Filipa de Lencastre; Memória; Dinastia de Avis.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Thesis Chapters by Hugo Rincon Azevedo
A dinastia de Avis fundada no governo de D. João I como Rei de Portugal em 1385, teve ao longo do século XV e início do século XVI uma intensa preocupação com a construção e a preservação da memória da realeza. Seja a cristalização da memória produzida por meio de documentos escritos, como as crônicas régias, ou por meio de monumentos, como o Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Construído nas cercanias de Aljubarrota (1385), o mosteiro se tornou panteão régio, lugar de memória e símbolo de poder ao abrigar os restos mortais de reis e membros da casa reinante. Desse modo, o período medieval assistiu em diferentes ritmos a antiga concepção de "boa morte" se transformar em uma morte cristianizada, que moldou os costumes do morrer na tentativa de controlá-lo pelo indivíduo, com mediação do clero, por meio dos ritos necessários para a garantia da salvação da alma. O culto dos mortos se tornou o principal mecanismo de celebração da memória da morte, que, aliado a adoção dessas práticas pela aristocracia, converteu-se em uma grandiosa manifestação de poder. Nos últimos séculos da Idade Média, as monarquias se apropriaram dessas concepções, resultando na fabricação de histórias dinásticas e laicas destinadas a legitimar o poder dos príncipes. Em Portugal entre os séculos XV e XVI, os cronistas da Casa de Avis construíram discursos idealizadores do passamento dos monarcas da dinastia. Analisamos as narrativas sobre os reis de Avis (D. João I, D. Duarte, D. Afonso V e D. João II) e os membros da família real (a rainha D. Filipa de Lencastre e os infantes da Ínclita Geração) sepultados na Capela do Fundador no Mosteiro da Batalha. Problematizamos a relação entre a idealização da morte desses reis presente nas narrativas e no cerimonial produzido em memória de suas mortes. Para compreender esse processo, utilizamos do método da História Comparada. Nesse sentido, selecionamos como objetos de análise comparada os discursos cronísticos sobre a morte dos reis de Avis em Portugal e de Trastâmara em Castela no século XV, assim como a construção dos monumentos funerários como símbolos de legitimação e de propaganda dinástica.
Palavras-chave: Dinastia de Avis; Morte; Memória; Poder; Mosteiro da Batalha.
ABSTRACT
The Dynasty of Aviz established in the government of King John I as the ruler of Portugal in 1385, had throughout the 15th and early 16th centuries an intense concern with the construction and preservation of the royalty memory. Be it the crystallization of memory produced through written documents, such as royal chronicles or through monuments, such as the Santa Maria da Vitória Monastery. Built on the outskirts of Aljubarrota (1385), the monastery became a royal pantheon, a place of memory and symbol of power when it withheld the remains of kings and members of the reigning house. In this way, the medieval period saw the old conception of "good death" transformed into a Christianized death at different rates, which shaped the customs of dying in an attempt to control it by the individual, with the mediation of the Church, through the necessary rituals for the guarantee to the salvation of the soul. The cult of the dead has become the main mechanism for celebrating the memory of death, which, along the adoption of these practices by the aristocracy, has become a great manifestation of power. In the last centuries of the Middle Ages, monarchies appropriated those conceptions, resulting in the production of dynastic and secular histories destined to legitimize the power of princes. In Portugal between the 15th and 16th centuries, the chroniclers of the House of Aviz built speeches idealizing the passing of the monarchs of the dynasty. We analyzed the narratives about the kings of Aviz (John I, Edward I, Afonso V and John II) and the members of the royal family (Queen Philippa of Lancaster and the princes of the "Illustrious Generation") buried in Batalha Monastery. We problematize the relations between the idealization of the death of these kings present in the narratives and in the ceremonial produced in memory of their deaths. To understand this process, we resort to the Comparative History method. We chose as comparative analysis objects the chronistic speeches of the death of the kings of Aviz in Portugal and of Trastámara in Castile in the 15th century, along with the construction of funerary monuments as symbols of legitimation and dynastic propaganda.
Keywords: Dynasty of Aviz; Death; Memory; Power; Monastery of Batalha.
