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Série 1200 da CP

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(Redirecionado de Série 1200)
Série 1200
Série 1200 da CP
Locomotiva 1213 no Depósito do Barreiro, em 1993.
Descrição
Propulsão Diesel-eléctrica
Fabricante Brissonneau & Lotz - SOREFAME
Tipo de serviço Via e manobras
Características
Bitola Bitola ibérica
Performance
Velocidade máxima 80 km/h
Potência disponível para tração 441 kW
Esforço de tração 157 kN
Operação
Ano da entrada em serviço 1961 - 1964

A Série 1200, também conhecida como Brissonneau[1], Flausina[2], ou Máquina de Costura, foi um tipo de locomotiva a tracção diesel-eléctrica, utilizada pela operadora ferroviária Comboios de Portugal. Esta série foi completamente abatida ao serviço, tendo algumas locomotivas sido vendidas a operadoras privadas[3], e outras exportadas para a Argentina.[4]

Antecedentes e encomenda

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Uma locomotiva da Série BB 63000 da transportadora francesa Société Nationale des Chemins de Fer Français, na Estação de Saint-Pierre-des-Corps.

Em meados do século XX, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses procurou aumentar o seu parque de locomotivas a tracção diesel-eléctrica, de forma a substituir a frota de material motor no Sul de Portugal, até essa data constituída essencialmente por locomotivas a vapor.[2] Devido à sua experiência com material motor diesel-eléctrico de origem norte-americana, decidiu adquirir várias locomotivas de média potência, apropriada para serviços regionais e de manobras.[2] A sua escolha recaiu sobre o modelo 040 DE da construtora francesa Brissonneau & Lotz,[2], com motorização da Société Alsacienne de Constructions Mécaniques,[5] já utilizadas em larga escala pelas operadoras francesa Société Nationale des Chemins de Fer Français, com a denominação de BB 63000, e espanhola Red Nacional de los Ferrocarriles Españoles, formando a Série 307.[2][6]

Fabrico e entrada ao serviço

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As primeiras quinze locomotivas foram montadas totalmente em 1961, nas instalações da empresa Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas na Amadora,[7] sob licença do construtor francês Brissonneau & Lotz.[2] Receberam os números de origem 0210 a 0224, que foram alterados pela operadora portuguesa para 1201 a 1215.[2] Estas foram as primeiras locomotivas a gásoleo a ser construídas em Portugal, e as primeiras de origem europeia a circular neste país.[6]

No dia 7 de Março de 1961, realizou-se a viagem inaugural desta série, com a locomotiva n.º 1201 a rebocar um comboio composto por uma ambulância postal, também fabricada nas instalações da SOREFAME, um furgão, e uma carruagem salão.[7] Na carruagem, viajaram os ministros da Economia e das Comunicações, e o director-geral da CP, Roberto de Espregueira Mendes, entre outras individualidades.[7] A viagem decorreu entre as estações do Rego, Vila Franca de Xira e Santa Apolónia.[7] Após a chegada a Santa Apolónia, às 10 horas e 55 minutos, deu-se a cerimónia da entrega oficial da locomotiva à CP, tendo ficado exposta ao público durante todo o dia.[7] Nesta altura, previa-se que as catorze unidades restantes estariam ao serviço até Maio desse ano.[7]

Alguns anos depois, esta companhia encomendou mais dez unidades, que foram entregues em 1961, e cuja denominação de fábrica, de 334 a 343, foi substituída pelos números 1216 a 1225.[2][6]

Locomotiva 1212 na Estação de Tunes, em 1999.