RESUMEN:
La Casa de Avis, fundada en el gobierno de D. Juan I como Rey de Portugal en 1385, tuvo a lo largo del siglo XV y principios del siglo XVI, una intensa preocupación por la construcción y preservación de la memoria de la realeza. Ya sea la cristalización de la memoria producida a través de documentos escritos, como las crónicas reales, o mediante monumentos, como el Monasterio de Santa Maria da Vitória. Construido en las afueras de Aljubarrota (1385), el monasterio se convirtió en panteón real, lugar de memoria y símbolo de poder al albergar los restos de reyes y miembros de la casa reinante. De esta manera, la época medieval vio a ritmos diferentes la transformación de la antigua concepción de la "buena muerte" en una muerte cristianizada, que plasmó las costumbres del morir en un intento de controlarlo por parte del individuo, con la mediación del clero, a través de los rituales necesarios para la garantía de la salvación del alma. El culto a los muertos se ha convertido en el principal mecanismo de celebración del recuerdo de la muerte que, junto con la adopción de estas prácticas por parte de la aristocracia, se ha convertido en una gran manifestación de poder. En los últimos siglos de la Edad Media, las monarquías se apropiaron de esas concepciones, dando como resultado la producción de historias dinásticas y laicas destinadas a legitimar el poder de los príncipes. En Portugal, entre los siglos XV y XVI, los cronistas de la Casa de Avis construyeron discursos que idealizaban el paso de los monarcas de la dinastía. Analizamos las narrativas sobre los reyes de Avis (Juan I, Eduardo I, Alfonso V y Juan II) y los miembros de la familia real (la Reina Felipa de Lancaster y los infantes de la "Ínclita Generación") enterrados en el Monasterio de Batalha. Problematizamos la relación entre la idealización de la muerte de estos reyes presentes en las narrativas y en el ceremonial producido en memoria de sus muertes. Para comprender este proceso, recurrimos al método de la Historia Comparada. En ese sentido, seleccionamos como objetos de análisis comparativo, los discursos de los cronistas reales sobre la muerte de los reyes de Avis en Portugal y de Trastámara en Castilla en el siglo XV, así como la construcción de monumentos funerarios como símbolos de legitimación y propaganda dinástica.
Palabras clave: Casa de Avis; Muerte, Memoria, Poder, Monasterio de Batalha.
ABSTRACT: The Portuguese Dynastic Crisis of 1383 - 1385 led to the enthronement of the House of Avis, represented by its founder, King John I of Portugal. Due to its illegitimate origin, the monarch and later his successors, used several resources of evocation of the royal power, objectifying to guarantee the legitimacy of his reign. The aim of this research is to understand how these mechanisms of representation of the political power reinforced by members of the House of Avis, and registered in "vestiges of written memory" (royal chronicles and other official registries) allied to the "vestiges of memory in stone" (monuments and architectural constructions) led to the symbolic construction of the Avis Dynasty in the 15th century. Within our chronological section (1383 - 1433), which covers the period of the final years of the reign of King Ferdinand I (1367 - 1383) to the reign of King John I (1385 - 1433), analyzing beyond the chronistic discourse, the centralizing policies adopted by the monarchy, the cult to the memory and the death of the dynasty's founding King and the members of his House, represented by the monumentalization of the Monastery of Batalha, points that were fundamental in the consolidation of this dynasty.
Book Reviews by Hugo Rincon Azevedo
Resenha do livro "O corpo, os ritos, os sonhos: ensaios de antropologia medieval", de Jean-Claude Schmitt.
Publicado na Revista Plurais da Universidade Estadual de Goiás.
http://www.revista.ueg.br/index.php/revistapluraisvirtual/issue/view/290/showToc
Papers by Hugo Rincon Azevedo
Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/interacao/article/view/87798
Disponível em:
Dossiê: https://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/issue/view/749
Artigo:
https://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/article/view/14405
https://revistas.uemasul.edu.br/index.php/mythos/issue/view/16
da realeza ibérica em meados do século XV, com ênfase nas narrativas e no memorial funerário
edificado entorno das dinastias de Avis, em Portugal, e de Trastâmara, em Castela. Para tanto,
analisaremos os discursos e as narrativas cronísticas sobre o falecimento dos reis D. Afonso V
(1438 - 1481) de Portugal, D. Juan II (1406 - 1454) e D. Henrique IV (1454 - 1474) de Castela,
sob a perspectiva da história comparada, buscando compreender como as monarquias
peninsulares se apropriaram da construção e da celebração da memória da morte como
instrumento de propagação e evocação do poder político.
Palavras-chave: História Comparada; morte; memória.
Abstract: This article aims to analyze the construction of death of the Iberian royalty in the
middle of the 15th century, with an emphasis on narratives and the burial memorial built around
the dynasties of Avis in Portugal and of Trastâmara in Castile. Therefore, we will analyze the
speeches and chronical narratives about the death of the kings D. Afonso V (1438 - 1481) of
Portugal, D. Juan II (1406 - 1454) and D. Henrique IV (1454 - 1474) of Castile, under the
perspective of a comparative history, seeking to understand how peninsular monarchies
appropriated the construction and celebration of the memory of death as an instrument for the
propagation and evocation of political power.
Keywords: Comparative History; death; memory.
Palavras-chave: D. João I; Morte; Memória; Poder.
Palavras-chave: D. João I, Memória, Legitimação, Poder Régio, Narrativas.
LEGITIMATION STRATEGIES OF THE REIGN OF KING JOHN I OF PORTUGAL (1385 - 1433) IN THE NARRATIVES OF FERNÃO LOPES AND GOMES ZURARA
Abstract: The reign of King John I of Portugal (1385-1433) was marked by several aspects used in his government as strategies of political legitimation, and others that would later be reinforced in the chronological narratives with the same intention to give legitimacy to the newly enthroned dynasty. Among these strategies, we selected four that we believe were central to this process: the alliance with England through the Treaty of Windsor (1386); the marriage of the Portuguese monarch to the daughter of the Duke of Lencastre, Dona Filipa; the conquest of Ceuta in 1415 and the beginning of territorial expansion overseas; and the evocation of royal power through symbolic ceremonies of exaltation to royal authority, as the so-called "royal entrances". As a theoretical contribution, we start from studies on history and memory, the uses of the past in the construction and legitimation of political power, using as reference the works of Le Goff (2013), Pierre Nora (1993), P. Ricoeur (2007), P. Bourdieu (2010), Marcella L. Guimarães (2012) and Maria Helena Coelho (2008). From these references, we propose to analyze how the memories of the selected historical events are present in the narratives, especially in the Crónica de D. João I, by Fernão Lopes and in the Crónica da Tomada de Ceuta by Gomes Zurara, and how these elements were evoked as strategies to legitimize the House of Avis in the fifteen century.
Keywords: King John I of Portugal, Memory, Legitimation, Royal Power, Narratives.
política e por diversas práticas de propaganda envolvendo a autoridade régia visando
legitimar a nova dinastia, o que foi reforçado por seu sucessor, D. Duarte (1433 - 1438).
Dentre os elementos de esforço do poder régio, os mais significantes utilizados pelos
monarcas de Avis relacionavam-se ao culto a memória e a morte do Rei. A Casa de Avis
apropriou-se de diversas ritualizações, celebrações e cerimônias fúnebres objetivando
idealizar a memória de seu Rei fundador e de seus descendentes, tendo como expoente o
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, um grande monumento à memória da Batalha de
Aljubarrota (1385), e que ao receber os corpos da Rainha Dona Filipa de Lencastre (1416) e
posteriormente do Rei D. João I (1433), tornou-se o Panteão Régio da dinastia, mais do que
uma "memória em pedra", representava também o maior símbolo de poder do monarca e
desua linhagem. Nossa proposta nessa comunicação é problematizar a utilização da morte
régia em Portugal na primeira metade de quatrocentos como recurso essencial na construção
simbólica da nova dinastia.
Palavras-chave: Morte, Poder, Dinastia de Avis.
de Avis, representada por seu fundador, D. João I. Devido a sua origem ilegítima, o
monarca e posteriormente seus sucessores, utilizaram de diversos recursos de propagação
do poder régio, como as ritualizações, celebrações e cerimônias fúnebres objetivando
idealizar a memória de seu Rei fundador e de seus descendentes, tendo como expoente o
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, um grande monumento à memória da Batalha de
Aljubarrota (1385), que tornou-se o Panteão Régio da dinastia, mais do que uma
"memória em pedra", representava também o maior símbolo de poder do monarca e de
sua linhagem. Nossa proposta nesse texto é problematizar a utilização da morte régia, no
caso do rei D. João I, como recurso essencial na construção simbólica da nova dinastia.
Palavras-chave: Construção Simbólica; Poder; Morte; Dinastia de Avis.
Palavras-chave: Filipa de Lencastre; Memória; Dinastia de Avis.