Na década de 1960, foram colocadas no Entroncamento, com o propósito de substituírem as locomotivas a vapor da Série 501 a 508 nos serviços omnibus nas linhas do Alto Alentejo.[8] No entanto, revelaram-se insuficientes para vencer a pendente do Alto do Padrão, na Linha do Leste, pelo que as locomotivas a vapor voltaram a ser utilizadas nestes percursos.[8] Em meados de 1966, foram transferidas do depósito do Entroncamento, onde já não eram necessárias, para a zona Sul, com o propósito de substituir as locomotivas a vapor.[1] Por exemplo, em 1968 renderam a Série 201 a 224 nos comboios mistos entre Évora e Mora.[9]

Desde logo, assenhorearam-se dos comboios na Linha do Algarve, tendo levado ao afastamento das automotoras Nohab, apenas alguns anos após a sua introdução.[1] O seu domínio no Algarve durou cerca de trinta e três anos, tendo rebocado principalmente as carruagens B600, ou as Budd de primeira classe, e os furgões DF500, uma vez que estavam equipadas com freio a vácuo.[1] Também foram responsáveis pelo lanço entre Tunes e Lagos dos comboios Especiais de Fim de Semana, que ligavam o Barreiro a Lagos, uma vez que as locomotivas das séries 1500 e 1520, que faziam o resto do percurso, não podiam circular pela Ponte Ferroviária de Portimão, devido às restrições de peso.[1] Entre 1988 e 1994, a CP organizou um serviço Intercidades de Verão, ligando o Barreiro a Lagos em carruagem directa, sendo estes comboios rebocados até Tunes por locomotivas da Série 1800, e até Lagos pelas Brissoneau.[1] Também rebocaram comboios de mercadorias, tendo sido responsáveis por um serviço que transportava adubos desde Lagos e cortiça desde Silves até Tunes, levando trigo no sentido contrário.[1]

Em 1998, foram equipadas com freio dual, no Barreiro.[1]

Declínio e fim dos serviços

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Locomotiva 1211 na Estação de Évora, em 1993.

Com a chegada do novo horário de Verão de 1999, terminaram os serviços destas locomotivas no Algarve, tendo sido conduzidas de Tunes ao Barreiro em duas marchas.[1] Foram substituídas pelas locomotivas da Série 1400 nas linhas mais acidentadas e pelas automotoras da Séries 0600 e 0650, tendo sido relegadas a serviços de manobras nalgumas estações maiores.[6][1]

Em 2001, só restavam doze locomotivas ao serviço, tendo as restantes sofrido avarias ou acidentes graves.[5] Algumas das locomotivas foram vendidas a operadores de obras ferroviárias, como a 1202, que foi adquirida pela Fergrupo.[3] Posteriormente, a série foi totalmente abatida ao serviço da CP.[10]

Em Novembro de 2005, estava previsto o embarque, até Abril de 2007, de doze locomotivas da Série 1200 para a Argentina, no âmbito de um plano de venda de material circulante da operadora Comboios de Portugal para aquele país.[11] Antes de ser enviado, o material foi alvo de obras de reparação na Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário.[4] Naquela altura, as locomotivas 1223 e 1207 estavam sem bogies para se proceder a uma regulação na bitola, prevendo-se que a 1205 fosse a próxima a sofrer aquela modificação.[4] Em Agosto, já tinha terminada a revisão, no Grupo Oficinal do Barreiro, do primeiro grupo de material a gasóleo a ser exportado para a Argentina, fazendo parte deste lote as locomotivas 1205, 1212, 1217, 1218, 1221 e 1223.[12] O envio estava previsto para o final desse mês, mas foi adiado para Setembro.[12] Porém, devido a várias complicações de ambas as partes, o embarque foi novamente atrasado, tendo-se previsto a saída do material na primeira semana de Janeiro do ano seguinte, a partir do Porto de Setúbal.[13]

Caracterização

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Locomotiva MVLM 04 (ex CP 1204) da operadora Ferrovias.