A dinastia de Avis fundada no governo de D. João I como Rei de Portugal em 1385, teve ao longo do século XV e início do século XVI uma intensa preocupação com a construção e a preservação da memória da realeza. Seja a cristalização da memória produzida por meio de documentos escritos, como as crônicas régias, ou por meio de monumentos, como o Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Construído nas cercanias de Aljubarrota (1385), o mosteiro se tornou panteão régio, lugar de memória e símbolo de poder ao abrigar os restos mortais de reis e membros da casa reinante. Desse modo, o período medieval assistiu em diferentes ritmos a antiga concepção de "boa morte" se transformar em uma morte cristianizada, que moldou os costumes do morrer na tentativa de controlá-lo pelo indivíduo, com mediação do clero, por meio dos ritos necessários para a garantia da salvação da alma. O culto dos mortos se tornou o principal mecanismo de celebração da memória da morte, que, aliado a adoção dessas práticas pela aristocracia, converteu-se em uma grandiosa manifestação de poder. Nos últimos séculos da Idade Média, as monarquias se apropriaram dessas concepções, resultando na fabricação de histórias dinásticas e laicas destinadas a legitimar o poder dos príncipes. Em Portugal entre os séculos XV e XVI, os cronistas da Casa de Avis construíram discursos idealizadores do passamento dos monarcas da dinastia. Analisamos as narrativas sobre os reis de Avis (D. João I, D. Duarte, D. Afonso V e D. João II) e os membros da família real (a rainha D. Filipa de Lencastre e os infantes da Ínclita Geração) sepultados na Capela do Fundador no Mosteiro da Batalha. Problematizamos a relação entre a idealização da morte desses reis presente nas narrativas e no cerimonial produzido em memória de suas mortes. Para compreender esse processo, utilizamos do método da História Comparada. Nesse sentido, selecionamos como objetos de análise comparada os discursos cronísticos sobre a morte dos reis de Avis em Portugal e de Trastâmara em Castela no século XV, assim como a construção dos monumentos funerários como símbolos de legitimação e de propaganda dinástica.
Palavras-chave: Dinastia de Avis; Morte; Memória; Poder; Mosteiro da Batalha.
ABSTRACT
The Dynasty of Aviz established in the government of King John I as the ruler of Portugal in 1385, had throughout the 15th and early 16th centuries an intense concern with the construction and preservation of the royalty memory. Be it the crystallization of memory produced through written documents, such as royal chronicles or through monuments, such as the Santa Maria da Vitória Monastery. Built on the outskirts of Aljubarrota (1385), the monastery became a royal pantheon, a place of memory and symbol of power when it withheld the remains of kings and members of the reigning house. In this way, the medieval period saw the old conception of "good death" transformed into a Christianized death at different rates, which shaped the customs of dying in an attempt to control it by the individual, with the mediation of the Church, through the necessary rituals for the guarantee to the salvation of the soul. The cult of the dead has become the main mechanism for celebrating the memory of death, which, along the adoption of these practices by the aristocracy, has become a great manifestation of power. In the last centuries of the Middle Ages, monarchies appropriated those conceptions, resulting in the production of dynastic and secular histories destined to legitimize the power of princes. In Portugal between the 15th and 16th centuries, the chroniclers of the House of Aviz built speeches idealizing the passing of the monarchs of the dynasty. We analyzed the narratives about the kings of Aviz (John I, Edward I, Afonso V and John II) and the members of the royal family (Queen Philippa of Lancaster and the princes of the "Illustrious Generation") buried in Batalha Monastery. We problematize the relations between the idealization of the death of these kings present in the narratives and in the ceremonial produced in memory of their deaths. To understand this process, we resort to the Comparative History method. We chose as comparative analysis objects the chronistic speeches of the death of the kings of Aviz in Portugal and of Trastámara in Castile in the 15th century, along with the construction of funerary monuments as symbols of legitimation and dynastic propaganda.
Keywords: Dynasty of Aviz; Death; Memory; Power; Monastery of Batalha.