Foram pintadas de origem com um esquema oficial de cores azul escuro, com uma linha branca no topo, e uma zona vermelha entre os pára-choques, tendo sido as primeiras locomotivas da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses que receberam esta decoração; adoptaram, posteriormente, o novo esquema desta operadora, com as cores laranja, branco e castanho.[2][7] A locomotiva número 1204 recebeu, novamente, o seu esquema original, para a sua futura preservação no Museu Nacional Ferroviário.[14]

Apesar das suas reduzidas potência e velocidade máxima as tornar mais propícias para serviços de manobras do que de linha, foram, desde o início da sua actividade, utilizadas em ambos os tipos de operações, tendo assegurado serviços Regionais entre Entroncamento e Abrantes, e Elvas e Badajoz, na Linha do Leste, entre o Barreiro e Casa Branca, na Alentejo, entre o Barreiro e a Funcheira, na Linha do Sul, e em toda a Linha do Algarve; também rebocaram composições suburbanas na Margem Sul do Tejo, entre o Barreiro, Setúbal, e Praias-Sado[5], e asseguraram, temporariamente, os serviços regionais e de outros tipos durante as obras de electrificação do troço entre as Estações de Vila Nova de Gaia e Porto-Campanhã.[2] Foram, igualmente, utilizadas em manobras nas Estações de Santa Apolónia, Rossio e Campolide.[2]

Os motores, do tipo MGO, possuíam 825 CV de potência, e foram construídos pela Société Alsacienne de Constructions Mécaniques, em Mulhouse, na França.[7] Por seu turno, o equipamento eléctrico foi fabricado pela Brissonneau & Lotz.[7]

Podiam atingir uma velocidade máxima de 80 km/h.[7] Possuíam 2 bogies, cada um com 2 eixos motores.[7]

Ficha técnica

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Pormenor da placa dos fabricantes, afixada numa locomotiva da antiga Série 1200.