RESUMEN:
La Casa de Avis, fundada en el gobierno de D. Juan I como Rey de Portugal en 1385, tuvo a lo largo del siglo XV y principios del siglo XVI, una intensa preocupación por la construcción y preservación de la memoria de la realeza. Ya sea la cristalización de la memoria producida a través de documentos escritos, como las crónicas reales, o mediante monumentos, como el Monasterio de Santa Maria da Vitória. Construido en las afueras de Aljubarrota (1385), el monasterio se convirtió en panteón real, lugar de memoria y símbolo de poder al albergar los restos de reyes y miembros de la casa reinante. De esta manera, la época medieval vio a ritmos diferentes la transformación de la antigua concepción de la "buena muerte" en una muerte cristianizada, que plasmó las costumbres del morir en un intento de controlarlo por parte del individuo, con la mediación del clero, a través de los rituales necesarios para la garantía de la salvación del alma. El culto a los muertos se ha convertido en el principal mecanismo de celebración del recuerdo de la muerte que, junto con la adopción de estas prácticas por parte de la aristocracia, se ha convertido en una gran manifestación de poder. En los últimos siglos de la Edad Media, las monarquías se apropiaron de esas concepciones, dando como resultado la producción de historias dinásticas y laicas destinadas a legitimar el poder de los príncipes. En Portugal, entre los siglos XV y XVI, los cronistas de la Casa de Avis construyeron discursos que idealizaban el paso de los monarcas de la dinastía. Analizamos las narrativas sobre los reyes de Avis (Juan I, Eduardo I, Alfonso V y Juan II) y los miembros de la familia real (la Reina Felipa de Lancaster y los infantes de la "Ínclita Generación") enterrados en el Monasterio de Batalha. Problematizamos la relación entre la idealización de la muerte de estos reyes presentes en las narrativas y en el ceremonial producido en memoria de sus muertes. Para comprender este proceso, recurrimos al método de la Historia Comparada. En ese sentido, seleccionamos como objetos de análisis comparativo, los discursos de los cronistas reales sobre la muerte de los reyes de Avis en Portugal y de Trastámara en Castilla en el siglo XV, así como la construcción de monumentos funerarios como símbolos de legitimación y propaganda dinástica.
Palabras clave: Casa de Avis; Muerte, Memoria, Poder, Monasterio de Batalha.
ABSTRACT: The Portuguese Dynastic Crisis of 1383 - 1385 led to the enthronement of the House of Avis, represented by its founder, King John I of Portugal. Due to its illegitimate origin, the monarch and later his successors, used several resources of evocation of the royal power, objectifying to guarantee the legitimacy of his reign. The aim of this research is to understand how these mechanisms of representation of the political power reinforced by members of the House of Avis, and registered in "vestiges of written memory" (royal chronicles and other official registries) allied to the "vestiges of memory in stone" (monuments and architectural constructions) led to the symbolic construction of the Avis Dynasty in the 15th century. Within our chronological section (1383 - 1433), which covers the period of the final years of the reign of King Ferdinand I (1367 - 1383) to the reign of King John I (1385 - 1433), analyzing beyond the chronistic discourse, the centralizing policies adopted by the monarchy, the cult to the memory and the death of the dynasty's founding King and the members of his House, represented by the monumentalization of the Monastery of Batalha, points that were fundamental in the consolidation of this dynasty.
Resenha do livro "O corpo, os ritos, os sonhos: ensaios de antropologia medieval", de Jean-Claude Schmitt.
Publicado na Revista Plurais da Universidade Estadual de Goiás.
http://www.revista.ueg.br/index.php/revistapluraisvirtual/issue/view/290/showToc
Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/interacao/article/view/87798
Disponível em:
Dossiê: https://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/issue/view/749
Artigo:
https://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/article/view/14405
https://revistas.uemasul.edu.br/index.php/mythos/issue/view/16
da realeza ibérica em meados do século XV, com ênfase nas narrativas e no memorial funerário
edificado entorno das dinastias de Avis, em Portugal, e de Trastâmara, em Castela. Para tanto,
analisaremos os discursos e as narrativas cronísticas sobre o falecimento dos reis D. Afonso V
(1438 - 1481) de Portugal, D. Juan II (1406 - 1454) e D. Henrique IV (1454 - 1474) de Castela,
sob a perspectiva da história comparada, buscando compreender como as monarquias
peninsulares se apropriaram da construção e da celebração da memória da morte como
instrumento de propagação e evocação do poder político.
Palavras-chave: História Comparada; morte; memória.
Abstract: This article aims to analyze the construction of death of the Iberian royalty in the
middle of the 15th century, with an emphasis on narratives and the burial memorial built around
the dynasties of Avis in Portugal and of Trastâmara in Castile. Therefore, we will analyze the
speeches and chronical narratives about the death of the kings D. Afonso V (1438 - 1481) of
Portugal, D. Juan II (1406 - 1454) and D. Henrique IV (1454 - 1474) of Castile, under the
perspective of a comparative history, seeking to understand how peninsular monarchies
appropriated the construction and celebration of the memory of death as an instrument for the
propagation and evocation of political power.