Lista de material

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legenda; contagem
: qt. estado
710⏩︎
8 vendidas, em Portugal
750⏭︎
8 vendidas, no estrangeiro
810⛛︎
8 abatidas
880✖︎
1 demolida
25(total)
: a observações
1201
750⏭︎
2009 Ao serviço da Ferrobaires (Argentina).[15]
1202
710⏩︎
2005 Ao serviço da Fergrupo.[16]
1203
810⛛︎
2003 Parqueada no Barreiro.[17]
1204
710⏩︎
2009 Ao serviço da Ferrovias.[18]
1205
750⏭︎
2011 Ao serviço da Trenes de Buenos Aires (Argentina).[19]
1206
710⏩︎
2004 Ao serviço da Somafel.[20]
1207
750⏭︎
2010 Ao serviço da Ferrobaires (Argentina).[21]
1208
710⏩︎
2009 Ao serviço da Ferrovias.[18]
1209
710⏩︎
2013 Ao serviço da Ferrovias.[22]
1210
710⏩︎
2009 Ao serviço da Somafel.[23]
1211
810⛛︎
2009 Parqueada no Barreiro.[24]
1212
750⏭︎
2007 Enviada para a Argentina.[onde?][12][13]
1213
810⛛︎
2009 Parqueada no Barreiro.[25]
1214
810⛛︎
2009 Parqueada no Barreiro.[24]
1215
880✖︎
[quando?] Abatida após acidente junto a Estômbar.[5]
1216
810⛛︎
2001 Parqueada.[onde?][5]
1217
750⏭︎
2007 Enviada para a Argentina.[onde?][12][13]
1218
750⏭︎
2007 Enviada para a Argentina.[onde?][12][13]
1219
710⏩︎
2013 Ao serviço da Somafel.[26]
1220
710⏩︎
2007 Ao serviço da Somafel.[27]
1221
750⏭︎
2007 Enviada para a Argentina.[onde?][12][13]
1222
810⛛︎
2008 Parqueada no Barreiro.[28]
1223
750⏭︎
2007 Enviada para a Argentina.[onde?][12][13]
1224
810⛛︎
2004 Parqueada no Barreiro.[29]
1225
810⛛︎
2004 Parqueada no Barreiro.[30]
Locomotiva 1219 ao serviço da Somafel, na Estação de Esmoriz, em 2013.
Referências
  1. a b c d e f g h i j k l DUARTE, Vasco (2005). «O Ramal Ferroviário do Barlavento Algarvio». O Foguete. Ano 4 (13). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 47-54. ISSN 124550 Verifique |issn= (ajuda) 
  2. a b c d e f g h i j k l BRASÃO, Carlos (1995). «Las "Flausinas" en HO o la transformación del modelo ROCO». Maquetren (em espanhol). Ano 4 (36). Madrid: A. G. B., s. l. p. 26-28. ISSN 1132-2063 
  3. a b CONCEIÇÃO, Marcos (Outubro de 2001). «Noticias». Maquetren (em espanhol). Ano 10 (103). Madrid: Revistas Profesionales. p. 76-79 
  4. a b c LOPES, Rúben (26 de Março de 2006). «EMEF retoma reparação de material para Argentina». Transportes XXI. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  5. a b c d e f g h CONCEIÇÃO, Marcos A. (Julho de 2001). «Caminhos de Ferro Portugueses: Cambios en la Tracción». Maquetren (em espanhol). Ano 10 (100). Madrid: Revistas Profesionales. p. 74-76 
  6. a b c d e MARTINS et al, 1996:91
  7. a b c d e f g h i j k «Indústria Nacional» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 74 (1758). Lisboa. 16 de Março de 1961. p. 23-24. Consultado em 20 de Janeiro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  8. a b SILVA, José Eduardo Neto da (2005). «As locomotivas "Pacific" da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses». O Foguete. Ano 4 (13). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 45. ISSN 1647-7073 
  9. SILVA, José Eduardo Neto da (2005). «Série 0201 a 0224». O Foguete. Ano 4 (15). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 37-39. ISSN 1647-7073 
  10. a b c d e f g «CP withdrawn locomotives» (em inglês). Railfaneurope. 8 de Junho de 2012. Consultado em 15 de Fevereiro de 2011 
  11. CUNHA, João (19 de Novembro de 2005). «CP vende material para a Argentina». Transportes XXI. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  12. a b c d e f g MÊDA, Pedro (23 de Agosto de 2006). «Material Diesel para a Argentina pronto para embarcar». Transportes XXI. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  13. a b c d e f CUNHA, João (24 de Novembro de 2006). «Embarque para a Argentina marcado». Transportes XXI. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  14. a b c ERUSTE, Manuel Galán (1998). «Exposición ferroviaria: 50 Años de la Traccion Diesel en Portugal». Madrid: Revistas Profesionales. Maquetren (em espanhol). 4 (71). 22 páginas 
  15. LAGO, J. (26 de Março de 2009). «B&L 1200 Ferrobaires». Flickr. Consultado em 15 de Dezembro de 2014 
  16. CUNHA, João (10 de Dezembro de 2005). «Fergrupo ex CP 1202». Transportes XXI. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  17. WIDDISON, Mark (14 de Agosto de 2003). «1203». Flickr. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  18. a b MORÃO, Nuno (5 de Abril de 2009). «Locomotivas 1200, Estação de Casa Branca, 2009.04.05». Flickr. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  19. GARCÍA, Juan C. (22 de Abril de 2011). «1205 Trenes de Buenos Aires Brissonneau & Lotz at Buenos Aires, Argentina». RailPictures. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  20. CUNHA, João (10 de Dezembro de 2005). «Somafel ex CP 1206». Transportes XXI. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  21. LOURENÇO, João (28 de Abril de 2010). «Manobras em Olascoaga». Flickr. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  22. MORÃO, Nuno (30 de Abril de 2013). «Locomotiva 1209, Poceirão, 2013.04.30». Flickr. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
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  27. JÚNIOR, Erickson (20 de Outubro de 2007). «Somafel 1416». Flickr. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  28. BRYANT, Peter (23 de Setembro de 2008). «CP 1222 and 1432 Barreiro A 23-09-08». Flickr. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
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  30. CARTER, John (17 de Outubro de 2004). «2004-10-17 CP 1225,1908,1207 Barreiro». Flickr. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 
  • MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
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Ligações externas

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