Keywords: Comparative History; death; memory.
Palavras-chave: D. João I; Morte; Memória; Poder.
Palavras-chave: D. João I, Memória, Legitimação, Poder Régio, Narrativas.
LEGITIMATION STRATEGIES OF THE REIGN OF KING JOHN I OF PORTUGAL (1385 - 1433) IN THE NARRATIVES OF FERNÃO LOPES AND GOMES ZURARA
Abstract: The reign of King John I of Portugal (1385-1433) was marked by several aspects used in his government as strategies of political legitimation, and others that would later be reinforced in the chronological narratives with the same intention to give legitimacy to the newly enthroned dynasty. Among these strategies, we selected four that we believe were central to this process: the alliance with England through the Treaty of Windsor (1386); the marriage of the Portuguese monarch to the daughter of the Duke of Lencastre, Dona Filipa; the conquest of Ceuta in 1415 and the beginning of territorial expansion overseas; and the evocation of royal power through symbolic ceremonies of exaltation to royal authority, as the so-called "royal entrances". As a theoretical contribution, we start from studies on history and memory, the uses of the past in the construction and legitimation of political power, using as reference the works of Le Goff (2013), Pierre Nora (1993), P. Ricoeur (2007), P. Bourdieu (2010), Marcella L. Guimarães (2012) and Maria Helena Coelho (2008). From these references, we propose to analyze how the memories of the selected historical events are present in the narratives, especially in the Crónica de D. João I, by Fernão Lopes and in the Crónica da Tomada de Ceuta by Gomes Zurara, and how these elements were evoked as strategies to legitimize the House of Avis in the fifteen century.
Keywords: King John I of Portugal, Memory, Legitimation, Royal Power, Narratives.
política e por diversas práticas de propaganda envolvendo a autoridade régia visando
legitimar a nova dinastia, o que foi reforçado por seu sucessor, D. Duarte (1433 - 1438).
Dentre os elementos de esforço do poder régio, os mais significantes utilizados pelos
monarcas de Avis relacionavam-se ao culto a memória e a morte do Rei. A Casa de Avis
apropriou-se de diversas ritualizações, celebrações e cerimônias fúnebres objetivando
idealizar a memória de seu Rei fundador e de seus descendentes, tendo como expoente o
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, um grande monumento à memória da Batalha de
Aljubarrota (1385), e que ao receber os corpos da Rainha Dona Filipa de Lencastre (1416) e
posteriormente do Rei D. João I (1433), tornou-se o Panteão Régio da dinastia, mais do que
uma "memória em pedra", representava também o maior símbolo de poder do monarca e
desua linhagem. Nossa proposta nessa comunicação é problematizar a utilização da morte
régia em Portugal na primeira metade de quatrocentos como recurso essencial na construção
simbólica da nova dinastia.
Palavras-chave: Morte, Poder, Dinastia de Avis.
de Avis, representada por seu fundador, D. João I. Devido a sua origem ilegítima, o
monarca e posteriormente seus sucessores, utilizaram de diversos recursos de propagação
do poder régio, como as ritualizações, celebrações e cerimônias fúnebres objetivando
idealizar a memória de seu Rei fundador e de seus descendentes, tendo como expoente o
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, um grande monumento à memória da Batalha de
Aljubarrota (1385), que tornou-se o Panteão Régio da dinastia, mais do que uma
"memória em pedra", representava também o maior símbolo de poder do monarca e de
sua linhagem. Nossa proposta nesse texto é problematizar a utilização da morte régia, no
caso do rei D. João I, como recurso essencial na construção simbólica da nova dinastia.
Palavras-chave: Construção Simbólica; Poder; Morte; Dinastia de Avis.
Palavras-chave: Filipa de Lencastre; Memória; Dinastia de Avis.
ISSN 2526-8465 .
RESUMO: Este texto tem como objetivo analisar o Mosteiro da Batalha no Testamento do rei D. João I (1426). Partimos da premissa de que este mosteiro enquanto panteão régio da casa de Avis teve um papel fundamental enquanto aparato de poder na construção simbólica da dinastia no século XV. A escolha do mosteiro enquanto panteão fúnebre de D. João I e seus sucessores têm dois eventos como marcos principais: a trasladação do corpo da rainha D. Filipa de Lencastre em 1416 para o panteão, visto como o marco inicial, e dez anos depois a oficialização do mosteiro no testamento do rei. Portanto, o conteúdo deste Testamento permite-nos problematizar sobre as construções simbólicas desta dinastia, cujo panteão régio, para muitos historiadores, é o maior símbolo político, de poder e de memória física da Casa de Avis e do reino português no século XV.
Palavras-chave: Mosteiro da Batalha, Testamento, D. João I.
*****************************************************************************************
AZEVEDO, Hugo Rincon. "Fazer o Serviço de Deus": as memórias da conquista de Ceuta em 1415 como um instrumento de legitimação dinástica da Casa de Avis. In: NETO, Dirceu Marchini.; FERNANDES, Fabiano.; NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa. (Org.). Circulações, guerras, discursos e religiosidades nas fronteiras da cristandade (séculos V-XV). 1ed.Cachoerinha: Editora Fi, 2023, v. 1, p. 260-290.
*****************************************************************************************
RESUMO:
Este texto propõe analisar a construção de memórias produzidas pelas narrativas cronísticas e monumentais do século XV em Portugal sobre a conquista de Ceuta em 1415, problematizando-as enquanto instrumentos de legitimação do reinado de D. João I (1357-1433) e de afirmação dinástica da Casa de Avis. Nesse sentido, analisaremos a evocação do ideal do “serviço de Deus” enquanto argumento central presente em registros do período, com ênfase nos escritos de Gomes Eanes de Zurara (1410-1474) e de outras narrativas contemporâneas ao autor, entendendo essa concepção como a motivação apresentada para a empreitada portuguesa no norte africano, elemento de justificação para a expansão das fronteiras lusitanas no além-mar no final da Idade Média.
*****************************************************************************************
ABSTRACT
This text proposes to analyze the construction of memories produced by the chronicles and monumental narratives of the 15th century in Portugal about the conquest of Ceuta in 1415, problematizing them as instruments of legitimation of the reign of King João I (1357-1433) and of dynastic affirmation of the House of Avis. Therefore, we will analyze the evocation of the ideal of "In the service of God" as a central argument present in the records of the period, with emphasis on the writings of Gomes Eanes de Zurara (1410-1474) and other contemporary narratives to the author, understanding this conception as the motivation for the Portuguese venture in North Africa, an element of justification for the expansion of Portuguese borders overseas at the end of the Middle Ages.
duração, entendendo se tratar de um processo que se inicia durante a sedentarização do homem e se desenvolve em
diferentes ritmos na Antiguidade, consolidando-se no medievo em uma "morte cristianizada". Essa era
institucionalmente administrada pelo Clero, mas nas suas práticas e representações apresentava rupturas e
continuidades com as concepções antigas, dialogando com a tese de "morte domada" defendida pelo medievalista
francês Philippe Ariès. Portanto, analisamos as transformações socioculturais das relações do homem com o morrer
no Ocidente Medieval a partir do diálogo entre a historiografia, a antropologia e a sociologia, partimos dos estudos
historiográficos de P. Ariès, Michel Lauwers e Jacques Le Goff, da Sociologia do morrer de A. Kellehear e Nobert
Elias, além das perspectivas da antropologia medieval levantadas por Jean-Claude Schmitt e José Mattoso.
Palavras-chave: Morte, Idade Média, Historiografia, Sociologia, Antropologia.
ABSTRACT: This article aims to problematize the concept of "good death" within a long-term. It is a process that
begins with sedentarization of man and develops in different rhythms in Antiquity, consolidating itself in the Middle
Ages in a "Christianized death". This was institutionally administered by the Clergy, but in their practices and
representations they presented ruptures and continuities with the old conceptions, dialoguing with the thesis of
"tamed death" defended by the French medievalist Philippe Ariès. Therefore, we analyze the sociocultural
transformations of human relations with dying in the Medieval West from the dialogue between historiography,
anthropology and sociology, in which we start from the studies of P. Ariès, Michel Lauwers and Jacques Le Goff,
Sociology of the death by A. Kellehear and Nobert Elias, in addition to the perspectives of medieval anthropology
raised by Jean-Claude Schmitt and José Mattoso.
Keywords: Death, Middle Ages, Historiography, Sociology, Anthropology.
Palavras-chave: Mosteiro da Batalha; Lugar de Memória; Patrimônio Histórico.